O Patriarca latino de Jerusalém, D. Michel Sabbah, saudou os esforços levados a cabo pela comunidade internacional para garantir a paz na Terra Santa. Ao fim quatro anos de violência e de mais de 4000 mortos, o presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, e o primeiro-ministro israelita, Ariel Sharon, declararam ontem solenemente, numa cimeira em Sharm el-Sheikh (Egipto), um "cessar-fogo mútuo e total", considerado o fim da segunda Intifada.
“Vemos um novo esforço da comunidade internacional: damos graças a Deus e pedimos que sustente os líderes nas suas novas intenções”, afirma o Patriarca na sua Mensagem para a Quaresma 2005, divulgada pela agência Fides, do Vaticano.
“Nestes dias, vemos ressurgir na nossa vida quotidiana de conflito e de ocupação da nossa Terra Santa um novo sopro de justiça e de racionalidade”, acrescenta.
O texto do Patriarca recorda o conflito que atravessa Israel e a Palestina, manifestando a comunhão dos católicos com “qualquer resistência a toda a ocupação e opressão como a que tem lugar na Terra Santa, ocupação que profana e destrói a pessoa humana na Palestina, privando-a da sua liberdade, e em Israel, privando-a da sua segurança e das energias de bem que há em si mesma”.
“Todas as pessoas, de todos os povos, são igualmente criadas e amadas por Deus, que não são dividas em dois campos, as boas e as más, as fortes e as frágeis. Todas recebem a dignidade de Deus, e são chamadas à mesma liberdade e segurança”, aponta.
D. Michel Sabbah, uma das vozes católicas mais respeitadas no Médio Oriente, refere-se também a situações de outras partes do mundo. “A nossa Quaresma (jejum e esmolas), nestes dias, coloca-nos diante de Deus e em comunhão com as vítimas de recentes terremotos e maremotos, ocorridos nos dois continentes da Ásia e da África; coloca-nos em comunhão com as vítimas de doenças incuráveis, com as vítimas de injustiças impostas a seus irmãos e irmãs em nome do interesse nacional, ou em nome da pura violência como único caminho para a paz”.
O Patriarca pede ainda “o jejum também na vida política”: “um jejum que seja, por parte dos detentores do poder, uma purificação das suas intenções e dos seus egoísmos individuais ou nacionais”.