Vaticano

Peregrinação e turismo na vida dos cristãos

Octávio Carmo
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O responsável da Santa Sé pela ajuda aos peregrinos que se deslocam ao Vaticano acaba de publicar um livro, intitulado “Mendigos do céu no turismo, nas peregrinações, nos santuários, onde se estuda o fenómeno do crescimento das peregrinações, que actualmente se experimenta em todos os continentes. O arcebispo Francesco Gioia, presidente da “Peregrinatio ad Petri Sedem”, organização instituída há setenta anos pela Santa Sé para ajudar os peregrinos na sua viagem à Sé de Pedro, fala dos peregrinos e turistas que vão aos santuários como “Mendigos do céu”, considerando que o ser humano “um peregrino no tempo e no espaço”. Uma breve resenha da obra, publicada pelo Serviço de Informação do Vaticano, define ainda o turismo como “um veículo de evangelização” e as peregrinações como “um itinerário de esperança”. Este responsável recorda que os santuários são, muitas vezes, “etapas no caminho da salvação e de prodígios interiores”. O fenómeno das peregrinações é próprio de cada cultura. Em Portugal, um extenso roteiro de igrejas, mosteiros, ermidas e santuários seculares marca o catolicismo. Hoje em dia, o Turismo Religioso potencia a peregrinação aos Santuários, havendo mesmo tentativas de refinar, em Portugal, a imagem tradicional do garrafão e o piquenique à porta dos locais de culto. Veja-se o caso da Turel, a cooperativa para o desenvolvimento e promoção do turismo cultural e religioso, um projecto com a assinatura do cónego Melo, de Braga. A Igreja Católica define o Santuário como “Memória, Presença e Profecia do Deus vivo”. Isso dá-nos conta da importância dos mesmos dentro do Cristianismo. Neste momento, já acontece anualmente o Congresso Europeu de Santuários e Peregrinações, organizado pelo Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, onde se tenta estabelecer uma estratégia comum para receber centenas de milhões de peregrinos que todos os anos visitam os lugares santos da Europa. O Papa assegura que as peregrinações aos santuários constituem "um momento especial de graça para a própria vida cristã". Apesar da sua longa história, é preciso perceber que as peregrinações têm hoje uma nova dimensão numérica e económica - há menos de cem anos, a maioria das pessoas nascia, viva e morria sem sair de uma área geográfica limitada. Por isso mesmo, na Internet não admira que a página oficial do Turismo francês fale do país como “uma terra de peregrinações” e lançe como isco Lourdes, Mont-Saint-Michel, Chartres, Lisieux…


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