João Paulo II lembrou aos católicos de todo o mundo que não pode haver separação entre a fé e a vida profissional, política e cultural. O Papa falou na “obrigação da Igreja de recordar aos fiéis o seu dever de consciência de actuar segundo o seu Magistério autorizado”.
Os católicos, na vida social e pública, devem reconhecer que “em todos os assuntos temporais devem guiar-se segundo a sua consciência cristã, pois não há actividade humana - inclusive na ordem temporal - que possa estar à margem do domínio de Deus”, afirmou o Papa este sábado, ao receber os bispos das províncias eclesiásticas americanas de Lousville, Mobile e New Orleans.
O discurso do Papa quis deixar claro o respeito pela “legítima separação da Igreja e o Estado na vida americana”, mas assinalou que “para o fiel cristão não pode haver separação entre a fé, que deve ser professada e levada à prática, e o compromisso de uma plena e responsável participação na vida profissional, política e cultural”.
Esta questão foi particularmente premente na campanha para as últimas eleições presidenciais nos EUA, quando o candidato democrata John Kerry manifestou o seu apoio à legislação em favor do aborto, apesar de se assumir claramente como católico. Vários Bispos manifestarem-se a favor de proibir a comunhão aos políticos pró-aborto.
Segundo o Papa “há uma necessidade urgente de uma catequese global sobre o apostolado dos leigos, que sublinha necessariamente a importância de uma consciência devidamente formada, a relação intrínseca entre liberdade e verdade, assim como o grave dever de cada cristão de trabalhar para renovar e aperfeiçoar a ordem temporal, de acordo com os valores do Reino de Deus”.
Após esta análise, o Papa deu dois conselhos aos bispos norte-americanos. “Dada a importância destas questões para a vida e missão da Igreja em vosso país, quero alentar-vos a transmitir os princípios morais e doutrinais sublinhando que o apostolado secular é essencial para vossos ministérios de mestres e pastores da Igreja nos EUA”, disse em primeiro lugar.
Por último, deixou um convite ao episcopado dos EUA para “discernir, consultando com leigos que se destaquem pela sua fidelidade, conhecimento e prudência, os caminhos mais efectivos para promover a catequese e uma apurada reflexão sobre esta importante área do ensinamento social da Igreja”.