Insólito o clima natalício que se vive neste ano em Roma. Como sempre, a cidade iluminou-se de maneira festiva, nas praças centrais lá estão as costumadas árvores de Natal, por toda a parte há música e não falta o grande via vai de gente que acorre a comprar as prendas (“fazer a despesa” ou o “shopping”, como por aqui dizem). Este aparente ar de alegria não disfarça, contudo, as tensões e receios que as pessoas vivem.
Nesta segunda-feira, 15 de Dezembro, mais uma greve dos transportes urbanos paralisou o país, afectando todas as cidades. Desta vez as diversas centrais sindicais acertaram o passo exigindo a renovação dos contratos de trabalho e impondo alterações ao projecto do governo para a reforma do sistema de Previdência, que todos reconhecem necessária e inadiável. Por outro lado, especialmente em Roma sucedem-se os alarmes sobre a eventualidade de ataques terroristas. Há duas semanas, as autoridades estiveram mesmo para bloquear a rede do metropolitano, em face de informações dos serviços secretos sobre risco de bombas. Afinal tudo se limitou a um reforço de medidas de segurança, mas muita gente passou a evitar o mais possível o uso do metro para as suas deslocações.
Sobretudo nesta quadra, entre os potenciais alvos do terrorismo internacional estão as mais visitadas igrejas romanas, a começar pela basílica de São Pedro, onde desde há dois meses vigora um apertado regime de controle. Como em qualquer aeroporto, todas as pessoas e bagagens têm que passar pelos detectores instalados na colunata de Bernini, pondo à prova a paciência de fiéis e turistas. Como noutros pontos estratégicos da cidade, o receio de atentados levou a fechar completamente à circulação nocturna a Via della Conciliazione, a ampla artéria que conduz à Praça de São Pedro, onde está quase concluído o monumental presépio, ladeado de um imponente pinheiro de Natal oferecida desta vez pela região italiana de Vale de Aosta.
Pacheco Gonçalves,
Voz Portucalense