Presença cristã dá equilibrio fundamental ao Médio Oriente
Patriarca Greco-Melquita alerta para as consequências do êxodo católico no mundo árabe, durante o Sinodo dos Bispos que decorre no Vaticano
"A paz, a convivência e a presença cristã no mundo árabe estão ligadas de uma forma sólida e existencial", realçou Gregorios III Laham, o actual Patriarca Greco-Melquita de Antioquia e de todo o Oriente, Alexandria e Jerusalém, num discurso prestado durante o Sínodo dos Bispos para o Médio Oriente.
No entanto, para aquele responsável, "a permanência cristã no território tem vindo a ser ameaçada pelos ciclos da guerra que constantemente afectam o mundo árabe, apontado como o berço do Cristianismo".
Numa intervenção prestada durante a quarta congregação dos bispos sinodais, e veiculada pelo site do Vaticano, Gregorios III Laham identificou o conflito israelo-palestiniano e as suas consequências como a principal causa para esta realidade.
"Os movimentos fundamentalistas, como o Hamas ou o Hezbollah", sublinha o prelado sírio, "surgem na sequência deste conflito, assim como a instabilidade interna, o atraso no desenvolvimento, a escalada do ódio e a perda de esperança entre os mais jovens, que constituem cerca de 60 por cento da população, nos países árabes".
Toda esta instabilidade tem contribuído para um ciclo cada vez maior de emigração, entre as comunidades cristãs, algo que Gregorios III Laham considera como "um dos efeitos mais perigosos" do conflito israelo-palestiniano. E explica porquê: "Esta emigração vai transformar a sociedade árabe num bloco de uma só cor, de cariz muçulmano, que se vai deparar com uma sociedade europeia, predominantemente cristã".
Para o líder da Igreja Greco-Melquita de Antioquia, se o Oriente for esvaziado dos seus cristãos, cada ocasião de encontro poderá tornar-se num pretexto para o choque de culturas, de civilizações e de religiões.
"Seria um choque destrutivo entre o Oriente Muçulmano Árabe e o Ocidente Cristão", assume Gregorios III Laham.
A solução, para o líder católico sírio, terá de passar sempre por uma relação de confiança entre o Oriente e o Ocidente. "Pensamos que é necessário procurar dialogar com os nossos irmãos muçulmanos e reflectir com honestidade acerca dos problemas que mais nos preocupam", defende.
A separação entre Religião e Estado, a democracia, a arabicidade ou as leis e direitos humanos que propõem o Islão como a única fonte de legislação, criando até obstáculos à igualdade entre os seus próprios cidadãos, foram algumas das preocupações referidas pelo Patriarca Gregorios III Laham.
Ele acrescentou ainda "os partidos fundamentalistas, de integração islâmica, muitas vezes apontados como responsáveis por actos de terrorismo e de assassínio, de destruição de igrejas, em nome da sua religião".
Aquele responsável terminou propondo "uma nova jihad" - que todos trabalhem para alcançar a paz e o bem comum, "algo que constituiria a verdadeira vitória e daria aos jovens muçulmanos e cristãos uma garantia de liberdade, prosperidade e segurança".
A primeira assembleia para o Médio Oriente do Sínodo dos Bispos reune no Vaticano 185 “padres sinodais”, até dia 24 de Outubro, para reflectir sobre a situação da Igreja na região, desde a presença católica à situação social e política.
Além dos católicos de rito latino (comum à maior parte dos países ocidentais, como em Portugal), existem nestes países seis Igrejas orientais católicas com autonomia própria, “sui iuris”, lideradas por um Patriarca próprio, em comunhão com Roma, como por exemplo a Igreja greco-melquita,
SÃnodo dos Bispos