Vaticano

Primeiro milagre para a beatificação de João Paulo II

Octávio Carmo
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O processo de beatificação e canonização de João Paulo II pode conhecer um passo decisivo com a revelação de uma primeira cura inexplicável atribuída à sua intercessão. As regras canónicas estabelecem que os milagres só podem ser considerados para o processo se acontecerem após a morte do candidato à beatificação. A revista italiana “Famiglia Cristiana”, uma das mais prestigiadas publicações católicas, apresenta na sua edição da próxima semana um testemunho que, a confirmar-se, poderia levar João Paulo II aos altares em tempo recorde. O próprio Arcebispo de Cracóvia, Stanislaw Dziwisz, antigo secretário pessoal do Papa polaco, confessou acreditar que a beatificação seria celebrada na próxima Jornada Mundial da Juventude, em finais de Agosto. A narração publicada na Família Cristã, anónima, revela a história de uma mulher de 46 anos afectada pela doença de Quinck, uma enfermidade rara que provoca uma progressiva degeneração do sistema respiratório. A cura teria acontecido no dia 2 de Abril, precisamente à hora em que João Paulo II morreu. O processo segue, neste momento, uma fase diocesana, que começou no passado dia 28 de Junho, e posteriormente terá outra fase, na Santa Sé. A Diocese de Roma está, agora, de proceder à recolha de todos os documentos relativos à vida e obra de João Paulo II, incluindo os escritos inéditos, anteriores à sua eleição como Papa. A estes acrescentam-se os relatos de eventuais milagres atribuídos à sua intercessão. Na Congregação para as Causas dos Santos teólogos, médicos e historiadores irão analisar esses dados. As suas conclusões serão depois submetidas ao exame da "Ordinária" da Congregação, composta por 30 membros, entre Cardeais, Arcebispos e Bispos: é a eles que compete aprová-las ou não. O Cardeal Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, deixou na sua última passagem por Lisboa votos pessoais para que o processo de beatificação e canonização de João Paulo II “se desenrole o mais rapidamente possível”. O Cardeal português deixou claro que o processo seguirá “todas as normas canónicas”, apesar da dispensa do tempo de espera de cinco anos, e escusou-se a prever quanto tempo poderá demorar, dado que o processo ainda se encontra na fase diocesana, fora do âmbito do seu Dicastério.


João Paulo II