Primeiro-ministro timorense acusado de ofender a Igreja Diário do Minho 12 de Abril de 2005, às 10:18 ... Os dois bispos católicos de Timor-Leste acusaram ontem o primeiro-ministro Mari Alkatiri de cinismo e de proferir declarações que constituem uma «grande ofensa à Igreja Católica». D. Alberto Ricardo da Silva, de DÃli, e D. BasÃlio do Nascimento, de Baucau acusam o Primeiro-ministro timorense de atentar «contra a convicção e referências fundamentais dos timorenses», ao mesmo tempo que «minimiza a Sagrada Escritura». As alegações, violentas, dos bispos vêm expressas num comunicado distribuÃdo à imprensa e que representa a resposta à Nota de Imprensa publicada no passado dia 24 de Março pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação timorense (MNEC). A Nota de Imprensa do MNEC constituÃa, por seu lado, uma reacção à s declarações proferidas quatro dias antes pelo Núncio Apostólico e à Nota Pastoral de 21 de Fevereiro, igualmente assinada pelos dois bispos timorenses. O pano de fundo desta “guerra verbal†entre a Igreja Católica timorense e o executivo de Mari Alkatiri assenta no anunciado propósito governamental em remeter para as várias confissões religiosas o ónus do ensino da até agora disciplina obrigatória de Religião, pagando aos professores que a leccionem. Com esta medida, de carácter experimental e a aplicar em 32 escolas espalhadas pelo paÃs, o governo pretende ainda retirar à disciplina de Religião o peso curricular das restantes cadeiras para a avaliação do estudante no final de cada ano lectivo. No comunicado de ontem, os dois bispos católicos justificam o silêncio dos últimos dias com a Páscoa e as cerimónias fúnebres de João Paulo II e argumentam que os timorenses, mais do que estarem preocupados com a questão do ensino de Religião, estão atentos ao que é referido como tratar-se de uma «diferença real de ideologias, princÃpios, valores e expectativas entre o governo e o povo». Os dois bispos contestam ainda a anunciada intenção dos governos timorense e indonésio de criação de uma Comissão da Verdade e Amizade (CVA), constatando que «a rejeição da consciência cristã pelo governo Alkatiri indicia outras decisões polÃticas que pretendem negar o direito do povo à justiça». Os bispos católicos de Timor-Leste consideram que a criação da CVA não garante a reparação moral das vÃtimas nem assegura o castigo dos responsáveis. Embora manifestando-se disponÃvel para um «diálogo construtivo» com o governo, a Igreja timorense limita à moralidade, à «justiça para os crimes contra a Humanidade» e aos assuntos de «justiça social que preocupam o povo» os temas que pretende debater com o executivo, que ao longo das cinco páginas do comunicado é designado como “governo Alkatiriâ€. Timor Leste Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...