D. Francico Silota, Bispo da Diocese de Chimoio, alertou para a situação alarmante que se vive em muitas localidades moçambicanas que foram afectadas pela seca. O prelado esteve recentemente em Portugal para participar nas celebrações do 10º aniversário da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.
“Neste momento milhares de moçambicanos estão a passar fome. Não esperávamos que a seca fosse assim tão severa este ano”, declarou D. Francisco Silota em entrevista à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre. O prelado moçambicano esteve em Portugal durante a passada semana, a convite da organização, para participar na celebração dos 10 anos da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.
Actualmente, refere o prelado “a principal preocupação da Igreja de Moçambique é como aliviar tantas pessoas que estão a padecer de fome e de sede. Porque há zonas, nomeadamente na minha diocese, onde as pessoas percorrem 30, 40 quilómetros à procura de água”. A Diocese de Chimoio está a procurar socorrer as populações mais atingidas pela seca, distribuindo milho (produto base na alimentação moçambicana) pelas famílias mais careciadas.
A Diocese de Chimoio, situada na região central de Moçambique, foi criada em 1990. Cobre uma área com 61 mil quilómetros quadrados, habitada por cerca de 1 milhão de pessoas. Os católicos baptizados são apenas 7,5% da população total, pelo que o trabalho de evangelização assume grande importância.
No entanto, como refere o prelado, “existem apenas 25 sacerdotes para atender a 15 vastíssimas paróquias” e este ano estima-se que pelo menos 3 paróquias irão ficar sem pároco. Para enfrentar este problema, a Diocese de Chimoio conta já com um centro polivalente para a formação de líderes de grupos de leigos, em diferentes áreas eclesiais e sociais, como a promoção humana. Em projecto está também a construção de um seminário propedêutico mas ainda não foi possível reunir apoios para este projecto.
Como recordou D. Francisco Silota, a Diocese de Chimoio tem, desde vindo a receber apoio da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre para vários projectos: a construção de algumas salas e de uma capela no centro polivalente de formação, da capela do mesmo centro, construção de capelas em algumas paróquias, ajudas de subsistência a religiosas e sacerdotes, assim como na reparação de viaturas utilizadas pelos sacerdotes nas suas deslocações às paróquias.
Dirigindo-se aos benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre, D. Francisco Silota agradeceu todo o auxílio recebido: “um donativo pode parecer um pequeno gesto, insignificante. Mas receber 1 Euro permite-nos comprar, por exemplo, alguns quilos de milho e ajudar a alimentar os que têm fome. Aos que nos ajudam, mesmo anonimamente, dedicamos as nossas orações”.
D. Francisco Silota esteve em Portugal para realizar uma conferência sobre a Igreja em Moçambique, em Braga, e presidir a celebrações eucarísticas no Porto e em Lisboa, iniciativas integradas na celebração dos 10 anos de presença da Ajuda à Igreja que Sofre em Portugal.
No passado dia 15, realizou-se ainda um concerto de aniversário na Igreja de S. Roque, em Lisboa. Os donativos recebidos neste evento serão destinados para financiar projectos pastorais na Diocese de Chimoio.