Professores e educação para os valores
Por todos os professores, para que saibam transmitir o amor à verdade e educar segundo valores morais e espirituais autênticos. [Intenção do Santo Padre para SETEMBRO]
Um novo ano lectivo
Em final de férias e perante um novo ano lectivo, pais, alunos e professores afadigam-se na tarefa de preparar tudo para garantir, tanto quanto possível, o sucesso do ano que começa: há manuais a comprar, mochilas a renovar, cadernos, lápis..., um sem fim de materiais, adaptados às idades e aos ciclos lectivos que cada um frequenta, desde o jardim infantil à universidade – por vezes, além do necessário, compra-se o que está na moda, cedendo a caprichos infantis ou adolescentes. E quando assim acontece, dão-se passos certos na deseducação, mais do que na formação para valores capazes de servir de referência à vida quotidiana. De um modo ou de outro, porém, são sempre semanas de trabalho e despesas acrescidas para os pais, de expectativa para os alunos, de azáfama intensa para os professores... Há um sabor a coisas novas, só desconhecido de quem já se deixou enredar na repetição informe das coisas sem rosto nem paixão.
Ensinar não dispensa o amor
Nas sociedades modernas, a importância dos professores na formação das novas gerações é inquestionável. Uma parte significativa das competências que aquelas vão utilizar, sobretudo na vida adulta, são-lhes transmitidas na escola e na universi-dade. Os professores acompanham e estimulam o seu desenvolvimento intelectual e facultam-lhes a aprendizagem de técnicas que, mais tarde, lhes deverão permitir o acesso ao mundo do trabalho. Trata-se de uma tarefa particularmente difícil e exigente, feita de dedicação, longas horas de trabalho, muito para além do legalmente estabelecido, desilusões frequentes, incompreensões abundantes e alegrias compensadoras, quando se vê o tempo investido com as crianças e os jovens dar frutos de sabedoria e futuro. Por todas estas razões, ensinar é, para um professor, um trabalho árduo, mas sobretudo um acto de amor. Falo, naturalmente, dos «professores» e não de quem, por qualquer motivo, viu na escola, sobretudo nas escolas estatais, um modo seguro e cómodo de ganhar um ordenado, sem particulares preocupações nem grande esforço, ou está lá de passagem, a caminho de carreira mais gratificante, do ponto de vista pessoal e económico.
Escola e valores
A educação era, e deve continuar a ser, em primeiro lugar, tarefa da família. A complexidade das sociedades actuais, porém, aliou-se à desagregação de muitas famílias para lhes tornar quase impossível cumprirem sozinhas a sua missão, educando as gerações mais novas nos valores que importa preservar e transmitir. À escola cabe, até onde lhe é possível, levar por diante aquilo que fica em falta na família. E os professores, devido à especificidade da sua missão, acabam por desempenhar um papel preponderante na educação. Isso significa que, em muitos casos, as crianças e os jovens estão sujeitos a propostas de sinal contrário, no âmbito dos valores: uns transmitem o amor à verdade, outros apresentam o relativismo como única verdade; uns dão exemplo de honestidade e compromisso pessoal, outros testemunham o poder da mentira e quão fácil é faltar aos compromissos; uns propõem uma compreensão do ser humano aberto à transcendência, outros afirmam um humanismo materialista sem nenhum tipo de saída...
Que fazer?
Importa, sobretudo, trabalhar para que os pais sejam livres na hora de escolher a escola e o projecto educativo mais de acordo com as suas convicções, no âmbito dos valores. Nem sempre será fácil, mas é sempre possível agir junto da escola, interessar-se por quanto lá se passa e, sobretudo, acompanhar os filhos de modo particularmente atento, procurando perceber as influências a que estão sujeitos e ten-tando, com particular cuidado, vencer as mais nocivas, sobretudo pelo exemplo de vida familiar, mas também pelas palavras informadas e esclarecedoras. Ao mesmo tempo, os cristãos devem, como lembra o Papa Bento XVI, rezar pelos professores, para que procurem sempre a verdade e transmitam aos seus alunos, pela palavra e pelo exemplo, valores autênticos, que os ajudem no crescimento e amadurecimento pessoal.
Elias Couto
Bento XVI