A Habitat for Humanity (HFH), instituição de solidariedade social na área da habitação, está a socorrer as necessidades de emergência habitacionais imediatas das vítimas do maremoto, e simultaneamente desenvolve um inovador projecto para soluções de longa duração no sudeste asiático.
Na 1ª fase da sua intervenção, e no que corresponde a um investimento aproximado de 14 milhões de Euros, a Habitat for Humanity propõem-se construir 18.500 casas, alojando mais de 50.000 pessoas. Segundo as estimativas 150.000 pessoas morreram e mais de um milhão ficaram desalojados nos 8 países afectados.
“A prioridade é comida, água, medicamentos e abrigos de emergência” diz Paul Leonard, director executivo da Habitat for Humanity Internacional.
“Muitas organizações de ajuda humanitária competentes e experientes estão a actuar para responder a estas necessidades. A HFH está a providenciar ajuda onde necessária e a desenvolver planos de reconstrução a longo prazo para realojar as pessoas e ajuda-las a reconstruir as suas vidas”, acrescenta.
Capitalizando quase 30 anos de experiência na construção de casas simples, decentes e de baixo custo para pessoas necessitadas, a HFH galvanizou forças para alojar rápida e adequadamente famílias.
Habitat for Humanity International é uma organização de base cristã e ecuménica, sem fins lucrativos que se dedica a eliminar a habitação degradada no mundo. Trabalha no mundo inteiro com voluntários de todos os sectores sociais, raças e religiões na construção de casas para e com as famílias necessitadas.
Inovação habitacional: respondendo às necessidades de curto prazo com soluções de longo prazo
A construção de raiz impõe-se, mas muitas das habitações destruídas pelo maremoto conservaram fundações sólidas que poderão ser utilizadas para a reconstrução de novas casas. Além disso muitos dos materiais são passíveis de ser reciclados proporcionando abrigos permanentes e servindo simultaneamente para baixar os custos.
Algumas das casas podem ser reparadas por um custo que vai desde 75€. Mas na maior parte dos casos a reconstrução terá que partir do zero.
A HFH desenvolveu o protótipo de um núcleo habitacional que pode albergar rapidamente milhares de pessoas. Trata-se de um projecto de construção adaptável posteriormente a uma casa permanente. Também serão utilizados “kits” de habitação provisória; algumas opções custam apenas 500€.
O custo do realojamento de uma família a viver num campo de refugiados para uma casa permanente pela Habitat será de 750€.
Os núcleos habitacionais serão parcialmente construídas pelas próprias famílias, com materiais doados e supervisão técnica concedidos pela HFH.
A Habitat for Humanity funciona como uma organização local e como tal serão respeitadas as especificidades de cada país/zona tanto nos materiais de construção como nos desenhos. As técnicas de construção serão apropriadas ao manuseamento por voluntários.
Com o conceito de “construção por etapas” da Habitat, as casas serão construídas em módulos para que, à medida que as verbas forem sendo disponibilizadas, as famílias possam facilmente aumentar o tamanho da casa acrescentando mais módulos.
Além do trabalho em parceria com outras organizações para providenciar rapidamente abrigo temporário a Habitat for Humanity propõe-se criar “gabinetes de apoio técnico de resposta à calamidade”, que irão fornecer supervisão técnica e materiais de baixo custo às famílias, às filiais da Habitat e demais parceiros
Avaliação de prejuízos
Habitat for Humanity encontra-se em seis dos países afectados: Indonésia, Sri Lanka, Índia, Tailândia, Malásia, e Bangladesh.
Sri Lanka
No Sri Lanka, onde várias das filiais e famílias da Habitat foram directamente atingidas, cerca de um milhão de pessoas foram deslocadas.
HFH Sri Lanka pertence à C-Net, uma aliança de dez organizações cristãs de apoio humanitário a fornecerem abrigo usando a técnica de núcleo habitacional.
Numa primeira fase o objectivo é construir 10.000 núcleos habitacionais e alojar 50.000 pessoas dos campos de refugiados. As primeiras casas poderão ser iniciadas no final de Janeiro.
A meta a longo prazo é prover 100.000 famílias desalojadas com casas de transição. HFH é a maior entidade construtora do país após o governo e pode responsabilizar-se por metade desse total.
Cada núcleo habitacional é composto por uma estrutura permanente com telhado, uma sala única com uma varanda ou espaço de trabalho coberto. Inclui sanitários. Um segundo anexo pode ser-lhe acrescentada posteriormente para aumentar a casa logo haja mais fundos.
Mais de 2.000 famílias Habitat e 2.600 participantes do programa “Poupar e Construir” da Habitat estavam em zonas gravemente atingidas pelo maremoto: Galle, Matara, Hambantota, Batticaloa, Wattala and Trincomalee. Só em Batticaloa, 20 casas Habitat foram destruídas, alguns residentes morreram e outros continuam desaparecidos.
HFHI trabalha desde 1994 no Sri Lanka e já construiu 3.835 casas, 1.100 das quais apenas no ano passado.
Índia
HFH Índia irá concentrar esforços na gravemente atingida costa do estado de Tamil Nadu, a sul da capital Chennai, onde a estimativa aponta para 10.000 mortes.
Existem 82 campos de refugiados em Nagapattinam e 59 em Kenyakumari. O governo planeia poder fechar os campos de refugiados dentro de algumas semanas. Numa primeira fase a HFH Índia providenciará núcleos habitacionais temporários para 6.000 famílias.
HFH Índia está a trabalhar com a associação “Centro de Discípulos” (CD), que tem uma intervenção de emergência na zona de Chennai, enquanto colaboradores e voluntários das filiais da Habitat servem como seus representantes em Nagapattinam. (A Habitat desenvolveu uma parceria com CD na fase da reabilitação da zona e vítimas do terramoto de Gujara). Neste campo os elementos da HFH estão a distribuir conjuntos familiares de comida, roupa e tendas para cerca de duas a três mil famílias como parte do plano governamental que pretende encorajar o regresso das pessoas a casa. Estão também a ser desenvolvidas parcerias com o Exercito de Salvação e outras organizações Católicas.
HFHI está à mais de 20 anos em Tamil Nadu and Andhra Pradesh, tendo edificado 10.286 casas na Índia desde 1983.
Indonésia
O escritório nacional da Habitat na Indonésia, o país mais atingido pela catástrofe, implementará a sua intervenção em Ache, na ponte norte da ilha de Sumatra, e em Nias, uma ilha a oeste de Sumatra.
HFH Indonésia está a estudar um plano para erguer casas provisórias de aço em centros de refugiados. A viabilidade do projecto e os custos das unidades ainda tem que ser confirmadas. O plano inicial é erguer 1.450 casas.
HFH Indonésia vai instalar 3 gabinetes de apoio técnico de resposta à calamidade em Sumatra. À semelhança da Índia, estes gabinetes serão capacitados para apoiar material e tecnicamente centenas e a longo prazo milhares de famílias na construção das suas novas casas.
Mais 80.000 pessoas foram dadas como mortas na Indonésia e pelo menos 100.000 foram deslocadas. HFHI a trabalhar desde 1991 na Indonésia e já construiu 315 casas.
Tailândia
Embora HFH Tailândia não tenha projectos na zona do país atingida pelo tsunami, irá participar no esforço nacional de reconstrução. Os planos em curso incluem gabinetes de apoio técnico de resposta à calamidade e uma meta de 1.000 casas provisórias.
Habitat edificou 473 casas na Tailândia desde a constituição da primeira filial em 1998.
Na Tailândia e Indonésia, em particular, a HFH Internacional irá prover as organizações nacionais com competências de construção extraordinárias.