Vaticano

Rádios Católicas da Lusofonia definem novas parcerias

Octávio Carmo
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III Encontro Mundial das Rádios de Inspiração Cristã de Expressão Portuguesa chega ao fim no Brasil

As Rádios Católicas Lusófonas comprometeram-se no Brasil a desenvolver novas parcerias, numa entreajuda mais efectiva para com as emissoras que enfrentam maiores dificuldades económicas e sociais. Este é uma das conclusões do III Encontro Mundial das Rádios Lusófonas hoje concluído em São Paulo, no Brasil. A iniciativa foi da Associação Mundial das Rádios de Inspiração Cristã de Expressão Portuguesa (VOX). O Pe. Armando Duarte, presidente da VOX, destaca à Agência ECCLESIA os casos das Rádios africanas, que ainda estão a aparecer ou que encontram dificuldades para afirmarem a sua presença por causa do poder político. “Em África há muitas situações destas, como por exemplo em Angola, onde o próprio povo aproveita a antena da Rádio Ecclesia para se manifestar sobre os seus problemas”, explica este responsável. Nesse sentido, os participantes no Encontro manifestaram o seu apoio à emissora católica angolana “nos esforços de obter do Governo local a autorização para estender o seu sinal a todo o país”. “As rádios católicas são, nas suas regiões, uma oportunidade para as populações locais, indo ao encontro das suas necessidades”, sublinha o Pe. Armando Duarte. Em vários países, esse apoio estende-se às outras religiões, como acontece na Guiné-Bissau e em Moçambique. A missão destas emissoras católicas é cumprida, em muitas situações, com grande dificuldade e o presidente da Vox revela que “há rádios que, quando há uma avaria técnica, ficam silenciadas durante semanas, o que seria inconcebível em Portugal e no Brasil”. O Pe. Armando Duarte manifestou a sua satisfação pelo facto de as Rádios brasileiras terem tomado a iniciativa de “aprofundar e concretizar a solidariedade entre Brasil e África” através de acções coordenadas pela UNDA/Brasil e pela Fundação Evangelização e Culturas, em Portugal. Neste particular destaca-se o programa “Igreja Lusófona”, resultante de uma parceria entre a FEC e a Rádio Renascença. Todas as semanas os correspondentes de rádios lusófonas de Angola (Rádio Ecclesia), Brasil (Rádio Aparecida), Cabo Verde (Rádio Nova), Guiné-Bissau (Rádio Sol Mansi) contribuem com um comentário que tenta dar a conhecer a realidade do país e a abordagem do mesmo ao tema escolhido. Os participantes do III Encontro Mundial destacaram ainda, por iniciativa da SIGNIS (Associação Católica Mundial para a Comunicação), a necessidade de retomar a emissão via satélite, pedindo particularmente à Rádio Renascença que “retome estas emissões para os países lusófonos”. Além dos problemas técnicos, há grandes discrepâncias nas oportunidades de informação. “Na era da globalização, a infoexclusão ainda atinge países lusófonos, pelo que queremos que a solidariedade entre nós não seja uma palavra vã”, afirma o presidente da Associação Mundial das Rádios de Inspiração Cristã de Expressão Portuguesa. O Encontro de São Paulo decorreu de 7 a 11 de Maio, juntando representantes de Comunidades e de todos os Países Lusófonos, com larga participação de Portugal, através da ARIC (cerca de 70 Rádios) e da Rádio Renascença; do Brasil, com a Rádio Aparecida e a UNDA / SIGNIS (cerca de 200 Rádios); para além da ARCAMO (Moçambique) e também da Rádio Vaticano, filiada na VOX através da secção portuguesa. A representação timorense, que estava prevista, acabou por não se concretizar devido a problemas logísticos. A recém criada ARCAMO – Associação das Rádios Católicas de Moçambique, que aderiu à VOX durante a assembleia geral que teve lugar neste encontro. Participaram ainda pela primeira vez a Rádio Jubilar de São Tomé e Príncipe, representada pelo Bispo D. Abílio Ribas, e uma rádio que serve comunidades portuguesas nos EUA, Voz dos Açores. Os trabalhos, sobre o tema geral “África - Brasil: que solidariedade? O papel de Portugal”. As Rádios Lusófonas católicas assumiram o objectivo de serem “instrumento de cidadania e contributo para a paz”, ao serviço das populações, procurando promover o desenvolvimento e a cooperação. “Há valores especificamente humanos e cristãos que temos de promover”, ressalta o Pe. Armando Duarte.


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