O desenlace rápido e feliz do sequestro de D. Basile Georges Casmoussa, arcebispo da comunidade siro-católica de Mossul, no Iraque, foi já saudado pelo Vaticano e por líderes católicos no país, para quem o acontecimento não tem nenhum motivo religioso.
Joaquín Navarro-Valls, porta-voz do Vaticano, ao exprimir a satisfação com que a notícia foi recebida pelo Papa, referiu a surpresa pelo rapto de D. Casmoussa, sublinhando que o arcebispo “era muito bem visto tanto pelos cristãos como pelos muçulmanos”.
A maior figura da Igreja Católica no Iraque, o Patriarca caldeu Emmanuel Delly, considera que este acto “não quis atingir especificamente os cristãos, até porque vários líderes muçulmanos e as autoridades civis também foram sequestrados recentemente”.
“Agora que D. Casmoussa foi libertado, confirmo que não se tratou de um ataque contra os cristãos”, reforçou.
Até ao momento não se sabe quem foram os autores do rapto, nem os seus objectivos, como não se sabe quem sequestrou, há poucos dias, um padre caldeu durante 24 horas. “O verdadeiro problema do Iraque é o caos”, assinala o Patriarca Emanuel Delly.
O grupo que raptou o arcebispo Casmoussa esta manhã tinha exigido 200 mil dólares de resgate, segundo adiantou à Misna o arcebispo caldeu Paulos Faraj Rahho. O Vaticano negou que esse resgate tivesse sido pago.
O encarregado de negócios da Nunciatura Apostólica em Bagdad, mons. Thomas Habib, referiu à agência Misna que o arcebispo de Mossul agradece ao Papa “e a todos os que rezaram pela sua libertaçao” e espera que este acontecimento marque uma mudança radical.
“Esperamos que a partir de agora se possa desanuviar o clima no Iraque e que as nossas comunidades cristãs tenha a oportunidade de continuar a viver em tranquilidade com os irmãos muçulmanos, como sempre aconteceu”, aponta.
Mais de 50 mil cristãos já fugiram do Iraque, desde o início da invasão norte-americana, fruto da violência e da degradação das condições de vida. No passado mês de Dezembro o Papa condenou os atentados cometidos no Iraque contra a minoria cristã, após a destruição de uma igreja arménio-católica e do edifício do arcebispado caldeu.
Outras cinco igrejas de Bagdad foram alvo de uma série de ataques simultâneos a 19 de Outubro que não fizeram vítimas. A minoria cristã já tinha sido alvo de actos de violência em Agosto, quando seis atentados contra locais de culto cristãos causaram 10 mortos e 50 feridos em Bagdad e Mossul.