Vaticano

Relatos do Iraque

Octávio Carmo
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O alerta é dado pela Congregação de Santa Catarina de Sena e por toda os membros da família dominicana nascidos ou a trabalhar no Iraque: “antes da Guerra do Golfo e das sanções internacionais o Iraque era um país desenvolvido e próspero, mas agora está a morrer de fome. Onde quer que vamos ouvimos dizer: as sanções da ONU estão a matar-nos!†O cenário não é, como se pode adivinhar, nada animador. “O povo iraquiano está devastado pelos 12 anos de sanções económicas impostas pelas Nações Unidas, que resultaram em grande sofrimento físico, moral e cultural para milhões de pessoas. O país com as segundas maiores reservas de petróleo do mundo, está a tornar-se subdesenvolvido, reduzido a nadaâ€, pode ler-se numa carta que chega desde Mosul, no Iraque. Para a família dominicana do Iraque, se a intenção das sanções era enfraquecer o regime, o resultado do embargo foi mesmo o de matar o povo iraquiano: “a capacidade do Iraque prover às necessidades básicas do seu povo foi anulada. Quem visitar o país pode testemunhar a destruição de um povo, da sua cultura, da sua terra, das suas condições de vida.†O texto apresenta dados concretos, assustadores. “As sanções matam mais de 1,5 milhões de iraquianos, a maior parte dos quais mulheres e crianças, por causa da falta de comida e medicamentos, da contaminação da água potável e da falência do sistema económicoâ€, pode ler-se no documento que apresentamos. À luz destes dados os religiosos dominicanos concluem que as sanções resultaram numa tragédia, que o povo não entende. “Pode ouvir-se uma pergunta na boca de todos os iraquianos: o que é que nós fizemos para merecer isto?†A carta termina com um desafio a toda a comunidade internacional: “como dominicanos, a Ordem dos Pregadores que está profundamente enraizada no Evangelho e na pregação pelos direitos humanos, somos forçados a clamar por um ponto final nas sanções e no embargo contra o Iraque. Assim o mundo deixará de ser confrontado com esta pergunta terrível do povo iraquiano: é justo e aceitável que estejamos a sofrer?â€


Guerra do Iraque