Uma acusação de blasfémia contra um cristão paquistanês, que deu origem à violência anti-cristã na cidade de Sangla Hill, foi retirada.
O muçulmano que tinha acusado Yousif Masif de insultar o Islão assinou uma declaração admitindo que a acusação se baseava apenas “em suspeitas”. A acusação foi retirada e o mais provável é que Masif não receba o severo castigo que a lei paquistanesa permite para quem insulte o Islão. Depois da acusação ser retirada, os líderes cristãos e muçulmanos de Sangla Hill assinaram um “documento de paz e reconciliação”, pondo termo a muitas semanas de tensão entre os dois grupos religiosos.
Depois da acusação ter sido apresentada contra Masif, os líderes muçulmanos proclamaram sermões inflamados denunciando a alegada ofensa. Em resposta, a 12 de Novembro, uma multidão muçulmana destruiu três igrejas cristãs, duas escolas católicas, as casas de um pastor protestante e de um pároco católico, uma pousada feminina e as casas de alguns cristãos.
A Lei sobre a blasfémia - secções 295 B e C do Código Penal paquistanês - foi introduzida em 1986. A secção 295B refere-se às ofensas ao Alcorão, punidas inclusivamente com prisão perpétua, enquanto que a secção 295C prevê a pena de morte ou prisão perpétua para “todos que, com palavras ou escritos, gestos ou representações visíveis, com insinuações directas ou indirectas, insultarem o sagrado nome do Profeta”.
Desde 1988 até hoje, mais de 650 pessoas foram presas com base na referida lei. Além destas, há ao menos 20 casos de pessoas assassinadas no mesmo período, com a mesma acusação.
O Paquistão é uma república islâmica e o Islão é a religião de Estado. Nos termos do artigo 41 da Constituição – suspensa após o golpe de 1998 – o Presidente da República tem de ser muçulmano. Embora o artigo 20 da Constituição de 1973 declare que todos os cidadãos têm liberdade de culto, profissão e divulgação e o artigo 36 afirme que o Estado salvaguarda os interesses e os direitos das minorias, a realidade é diferente. Os cristãos, embora não sejam perseguidos, são discriminados.