A comunidade portuguesa de Roma despediu-se esta manhã do seu "decano", D. Custódio Alvim Pereira. O funeral do Arcebispo emérito de Lourenço Marques e antigo Reitor do Colégio Pontifício Português teve lugar na Basílica de São Pedro, a cujo Cabido pertencia.
Aqueles que o conheceram lembram alguém de grande simplicidade e desprendimento, destacando a sua fidelidade à Igreja.
Para o actual Reitor do Colégio Português de Roma, Pe. José Cordeiro, a Igreja viu partir um homem “determinado” e que foi "fiel até ao fim".
Nascido a 6 de Fevereiro de 1915, em Braçal, S. João do Monte, concelho de Tondela, Diocese de Viseu, D. Custódio Alvim foi ordenado presbítero a 19 de Dezembro de 1937, em Roma. Com os estudos feitos na cidade eterna – na década de 40 e 50 -, D. Custódio Alvim tinha muitos “registos teológicos e espirituais”. No mês de Março de 1959 foi ordenado Bispo Titular de Nepte e Auxiliar de Lourenço Marques.
O Pe. José Cordeiro realçou que ouviu muitas vezes D. Custódio realçar que a sua referência era Pio XII. “Isto denota muito da sua personalidade” – disse. Participando no II Concílio do Vaticano, asssitiu às «novidades» e acolheu as mudanças, mas “custou-lhe aceitar muitos dos documentos que ali foram decididos e votados” – sublinhou o Reitor do Colégio Português de Roma. E acrescentou: “achava que era abertura demais”.
Foi nomeado de Arcebispo de Lourenço Marques a 3 de Agosto de 1962, diocese da qual resignaria em 26 de Agosto de 1974 para dar o lugar ao primeiro bispo africano de Lourenço Marques, D. Alexandre José Maria dos Santos. Os últimos anos da sua vida foram passados em Roma, na Casa Madonna de Fátima, das Hospitaleiras da Imaculada Conceição, mas ia ao Colégio Português de Roma “pelo menos uma vez por mês”- realçou o Pe. José Cordeiro. Sendo cónego da Basílica de S. Pedro tinha de presidir a algumas celebrações neste templo. “No dia que era ele a presidir visitava-nos e sentia-se ligado a nós até ao fim” – frisou.
O seu dia à dia era ligado ao estudo e à oração. “Lia muito e escrevia alguns artigos para o jornal da sua diocese” – disse. Tinha um “espírito crítico muito apurado”. Notava-se que tinha uma “grande devoção a Nossa Senhora de Fátima” e ao “Anjo da Guarda”.
Por vontade própria, foi sepultado na Capela Jazigo do Colégio Português, no cemitério Verano, em Roma. “Podia ter ficado na capela dos Cónegos da Basílica de S. Pedro mas não quis, isso prova a sua ligação afectiva ao Colégio Português” - salientou o Reitor.