Um Sacerdote sul-africano lançou novas denuncias sobre o tráfico de pessoas em Moçambique, uma semana depois de os religiosos da Congregação dos Servos de Maria - responsáveis pela denúncia do tráfico de órgãos e pessoas na Província moçambicana de Nampula -, terem referido que noutras zonas de Moçambique continuam os desaparecimentos.
O Pe. Jean Le Scour assegurou aos microfones do programa ECCLESIA que “as pessoas chegam à África do Sul vindas de outros países, em especial de Moçambique”.
“Precisamos de mais tempo para investigar, mas em cidades como Joanesburgo e Durban é possível ver chegar pessoas atraídas por falsas promessas de emprego que vêm a ser vendidas”, revela.
No ranking mundial da economia paralela gerada pelo crime organizado, o tráfico de seres humanos situa-se em segundo lugar, de acordo com um estudo da ONU. O tráfico internacional de mulheres movimenta, anualmente, de 7 a 9 mil milhões de dólares, apenas atrás do tráfico de drogas.
A prostituição e os trabalhos domésticos são os destinos habituais destas pessoas. A paróquia do Pe. Scour já tem um lugar próprio, chamado “Santuário”, para onde dirige as pessoas que consegue retirar das malhas dos traficantes, mas pede a ajuda das ONG’s e da comunidade internacional.
Em relação ao tráfico de órgãos humanos, o sacerdote sul-africano assegura que muitos conhecem esta realidade, ligada “aos desaparecimentos de crianças e bebés”.
“Em Moçambique e na África do Sul há tradições antigas, ligadas aos feiticeiros locais, que utiliza partes do corpo humano para fabricar poções a que atribuem propriedades medicinais. Infelizmente, para seguir estas tradições, os desaparecimentos e as mortes continuam”, atira.
O Pe. Jea Le Scour passou por Lisboa para participar no Seminário "A Luta contra a Escravatura e a sua Abolição", promovido pela Fundação Pro Dignitate em cooperação com as Nações Unidas.