O Arcebispo católico de Kirkuk, Louis Sako, considera que uma saída precipitada das tropas do EUA do Iraque, irá encaminhar este país para uma “terrível divisão”.
Em entrevista à agência AisaNews, do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras, o Arcebispo iraquiano assinala que este Iraque dividido “não terá paz” e os cristãos serão relegados para um “gueto”.
D. Louis Sako considera ainda que a execução de Saddam Hussein e dos seus colaboradores só veio aumentar o fosso existente entre xiitas e sunitas e ameaça “transformar o país em ruínas”.
“As páginas de Internet e os jornais já começaram a publicar os novos mapas políticos”, adianta, com um Norte curdo, o Centro sunita e o Sul xiita.
Em Kirkuk, região rica em gás natural, os riscos de “tensões perigosas” são ainda maiores, em especial para as minorias étnicas e religiosas.
“Os cristão vivem com dificuldades cada vez maiores. Há já algum tempo que se pensa em reuni-los numa zona específica, a planície de Nínive, mas a ideia desta zona protegida pressupõe o fim da violência e permanece, por isso, um projecto perigoso”, assinala o Arcebispo Sako.
Este responsável defende que seria preferível “trabalhar sob o ponto de vista constitucional e em cada Estado para garantir a liberdade religiosa e direitos iguais aos crentes das várias religiões, em todo o território”, lembrando que os cristãos estão presentes em todo o Iraque.
Mais de 2800 mortes por mês
Morreram mais de 34 mil civis, no Iraque em 2006, adianta a Organização das Nações Unidas. O relatório divulgado contraria os números apresentados pelo governo local, de 12 mil mortos.
O chefe da Missão de Assistência ao Iraque da ONU, Gianni Magazzeni referiu que, no ano passado, morreram 34.452 civis (mais de 2800 mortes por mês, 94 por dia) e ficaram feridos 36.685.
A situação é particularmente grave em Bagdad, onde a maior parte das pessoas mortas e corpos não identificados encontrados quotidianamente tinham sinais de tortura, sublinha o relatório.