As seitas são talvez o “desafio cultural” mais importante que a Igreja na América enfrenta, considera o Cardeal Paul Poupard, presidente do Conselho Pontifício da Cultura (CPC). Esta convicção baseia-se nos relatórios dos Bispos durante as visitas «ad limina» e nas conclusões do questionário sobre a descrença que a assembleia plenária do CPC preparou em Março de 2004.
As conclusões foram apresentadas pelo Cardeal francês esta terça-feira no Rio de Janeiro, ao inaugurar o II Encontro de Membros e Consultores Americanos do Conselho da Cultura.
As respostas às perguntas sobre o estado da fé e a descrença, revelou o Cardeal, “mostram a diminuição do ateísmo militante e teórico na mesma medida que cresce uma ‘aconfessionalidade’ ou uma forma ‘light’ de vida cristã”.
As seitas são o penúltimo escalão de uma cadeia que termina na indiferença, e que, segundo D. Poupard, “se inicia na ausência de uma resposta de parte da experiência religiosa ao problema do sentido da vida”.
Segundo o representante vaticano, “as seitas evidenciam a necessidade de reconhecer que muitos católicos não conhecem o kerygma. O primeiro contacto com o anúncio de Cristo Salvador, com a gratuidade do amor e a transcendência de Deus, infelizmente não foi recebido dos ministros da Igreja que os baptizaram”.
“Muitos receberam só imperativos, regras, programas e compromissos de acção, mas ignoravam o anúncio da Salvação com uma força convincente e uma linguagem concreta”, constata.