Vaticano

Sequelas, Remakes e Banda Desenhada

Francisco Perestrello
...

Nos anos recentes tem-se notado a falta de imaginação dos argumentistas cinematográficos, pisando e repisando os mesmos caminhos, com situações previsíveis por serem conhecidas de obras anteriores ou se sujeitarem a um convencional "happy end" - sobretudo no cinema americano - e dando prioridade à adaptação de obras literárias em alternativa à escrita de argumentos originais. Julgava-se, à partida, ser uma via de alta rentabilidade, mas o cinema foi perdendo força e terá batido no fundo, em 2005, com uma baixa significativa de qualidade e, consequentemente, de bilheteira. 2006 parece ser o ano da recuperação... esperemos que sim. Dentro deste contexto merecem realce duas vias que têm marcado especial presença: a produção de remakes e sequelas e a adaptação de bandas desenhada tendo por alvo, neste último caso, um público mais novo, mas não necessariamente apenas as crianças. Só desde o início do ano foram já nove as sequelas e remakes, tendo mesmo, em quatro casos, a indicação "2" no próprio título. São, salvo raras excepções, obras muito fracas incapazes de fazerem sombra ao original. Na sua maioria são trabalhos produzidos em 2005, esperando-se que a nova dinâmica do ano corrente, que a dispersão dos Oscars veio impulsionar, permita que a situação se dilua rapidamente. Quanto à banda desenhada temos a referir, por enquanto, apenas "Cavaleiros dos Céus", retirado das conhecidas histórias de quadradinhos da autoria de Jean-Michel Charlier e Albert Uderzo, este último também autor de Asterix e Obelix, já profusamente adaptados ao cinema. É um conto heróico, produzido com gran-diosidade, que tem a intenção de fazer frente à invasão do cinema americano. Recorre a meios aéreos notáveis, utilizados com maestria. Falta-lhe, como complemento, uma adequada estrutura dramática quando os pilotos abandonam os céus e são forçados a viver a vida de todos os dias. Francisco Perestrello


Cinema