Benfeitores e amigos da Ajuda à Igreja que Sofre em Inglaterra tiveram recentemente a oportunidade de ouvir o testemunho, na primeira pessoa, de um sacerdote sudanês sobre o elevado preço que os cristãos no Sudão têm de pagar pela sua fidelidade à fé.
O Pe. Logworo, que vive na capital sudanesa (Cartum) relatou de forma vívida o sofrimento dos cristãos sudaneses que são vítimas de detenções arbitrárias e mesmo de execuções às mãos das autoridades islâmicas que lideram o Sudão.
"O martírio é real", afirmou o padre sudanês, lamentando o facto de os cristãos terem, ainda hoje, de optar entre "sucumbir à tentação de não falar e a coragem de se manifestar em defesa da sua liberdade de culto". Estas situações mantêm-se mesmo após ter finalmente chegado o tão aguardado acordo de paz entre o exército sudanês e os grupos de guerrilha no norte e no sul do país.
As pressões sobre a comunidade cristã mantêm-se: as igrejas foram demolidas, os cristãos têm dificuldade em conseguir trabalho, as mulheres são pressionadas a usar o véu islâmico e os homens podem ser sujeitos a duros castigos, caso sejam acusados de consumirem bebidas alcoólicas, conforme a lei e os costumes islâmicos.
"A política e a religião são inseparáveis no Sudão", constatou o Pe. Logworo que garante que, na prática, o Islão é a religião de Estado. O sacerdote salientou também a coragem dos bispos na defesa dos direitos e da dignidade humana e na promoção da igualdade e da justiça. "Temos orgulho neles – eles são verdadeiros líderes", acrescentou.
Nos últimos meses, as hostilidades entre as forças governamentais e os grupos rebeldes no Sudão têm diminuído. Contudo, os ataques a civis continuam, assim como a proliferação de grupos armados, favorecida por um crescente clima de impunidade. O Conselho de Segurança das Nações Unidas aguarda de momento as conclusões de um inquérito, que está a ser levado a cabo no Darfur por um procurador do Tribunal Penal Internacional, para tomar uma posição.
Departamento de Informação da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre