O Vaticano continua a ser muito duro na sua reacção às revelações que continuam a surgir sobre as torturas de iraquianos por parte de membros das forças da coligação. “Horror e vergonha” eram as palavras que ocupavam a primeira página do jornal oficioso da Santa Sé deste Domingo para qualificar esses actos.
Na sexta-feira passada, fora o arcebispo Giovanni Lajolo, secretário vaticano para as relações com os Estados, a afirmar que esta “violência contra as pessoas ofende o próprio Deus”.
A edição de ontem de “L'Osservatore Romano” referia que “o conflito iraquiano, já marcado pelo luto e a destruição, assume agora conotações ainda mais trágicas com a descoberta de torturas desumanas infligidas aos iraquianos”.
“Nos abusos e nos maus-tratos a prisioneiros consuma-se a radical negação da dignidade do homem e de seus valores fundamentais”, denuncia a Santa Sé.
Apesar desta forte crítica, o jornal não condena os norte-americanos na sua generalidade, assegurando que esse povo “foi traído na sua humanidade e na sua história ao saber que a tortura foi perpetrada sob a sua bandeira, desonrando-a”.
O arcebispo Giovanni Lajolo defendeu, por seu turno, que “os responsáveis devem ser levados perante a justiça e castigados, assim como os seus superiores imediatos”.
Em declarações à RAI, o responsável da Cúria Romana sublinhou que a tortura é “contrária aos mais elementares direitos humanos e radicalmente contrária à moral cristã”.