De Garin-Goulbi, aldeia do sul do Níger, as Nações Unidas (ONU) lançam um “apelo angustiado” à ajuda internacional para salvar 32.000 crianças que, profundamente desnutridas, estão condenadas à morte certa.
Segundo declarações de Michele Falavigna, coordenador da ONU para o Níger, trata-se de “salvar vidas, reduzir a mortalidade e evitar que o Níger caia numa crise semelhante no próximo ano”. Cerca de três milhões de pessoas não têm de comer e 32.000 sofrem de desnutrição grave.
Perante a degradação da situação nutricional e sanitária, a ONU passou de 16 para 80 milhões euros necessários para conseguir dominar a crise alimentar do Níger. “Em Maio teriam sido suficientes 16 milhões, mas infelizmente não tivemos uma resposta desejada em tempo útil”, explicou Michele Falavigna. E avisou: “Se, de novo, a ajuda não chegar a tempo, as necessidades vão aumentar”, esclarecendo que “à falta de alimentos será preciso acrescentar medicamentos e meios terapêuticos para salvar as crianças”.
Muitas organizações não-governamentais criticam a inactividade e a lentidão gritante dos doadores. “O Níger vive horas dramáticas. Nós demorámos a organizar os meios… Agora, estamos a pagar a ineficácia do sistema”, lamentou o representante da UNICEF, organização da ONU para as crianças, Aboudu Karimou Adjibade.
Segundo um responsável do ministério da agricultura, “as próximas colheitas não serão antes do final de Setembro e não se sabe se elas serão satisfatórias”.
A distribuição de alimentos ainda é muito tímida e insuficiente em Maradi, uma das principais cidades afectadas pela fome. Espera-se que na próxima semana possa começar a distribuição em grande escala, segundo afirmações do Programa Alimentar Mundial.