Vaticano

Três novos beatos

Luís Filipe Santos
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Pertenciam à Acção Católica

João Paulo II, ao proclamar este domingo três novos beatos, assegurou que corresponde aos leigos demonstrar que o Evangelho é actual. Junto de 250.000 peregrinos congregados na esplanada de Montoroso, santuário mariano de Loreto (Itália), o Papa incluiu na lista dos beatos, o médico e sacerdote catalão Pere Tarrés i Claret (1905-1950) e os leigos italianos Alberto Marvelli, jovem engenheiro e político após a Segunda Guerra Mundial (1918-1946), e Pina Suriano, leiga consagrada e apóstola da juventude (1915-1950). Os três pertenciam à Acção Católica, tal como a maioria dos fiéis presentes, e foram beatificados no encerramento do primeiro Fórum mundial da Acção Católica, após o Concílio Vaticano II (1962-1965). Na homilia da celebração eucarística, o pontífice sintetizou a mensagem que o trouxe pela quinta visita a este santuário: “Com as beatificações destes três servos de Deus, o Senhor vos diz hoje: o maior dom que podeis dar à Igreja e ao mundo é a santidade”. Pina Suriano A jovem siciliana (1915-1950) teve de renunciar ao sonho de sua vida, a consagração religiosa, pela oposição imposta por sua família. Entregou então sua vida a Deus como leiga na Acção Católica. João Paulo II resumiu a vida da nova beata italiana, Pina Suriano, na frase: “Não faço mais que viver de Jesus”. Aderiu à Juventude Feminina da Acção Católica, da qual depois foi dirigente paroquial, “encontrando na Associação importantes estímulos de crescimento humano e cultural em um clima intenso de amizade fraterna” - recordou durante a homilia. Pina, conhecida entre seus amigos e amigas por sua beleza, fez voto de castidade a 29 de abril de 1932, na capela das Filhas da Misericórdia e da Cruz, sede social da juventude feminina da Acção Católica. A jovem morreu repentinamente com um infarte ,a 19 de maio de 1950. Tinha 35 anos. Alberto Marvelli O novo beato, nascido em 1918, amigo de infância do director de cinema Federico Fellini, membro da Acção Católica, ao finalizar os seus estudos universitários em engenharia mecânica, em 1941, teve de se alistar no exército, visto que a Itália estava em guerra - conflito que ele condenou com firmeza.. Dispensado do serviço militar, desenvolveu um grande trabalho de ajuda aos pobres na guerra. Durante a ocupação alemã, também conseguiu salvar muitos jovens da deportação. “No difícil período da Segunda Guerra Mundial - recordou o João Paulo II na homilia - que semeava morte e multiplicava violência e sofrimentos atrozes, o beato Alberto vivia uma intensa vida espiritual, da qual surgia esse amor por Jesus que o levava a se esquecer constantemente de si para carregar a cruz dos pobres”. Pere Tarrés Originário da cidade de Manresa, onde nasceu a 30 de maio de 1905, o novo beato era um jovem médico, membro da Federação de Jovens Cristãos da Catalunha e da Acção Católica, que fundou em Barcelona o Sanatório-Clínica de Nossa Senhora da Mercê. “No exercício da profissão médica entregou-se com especial solicitude aos enfermos mais pobres, convencido de que “o enfermo é símbolo de Cristo sofredor” - recordou o Papa. Durante o agitado período da guerra civil espanhola, refugiado em Barcelona, levava de forma escondida a comunhão aos perseguidos. Também actuou na qualidade de médico de campanha atendendo heroicamente numerosos feridos, e não perdeu ocasião de manifestar sua fé. Em janeiro de 1939 retornou à casa e ingressou no Seminário de Barcelona este mesmo ano. Foi ordenado sacerdote em 30 de Maio de 1942.


João Paulo II