Vaticano

Vaticano envia delegação a Moscovo

Octávio Carmo
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Cardeal Walter Kasper lidera comitiva que estará presente no funeral de Alexis II, líder da Igreja Ortodoxa Russa

A Santa Sé vai enviar a Moscovo uma delegação de cinco pessoas para o funeral de Alexis II, líder da Igreja Ortodoxa Russa, falecido no dia 5 de Dezembro. A comitiva é liderada pelo Cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a promoção da unidade dos cristãos (CPPUC). Presentes no funeral da próxima Terça-feira estarão o Cardeal Roger Etchegaray (presidente emérito do Conselho Pontifício Justiça e Paz), o Arcebispo Antonio Mennini (representante diplomático da Santa Sé na Federação Russa), o jesuíta Milan Žust (do CPPUC) e Mons. Ante Jozić (secretário da Nunciatura em Moscovo). O Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa será sepulatado na Catedral da Epifania, em Moscovo, anunciou o metropolita Kirill. Alexis II deixou escrita em testamento a sua vontade de ser enterrado naquela Catedral, onde durante anos exerceu a sua missão episcopal e local onde se encontram os restos mortais do seu padroeiro. Bento XVI reagiu com “profunda tristeza” à notícia do falecimento do Patriarca Ortodoxo de Moscovo, Alexis II, assegurando a sua “proximidade espiritual” a todos os fiéis da Igreja Russa. Alexis II, líder da maior igreja ortodoxa do mundo, faleceu aos 79 anos, na sua residência de Peredelkino, perto de Moscovo. Numa mensagem enviada ao Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa da Rússia, o Papa lembra o falecido Patriarca como um combatente “corajoso” pelos valores “humanos e do Evangelho, em especial no Continente Europeu”. A mensagem deixa votos de que este testemunho traga “frutos de paz e progresso humano, social e espiritual genuínos”. O Papa fala de um “servidor incansável” do Senhor e sublinha o “compromisso comum no caminho da compreensão mútua e da cooperação” entre católicos e ortodoxos. Neste contexto, Bento XVI recorda “os esforços do falecido Patriarca em favor do renascimento da Igreja, após uma tremenda opressão ideológica que levou ao martírio de tantas testemunhas da fé cristã”. A primeira reacção oficial do Vaticano veio da pena do presidente do CPPUC. “Recebemos com profunda tristeza a notícia da morte de Sua Santidade Alexis II, Patriarca de Moscovo e de toda a Rússia. O Patriarca Alexis foi chamado a guiar a Igreja Ortodoxa Russa num período de grandes mudanças e a sua liderança permitiu que a Igreja enfrentasse a transição da era soviética para o presente com uma renovada vitalidade interior”, afirma o Cardeal Walter Kasper. Para o Cardeal Kasper, o falecido Patriarca foi “providencial para fomentar o enorme crescimento das dioceses, paróquias, mosteiros e instituições educativas que deram nova vida a uma Igreja duramente testada por muito tempo”. O presidente do Conselho Pontifício para a promoção da unidade dos cristãos lembra que Alexis II sempre “fez questão de manifestar a sua boa vontade em relação ao Papa e o seu desejo de fortalecer a colaboração com a Igreja Católica”. “O seu compromisso pessoal na melhoria das relações com a Igreja Católica, apesar das dificuldades e tensões que emergiram de tempos a tempos, nunca esteve em dúvida”, pode ler-se. Entre as várias reacções do mundo católica a esta morte incluem-se, ainda, uma missiva do presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, Cardeal Péter Erdö. O Arcebispo de Budapeste envia as condolências dos episcopados europeus à Igreja da Rússia e lembra Alexis II como “um pastor da reconciliação, que soube levantar a sua voz no meio das grandes questões da nossa época, em particular a respeito da ordem moral, da justiça e do respeito pela vontade do Criador”.


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