Vaticano: Papa desafia Igreja a levar mensagem de Jesus às periferias
Francisco quer católicos com «coragem» missionária e atitude constante de «saÃda»
Cidade do Vaticano, 26 nov 2013 (Ecclesia) – O Papa Francisco pediu hoje que as comunidades católicas vivam numa “atitude constante de «saída»” e sejam missionárias para “ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho”.
O apelo é lançado na exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho, em português), primeiro texto do género no atual pontificado, que se iniciou a 13 de março.
Francisco diz que tudo na Igreja deve ser colocado “em chave missionária” numa “constante saída para as periferias do seu território ou para os novos âmbitos socioculturais”.
Neste contexto, o documento divulgado pela Santa Sé destaca a importância de uma Igreja com “as portas abertas”.
“Todos podem participar de alguma forma na vida eclesial, todos podem fazer parte da comunidade, e nem sequer as portas dos sacramentos se deveriam fechar”, escreve o Papa.
Francisco diz que a Eucaristia, o sacramento mais importante na Igreja Católica “não é um prémio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos”.
“Estas convicções têm também consequências pastorais, que somos chamados a considerar com prudência e audácia”, acrescenta.
Segundo o Papa, é preciso “coragem de encontrar os novos sinais, os novos símbolos, uma nova carne para a transmissão da Palavra, as diversas formas de beleza que se manifestam em diferentes âmbitos culturais”.
O documento diz que a humanidade vive “uma viragem histórica” que não deve assustar a Igreja.
“Os desafios existem para ser superados. Sejamos realistas, mas sem perder a alegria, a audácia e a dedicação cheia de esperança”, propõe o Papa.
A exortação sublinha a importância da referência constante a Jesus Cristo para “romper também os esquemas enfadonhos” e recuperar a “frescura original do Evangelho”, da qual nascem “novas estradas, métodos criativos, outras formas de expressão”.
“Convido todos a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respetivas comunidades”, refere.
O Papa sustenta que os cristãos “têm o dever de o anunciar, sem excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo”.
Francisco deseja uma atenção particular aos fiéis que conservam uma fé católica “intensa e sincera, exprimindo-a de diversos modos, embora não participem frequentemente no culto”.
O texto alude a “uma rutura na transmissão geracional da fé cristã”, que aconteceu por motivos como o “subjetivismo relativista” ou “consumismo desenfreado”, entre outos.
O Papa deixa por isso um alerta para o que chama de “psicologia do túmulo”, que “pouco a pouco transforma os cristãos em múmias de museu”.
A exortação menciona a importância da catequese para recordar a “necessária progressividade da experiência formativa na qual intervém toda a comunidade e uma renovada valorização dos sinais litúrgicos da iniciação cristã”.
Francisco pede que as dioceses, paróquias e todos os grupos católicos proponham um “estudo sério e perseverante da Bíblia” e recuperem um “espírito contemplativo”.
A respeito da missão de anunciar o Evangelho, o Papa fala da necessidade do diálogo ecuménico, para afirmar que “o esforço por uma unidade que facilite a receção de Jesus Cristo deixa de ser mera diplomacia ou um dever forçado para se transformar num caminho imprescindível da evangelização”.
OC
Papa Francisco