Vaticano: Papa explica que falou do «genocÃdio» arménio sem espÃrito «ofensivo»

Francisco respeita «direito ao protesto» da Turquia
Lisboa, 26 jun 2016 (Ecclesia) – O Papa explicou hoje que usou a palavra “genocídio” para se referir à morte de centenas de milhares de pessoas na Arménia, há 100 anos, sem qualquer “espírito ofensivo” em relação à Turquia.
“Na Argentina, quando se falava do extermínio arménio, usava-se sempre a palavra genocídio”, referiu Francisco aos jornalistas, durante o voo de regresso a Roma, desde Erevan, após uma visita de três dias à Arménia.
O Papa disse que sempre falou em “três genocídios” no arco das duas Guerras Mundiais, no século XX: “o arménio, o de Hitler e o de Estaline”.
O vice-primeiro-ministro da Turquia disse este sábado que as declarações do Papa a condenar o “genocídio” arménio tinham sido infelizes e revelavam uma “mentalidade de Cruzada”.
A reação surgiu depois de Francisco ter dito esta sexta-feira, em Erevan, capital da Arménia, que as mortes de centenas de milhares de pessoas há 100 anos, às mãos do Império Otomano, foi um “genocídio” que deu início aos “massacres” do século XX.
O Papa recordou aos jornalistas que já em 2015 tinha citado uma declaração de João Paulo II (2001) que usava a palavra “genocídio”, o que provocou então uma reação do governo turco, que chamou a Ancara o seu embaixador junto da Santa Sé, entretanto regressado.
“Todos têm o direito ao protesto”, assinalou.
Francisco reconheceu que a palavra “genocídio” não estava no discurso preparado para o Palácio Presidencial de Erevan, na sexta-feira.
“Depois de ter ouvido o tom do presidente arménio, no entanto, e pela minha utilização da palavra, teria soado muito estranho não dizer o mesmo que disse no ano passado”, realçou.
Para o Papa, o fundamental é fazer uma “pergunta histórica” em relação aos três genocídios a que se refere: “Porque é que não fizeram nada?”.
Francisco manifestou a sua intenção de rezar em silêncio no campo de concentração de Auschwitz, que vai visitar em julho, considerando-o “um lugar de horror”.
“Sozinho, entrar e rezar para que o Senhor me dê a graça de chorar”, adiantou.
OC
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