Vaticano

Vaticano: Sínodo dos Bispos debate acolhimento de homossexuais

Agência Ecclesia
...

Relatório intermédio pede «paciência e delicadeza» para quem vive num tipo de união diferente do matrimónio

Cidade do Vaticano, 13 out 2014 (Ecclesia) - O relatório intermédio do Sínodo dos Bispos, apresentado hoje no Vaticano, sublinha a importância de acompanhar com “paciência e delicadeza” as pessoas que vivem num tipo de união diferente do matrimónio, e apela ao acolhimento dos homossexuais.

“As pessoas homossexuais têm dons e qualidades a oferecer à comunidade cristã: estamos em condições de acolher estas pessoas, garantindo-lhes um espaço de fraternidade nas nossas Igrejas?”, questiona-se no texto que resume os debates da primeira semana da assembleia geral extraordinária do Sínodo.

“A questão homossexual interpela-nos a uma séria reflexão sobre como elaborar caminhos realistas de crescimento afetivo e de maturidade humana e evangélica, integrando a dimensão sexual”, acrescenta o documento intercalar.

O relator-geral, cardeal Péter Erdo, apresentou uma síntese dividida em 58 pontos, em que se abordam as questões ligadas à pastoral católica junto dos homossexuais.

“Muitas vezes, eles [homossexuais] desejam encontrar uma Igreja que seja casa acolhedora para todos. As nossas comunidades são capazes de o ser, aceitando e tendo em conta a sua orientação sexual, sem comprometer a doutrina católica sobre a família e o matrimónio?”, pode ler-se.

O Sínodo reitera, por outro lado, que as uniões entre pessoas do mesmo sexo não podem ser equiparadas ao matrimónio entre um homem e uma mulher, considerando que “não é aceitável que se queira fazer pressão” sobre a Igreja ou que as ajudas internacionais estejam condicionadas pela “introdução de legislação inspirada pela ideologia do género”.

A este respeito, refere-se que a Igreja tem uma preocupação particular pelas crianças que vivem com pessoas em uniões do mesmo sexo, “sustentando que em primeiro lugar devem estar sempre as exigências e os direitos dos mais pequenos”.

Sem negar as problemáticas morais ligadas a estas uniões, o relatório recorda que há muitos casos em que “o apoio mútuo até ao sacrifício constitui um apoio precioso para a vida dos parceiros”.

O secretário-especial do Sínodo, D. Bruno Forte, disse em conferência de imprensa que de um ponto de vista de "civilização", não se pode excluir "a busca de uma codificação direitos que possam ser garantidos às pessoas que vivem numa união homossexual".

D. Péter Erdo, relator-geral, admitiu que houve críticas a passagens do texto de síntese pela falta de uma referência mais explícita às "convivências desordenadas".

O relatório intermédio alude por outro lado a uma “sensibilidade nova da pastoral moderna” que procura “colher a realidade positiva” dos casamentos civis e também das “convivências”.

“Na proposta eclesial é necessário - apresentando com clareza o ideal - que se indiquem também elementos construtivos nas situações que não correspondem ainda ou já a tal ideal”, refere o documento.

Os participantes refletiram sobre fatores que contribuem para afasta os jovens do casamento, como a “miséria material”, a “crescente precariedade laboral” ou políticas fiscais “demasiado pesadas”.

“Em conformidade com o olhar misericordioso de Jesus, a Igreja deve acompanhar com atenção e cuidado os seus filhos mais vulneráveis, marcados pelo amor ferido e perdido, restaurando a esperança e a confiança”, assinalam os participantes no Sínodo.

A terceira assembleia geral extraordinária prossegue até domingo, estando já prevista uma assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos entre 4 e 25 de outubro de 2015, com o tema “A vocação e a missão da família na Igreja, no mundo contemporâneo”.

OC



Sínodo dos Bispos