Vaticano

Voluntários cristãos, generosos e disponíveis

Elias Couto
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Intenção Geral do Papa para o mês de Julho

Que cresça o número daqueles que, como voluntários, prestam serviços à comunidade cristã, com pronta e generosa disponibilidade [Intenção Geral do Papa para JULHO]. 1. Normalidade cristã O serviço aos irmãos e à comunidade é a atitude normal que resulta da vivência da Boa Nova de Jesus Cristo. Serviço sem pretensões, próprio de quem se conhece chamado a ser, não para si mesmo, mas para os outros, cada outro. Assim, mesmo quem exerce mis-sões de autoridade, na Igreja, recebe-as como serviço a prestar e deve vivê-las na atitude evangélica do «lava-pés»: quem quiser ser o primeiro, há-de ser o último e o servo de todos (cf. Marcos 9, 35). Nem sempre, certamente, este modo de viver a autoridade foi – ou é – praticado. Felizmente, é também certo que muitos, ao longo dos séculos, viveram segundo esta proposta evangélica e se realizaram humana e cristãmente. Convém precisar, contudo, outro aspecto igualmente importante: o facto de a autoridade, na Igreja, ser um serviço – e de quem a exerce ser o servo de todos – não retira nada ao exercício da autoridade: servir, neste caso, não é servilismo nem fraqueza; só serve verdadeiramente quem assume em plenitude a autoridade que lhe foi confiada e, mesmo desagradando a alguns, leva por diante o serviço de todos que, na Igreja, é sempre serviço à verdade do Evangelho. Uma autoridade recebida e não exercida, por medo ou contemporização com o erro, o mal, o pecado, é um serviço que se não presta e que não presta. 2. Serviço e voluntariado Sempre existiu, na Igreja, esta ideia de que o serviço à comunidade não deve ser imposto, antes deve resultar de uma vocação voluntariamente assumida. Foi e é assim (ou deve ser) nas comunidades religiosas, foi e é assim (ou deve ser) nas comunidades paro-quiais, foi e é assim (ou deve ser) em qualquer instituição nascida da inventiva dos cristãos para o serviço à Igreja e aos irmãos, foi e é assim (ou deve ser) no exercício do ministério ordenado (diáconos, presbíteros, bispos). Neste sentido, pode dizer-se sem erro que o Cris-tianismo introduziu na história a liberdade para servir os outros, a alegria de o fazer e o desejo de o fazer gratuitamente. Deste modo, o conceito, embora não o termo, de volunta-riado sempre esteve activo na vida da Igreja e entre os cristãos. Continua a ser assim, actualmente, talvez de um modo mais estruturado e socialmente visível. Há serviço de voluntariado em todas as frentes da vida da Igreja: milhares de voluntários dão o seu tempo ao serviço da educação cristã dos mais novos, na catequese; milhares, na limpeza, embelezamento e conservação das Igrejas; milhares, na visita aos doentes; milhares, no apoio aos mais carenciados; milhares, nas instituições – confrarias, conselhos pastorais, conselhos económicos, centro sociais – que constituem a rede capilar sem a qual as comunidades cristãs não poderiam garantir adequadamente o normal decorrer da sua existência nem servir de tantas e tão variadas formas a sociedade onde estão inseridas. É uma impressionante força de trabalho voluntário e serviço desinteressado, quase sempre ignorado, mas presente e activo, dando vitalidade às comunidades eclesiais e contribuindo para o bem público. E é preciso que não caia no esquecimento nem seja constante objecto de menosprezo, mesmo da parte de alguns com obrigação de ver mais e melhor... quer na Igreja, quer fora dela! 3. Mais e melhor voluntariado As afirmações anteriores não anulam a possibilidade de desenvolver ainda mais o voluntariado nas comunidades cristãs, pois há áreas novas a necessitar de acção voluntária empenhada e capaz. É o caso da família – sempre mais ameaçada por legislações e comportamentos visando destruí-la na sua singularidade; é o caso da vida, onde se exige um empenho permanentemente renovado, quer para vencer socialmente a ideologia abortista, quer para auxiliar as grávidas em risco de recorrerem ao aborto por se sentirem abandonadas ou pressionadas, quer para defender os doentes incuráveis, os deficientes profundos e os idosos da ideologia assassina promotora da eutanásia, a qual, do «direito a morrer com dignidade», começa já a passar à «obrigação de morrer», não importa como... Cada vez mais, é necessário agir nestas novas realidades, promovendo outros modos de pensar e agir e disponibilizando tempo para cuidar destes que são os mais frágeis entre os desprotegidos das nossas sociedades. O voluntariado cristão tem de passar a novos patamares de exigência, pois há também níveis novos de dificuldades e necessidades. E convém, sobretudo, que tal voluntariado seja exercido por cada um nas áreas em que se encontra melhor preparado para agir, dando um novo sentido de realização pessoal às competências profissionais adquiridas e exercidas justamente a troco de um salário. Elias Couto


Bento XVI