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Octávio Carmo
Visita Ad Limina
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Foto da capa: OR Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,. Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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A nossa vez |
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Octávio Carmo
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O Papa Francisco tem manifestado a sua preocupação por ver uma Igreja “com as mãos na massa”, por assim dizer. O Cristianismo anuncia o amor a Deus e o amor ao próximo, que só são verdadeiramente inteligíveis em atos concretos e não em meras palavras, por mais bonitas que sejam. Este rumo ganha particular relevo num momento em que a Europa se vê confrontada com a possibilidade de ter de sofrer as dores de parto do nascimento de uma nova sociedade, face à chegada em massa de refugiados e migrantes de várias zonas do planeta marcadas pela pobreza e a guerra. A resposta da Igreja é só uma, por mais que possa parecer ingénua, desprevenida ou mesmo, para alguns, irresponsável: o amor. Sem olhar a credo ou cor. A civilização cristã, que muitos dizem estar agora ameaçada, é a civilização do amor, não a do medo, do racismo e da xenofobia, da discriminação ou do choque de religiões. O preço a pagar por esta opção inegociável é alto, tem sido alto ao longo da história, e pode voltar a sê-lo. Francisco recordou, a respeito dos mártires de hoje, que ninguém pode saber se a Europa voltará a ser terra de martírio, como já foi no passado, mas a isso respondeu apenas com a necessidade de testemunhar a fé com coragem. Sempre. Porque ser cristão é mesmo isso: amar o outro até as últimas consequências e estar disposto a derramar o próprio sangue em nome de Deus. |
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«Qual deles vai ocupar o trono democrático?» |
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- «O nosso país tem recusado nos últimos quatro anos um futuro minimamente decente aos jovens em cuja formação investiu fortemente» (Carlos Fiolhais; IN: Jornal «Público», 9 setembro 2015)
- «Se nos anos de chumbo de 1966 a emigração era de meia rota e mala de cartão, nestes novos anos de chumbo a emigração vai de ténis e mochila, com portátil lá dentro» (Carlos Fiolhais; IN: Jornal «Público», 9 setembro 2015)
- «Para minha grande mágoa, não tivemos nos últimos quatro anos governantes a trabalhar com o fito no bem comum, procurando melhorar a ciência, a educação e a cultura tentando dar futuro aos jovens e ao país» (Carlos Fiolhais; IN: Jornal «Público», 9 setembro 2015)
- «Tivemos um líder, Pedro Passos Coelho, para quem a ciência, a educação e a cultura não significam praticamente nada e que, por isso, não tem nenhum futuro a dar-nos.» (Carlos Fiolhais; IN: Jornal «Público», 9 setembro 2015)
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Plataforma de Apoio mobiliza portugueses no acolhimento e integração de famílias |
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Um conjunto de organizações da sociedade civil portuguesa lançou a PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados, que visa ajudar a minimizar o impacto da “grave crise humana” que se vive a nível mundial. O objetivo desta plataforma é focar-se no acolhimento e integração de famílias refugiadas e no apoio aos refugiados no seu país de origem. A apresentação à imprensa contou com a presença de Sabina Karamehmedovic, que chegou a Portugal do Leste da Europa com o estatuto de refugiada em 1992, com mais 100 pessoas que o país protegeu, a qual recordou que “foi essencial o acolhimento” que recebeu de uma família e da restante comunidade de Soure, Coimbra. “Esse acontecimento foi decisivo para a nossa integração neste país e penso que os meus pais decidiram ficar cá porque a comunidade que nos recebeu foi muito acolhedora”, assinalou. Os pais tiveram ajuda para encontrar trabalho e Sabina e a irmã começaram a frequentar a escola, “a partir daí a vida desenvolveu-se de forma natural”, tendo-se formado em |
Arquitetura. A partir da sua própria realidade, incentiva os portugueses, que ainda não estão recetivos e têm receio, a receber refugiados em Portugal: “As pessoas pura e simplesmente precisam de um sítio para viver porque onde estavam não lhes é permitido continuar. Ninguém precisa de ter medo, as pessoas não se querem aproveitar”. O presidente do Instituto Padre António Vieira, um dos mentores da Plataforma de Apoio aos Refugiados, revela que as instituições da sociedade civil “reconhecendo a liderança ao Estado” no acolhimento e integração de refugiados, “não quiseram” deixar de estar presentes. “A capacidade de propor que uma instituição anfitriã acolha uma família de refugiados e que lhes garanta não só o alojamento e alimentação mas também o acesso à educação, saúde, ao trabalho e aprendizagem de português”, explicou Rui Marques, sobre o “movimento que nasceu hoje” de preparação para acolher com “dignidade e com sentido de solidariedade” os refugiados que vão chegar a Portugal. O antigo Alto Comissário Adjunto |
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para a Imigração e Minorias Étnicas sugeriu ainda a qualquer português que tenha “alguma hesitação ou duvide” desta iniciativa de acolher quem “foge da guerra” se coloque nesta posição. A PAR conta com mais de 30 instituições e entre as organizações conta-se a Cáritas Portuguesa, Conselho Português dos Refugiados, Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade (CNIS), Comissão Nacional Justiça e Paz, Fundação
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Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) e Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS, sigla em inglês). A conferência de imprensa foi o momento escolhido para lançar o sítio online da Plataforma de Apoio aos Refugiados - www.refugiados.pt – que na página principal tem uma frase da escritora Sophia de Mello Breyner: “Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar”. |
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Igreja alerta para sinais de violência
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A Igreja Católica alertou para os “crescentes sinais” de violência que se encontram na vida nas escolas e famílias em Portugal, apelando a uma cultura de “misericórdia”, na linha das propostas do Papa Francisco. “Se olharmos para a atual realidade, para o ambiente social que nos envolve e para a cultura que nos influencia, deparamo-nos com crescentes sinais de violência nas escolas, nas famílias e entre grupos”, assinala a Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, numa nota intitulada ‘Felizes os misericordiosos porque alcançarão misericórdia’. O documento, enviado à Agência ECCLESIA, destina-se à celebração da Semana Nacional da Educação Cristã, que este ano decorre entre os dias 20 e 27 de setembro. “Deparamo-nos igualmente com gestos de agressividade, de intolerância e de indiferença que destroem as relações entre as pessoas”, alertam os bispos, para quem a sociedade não pode ficar entregue a estas formas de comportamento. Nesse sentido, sustentam que “é o estilo de |
![]() A nota da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé recorda o “contributo fundamental da fé” para o desenvolvimento “harmonioso” das pessoas e para a promoção da “paz e do amor” na família e na sociedade. “A misericórdia gera no cristão um modo diferente de ser e de agir no contexto da cultura atual: face a um clima de indiferença, a fé cristã propõe a atenção, o cuidado e o serviço mútuos; perante o individualismo, a relação cordial e a ajuda fraterna; contra a agressividade, a bondade; diante da discriminação, o acolhimento sem distinção de pessoas”, pode ler-se. |
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Cáritas Portuguesa pede resposta global para crise dos refugiados |
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O presidente da Cáritas Portuguesa anunciou que a instituição está a preparar recursos para apoiar os migrantes e refugiados que chegarem ao país, na sequência da fuga de milhares de pessoas a situações de conflito e pobreza. Eugénio Fonseca alerta para a situação dos que estão a ser “chacinados pela loucura dos seus governantes e pela indiferença de uma boa parte da humanidade”. “A Europa tem uma missão crucial a desempenhar na resposta a este drama que não pode passar apenas pelo apelo ao controlo de fronteiras terrestres, marítimas ou aéreas. Adiantam pouco medidas securitárias, pois o ‘estômago’ e o medo são mais fortes que qualquer outra estratégia”, refere, na sua mensagem para o Dia Internacional da Caridade, criado pela ONU em 2013 e que se celebra anualmente a 5 de setembro (data da morte de Madre Teresa de Calcutá. Segundo o responsável da organização católica, a data tem de ser assinalada com o “olhar e coração indignados para a chacina que o mundo está a permitir”, tornando-se “cúmplice da morte de tantas vidas que mais não |
querem do que refugiar-se do medo da morte, de torturas várias, de falta de condições mínimas de subsistência”. “Neste dia, e sempre, deveria ressoar na consciência dos indiferentes, dos ‘estrategas políticos’, dos escravizados pelas regras financeiras, dos mais poderosos deste mundo, a pergunta de Deus a Caim: ‘Que fizeste? Ouve! Da terra, o sangue do teu irmão clama a mim’”, refere a mensagem, citando o livro do Génesis, o primeiro da Bíblia. A Cáritas Portuguesa acredita que a resposta “não pode estar só pendente de um continente”, pelo que defende que se dê mais força às Nações Unidas, a fim de que “possa haver uma intervenção adequada nos países de origem e uma solidariedade mais abrangente de todos os outros”. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt
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Crise dos refugiados exige «desenvolvimento social e económico» na origem, alerta Fundação Fé e Cooperação |
Papa simplifica procedimentos
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O Papa Francisco decidiu reformar o processo canónico para as causas de declaração de nulidade de matrimónios celebrados na Igreja Católica, tornando-se mais simples e breves, com maior poder de decisão para os bispos diocesanos. A alteração é feita através de dois documentos, ‘Mitis Iudex Dominus Iesus’ (Senhor Jesus, juiz clemente) e ‘Mitis et misericors Iesus’ (Jesus, manso e misericordioso), apresentados esta terça-feira pelo Vaticano. O Papa explica que a sua intenção é “favorecer não a nulidade dos matrimónios, mas a celeridade dos processos”. Francisco acolheu algumas propostas que estiveram em debate na assembleia extraordinária do Sínodo de 2014, como o reforço do papel dos bispos ou a criação de tribunais diocesanos e, sobretudo, o fim da chamada “dupla sentença conforme”. Até hoje, após a primeira decisão do tribunal havia um apelo feito ‘ex officio’ (sem a necessidade de iniciativa ou participação de terceiros). Segundo o Papa, é suficiente |
a “certeza moral” resultante do primeiro juízo, sobre a nulidade, para que as pessoas em causa possam ter a sua situação definida, do ponto de vista canónico. Nestes casos, não se trata de anular o vínculo matrimonial, mas de declarar a ‘nulidade’, ou seja, de reconhecer que este vínculo nunca existiu. A declaração de nulidade permite aos noivos casar validamente pela Igreja Católica, no futuro. O Papa coloca sob a responsabilidade de cada bispo diocesano a nomeação do chamado “juiz único”, que tem de ser um clérigo, e pede ofereçam “um sinal de conversão das estruturas eclesiásticas”, sem deixar esta questão “completamente delegada aos ofícios da cúria”. Os bispos são mesmo chamados a assumir pessoalmente uma “função judicial” em matéria matrimonial, com a criação de uma forma de processo “mais breve” para julgar os processos de causas de nulidade em que existam “argumentos particularmente evidentes”, como, por exemplo, quando a questão é colocada pelos dois cônjuges ou com |
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o consentimento do outro. Francisco admite que esta decisão poderia colocar em risco o princípio da “indissolubilidade”, pelo que determina que neste tipo de processo “mais breve” seja o próprio bispo diocesano a ser “constituído juiz”, como “garante da unidade católica na fé e na disciplina”. O chamado 'processus brevior' tem de ser celebrado num prazo máximo de 30 dias após a convocação de todos os participantes, a que se somam 15 dias para outras observações. |
O Papa rejeitou, por outro lado, a proposta que vários participantes do Sínodo de 2014 tinham deixado sobre um recurso à ‘via administrativa’ para resolver os processos de nulidade matrimonial, como forma de complementar a vida judicial. Francisco reforça a intenção de promover processos “gratuitos” nesta matéria. As novas regras entram em vigor no dia 8 de dezembro, início do Jubileu da Misericórdia. |
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Papa desafia novos bispos
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O Papa encontrou-se hoje com os bispos nomeados no último ano, incluindo D. José Ornelas Carvalho (Diocese de Setúbal), que desafiou a ir ao encontro de quem se afastou da Igreja ou “sempre rejeitou” Jesus. “Não é verdade que possamos prescindir destes irmãos afastados. Não nos é consentido eliminar a inquietação com a sua sorte”, disse. Francisco pediu que os bispos não se “escandalizem” com as “dores” ou “desilusões” de quem abandonou a comunidade católica. O Papa apresentou depois um conjunto de “desafios dramáticos” para a humanidade, como a “globalização que aproxima o que está longe e, por outro lado, separa o que está próximo”. A intervenção aludiu ainda ao fenómeno das migrações que “perturba” a atualidade, à exploração dos recursos naturais, às preocupações com o “futuro e dignidade do trabalho humano” e às gerações de desempregados que são “reduzidos a estatísticas”. Francisco alertou para a |
“desertificação das relações”, a “desresponsabilização generalizada” e ao “desinteresse pelo amanhã”, com jovens desanimados e idosos isolados. “Não tenhais medo de ir a todo o lado e de encontrar-vos com quantos o Senhor vos confiou”, apelou aos novos bispos. O Papa convidou os presentes a passar uma mensagem de “alegria” que contraste com as “palavras vazias” que alienam as pessoas, “esquecidas da eternidade”, “relegadas ao efémero e limitadas ao provisório”. Segundo o pontífice argentino, a primeira missão dos bispos é ser “testemunhas do Ressuscitado”, uma mensagem que não é “óbvia nem fácil”. |
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Refugiados: Bispos da União Europeia pedem solução comum
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A Comissão dos Episcopados da União Europeia (COMECE) apelou a uma “solução comum” para a atual “crise dos refugiados” no continente, com mudanças na política comunitária de imigração e asilo. “O problema dos refugiados é um desafio comum que precisa, consequentemente, de uma solução europeia comum”, realça o Comité Permanente da COMECE, em nota enviada hoje à Agência ECCLESIA. Segundo estes responsáveis, o afluxo de refugiados à Europa coloca “enormes desafios” que podem ser superados se houver uma “responsabilidade comum” e trabalho de conjunto para a sua solução. “O facto de certos países procurarem demitir-se totalmente da sua responsabilidade é inaceitável. A União Europeia não está fundada na solidariedade dos europeus entre eles?”, questionam os episcopados |
católicos da UE. A COMECE sustenta que impedir a entrada de refugiados na Europa, com “arame farpado e muros” não é “uma solução”. “Para os cristãos, é um dever ir em auxílio dos refugiados, qualquer que seja a sua origem ou a sua religião”, pode ler-se. Os bispos consideram “chocante” que se assista a “assédio e hostilidade” em relação aos refugiados. “A questão de uma solução comum para a crise dos refugiados é também uma questão que toca diretamente os valores e o futuro da Europa”, conclui a nota. O Parlamento Europeu apoiou hoje as novas medidas apresentadas na quarta-feira pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que preveem distribuição pelos Estados-membros de mais 120 mil refugiados atualmente na Itália, Grécia e Hungria. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Papa pede portas abertas aos refugiados nas paróquias europeias |
«Visita ad sacra limina»
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D. Manuel Linda Armadas e Segurança |
Conheço dois sacerdotes zelosos e dedicadíssimos. Trabalham na mesma zona, em paróquias sociologicamente parecidas. Um deles passa o dia (e parte da noite…) no Cartório. Prepara o boletim paroquial; faz folhinhas com introduções, textos e cânticos para a Missa do Domingo; cria específicas orações universais, etc. Todo este material é, depois, introduzido numa capa própria a que ele chama «missalete». E nisso passa muitas, muitas horas. É um moiro de trabalho, como se costuma dizer. E um «mártir», pois a frequência religiosa dos paroquianos não corresponde ao seu investimento. O outro pároco usa o missal e os lecionários oficiais. Por isso, senta-se menos na cadeira do cartório. Em contrapartida, passa pelos grupos, quando se reúnem; programa retiros, formação, viagens e convívios; mete conversa com quem ronda a igreja; é visita assídua de doentes e idosos, hospitais e prisões. Se sabe de um nascimento ou aniversário, há sempre um telefonema de felicitações. E o que mais o caracteriza é ser dos primeiros a visitar as famílias enlutadas. Resultado: as crianças procuram-no, os jovens adoram-no, as famílias aproximam-se e a prática religiosa é elevada. Quem destes sacerdotes é mais «padre», mais «pai» gerador da vida divina nos fiéis? É evidente que os estilos sãos distintos: o primeiro é mais «conventual», típico representante de uma |
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Igreja que celebra e acolhe quando é abordada; o segundo é mais «secular», um «missionário» da “Igreja em saída”. E neste início do terceiro milénio, qual será o que mais urge para a Igreja? Enquanto o leitor passa os olhos por este texto, os bispos portugueses estão em Roma, para a chamada «visita ad limina». É um momento peculiar em muitos aspetos: no fortalecimento da fé, em contacto com as suas fontes; na comunhão com a Igreja de Roma, primeira em dignidade; na manifestação da afetividade para com a pessoa do Santo Padre, “presidente universal na caridade”; na aprendizagem a partir da experiência dos organismos da Santa Sé. Mas a grande importância da visita reside na palavra orientadora do Papa Francisco. Ele confronta-nos |
com esta questão: Igreja que estás em Portugal, qual o teu «figurino» pastoral? O do pastor zeloso, bom e acolhedor, mas um tanto burocrata, que não se ausenta do seu lugar de trabalho; ou o do missionário que se «mundaniza» -no sentido positivo da palavra-, circula, convive e faz festa ou chora, conforme a circunstância, para ser presença salvífica de Jesus Cristo na cidade dos homens? O primeiro modelo denomina-se «pastoral tradicional»; o segundo chama-se «nova evangelização». Igreja que estás em Portugal: para qual destas vias é que o Espírito te impele? Para mim, não há dúvida de que o Papa opta pela segunda, ao dizer-nos: há “necessidade de conversão pessoal e pastoral de pastores e fiéis, até que todos possam dizer com verdade e alegria: a Igreja é a nossa casa”.
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Hoje quem manda és Tu! |
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Sónia Neves |
Eis o mês de setembro… trinta dias de regressos: volta-se de férias, entra-se nas rotinas; deixam-se as tardes quentes de verão e dá-se as boas-vindas às noites frias que reclamam por uma manta; rejeita-se a fruta fresca de verão e acolhe-se as uvas das vindimas. A memória traz-me a vivência deste mês olhando o novo ano letivo, num misto de cadernos novos, encapar manuais, ler algumas páginas e voltar aos casacos e à escola. Neste ano uma grande cadeia de hipermercados lançou uma publicidade cujo mote é “hoje quem manda és tu”. Uma frase que me pôs a pensar no seu verdadeiro sentido e objetivo; o poder que todos anseiam é agora passado às crianças e jovens como algo fácil e acessível a todos. O verbo ‘mandar’ entra na banalidade e os educandos revertem as regras… Anseia-se para que a sociedade forme a sua juventude com valores e regras para que amanhã possa haver a harmonia esperada e o civismo seja base. Foi também no ponto da educação e juventude que o Papa Francisco tocou no seu primeiro discurso aos bispos portugueses em visita Ad Limina no Vaticano, agora citadas: “Não pode deixar de nos preocupar a todos esta debandada da juventude, que tem lugar precisamente na idade em que lhe é dado tomar as rédeas da vida nas suas mãos”. Dá que pensar nesta juventude que tem tudo, aparentemente, do conhecimento à tecnologia, e depois lhes falta muitas vezes saber olhar o |
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exemplo, olhar para o alto, agradecer e valorizar. Como se chega então aos jovens? Dizia o Papa: “Penso que, nos guiões preparados para os sucessivos anos de catequese, esteja bem apresentada a figura e a vida de Jesus; talvez mais difícil se torne encontrá-lo no testemunho de vida do catequista e da comunidade inteira que o envia e sustenta”. Falta os cristãos adultos na fé darem o seu testemunho e exemplo, serem |
diferentes, saberem acolher nas “portas” da Igreja e cativar para a notícia de há 2000 anos, neste tempo atual. Falta a humildade de chegar aos jovens, através da sua linguagem, sendo e estando com eles na fé; falta o tempo para os escutar; falta olhar para eles como pessoas, dando-lhes a alegria de viver com as coisas mais simples; ensinando-os a sonhar; caminhando ao ritmo do seu coração… Porque não podemos esquecer que “quem manda és Tu”! |
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Os bispos portugueses realizam a esta semana a visita ‘ad Limina’, ao Papa e às instituições da Santa Sé, um momento histórico particularmente marcado pelo encontro de segunda-feira com Francisco, no Vaticano. O Semanário ECCCLESIA apresenta a reportagem realizada a partir do Vaticano, com depoimentos de vários responsáveis, após reuniões de trabalho e momentos de celebração que vão ajudando a definir os planos de ação para o futuro da Igreja Católica em Portugal. |
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Discurso do Papa Francisco
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Venerado Cardeal Patriarca, Amados Irmãos no Episcopado! Com fraterna alegria, vos acolho e saúdo neste vosso encontro colegial com o Sucessor de Pedro, pedindo-vos que leveis a todos os membros das vossas circunscrições eclesiásticas as minhas saudações mais cordiais, com votos de grande serenidade e confiança no Senhor. Quando as dificuldades parecem ofuscar as perspetivas de um futuro melhor, quando se experimenta o falhanço e o vazio à nossa volta, é o momento da esperança cristã, fundada no Senhor ressuscitado e acompanhada por um amplo esforço caritativo em favor dos mais necessitados.
Muito me alegra ver a Igreja em Portugal solidária e solícita com a sorte do seu povo, como aliás acaba de referir o vosso presidente, cardeal Manuel Clemente, nas amáveis palavras de saudação que me dirigiu e que lhe agradeço, convidando-vos por minha vez a prosseguir juntos no caminho do anúncio da salvação de Jesus Cristo. |
Vejo, com esperança, crescer a sinodalidade como opção de vida pastoral nas vossas Igrejas particulares, procurando envolver o maior número possível de seus membros na obra incessante de evangelização e santificação dos homens. Desejo exprimir-vos o meu apreço pelo zelo pastoral e pelas múltiplas iniciativas empreendidas, individualmente e como Conferência, nos anos transcorridos desde a visita ad Limina de 2007, com momento alto no acolhimento que reservastes ao Papa Bento XVI em maio de 2010. De grande utilidade pelo seu realismo interpelador, se revelou a sucessiva auscultação geral da fé e das crenças do vosso povo, que teve uma primeira resposta geral na Nota Pastoral Promover a Renovação da Pastoral da Igreja em Portugal (Abril de 2013), com os «caminhos – escrevíeis vós – que agora nos propomos percorrer para sabermos melhor levar Cristo aos nossos irmãos e os nossos irmãos a Cristo».
Dos vossos relatórios quinquenais pude deduzir, com verdadeira satisfação, |
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que as luzes ultrapassam as sombras: a Igreja que vive em Portugal é uma Igreja serena, guiada pelo bom senso, escutada pela maioria da população e pelas instituições nacionais, embora nem sempre seja seguida a sua voz; o povo português é bom, hospitaleiro, generoso e religioso, ama a paz e quer a justiça; há um episcopado fraternalmente unido; há sacerdotes, preparados espiritual e culturalmente, que desejam dar um testemunho cada vez mais coerente de vida interior realizada de modo evangélico, enquanto enraizada na oração e na caridade; há consagrados e |
consagradas que, fiéis ao carisma dos respetivos fundadores, manifestam à sociedade contemporânea o valor perene da sua entrega total a Deus mediante os conselhos evangélicos da pobreza, da castidade e da obediência, e colaboram na pastoral de conjunto de cada uma das Igrejas particulares, segundo as diretrizes do documento ‘Mutuae relationes’; há leigos que exprimem, com a sua vida no mundo, a presença eficaz da Igreja para a autêntica promoção humana e social da Nação, lembrados desta indicação do Concílio Vaticano II: «O apostolado no meio social, isto é, o empenho |
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em informar de espírito cristão a mentalidade e os costumes, as leis e as estruturas da comunidade em que se vive, são incumbência e encargo de tal modo próprios dos leigos que nunca poderão ser plenamente desempenhados por outros. Neste campo, podem os leigos exercer um apostolado de semelhante para com semelhante. Aí completam o testemunho da vida pelo testemunho da palavra. Nesse campo do trabalho, da profissão, do estudo, da residência, do tempo livre ou da associação,
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são eles os mais aptos para ajudar os seus irmãos» (‘Apostolicam actuositatem’, 13). Nesta consonância de intenções de viver a comunhão na Igreja e de contribuir para a sua presença no mundo, abrem-se múltiplos espaços para iniciativas apropriadas, em particular para quantos desejam viver a experiência do voluntariado nos âmbitos da catequese, da cultura, da assistência amorosa a seus irmãos pobres, marginalizados, deficientes, idosos. |
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Ao regozijar-me vivamente com tudo isto, exorto-vos a prosseguir no empenho duma constante e metódica evangelização, bem convictos de que uma formação autenticamente cristã da consciência é de extrema e indispensável ajuda também para o amadurecimento social e para o verdadeiro e equilibrado bem-estar de Portugal. Com viva confiança em Deus, não percais a coragem perante situações que suscitam perplexidade e vos causam amargura, tais como certas paróquias estagnadas |
e necessitadas de reavivar a fé batismal, que acorde no indivíduo e na comunidade um autêntico espírito de missão; paróquias por vezes centradas e fechadas no «seu» pároco às quais a carência de sacerdotes, para além do mais, impõe abertura a uma lógica mais dinâmica e eclesial na comunhão; alguns sacerdotes que, tentados pelo ativismo pastoral, não cultivam a oração e a profundidade espiritual, essenciais para a evangelização; um grande número de adolescentes e jovens que |
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abandonam a prática cristã, depois do sacramento do Crisma; um vazio na oferta paroquial de formação cristã juvenil pós-Crisma, que muito poderia obstar a futuras situações familiares irregulares; enfim, necessidade de conversão pessoal e pastoral de pastores e fiéis até que todos possam dizer com verdade e alegria: a Igreja é a nossa casa.
Meus amados irmãos, não pode deixar de nos preocupar a todos esta debandada da juventude, que tem lugar precisamente na idade em que lhe é dado tomar as rédeas da vida nas suas mãos. Perguntemo-nos: A juventude deixa, porque assim o decide? Decide assim, porque não lhe interessa a oferta recebida? Não lhe interessa a oferta, porque não dá resposta às questões e interrogativos que hoje a inquietam? Não será simplesmente porque, há muito, deixou de lhe servir o fato da Primeira Comunhão, e o mudou? É possível que a comunidade cristã insista em vestir-lho? O seu Amigo de então, Jesus, também cresceu, tomou a vida em suas mãos no meio dalguma incompreensão dos pais (cf. Lc 2, 48-52) e abraçou os desígnios do Céu |
a seu respeito, tendo-os levado a cumprimento com abandono completo nas mãos do Pai (cf. Lc 23, 46). Recordo que, num momento de crise e hesitação que envolveu os seus amigos e seguidores acabando muitos deles por desertarem, Jesus perguntou aos doze apóstolos: «“Também vós quereis ir embora?” Respondeu-Lhe Simão Pedro: “A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! Por isso, nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus”» (Jo 6, 67-69). A proposta de Jesus tinha-os convencido; hoje a nossa proposta de Jesus não convence. Eu penso que, nos guiões preparados para os sucessivos anos de catequese, está bem apresentada a figura e a vida de Jesus; talvez mais difícil se torne encontrá-Lo no testemunho de vida do catequista e da comunidade inteira que o envia e sustenta, apoiada nas palavras de Jesus: «Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos» (Mt 28, 20). Que Ele está, não há dúvida; mas onde é que O escondemos? Porque, se a proposta é Jesus Cristo crucificado e redivivo no catequista e na comunidade, se este Jesus se põe a caminho com o jovem e lhe fala ao coração, este seguramente abrasa-se (cf. Lc 22, 15.32). |
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Jesus caminha com o jovem… Infelizmente o pensamento dominante atual, que vê o ser humano como aprendiz-criador de si mesmo e totalmente embriagado de liberdade, tem dificuldade em aceitar o conceito de vocação, no sentido alto de um chamamento que chega à pessoa vindo do Criador do seu próprio ser e vida. A verdade, porém, é que Deus, ao criar-nos, sem dúvida livres na existência, predispôs de certo modo a nossa essência ao pensá-la e dotá-la das capacidades requeridas para uma missão concreta ao serviço desta humanidade que Ele ama. E ama-nos demais, para nos abandonar ao acaso e à míngua de bem. |
Deste modo, a nossa felicidade depende absolutamente de individuarmos e seguirmos o chamamento para tal missão. A tal liberdade predisposta do mais íntimo do nosso ser para um bem determinado, o mundo define-a uma contradição e, no seu cálculo das probabilidades, não vê qualquer possibilidade de irmos parar no posto exato que um Ser infinito nos teria atribuído. Mas o mundo está enganado, pois «o Senhor põe os olhos na humildade desta sua ínfima criatura e nela faz maravilhas». Estas palavras traduzem a certeza duma jovem abençoada, mas que via a mesma misericórdia que Deus usara |
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para com ela «estender-se de geração em geração sobre aqueles que O temem» (cf. Lc 1, 48-50).
E não há motivo algum para uma pessoa, seja ela quem for, se autoexcluir deste terno olhar de Deus sobre a sua humilde criatura. «Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria» (Is 49, 15). Jesus caminha com o jovem... Ao catequista e à comunidade inteira é pedido para passar do modelo escolar ao catecumenal: não apenas conhecimentos cerebrais, mas encontro pessoal com Jesus Cristo, vivido em dinâmica vocacional |
segundo a qual Deus chama e o ser humano responde. «Quando ainda estava no ventre materno, o Senhor chamou-me (…), para ser o seu servo, para Lhe reconduzir Jacob e para Lhe congregar Israel. Assim me honrou o Senhor. O meu Deus tornou-Se a minha força» (Is 49, 1.5). A Igreja em Portugal precisa de jovens capazes de dar resposta a Deus que os chama, para voltar a haver famílias cristãs estáveis e fecundas, para voltar a haver consagrados e consagradas que trocam tudo pelo tesouro do Reino de Deus, para voltar a haver sacerdotes imolados com Cristo pelos seus irmãos e irmãs. Temos tantos jovens desocupados e o Reino dos Céus à míngua de operários e servidores… Deus não pode querer isto. Que se
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passa então? «É que ninguém nos contratou» (Mt 20, 7). Precisamos de conferir dimensão vocacional a um percurso catequético global que possa cobrir as várias idades do ser humano, de modo que todas elas sejam uma resposta ao bom Deus que chama: ainda no seio da mãe, chamou à vida e o nosso ser assomou à vida; e, ao findar a sua etapa terrena, há de responder com todo o seu ser a esta chamada: «Servo bom e fiel, entra no gozo do teu Senhor» (Mt 25, 21). Não vos falta, amados irmãos, zelo apostólico nem espírito de iniciativa para alcançardes este objetivo, com o emprego do esforço humano ligado à eficácia do auxílio divino. Jesus disse: «Quem crê em Mim também fará as obras que Eu realizo» (Jo 14, 12), não obstante a nossa total indignidade, apesar da nossa fraqueza humana. Também os Apóstolos eram homens |
fracos. Também Pedro era homem fraco. Seja, portanto, um esforço de colaboração, isto é, da Igreja inteira, porque foi à Igreja que o Senhor assegurou a sua constante presença e a sua infalível assistência. Depois desta visita ad Limina, retomai com empenho renovado o vosso caminho, levando a todos a certeza da minha fraterna solidariedade e empatia. Compartilho as vossas ânsias e as vossas esperanças, as vossas preocupações e as vossas alegrias; convosco e por vós invoco a Virgem Santíssima, para a Qual não cessem de tender os vossos corações com amor filial. E não vos esqueçais de rezar por mim. Confirmo-vos o meu afeto fraterno e dou-vos a Bênção Apostólica, com a qual pretendo abraçar também os fiéis confiados aos vossos cuidados pastorais. Cidade do Vaticano, 07 de setembro de 2015 |
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Saudação ao Santo Padre
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Santo Padre É com muita alegria e adesão ministerial e afetiva que os Bispos portugueses se apresentam em Roma, para estar com o Sucessor de Pedro e os serviços centrais da Igreja. O modo como Vossa Santidade exerce o ministério petrino, as palavras, gestos e atitudes com que constantemente o faz, são para nós e para os católicos de Portugal um estímulo forte e seguro para servirmos evangelicamente os nossos concidadãos e estarmos cada |
vez mais presentes ao mundo e aos grandes problemas que o afetam. Da última visita ad limina levámos a confirmação do Papa Bento XVI, para avançarmos sempre mais na iniciação cristã autêntica dos nossos fiéis, quer quanto à conversão evangélica quer quanto à inserção comunitária e ao dinamismo apostólico. Suscitámos, consequentemente, a reflexão das dioceses e institutos sobre estes pontos, tendo obtido um grande número de respostas e sugestões, que fomos integrando nos nossos |
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programas diocesanos. A própria Conferência Episcopal Portuguesa publicou em 11 de abril de 2013 uma Nota Pastoral, intitulada “Promover a Renovação Pastoral da Igreja em Portugal”, que resume a referida reflexão eclesial e propõe um conjunto de “rumos” para a concretizar. Rumos em que avultam a conversão, a comunhão e a missão, como insistências maiores para o nosso trabalho diocesano. Santo Padre: O magistério de Vossa Santidade reforça-nos a decisão e o modo de prosseguirmos assim, em comunhão e missão. Concretamente, a exortação apostólica Evangelii Gaudium, com a sua exigência de “conversão missionária” das comunidades e o grande “sonho |
missionário de chegar a todos”, tornou-se no paradigma dos nossos programas e desígnios. Mais proximamente, a encíclica Laudato ‘Si trouxe-nos a urgência doutrinal e prática duma “ecologia integral” que não deixaremos de ter em conta. Aqui estamos, pois, Santo Padre, para acolhermos de coração disponível e espírito atento tudo quanto nos queira dizer e indicar para o trabalho pastoral nas nossas dioceses portuguesas, integradas que estão na grande comunhão eclesial, em torno do Sucessor de Pedro e para o serviço evangélico do mundo. – Conte connosco, Santo Padre! D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa |
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Papa falou aos bispos sobre necessidade
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O cardeal-patriarca de Lisboa revelou no Vaticano que o Papa e os bispos portugueses falaram da necessidade de acolher os refugiados que chegam à Europa, numa coordenação de “esforços e de boas vontades”. D. Manuel Clemente falava aos jornalistas no final da série de encontros entre os membros do episcopado católico e Francisco, no âmbito da visita ‘ad Limina’. Segundo o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), a hierarquia católica mostrou-se “completamente disponível” para responder ao desafio lançado pelo Papa, para que haja pelo menos “uma família” em cada paróquia que se disponha a acolher “uma família refugiada”. “O Papa teve a ocasião de explicar o que é que pretende com o envolvimento das paróquias no acolhimento”, precisou D. Manuel Clemente. Segundo este responsável, “nada melhor do que envolver diretamente as famílias nesse acolhimento e acompanhamento, com o apoio depois de todas as estruturas”, uma |
ajuda que não passa necessariamente por receber estas populações em casa, mas por “garantir condições de alojamento e acompanhamento”. “Trata-se de algo a médio e a longo prazo”, acrescentou o presidente da CEP. O cardeal-patriarca de Lisboa insistiu na necessidade de “boa coordenação com todas as outras instâncias”, políticas e da sociedade civil, a todos os níveis. “No que diz respeito às nossas famílias católicas, faremos todos os possíveis para estarmos com elas nesse sentido”, acrescentou. D. Manuel Clemente sustenta que este fenómeno vai originar alterações de fundo na sociedade portuguesa, bem como na europeia. “A afluência à Europa de milhares e milhares e milhares de pessoas de um outro continente, de outras culturas, de outras civilizações vai provocar uma profunda mudança na maneira como vemos e convivemos”, explicou. Em relação ao discurso entregue pelo Papa aos bispos portugueses, o presidente da CEP admitiu que dele resulta a urgência de criar |
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“itinerários juvenis” para o acompanhamento das novas gerações, num contexto em que as instituições estão “bastante enfraquecidas”. Isso exige um “acompanhamento muito mais próximo” e propostas “mais |
entusiasmantes”, que não se limitem a grandes eventos. A “profunda mutação” da realidade social e religiosa em Portugal, acrescentou, desafia a Igreja Católica a encontrar “mecanismos de acompanhamento”.
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Bispos de Portugal valorizam
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D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, afirmou que o encontro da Conferência Episcopal Portuguesa com o Papa Francisco aconteceu numa “atmosfera fraterna”, “serena” e “de confiança”. “Foi um encontro muito fraterno, de um irmão entre os irmãos. Ele Pedro no centro e nós tratados como grupo dos apóstolos e sucessores dos apóstolos, numa articulação e numa atmosfera tão fraterna, tão serena e de confiança que foi extraordinário”, disse D. José Cordeiro aos jornalistas após o
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encontro com o Papa, que aconteceu hoje. O bispo de Bragança-Miranda, que participa pela primeira vez numa visita “ad Limina” como membro da CEP, adiantou que os temas da “oração” e da “pregação” foram “centrais” nas conversas com o Papa Para D. Jorge Ortiga, o facto de o Papa sublinhar as preocupações que pessoalmente tem afirmado, em Braga, nos últimos anos, foi motivo de “grande alegria”. “Nos últimos anos temos vindo a trabalhar uma fé mais |
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pessoal, com mais convicções, mais reflexão”, referiu o arcebispo de Braga. D. Jorge Ortiga considera que o encontro com o Papa deixou desafios aos bispos, aos sacerdotes, aos que “se fecham no seu mundo e nas suas comunidades”, aos “leigos que só olham par aos seus interesses”, e veio dizer que “o caminho é olhar para a juventude”. Para D. António Francisco dos Santos, o encontro com o Papa ficou marcado por um “diálogo prolongado” que “contagiou a todos”. “Pudemos partilhar as nossas questões, os nossos pedidos e ouvir o Papa num diálogo tão próximo e tão fraterno, que nos contagiou a todos”, afirmou o bispo do Porto aos jornalistas. D. Manuel Felício, bispo da Guarda, |
valorizou também o diálogo com o Papa. “Ele começou por nos dizer que estamos aqui para o diálogo aberto, para críticas que tenham de ser feitas, quer aos organismos do Vaticano quer a mim próprio”, adiantou. D. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto, disse aos jornalistas que o encontro com o Papa foi “excelente”. “Fiquei com a nítida impressão de alguém que tem uma plena consciência dos grandes problemas mundiais e é um homem que sente sobre si o peso do mundo, consciente de que, ao nível internacional, as grandes instâncias falham e a Igreja e o Papa com toda a relevância que a sociedade lhe dá, tem consciência desse peso”, disse D. Pio Alves. |
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Cultura e Ecumenismo |
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Os bispos da Conferência Episcopal Portuguesa realizaram reuniões de trabalho com o Conselho Pontifício para a Cultura e o Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos. D. Pio Alves, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, referiu o trabalho que dos setores culturais que é dinamizado em Portugal, adiantando à comunicação social que o responsável no vaticano “ficou muito agradado”. “O cardeal Ravasi [presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, ndr] ficou muito agradado com o trabalho que tem vindo a ser feito pelos Secretariados dos Bens Culturais e da Cultura”, afirmou o também bispo auxiliar do Porto aos jornalistas, hoje no Vaticano. D. Pio Alves recordou o “diálogo progressivo” com “instâncias governamentais” e com “pessoas dos mais variados âmbitos” que os setores culturais da Conferência Episcopal Portuguesa têm desenvolvido. “Ao longo particularmente dos últimos dez anos, tem sido privilegiada a relação pessoal com pessoas dos mais |
variados âmbitos, da comunicação social, das artes, da literatura. Espelho disso são os prémios que têm vindo a ser dados ao longo destes últimos dez anos, o Prémio Árvore da Vida, que reflete essa variedade e é o resultado desse diálogo”, referiu o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais. O diálogo “é fruto do prestígio e do empenho das pessoas que ao nível da Comissão e dos Secretariados têm estado à frente destas estruturas da Igreja”, sustentou D. Pio Alves. D. Manuel Felício, bispo da Guarda e vogal da Comissão Episcopal Missões e Nova Evangelização (CEMNE), apresentou ao presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch, o trabalho realizado na Igreja Católica em Portugal neste âmbito. “O cardeal Koch ficou contente com a informação que lhe demos, insistiu em alguns pontos principais”, disse D. Manuel Felício. Para o vogal da CEMNE, há “pontos concretos” que a Comissão dinamiza, no setor do ecumenismo, em ordem a “dar resultados”, abrindo-se agora |
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um novo âmbito com a encíclica do Papa sobre a defesa da natureza. “Temos a carta ‘Laudato Si’ do Papa Francisco que é um âmbito onde as outras igrejas com as quais dialogamos habitualmente manifestaram interesse |
em participar connosco numa reflexão para aplicar as orientações muito concretas que Francisco nos dá nesta encíclica”, afirmou D. Manuel Felício. “Vamos daqui animados a continuar o nosso trabalho”, referiu. |
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Bispos querem transformar
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O presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã disse que em Portugal há “muitos sintomas” de que a catequese é entendida apenas como uma “aprendizagem da doutrina”. Na apresentação do trabalho feito no setor, D. Manuel Pelino realçou, na Congregação para a Educação Católica (Santa Sé) que existe uma “preocupação” permanente nesta área e que os bispos pretendem “passar do modelo de escola ao modelo de iniciação ao mistério da fé”. Apesar dos esforços feitos desde o II Concílio do Vaticano, o prelado de Santarém e presidente daquele organismo da Conferência Episcopal Portuguesa sublinha que este trabalho “demora décadas” até aparecerem os resultados. No diálogo sobre as escolas universitárias, mas concretamente sobre os vários polos da Universidade Católica Portuguesa (UCP), a Congregação para a Educação Católica pediu aos bispos para chegarem a um entendimento, |
porque os centros “devem ter um corpo completo de docentes devidamente habilitados”, frisou. O Papa Francisco disse esta segunda-feira aos bispos portugueses que os “catecismos eram bons” e “apresentam bem a figura de Cristo”, no entanto “falta o testemunho das comunidades”, observou D. Manuel Pelino. Em relação à “debandada dos jovens”, de que o Papa falou, o presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã entende que isso acontece porque “lhes falta uma experiência interior, uma convicção e o gosto de viver a fé”, algo que vem do “encontro com o mistério de Deus e não apenas do conhecimento cognitivo”. |
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Atenção na aprovação
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O delegado da Conferência Episcopal Portuguesa para a Vida Consagrada afirmou no Vaticano que os episcopados devem estar alertados para o “cuidado” a ter na aprovação de novas congregações religiosas. O tema das “novas comunidades” esteve em análise no encontro dos bispos de Portugal com a Congregação para a Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. “Verificam que com muita facilidade os episcopados, sobretudo nos países de África, aprovam novos institutos e às vezes não há o cuidado que seria de ter nestas circunstâncias”, afirmou D. Manuel Quintas. O delegado da CEP disse aos jornalistas, em Roma, que a Congregação da Santa Sé do setor da Vida Consagrada alertou os bispos portugueses e disponibilizou-se para os ajudar sobre “o que fazer” no caso de se depararem a proposta de aprovação diocesana de novos institutos religiosos. D. Manuel Quintas referiu também que o encontro foi uma reafirmação da missão que os |
consagrados têm de “despertar o mundo”. “É preciso que os consagrados despertem o mundo, não pela radicalidade do seguimento de Cristo, que diz respeito a todos os batizados, mas pela sua maneira de ser, de estar de fazer. O que é específico dos consagrados é a forma de despertar o mundo”, sublinhou. O delegado da CEP para a Vida Consagrada disse também que o encontro com a Congregação para a Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica foi “muito familiar, de grande proximidade” e de reconhecimento dos consagrados, "não apenas por aquilo que fazem, mas por aquilo são”. |
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Portugal deverá ter novos bispos este ano |
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O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou à Agência ECCLESIA que o Papa Francisco “insiste” na necessidade de tratar os processos de nomeação de bispos “com celeridade”. “Quando todo o processo cá chega, geralmente é tratado com celeridade, até porque o Papa Francisco insiste nisso”, referiu D. Manuel Clemente após o encontro dos bispos de Portugal com a Congregação para os Bispos (Santa Sé). |
O cardeal-patriarca de Lisboa lembrou que o Papa foi bispo diocesano e quer que no seu pontificado exista “proximidade e prontidão” nas respostas às igrejas locais. “Ele foi durante muitos anos bispo diocesano e por isso traz para o pontificado e para estes serviços centrais da Igreja a preocupação de apoio ao que acontece nas igrejas locais e a necessidade de celeridade e prontidão das respostas, quer nesta congregação, quer das outras”,
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sublinhou D. Manuel Clemente.
O encontro com a Congregação para os Bispos foi uma “reunião de informação” sobre “o trabalho episcopal”, a forma de o exercer e de ultrapassar “as dificuldades que se levantam e os desafios da sociedade, da cultura”. O presidente da CEP lembrou que os “casos particulares” relacionados com esta Congregação “não se tratam a este nível”, mas foram colocadas questões sobre as nomeações de bispos para Portugal. “Um ou outro bispo, que está em processo de escolha do novo bispo pela idade do atual fez as suas perguntas e foram dadas informações sobre a maneira de tratar desses assuntos. Julgo que a partir de |
outubro, novembro dezembro haverá alguma novidade”, adiantou D. Manuel Clemente.
(CAIXA) O Papa Francisco cumprimentou esta quarta-feira no Vaticano os bispos portugueses, que se encontram em visita ‘ad Limina’, e deixou um apelo ao acolhimento e à fraternidade na Igreja, com “portas abertas”. “Caríssimos peregrinos de língua portuguesa, saúdo-vos a todos, em particular os bispos de Portugal, que vieram em visita ad Limina. Obrigado por terem vindo à audiência”, disse.
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32 portugueses com processos de canonização no Vaticano |
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O presidente da Comissão Episcopal da Liturgia disse à Agência ECCLESIA que há 32 processos de canonização a decorrer no Vaticano, provenientes de 11 dioceses de Portugal. pós o encontro dos bispos portugueses com a Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé), D. José Cordeiro referiu que foram informados sobre “todas as causas” que estão a decorrer no Vaticano, como as do Beato Bartolomeu dos Mártires, dos Pastorinhos de Fátima, de D. António Barroso ou da Irmã Maria do Divino Coração. O presidente da Comissão Episcopal da Liturgia, que faz a ligação com o Vaticano para estes processos, embora o trabalho seja sobretudo em cada diocese, adiantou que os vários processos são “gradativos” e estão em diferentes fases. D. José Cordeiro referiu-se à conclusão do processo de canonização do Beato Bartolomeu dos Mártires, afirmando que os bispos de Portugal esperam “para muito breve” que o Papa decida pela |
“canonização equipolente” neste caso. A conclusão dos processos de canonização dependem de realização de um milagre atribuído à intercessão do candidato ou pode também acontecer por decisão do Papa, num processo em que este reconhece a santidade sem a necessidade de um novo milagre, como aconteceu com São José Vaz (1651-1711), missionário no Sri Lanka que nasceu em Goa, então território português. “Depois da fama de santidade, do reconhecimento pastoral e espiritual como é o caso do Beato Bartolomeu dos Mártires, o Papa Francisco pode decidir sobre isso e esperamos muito em breve essa sua decisão”, afirmou D. José Cordeiro. D. Virgílio Antunes, Bispo de Coimbra, que falou na Congregação para as Causas dos Santos sobre o andamento do processo de canonização da Irmã Lúcia, disse à Agência ECCLESIA que “está a andar a bom ritmo”. “O processo teve um desenvolvimento muito grande sobretudo nestes últimos dois anos. Há uma |
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Comissão Histórica a trabalhar, que tem nas mãos muitos milhares de documentos, tanto as cartas da Irmã Lúcia como o Diário, há um tribunal para ouvir as testemunhas, e já ouviu cerca de 40, e esperamos que no próximo ano a fase diocesana esteja concluída”, disse o bispo de Coimbra.
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Para D. Virgílio Antunes, o processo de canonização da Irmã Lúcia é o mais importante, “com grande relevância para Coimbra, para Portugal e para o mundo”, porque há muita gente, em todo o mundo, que pergunta “em que fase está o processo”.
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Bispos nas Basílicas Papais
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D. José Alves afirmou que a celebração da Missa na Basílica de São Paulo pelos bispos de Portugal desafia ao cumprimento do convite do Papa Francisco de anunciar nos gentios, nas periferias. Para o arcebispo de Évora, que presidiu à Missa esta tarde, estar junto ao túmulo de São Paulo é "desinstalador" e motiva a mudar atitudes, a "substituir a atitude de espera e acolhimento" pela atitude de "partida", de ir ao encontro dos outros". |
D. José Alves afirmou que estar na Basílica de São Paulo "é muito desistalador, porque "obriga a cortar com as rotinas de cada dia", a "deixar o ambiente" e "e ir ao encontro". “Vir aqui, rezar diante do seu túmulo é meditar na sua entrega total a Jesus Cristo, no seu anúncio do Evangelho e também na sua grande preocupação em viver em comunhão com a Igreja”, sublinhou o arcebispo de Évora.
"É preciso ir às periferias, não só geográficas, mas também existenciais. |
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E foi o que S. Paulo fez: deixou Jerusalém e foi para as periferias do tempo", acrescentou. D. Teodoro de Faria, bispo emérito do Funchal, referiu-se a São Paulo como "o grande maratonista da Igreja primitiva", referindo-se às viagens do "apóstolo dos gentios" e aos locais onde anunciou. "Isto aqui dá força. Ir ali, ao túmulo, é muito importante. Mas ler as cartas dele e estudá-las ainda é mais belo e aí é que vemos a grande força daquele homem", sublinhou. Já na Basílica de São João de Latrão, D. Jorge Ortiga afirmou que o trabalho dos bispos deve ser caraterizado pela criatividade, unidade e alegria e sugeriu uma aposta colegial na “pastoral da iniciação cristã”. |
“Repetir é cómodo. Urge olhar com verdade para os resultados e reconhecer que muita coisa deve mudar”, disse o arcebispo de Braga, na homilia da Missa a que presidiu. “Só com paradigmas novos nos encontramos com os desafios do mundo oferecendo-lhe a mensagem de sempre através de novas atitudes. Encontramo-nos numa nova cultura e civilização. Não é igual ao passado”, sustentou. Para D. Jorge Ortiga, “importa uma criatividade alicerçada no Espírito que cria caminhos novos e mais audazes”. O arcebispo de Braga sugeriu ao episcopado uma aposta na “pastoral da iniciação cristã”, a concretizar com um trabalho desenvolvido em “unidade”. |
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Bispos portugueses falaram sobre «ideologia do género» |
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Os bispos portugueses realizaram hoje um encontro na Congregação para a Doutrina da Fé, no Vaticano, onde um dos temas em debate foi a “ideologia do género”, disse à Agencia ECCLESIA D. Nuno Brás. Para o vogal da Comissão Episcopal da Educação e Doutrina da Fé, a ideologia do género é o “grande problema” em debate neste momento em Portugal em relação ao pensamento da Igreja Católica. “A Conferência Episcopal Portuguesa pronunciou-se em 2013 sobre isso, com uma Nota Pastoral”, recordou D. Nuno Brás, indicando a relevância do tema por tudo o que o envolve e “está a perpassar nas escolas, na comunicação social e na maneira de viver”. |
Para o bispo auxiliar de Lisboa, o “mais importante é apoiar a intervenção dos leigos” sobre o tema. “Trata-se sobretudo de apoiar as intervenções de leigos, o que é o mais importante, no sentido de mostrar com o é desumanizador toda esta conceção da pessoa humana”, referiu. O encontro foi uma oportunidade para fazer “o ponto da situação daquilo que é a doutrina da fé em Portugal”, onde “não há propriamente grandes problemas em relação à ortodoxia”, sublinhou. “Existem problemas pontuais e existe sobretudo o subjetivismo, fruto da cultura contemporânea, que faz com que cada um julgue que a sua opinião é a que deve prevalecer”, referiu. |
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Uniformizar liturgia em língua portuguesa
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O presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade (CELE) afirmou hoje, no Vaticano, que “esta em curso” a possibilidade de uniformizar “tanto quanto possível” a liturgia em língua portuguesa. Há a proposta de um maior entendimento, naquilo que for possível, no que é substancial na liturgia da Igreja, tanto para a Eucaristia, o ordinário da Missa, como para todos os outros sacramentos”, disse à Agencia ECCLESIA D. José Cordeiro, após o encontro do episcopado português com a Congregação para a Liturgia e Disciplina dos Sacramentos. Para o presidente da CELE, é necessário que “algumas respostas” se aproximem “o mais possível” do documento original da liturgia, |
em latim. “Que seja o mais fiel à Sagrada Escritura e à correspondência com a cultura dos nossos povos”, sublinhou D. José Cordeiro. O bispo de Bragança-Miranda recordou que “esta em curso” também a tradução da Bíblia oficial em português da Conferencia Episcopal Portuguesa e do Missal Romano, tendo em conta o novo acordo ortográfico. No encontro com a Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos foram referidas as “boas práticas” em Portugal no campo da liturgia, nomeadamente pela relevância do Encontro Nacional da Pastoral Litúrgica e as iniciativas editoriais e de formação desenvolvidas pela Comissão Episcopal e pelo Secretariado Nacional da Liturgia. |
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Media: Presença católica «nas redes»
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D. Pio Alves, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, encontrou-se hoje com o responsável pelo setor no Vaticano, no âmbito da visita dos bispos portugueses a Roma. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o bispo auxiliar do Porto destacou a oportunidade de dar conta a D. Cláudio Maria Celli da “atividade” da comissão no contexto da Igreja Católica em Portugal, e de perspetivar desafios atuais, particularmente o da “presença cristã nas redes”, na internet e nas novas plataformas de comunicação. “Estas novas realidades têm enormes possibilidades pastorais, uma vez que são habitadas por toda a gente e na estatística que o monsenhor Cláudio Celli recordou, com particularíssima incidência em todo o mundo da juventude”, referiu D. Pio Alves. Para o prelado português, este desafio vai ao encontro do primeiro repto que o Papa Francisco deixou ao episcopado nacional, no contexto desta visita ‘ad limina’, para que eles “estejam muito mais atentos à juventude, que aparece e desaparece |
da Igreja quando menos se espera”. O trabalho da Agência ECCLESIA e da Rádio Renascença, no plano da presença católica nos media, também foi tema de conversa na sede do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais. No contexto da Agência ECCLESIA, da Conferência Episcopal Portuguesa, a prioridade deve ser cada vez mais o trabalho em parceria com as dioceses. Para D. Pio Alves, “há aqui uma dispersão de energias que é preciso saber juntar” para que a informação católica possa “chegar mais longe, a mais pessoas e se calhar com menos meios”. Atualmente, é essa a “estratégia” que está a ser implementada com a Santa Sé, ou seja, de “junção ou reorganização dos diferentes meios de comunicação” que existem, porque no fim de contas “a filosofia é a mesma”. O fundamental é que “não estejam quatro a fazer a mesma coisa e a dispersar-se, com tudo o que isso significa em termos de desperdício de energias humanas e de recursos financeiros”, concluiu. |
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Católicos no mundo digital |
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O presidente do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais (CPCS) disse hoje no Vaticano que a Igreja Católica tem de valorizar a presença no mundo digital. “No ambiente digital, nas redes sociais, a Igreja pode anunciar Jesus Cristo”, sublinhou D. Cláudio Celli, em declarações à Agência ECCLESIA. O responsável falava após ter-se encontrado com um grupo de bispos portugueses, no âmbito da visita ‘ad Limina’ que está a decorrer esta semana. Segundo o arcebispo italiano, a Igreja em Portugal tem os mesmos desafios que enfrentam as outras Igrejas dos outros grandes países europeus, por exemplo”. “Sei de um pároco em Espanha, por exemplo, que abriu um lindíssimo site, da paróquia. Foi muito inteligente o pároco e o site também era. Ele dizia-me, a sorrir, que o sítio online tinha mais visitas do que a Missa do domingo”, observou. Para o presidente do CPCS, as Comunicações Sociais podem ser “um ambiente onde, quem recorre às grandes autoestradas digitais deste mundo, pode encontrar também Jesus Cristo”, considerando grave |
“se não houver alguém que ali dê testemunho”. “O Papa di-lo de uma maneira muito provocadora, mas autêntica: não se bombardeia a rede social com mensagens religiosas. Nós não fazemos publicidade, não fazemos uma ação de proselitismo, o importante é que os discípulos do Senhor que moram no continente digital deem testemunho com o que escrevem, com o que colocam dentro dos seus sites, dos seus perfis”, explica. “Tem de ser algo positivo”, assinala ainda. Desta forma, acredita D. Claudio Celli, muitas pessoas poderão descobrir o Senhor e tudo o que de positivo, de belo, é Jesus Cristo na sua vida, através do testemunho de tantos discípulos que vivem no mesmo continente digital”. Esta presença nas plataformas digitais exige um duplo dinamismo, de “testemunho” e de “profissionalismo”. “De um lado há a exigência de testemunho - o homem de hoje escuta com maior gosto uma testemunha do que um mestre -, mas também, nas redes sociais, a Igreja deveria |
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estar presente com grande profissionalismo”, refere o responsável da Santa Sé. “Não estamos a anunciar |
um produto, anunciamos o Senhor da vida e temos de o fazer com os melhores meios que tivermos”, acrescentou. |
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Iluminai o futuroUma conversa narrada por Antonio Spadaro |
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Quando o Papa Francisco concedeu uma audiência à União dos Superiores-Gerais das congregações religiosas, não queria ouvir discursos, como também não os queria fazer. Escreve Antonio Spadaro: «Eu encontrava-me ali para registar a conversa e poder contá-la por escrito. Foi uma experiência que eu definiria como “fontal”: o diálogo foi de tal
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maneira e, do confronto, os conteúdos jorraram de forma tão espontânea, natural, que deixaram nos presentes o sentimento de um encontro verdadeiro e consolador. Neste pequeno volume, o leitor encontrará a narrativa daquela conversa.»
Paulinas Editora |
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II Concílio do Vaticano: Urge retornar
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No projeto de renovação e aggiornamento da Igreja, que o Papa João XXIII propôs como primeiro objetivo do II Concílio do Vaticano (1962-65), a hierarquia eclesiástica e o seu exercício “deviam merecer, tal como de fato aconteceu, uma especial atenção”. Num artigo escrito na revista Communio (julho/setembro de 2012), D. António Marcelino, bispo falecido em outubro de 2013, realça que a teologia do episcopado tem sido “esquecida ou menosprezada”. Para o prelado que foi bispo de Aveiro, os bispos “não são executores das ordens do Papa, nem seus servidores ou ajudantes. São seus irmãos, como insistia Paulo VI em proclamar”. No artigo «Episcopado e missão Pastoral. Interrogações e Missão Pastoral», D. António Marcelino sublinha que vale a pena, em clima de jubileu conciliar, “tomar consciência das contradições e desgarramentos em que se foi caindo, voltando a tempos idos que o II Concílio do Vaticano quis e quer purificar, fazendo-os esquecer”. Quando os bispos portugueses realizam a sua visita «Ad Limina» convém recordar algumas palavras do prelado português. Em relação à escolha dos candidatos ao episcopado, D. António Marcelino disse que esta é “cada vez mais comandada de Roma e posta nas mãos dos núncios apostólicos, por vezes deixando de lado, em matéria de tanta importância, o parecer de bispos locais”. No mesmo artigo, o bispo de Aveiro critica também o papel desempenhado pelas conferências episcopais. Apesar de estarem “mais próximas das pessoas e das realidades”, as conferências episcopais “pouco mais fazem que distribuir papéis vindos de Roma, |
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ficando cada vez mais, por culpa ou por inércia, vazias de uma ação eclesial concreta”. Ainda esta semana, o Papa Francisco deu um exemplo concreto quando decidiu reformar o processo canónico para as causas de declaração de nulidade de matrimónios celebrados na Igreja Católica, tornando-se mais simples e breves, com maior poder de decisão para os bispos diocesanos. Atualmente, parece “estar tudo ou quase nas mãos dos núncios apostólicos, que muitas vezes, não conhecem as dioceses, a sua história, possibilidades e problemas, e nem parecem dispostos a alargar o seu |
círculo de conselheiros”, escreveu D. António Marcelino. E acrescenta: “Está-se introduzindo, agora, o costume de ser o núncio a ler, no momento da ordenação, a Bula Papal, e até, em países conhecidos, diz-se, a quererem ou insinuarem que gostavam de ser eles a ordenar os novos bispos…”. Segundo o prelado português, estes juízos críticos “não pretendem senão constituir material de reflexão, também a nível de povo de Deus, que não se deve considerar alheio a estes problemas”. O II Concílio do Vaticano continua interpelador, mas há muito caminho a fazer de criatividade pastoral. |
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setembro 2015 |
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Dia 11 setembro* Lisboa - Conferência sobre os desafios da nova encíclica do Papa Francisco, intitulada «Cuidar da Casa Comum».
Dia 12 setembro* Évora - Festa anual das instituições particulares de solidariedade social
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* Porto - Arouca (Auditório da Loja Interativa de Turismo) - Conferência sobre «A Escola do futuro será bem diferente terá coração e rosto humano» por Joaquim Azevedo.
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Dia 14 Setembro
* Évora - Seminário maior - Jornada para preparar o próximo ano pastoral
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Dia 18 setembro* Porto - Convento de Cristo Rei - Conferência sobre «Uma Igreja pobre ao serviço dos pobres» por frei Gonçalo Diniz, OP
Dia 19 setembro* Guarda – sabugal - Encontro dos consagrados naturais do Sabugal (Diocese da Guarda) com o tema «Ano da Vida Consagrada – Olhar com gratidão o passado...Viver com paixão o presente... Abraçar com esperança o futuro».
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A Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, vai acolher esta sexta-feira a conferência ‘Cuidar da Casa Comum: que ecologia? Os desafios da nova Encíclica do Papa Francisco’. A iniciativa reúne especialistas como o jesuíta Michael Czerny, que integra o gabinete do presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz (Santa Sé), organismo que auxiliou o Papa na elaboração da ‘Laudato Si’, ou Elena Lasida, professora do Instituto Católico de Paris.
A Juventude Operária Católica promove de 11 a 13 de setembro, em Ourém, uma jornada de estudos dedicada aos jovens comprometidos com o movimento sobre “vocação e ao sentido de missão”.
O Conselho das Conferências Episcopais da Europa vai realizar pela “primeira vez” a sua assembleia anual na Terra Santa, em Israel, entre 11 e 16 de setembro. Portugal vai marcar presença através do bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, e do secretário da CEP, padre Manuel Barbosa.
O bispo de Itaituba, no Brasil, vai presidir à peregrinação internacional de setembro ao Santuário de Fátima, que tem como tema ‘Felizes os convidados para a Ceia do Senhor”, nos próximos dias 12 e 13.
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h30
RTP2, 15h30 ![]() Segunda-feira, dia 14 - Os novos programas e manuais de EMRC Terça-feira, dia 15 - Os manuais do 2º ciclo de EMRC Quarta-feira, dia 16 - Os manuais do 3º ciclo de EMRC Quinta-feira, dia 17 - Os manuais do secundário de EMRC Sex-feira, dia 18 - Análise às leituras bíblicas das missas de domingo com P. Armindo Vaz e Fr. José Nunes
Antena 1 Domingo, dia 13 de setembro - 06h00 - A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima em Vila Real e Bragança-Miranda: testemunhos e ondas de fé geradas. Análise à liturgia pelo P. Manuel Barbosa.
Segunda a sexta-feira, 14 a 18 de setembro - 22h45 - O arranque do ano escolar, perspetivas e testemunhos dos professores Neuza Pedro, José Morais, Paula Cristina, Paulo Silva e Maria Helena.
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Ano B - 24.º Domingo do tempo Comum |
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Seguir Jesus, dar a vida |
O Evangelho deste 24.º Domingo do Tempo Comum coloca-nos face a face com Jesus. As suas perguntas provocam uma resposta radical, de adesão ou de rejeição. Primeira questão: Quem é Jesus? O que é que os homens dizem de Jesus? Muitos dos nossos conterrâneos veem em Jesus um homem bom, generoso, atento aos sofrimentos dos outros, que sonhou com um mundo diferente, um admirável mestre de moral, um admirável condutor de massas, um revolucionário ingénuo e inconsequente. São visões que apresentam Jesus como um homem excecional e admirável, que marcou a história. Mas Jesus é mais que isso: é um Deus adorável. Segunda questão, também decisiva: “E vós, quem dizeis que Eu sou?” É uma pergunta que deve, de forma constante, ecoar nos nossos ouvidos e no nosso coração. Responder a esta questão não significa papaguear lições de catequese ou tratados de teologia, mas sim interrogar o nosso coração e tentar perceber qual é o lugar que Cristo ocupa na nossa existência. Responder a esta questão obriga-nos a pensar no significado que Cristo tem na nossa vida, na atenção que damos às suas propostas, na importância que os seus valores assumem nas nossas opções, no esforço que fazemos ou que não fazemos para o seguir. Quem é Cristo para mim? A nossa resposta de discípulos só pode ser como a de Pedro: «Tu és o Messias». O Messias libertador, que o Pai enviou ao meu encontro com uma proposta de salvação e de vida plena. A identidade cristã do verdadeiro discípulo de Jesus constrói-se à volta de Jesus e da sua proposta de vida. |
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Que nenhum de nós tenha dúvidas: ser cristão é bem mais do que ser batizado, ter casado na igreja, organizar a festa do santo padroeiro da paróquia, ou dar-se bem com o padre. Ser cristão é, essencialmente, seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida. O cristão é aquele que faz de Jesus a referência fundamental à volta da qual constrói toda a sua existência; e é aquele que renuncia a si mesmo e que toma a mesma cruz de Jesus. O seguidor de Jesus não vive fechado no seu cantinho, a olhar para si mesmo, indiferente aos dramas que se passam à sua volta, insensível às |
necessidades dos irmãos, alheado das lutas e reivindicações dos outros homens; mas vive para Deus e na solidariedade, na partilha e no serviço aos irmãos. Tomar a cruz é amar até às últimas consequências, até à morte. O cristão não tem medo de lutar contra a injustiça, a exploração, a miséria e o pecado. O seguidor de Jesus é aquele que está disposto a dar a vida para que os seus irmãos sejam mais livres e mais felizes.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.pt |
Papa antecipa preocupações
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O Papa apresentou hoje no Vaticano preocupações com as ameaças “ideológicas” em relação à família e lembrou as “feridas” na vida dos casais, que exigem “misericórdia” da Igreja. Perante os participantes do encontro mundial promovido pelas Equipas de Nossa Senhora, Francisco antecipou um conjunto de temas que devem dominar a próxima assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, com início marcado para 4 de outubro, no Vaticano. “A imagem da família - como Deus a quer, composta por um homem e uma mulher em vista do bem dos cônjuges e também da geração e da educação dos filhos - é deformada através de poderosos projetos contrários, sustentados por colonizações ideológicas”, denunciou. Francisco pediu ainda aos membros das Equipas de Nossa Senhora, presentes em vários países, incluindo Portugal, que sejam “instrumento da misericórdia de Cristo e da Igreja” para as pessoas cujo casamento “falhou”. “Um casal unido e feliz pode compreender melhor do que |
qualquer outra pessoa, desde dentro, a ferida e o sofrimento que um abandono, uma traição, um falhanço do amor provocam”, disse. Nesse contexto, o Papa recordou o “sofrimento indizível” dos filhos que vivem estas situações. A intervenção aludiu às “numerosas” famílias feridas pela “falta de trabalho, a pobreza, problemas de saúde, luto” ou um “clima de violência”. As Equipas de Nossa Senhora, nascidas em França em 1938, são um movimento de espiritualidade conjugal cujo objetivo é ajudar os casais a viver plenamente o sacramento do Matrimónio. Francisco manifestou a sua alegria por poder encontrar-se com os participantes do encontro mundial a poucos semanas do Sínodo dos Bispos. A reunião deste organismo consultivo, a segunda sobre a família em anos consecutivos, procura que “a Igreja reflita com cada vez maior atenção sobre aquilo que as famílias vivem”, num momento em que, segundo o Papa, estas se encontram “ameaçadas num atual contexto cultural difícil”. |
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O discurso elogiou o trabalho de quem promove o “amadurecimento dos casais” e sublinhou a importância de acompanhar “com criatividade sempre renovada” os mais jovens, “antes e depois do Matrimónio”. Francisco realçou a importância da oração e do diálogo em família - |
"a obrigação de 'sentar-se', que vai muito contra a corrente dos hábitos de um mundo apressado e agitado" -, propostas centrais no itinerário das Equipas de Nossa Senhora, cujo fundador, padre Enrico Caffarel, está em processo de beatificação. |
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CTT celebram nascimento de Santa Teresa de Ávila com emissão filatélica |
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Os CTT – Correios de Portugal vão comemorar os 500 anos do nascimento de Santa Teresa de Jesus com o lançamento de uma emissão filatélica, esta sexta-feira. Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o gabinete de comunicação dos CTT informa que esta emissão é composta por um selo com ‘Santa Teresa entregando a Regra’, uma obra presente no Museu de São Roque em Lisboa. A emissão que comemora o quinto centenário do nascimento da santa espanhola é composta ainda por um bloco com um selo. “O fundo do bloco mostra-nos Santa Teresa, ‘Doutora Mística’, inspirada pelo Espírito Santo; e o selo do bloco retrata o momento em que Santa Teresa de Jesus escreveu uma carta ao Padre Pablo Hernandez”, explica o comunicado. O selo tem um formato de 40X30,6 mm, o valor facial de 0,45€ e uma tiragem de 155 mil exemplares, enquanto o bloco tem o valor de 2,50€, o formato é 95X125 mm e uma tiragem de 40 mil exemplares. Santa Teresa de Jesus, que nasceu |
a 28 de março de 1515, iniciou a reforma da família Carmelita; morreu em Alba de Tormes, Salamanca, no ano de 1582 e foi proclamada doutora da Igreja pelo Papa Paulo VI, em 1970. As celebrações do 5.º centenário do nascimento de Santa Teresa de Ávila continuam até outubro. Em Portugal, o programa ainda vai incluir atividades como um congresso intitulado “Às voltas com Deus”, em Fátima, de 16 a 18 de outubro, e uma peregrinação nacional teresiana, a 18 de outubro, que culminará com um musical no Centro Paulo VI, em Fátima. No dia do 5.º centenário do seu nascimento, o Papa destacou a “entrega total a Deus” que caraterizou a vida de Santa Teresa de Ávila, considerando o legado da mística espanhola essencial para a atual vivência cristã. Numa carta enviada ao superior geral da Ordem dos Carmelitas Descalços, publicada pela sala de imprensa da Santa Sé, Francisco refere que Santa Teresa deixou “um grande tesouro”, sobretudo no que diz respeito à “renovação da vida consagrada”, |
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dos religiosos e religiosas deste tempo. Uma herança “cheia de propostas concretas, meios e métodos para rezar” que conduzem as pessoas a Cristo e que “ensinam |
a crescer no amor a Deus e ao próximo”. “Ela foi a grande professora da oração”, salientou o Papa argentino, na mensagem remetida ao padre Xavier Cannistrà. |
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Dominismissio – Campo de Trabalho |
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Desde o dia 30 de Agosto até ao dia 5 de Setembro houve Dominismissio na cidade da Guarda. O nosso grupo era composto por 14 pessoas que vinham de vários lugares (Leiria, Albergaria, Braga, Aveiro, Guimarães…). Esta atividade acontece pela quarta vez e é organizada pelas Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena. Trabalhámos com o Lar da Sagrada Família (CATL e internato), CEFAD (Lar, Centro de Dia e CATL), Aldeia do Bispo e Centro de Dia da paróquia de São Vicente, situado no Passo do Biu. Diz-nos a Bruna: “Apesar de ter estado no Centro de Dia do Passo do Biu, do CEFAD e da Aldeia do Bispo, passei a maior parte do meu tempo com as crianças do Lar da Sagrada Família. Com elas, vimos um filme do Tintin, brincámos no pátio à apanhada, saltámos à corda, jogámos matraquilhos, fizemos trabalhos manuais e no dia 4 de Setembro demos especial importância à vida de Teresa de Saldanha, fundadora da Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena. Vimos um filme de desenhos animados sobre ela, fizeram-se perguntas no fim e as meninas do internato prepararam uma peça de teatro para apresentar |
no fim da vigília dessa mesma noite. Deste campo de trabalho, trago muito boas recordações, tanto de momentos passados com o grupo em si, como de momentos passados com quem me cruzei. E apenas passado poucos dias do fim deste campo de trabalho confesso que já tenho saudades dos sorrisos daquelas crianças. “ A Sandra partilha: “Foi uma semana de trabalho em que hesitei em participar, mas depois de lá estar nunca pensei em desistir. Uma semana repleta de emoções que nos marcaram muito e também pessoas que nos ficam para sempre no nosso coração. Todas as atividades realizadas pelo grupo de trabalho foram feitas com a nossa dedicação e empenho. Foi-nos fácil conseguir um ambiente propício para as atividades que tínhamos planeado. O que mais gostei neste campo de trabalho foi da cumplicidade que existia em cada um de nós.(…) Os momentos que mais me custaram foram os momentos de reflexão, pois foi-me difícil expressar o que sinto perante o grupo(…)Em relação às instituições, receberam-nos de braços abertos. Tive o privilégio de ir a todas e reparei na cumplicidade que existia entre funcionários, utentes |
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e familiares. No lar do CEFAD, estivemos à conversa com idosos mais debilitados, ao princípio custou-me interagir com os mesmos, mas no final vim com a sensação de missão cumprida. No centro de dia, cantamos músicas tradicionais, dançamos e jogamos às cartas. No Centro de Dia da Paróquia, no “Passo do Bio”, fizemos uns bolos que comemos ao lanche. Claro que os idosos nos ajudaram. Enquanto fazíamos os bolos, cantávamos fado e |
contávamos anedotas. Na aldeia do Bispo, fomos dar um passeio a pé com os idosos que nos mostraram um pouco da sua aldeia maravilhosa. No CATL fomos para o parque apanhar folhas para colecionar e jogamos ao jogo do lenço e com as crianças do CATL e LIJ da Sagrada Família, fizemos jogos tradicionais, brincámos e animamos.” Só nos resta dizer: até ao próximo Dominismissio. Bruna Pereira e Sandra Guimarães |
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Fundação AIS lança corrente de oração pela paz pela SíriaA última esperança |
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A guerra na Síria está mais encarniçada do que nunca. Em Agosto, os ataques jihadistas tomaram um novo alento. Mosteiros bombardeados, aldeias ocupadas, milhares de pessoas em fuga. Os cristãos da Síria voltam-se agora para Nossa Senhora de Fátima, a quem pedem as nossas orações. É a última esperança para a paz.
Damasco é uma cidade sitiada. No final de Agosto, uma chuva de morteiros provenientes das áreas controladas pelas milícias destruíram parcialmente duas igrejas. Só nesse ataque morreram nove pessoas e mais de meia centena tiveram de receber tratamento hospitalar. Numa carta enviada à Fundação AIS, poucas horas depois, o Arcebispo maronita Samir Nassar, disse que os sírios vivem, nos dias de hoje, “numa espécie de roleta russa”. Ninguém sabe quando chegará a sua vez. A 365 quilómetros a norte de Damasco fica Aleppo, uma cidade mártir. Estes quatro anos de guerra destruíram ruas e prédios. Há marcas |
de tiros em todo o lado. A devastação é enorme. Os que não morreram ou não conseguiram fugir vivem agora quase como fantasmas. Falta tudo. A começar pela água. No final de Agosto, os Médicos Sem Fronteira denunciaram que os jihadistas do auto-proclamado “Estado Islâmico” usaram armas químicas num ataque contra uma aldeia. Tudo vale para semear o terror. Dias antes desse ataque, o mundo ficou horrorizado com a publicação de fotos, na Internet, de mulheres cristãs que exibiam cartazes com os respectivos nomes e a data em que a foto teria sido tirada: 27 de Junho. São 3 mulheres, duas delas estão com os filhos. Todas foram capturadas pelos jihadistas. Se ninguém pagar o resgate exigido pela sua libertação, serão vendidas como escravas sexuais num mercado local. Na segunda semana de Agosto, 230 aldeões que viviam em al-Qaryatain, no nordeste da Síria, foram também raptados. Destes, mais 60 são cristãos.
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Rezar pela paz
A vida na Síria tornou-se impossível. Resta a oração. No início de Agosto, o Patriarca melquita greco-católico Gregório III pediu expressamente ao Santuário de Fátima a imagem Peregrina de Nossa Senhora para ser levada a Damasco para que os sírios pudessem implorar à Senhora do Céu o fim da guerra. Rezar pela paz é o que resta nestes dias de apocalipse. A deslocação da imagem estava prevista para os dias 7, 8 e 9 de Setembro. Tudo estava preparado até que chegou um telefonema urgente a cancelar a
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deslocação. Já não é possível garantir a segurança. Até a imagem de Nossa Senhora de Fátima está ameaçada pela guerra na Síria. Os cristãos estão encurralados. Não têm como fugir. Só lhes resta rezar e esperar. Os portugueses não podem ficar indiferentes a este drama. Vamos confiar à Virgem de Fátima as nossas orações pelo povo sírio. Foi para pedir as nossas orações pela paz que Nossa Senhora apareceu aos pastorinhos em 1917. Quase um século depois, temos o dever de cumprir essas palavras.
Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |
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Regresso à Escola…ou talvez não! |
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Tony Neves |
Crianças, jovens, professores, funcionários, famílias da Europa andam todos stressados a preparar o regresso ás aulas, após férias de verão. Os mais ricos e remediados levarão para escolas lindas histórias de sol e areia, de montanha e cultura. Talvez as narrativas não tragam grande novidade porque as redes sociais foram mostrando ao mundo dos amigos as aventuras e desventuras deste tempo de carregar baterias. Os mais pobres andam preocupados com a maneira de arranjar livros e materiais que lhes permitam enfrentar mais um ano escolar que se apresenta como um enorme desafio á falta de meios da família. Mas, com mais ou menos meios, todas as crianças e jovens regressam à Escola para um ano que tem tudo para ser um sucesso. Noutras paragens do mundo, falar de regresso á escola é uma miragem. Em muitos contextos, não há escola, não há professores, não há condições para uma escolaridade normal. Encontrei muitas destas situações em missões que visitei em África e na América Latina. Há que criar condições mínimas para que todos beneficiem do direito humano á Educação. Esta é uma batalha que está longe de ser ganha. Mas, nos últimos tempos, uma outra dor, bem mais profunda, me assalta o coração quando me falam do regresso ás aulas. Basta olhar para aquelas barcarolas que trazem milhares de imigrantes a partir do norte de África … Basta ver imagens dos que tentam entrar na Europa por terra firme! |
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São tantos os pais e mães que ali vêm, tentando chegar à Europa! São muitas as crianças que os acompanham. Algumas até morrem, como a que encheu televisões, jornais e sites de internet e redes sociais. A esperança de um regresso de todas as crianças e jovens às aulas não deve morrer. Para tal, todos temos que nos dar as mãos. É urgente assumir que as portas das nossas casas e dos |
nossos corações têm de se abrir aos imigrantes que procuram sobreviver. Temos de dar ouvidos aos gritos do Papa Francisco neste sentido. Quando, nos próximos dias, passar às portas de uma escola, vou lembrar-me dos milhões de crianças e jovens que aguardam pelo nosso apoio para aprender a ler, a escrever e a rasgar novos horizontes ao seu futuro. |
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“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”
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“A Igreja sem fronteiras, mãe de todos, propaga no mundo a cultura do acolhimento e da solidariedade, segundo a qual ninguém deve ser considerado inútil, intruso ou descartável”
Mensagem do Papa Francisco, Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2015
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