04 - Editorial:

   João Aguiar Campos

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião:
   D. José Cordeiro

22 - Opinião:
   LOC/MTC

24 - Semana de..

    Henrique Matos

26 - Dossier

   Vida Consagrada
 

 
 

28 - Entrevista

   Carlos Liz

58 - Multimédia

60- Estante

62 - Concílio Vaticano II

64- Agenda

66 - Por estes dias

68 - Programação Religiosa

69- Minuto Positivo

70 - Liturgia

72 - Jubileu da Misericórdia

74 - Fundação AIS

76 - Lusofonias

Foto da capa: D.R.

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
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Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
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Opinião

 

 

 

Exortação pós-sinodal a caminho


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Mensagem do Papa para Quaresma

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Respostas para a Vida Consagrada

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D. José Cordeiro | João Aguiar Campos|  LOC/MTC | CNISP | Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques | Henrique Matos

 

Perguntas e silêncios

  João Aguiar Campos   
  Secretariado Nacional   

  das Comunicações Sociais  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conclui-se, no próximo dia 2 de Fevereiro, o Ano da Vida Consagrada iniciado, por vontade do Papa Francisco, em 29 de Novembro de 2014.

Não quero – nem sou capaz –de fazer o balanço deste ano entre nós. Mas partilho com gosto algumas notas retiradas de um dossiê de imprensa estes dias disponibilizado pela Conferência Episcopal Francesa.

No dossiê atraiu-me especial atenção o resultado de uma sondagem intitulada “A vida religiosa em França e os jovens” – sondagem acompanhada por um estudo efetuado junto dos consagrados com menos de 40 anos de idade: “O compromisso na vida religiosa”.

Sobre o olhar dos jovens, alguns sublinhados: metade dos jovens franceses acredita na existência de Deus e 15% deles já alguma vez se confrontaram com um eventual compromisso na vida religiosa. O estudo mostra mesmo que é, afinal, o grupo etário 50-65 anos o mais secularizado; o que os analistas explicam com os efeitos do Maio de 68.

Segundo os mesmos comentadores da sondagem, esta mostra que “estamos a viver hoje na era da pós-secularização, sendo os mais jovens os primeiros atores e portadores de uma nova sede espiritual e de uma nova visão do religioso”. Certamente, uma visão marcada por novas formas e práticas “menos institucionais e sacramentais”, mas indubitavelmente valorizáveis.

Sobre a vida religiosa, afirma-se uma imagem 

 

 

 

 

positiva. De facto, apenas 28% dos franceses consideram estar perante um non-sens – sendo de referir que é no grupo 18-24 anos que é mais elevado o pareço: 74%.

Boas notícias, pois. Ou seja: há terreno arável e campo disponível para a sementeira da proposta mediante o testemunho!..

Como?... Pessoalmente penso que o testemunho exige a alegria vivida no dia a adia da consagração. Mas ao encontro deste ponto de vista vem a opinião dos jovens religiosos inquiridos no segundo estudo que referi: quase todos (99%) consideram o seu compromisso como um caminho de felicidade – ainda que, de facto, nem todos vejam os religiosos felizes…

Simultaneamente, revela-se muito elevado o número dos jovens consagrados que se dizem incompreendidos pela família ou pelos amigos. Pedem, por isso, acompanhamento mais próximo e desejam uma rede de relações mais rica e diversificada e uma maior presença da comunidade crente. Nada de insólito, como se lê na Evangelii Gaudium,107, onde se valoriza 

 

 

a presença da comunidade cristã no germinar das vocações, assim como formação dos que são chamados e na perseverança dos que acolheram o apelo.

Iniciei este texto confessando-me incapaz de fazer o balanço do Ano da Vida Consagrada. Mas encontro na Carta Apostólica em que o mesmo foi anunciado os parâmetros para fazermos o nosso exame de consciência. Façamos as perguntas e oiçamo-nos no silêncio:

1.Ao longo deste ano, olhámos o passado com gratidão?

2. Vivemos o presente com paixão?

3.Abraçamos o futuro com esperança?

 

Passados estes meses,

a - Descobrimo-nos portadores da alegria?

b- Mantemos vivas as utopias?

c- Estamos disponíveis para as periferias existenciais?

d- Estamos à escuta dos apelos de Deus e da humanidade?

 

Faço silêncio para ouvir as minhas próprias respostas…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

«António Costa diz que tem “bons argumentos” para convencer Bruxelas e a Comissão Europeia também terá os seus. O ideal seria encontrarem-se a meio caminho» (In: Jornal «Público», editorial de 28 de janeiro de 2016)

 

«Quando uma religião se torna política, como acontece agora com algumas correntes do Islão, como outrora com o Cristianismo, deixa de ser verdadeiramente religiosa» (In: Jornal «Voz Portucalense», Rui Osório, 27 de janeiro de 2016)

 

«O diálogo ecuménico faz-se na convivência e desenvolvimento de projetos comuns das diferentes comunidades, no diálogo e discernimento das comissões teológicas e nos gestos emblemáticos dos líderes que estimulem a preocupação e os passos concretos do caminho da unidade» (In: Jornal «Correio do Vouga», Querubim Silva, 27 de janeiro de 2016).

 

«Não sou fã de nenhum partido. Mas gostaria de ver este país seguir outro caminho com garantia de que ao fechar os olhos o deixaria melhor do que o encontrei» (In: Jornal «A Defesa», editorial de 27 de janeiro de 2016).

 

 

Exortação apostólica do Papa sobre a Família vai ser publicada até março

 

A exortação apostólica do Papa Francisco sobre o Sínodo dos Bispos dedicado à Família vai ser publicada até ao próximo mês de março. A informação foi avançada à Agência ECCLESIA pelo presidente do Conselho Pontifício para a Família, D. Vicenzo Paglia, durante as jornadas de atualização do clero da Província 

 
 

Eclesiástica do Sul, que decorreram em Albufeira.

O arcebispo italiano mostrou-se convencido de que o documento do Papa mostrará uma Igreja Católica “em saída” e próxima das famílias em todos os momentos da vida. “Estou convencido que a exortação será um hino ao amor, a um amor que quer

 

 

 

 

 

zelar pelo bem das crianças, que sabe estar perto das famílias feridas para lhes levar força, que quer estar junto dos mais idosos, a um amor que toda a humanidade precisa”, salientou.

Subordinadas ao tema “Família: Centralidade, Renovação e Continuidade”, as jornadas de atualização do clero da Província Eclesiástica do Sul têm este ano como pano de fundo o último Sínodo dos Bispos dedicado à Família.

A iniciativa conta com cerca de uma centena de sacerdotes inscritos, e respetivos bispos, vindos das dioceses do Algarve, Beja, Évora e, pela primeira vez, da diocese de Setúbal.

Na sua reflexão, D. Vicenzo Paglia destacou a importância das comunidades católicas serem mais interventivas junto dos problemas e dos desafios das famílias, sobretudo daquelas que estão a começar a sua caminhada, os jovens casais. “Hoje infelizmente, vemos uma grande brecha entre a família e a paróquia: as famílias são muito pouco eclesiais, já que se voltam facilmente, para si mesmas, e as paróquias são pouco familiares, porque se encontram abafadas pelo peso da burocracia, ou envelhecidas pelo funcionalismo. 

 

Há pouco calor, pouco acolhimento, pouco acompanhamento”, sublinhou.

Sobre a atuação da Igreja perante casos como o das pessoas divorciadas, recasadas ou que vivem em união de facto, questão que mereceu largo destaque mediático durante o Sínodo, o responsável do Vaticano frisou que todas estas pessoas podem e devem ser integradas na vida da comunidade.

“O desafio dos cristãos é estar ao lado deles, não rotulando, não criticando (…) a Igreja tem de falar para mudar. Teria sido dramático se Jesus não tivesse falado com a samaritana. Esta é a atitude do Papa Francisco, estar ao lado, não condenar, procurar o lado positivo da questão e fazê-lo crescer”, referiu.

D. Vicenzo Paglia lembrou ainda as muitas famílias que vivem hoje momentos “dramáticos” por causa da guerra, da pobreza, do desemprego ou da instabilidade social, especialmente as que foram obrigadas a viver na condição de refugiadas. “Muitos governos não têm uma política familiar e isso é gravíssimo”, acusou o arcebispo italiano, recordando que “a solidez de uma sociedade está na família”.

 

 

 

5 mil jovens portugueses na JMJ 2016

As jornadas mundiais da juventude deste ano, em Cracóvia, na Polónia, vão contar com pelo menos 5 mil jovens portugueses, em representação de todas as dioceses em Portugal. Este número foi adiantado à Agência ECCLESIA pelo diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, durante o Conselho Nacional do setor que decorreu em Fátima.

“Prevemos contar com mais de cinco mil jovens a participar nas jornadas mundiais da juventude. Todas as dioceses estão a participar e todos os movimentos estão a envolver-se”, salientou o padre Eduardo Novo.

O sacerdote destacou também o “empenho” que os mais novos têm colocado na participação e preparação do evento. Apesar das “dificuldades que as famílias, que os próprios jovens atravessam, na falta de emprego, de disponibilidade, no intenso horário e ritmo de trabalho que têm, mesmo assim há esta preparação, esta motivação”.

“Os jovens estão a envolver-se em cada paróquia não apenas na recolha de fundos mas também na difusão daquilo que é este encontro”, enalteceu o padre Eduardo Novo.

As jornadas mundiais da juventude 

 

 
2016 vão decorrer entre 26 e 31 de julho, subordinadas ao tema “Felizes os misericordiosos porque alcançarão misericórdia”. Para o diretor do DNPJ, o facto de esta iniciativa acontecer em pleno Ano Santo da Misericórdia, e até pela temática que estará em cima da mesa, representa um grande desafio para os mais novos.

“Para que toda a sua vida seja uma busca de identidade, de compromisso e de missão”, apontou aquele responsável, considerando que cabe aos jovens serem “protagonistas de mudança” no mundo.

O Conselho Nacional da Pastoral Juvenil decorreu em Fátima, com a participação do bispo auxiliar de Lisboa, D. Joaquim Mendes, membro da Comissão Episcopal para o Laicado e Família.

 

 

 

Formação para os valores na UCP

O próximo Dia Nacional da Universidade Católica Portuguesa (UCP), a 7 de fevereiro, vai ser inspirado na encíclica “Laudato si”, em que o Papa destaca o contributo da Educação para a difusão de “um novo modelo” de vida e de “relação com a natureza”. Na mensagem para esta celebração, a reitora da UCP, Maria da Glória Garcia, frisa que responder ao repto de Francisco “é assumir genuinamente, na especificidade da vida universitária, a construção de uma Ecologia integral”.

“Formando no conhecimento e em valores credíveis, cruzando metodologias disciplinares e saberes, alargando fronteiras de futuro na pesquisa científica das diversas áreas, cimentando a excelência, dando força e corpo às razões de esperança”, pode ler-se no texto enviado à Agência ECCLESIA.

Para a reitora da UCP, Francisco veio desafiar a sociedade, em todos os seus campos, também no setor académico, a “arregaçar as mangas e viver” com “renovado dinamismo” aquilo que o Papa definiu com a “feliz imagem de uma Igreja em saída”. “Ora, esta visão comprometida da educação podemos dizer que está no ADN de uma Universidade Católica”,

 

 realça Maria da Glória Garcia.

Neste sentido, o tema escolhido para o Dia Nacional da Universidade Católica Portuguesa em 2016, ‘Cultivar a Ecologia dos Saberes’, será uma forma de mostrar o empenho da UCP neste campo, “de forma direta”, conclui aquela responsável.

O Dia Nacional da Universidade Católica Portuguesa é assinalado como habitualmente no primeiro domingo de fevereiro. Antes disso, a ocasião vai ser marcada por uma sessão académica na sexta-feira, 5 de fevereiro, às 16h30, no Auditório Cardeal Medeiros, em Lisboa.

O peditório deste ano para o Dia Nacional da UCP foi destinado para a criação de bolsas de estudo para a Faculdade de Teologia, “cujo serviço à Igreja portuguesa, inclusive na formação dos seus sacerdotes e das suas lideranças laicais” deve ser “acarinhado por todos”, aponta Maria da Glória Garcia.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fátima: Santuário evoca escultora Graça Costa Cabral

 

 

 

Escolas de perdão e a JMJ 2016 

 

 

O roteiro do Papa para a Quaresma 2016

 

O Papa Francisco alerta na sua mensagem para a Quaresma 2016, divulgada hoje, para o “delírio de omnipotência” do ser humano, que o leva a ignorar quem sofre e esquecer Deus. “Tal delírio pode assumir também formas sociais e políticas, como mostraram os totalitarismos do século XX e mostram hoje as ideologias do pensamento único e da tecnociência que pretendem 

 

 

tornar Deus irrelevante e reduzir o homem a uma massa possível de instrumentalizar”, escreve.

A mensagem intitulada «‘Prefiro a misericórdia ao sacrifício’. As obras de misericórdia no caminho jubilar» aponta o dedo a “estruturas de pecado” ligadas a um modelo de “falso desenvolvimento fundado na idolatria do dinheiro”. Este modelo torna as pessoas e as sociedades

 

 

 

 

 

mais ricas “indiferentes ao destino dos pobres”, recusando-se “mesmo a vê-los”.

Segundo o Papa, apenas o amor de Deus pode dar resposta à “sede de felicidade e amor” de cada um, algo que “o homem se ilude de poder colmar mediante os ídolos do saber, do poder e do possuir”. “O pobre mais miserável é aquele que não aceita reconhecer-se como tal. Pensa que é rico, mas na realidade é o mais pobre dos pobres”, adverte.

A mensagem realça o “perigo” de os soberbos, os ricos “acabem por se condenar” ao manter o coração fechado “a Cristo, que, no pobre, continua a bater à porta”. Francisco sustenta que estas pessoas são “escravas” do pecado que as leva a utilizar riqueza e poder “não para servir Deus e os outros, mas para sufocar em si mesmo a consciência profunda de ser nada mais do que um pobre mendigo”.

A mensagem coloca a celebração da Quaresma de 2016 no quadro do ano santo extraordinário, o Jubileu da Misericórdia, que o Papa considera um tempo favorável para que 

 

todos possam “sair da própria alienação existencial, graças à escuta da Palavra e às obras de misericórdia”.

Nesse sentido, evoca aquilo que a tradição da Igreja chama as obras de misericórdia corporal e espiritual. “Estas recordam nos que a nossa fé se traduz em atos concretos e quotidianos, destinados a ajudar o nosso próximo no corpo e no espírito e sobre os quais havemos de ser julgados: alimentá-lo, visitá-lo, confortá-lo, educá-lo”, precisa.

Francisco recorda em particular “o irmão ou a irmã em Cristo que sofre por causa da sua fé” e refere que no tempo da Quaresma vai enviar os “Missionários da Misericórdia” a fim de “serem, para todos, um sinal concreto da proximidade e do perdão de Deus”.

A Quaresma que se inicia com a celebração de Cinzas (10 de fevereiro, em 2016), é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.

 

 

Por uma comunicação plenamente humana

Papa Francisco defende na sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2016 que a comunicação nas redes sociais e no mundo digital pode ser “autêntica” e “humana”. “Emails, SMS, redes sociais, chats podem ser formas de comunicação plenamente humanas. Não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do homem e a sua capacidade de fazer bom uso dos meios ao seu dispor”, escreve, num texto intitulado ‘Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo’.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais é celebrado desde 1966 no domingo anterior à festa do Pentecostes, que este ano se assinala a 8 de maio.

Depois de assinalar que as redes sociais são capazes de “favorecer as relações e promover o bem da sociedade” e de ajudar na construção de “uma verdadeira cidadania”, o Papa deixa alertas em relação a uma possível “maior polarização e divisão entre as pessoas e os grupos”. “O ambiente digital é uma praça, um lugar de encontro, onde é possível acariciar ou ferir, realizar uma discussão proveitosa ou um linchamento moral”, precisa.

 

 

A celebração de 2016 é colocada no contexto do ano santo extraordinário (dezembro de 2015-novembro de 2016), o Jubileu da Misericórdia convocado pelo Papa, deixando votos de que todos consigam ser “mais abertos ao diálogo”. “Comunicar com misericórdia significa contribuir para a boa, livre e solidária proximidade entre os filhos de Deus e irmãos em humanidade”, pode ler-se na mensagem pontifícia.

O Papa volta a afirmar que a comunicação e a internet são um “dom de Deus”, que implicam uma “grande responsabilidade”. “Gosto de definir este poder da comunicação como ‘proximidade’. O encontro entre a comunicação e a misericórdia é fecundo na medida em que gerar uma proximidade que cuida, conforta, cura, acompanha e faz festa”, explica.

 

 

 

Perdão entre Igrejas após erros do passado

O Papa Francisco presidiu em Roma a uma celebração de oração com representantes de todas as Igrejas e comunidades cristãs da capital italiana, convidando todos ao “perdão” recíproco. “Peçamos, antes de mais, perdão pelo pecado das nossas divisões, que são uma ferida aberta no Corpo de Cristo. Como bispo de Roma e pastor da Igreja Católica, quero invocar misericórdia e perdão pelos comportamentos não evangélicos que católicos tiveram em relação a cristãos de outras Igrejas”, disse, na Basílica de São Paulo fora de muros, durante a tradicional oração de vésperas na solenidade da conversão de São Paulo, dia em que se conclui a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

O pontífice argentino convidou depois os católicos a “perdoar, se hoje ou no passado, sofreram ofensas de outros cristãos”. “Não podemos eliminar o que se passou, mas não queremos permitir que o peso das culpas passadas continue a inquinar as nossas relações”, acrescentou.

Depois de ter rezado diante do túmulo de São Paulo, juntamente com representantes da Igreja Ortodoxa e da Igreja Anglicana, o Papa evocou todos os que, tal como o apóstolo, perderam a vida por 

 

causa da sua fé, falando num "ecumenismo de sangue". “A nossa humilde prece é sustentada pela intercessão da multidão dos mártires cristãos de ontem e de hoje”, realçou.

A assembleia foi convidada a rezar pelos cristãos “vítimas de perseguições”, pedindo que estes possam sentir “a solidariedade de todos os homens e sobretudo dos seus irmãos na fé”.

O Papa recordou que a Igreja Católica celebra o terceiro ano santo extraordinário da sua história, o Jubileu da Misericórdia (dezembro de 2015-novembro de 2016), pedindo que este tempo ajude a lembrar que “não há uma autêntica busca da unidade dos cristãos sem confiar-se plenamente à misericórdia” de Deus.

No final da celebração, Francisco convidou para junto de si os representantes das Igrejas Ortodoxa e Anglicana, para concederem a bênção em conjunto. 

 

 

 

 

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Papa recebeu presidente do Irão

 

 

 

Missão da Igreja é “evangelizar os pobres” 

 

 

Das Obras de Misericórdia
à Misericórdia das Obras

  D. José Cordeiro    
  Bispo de Bragança  

  Miranda   

 
 

A passagem das obras de Misericórdia à Misericórdia das obras, ou seja, a passagem do fazer ao ser em Deus Rico de misericórdia, é o grande desafio, especialmente apresentado no Ano santo da Misericórdia. Como nos deixou escrito S. Paulo: «Deus, que é rico em misericórdia, pelo amor imenso com que nos amou, precisamente a nós que estávamos mortos pelas nossas faltas, deu-nos a vida com Cristo - é pela graça que vós estais salvos - com Ele nos ressuscitou e nos sentou no alto do Céu, em Cristo. Pela bondade que tem para connosco, em Cristo Jesus, quis assim mostrar, nos tempos futuros, a extraordinária riqueza da sua graça» (Ef 2, 4-7).

Hoje, precisamos todos de reaprender a gramática elementar da Misericórdia. Recordemos as 14 obras de Misericórdia:

As sete obras de misericórdia corporal: 1. Dar de comer a quem tem fome 2. Dar de beber a quem tem sede 3. Vestir os nus 4. Dar pousada aos peregrinos 5. Visitar os enfermos 6. Visitar os presos 7. Enterrar os mortos. 

As sete obras de misericórdia espiritual: 1. Dar bons conselhos 2. Ensinar os ignorantes 3. Corrigir os que erram 4. Consolar os tristes 5. Perdoar as injúrias 6. Suportar com paciência as fraquezas do nosso próximo 7. Rezar a Deus por vivos e defuntos. 

Nestes tempos difíceis, recordar a tradição das obras de misericórdia significa apreender a caridade e a misericórdia como arte do encontro, como arte da relação, como arte de viver, mas significa 

 

 

sobretudo novo impulso de humanidade, para não permitir que o cinismo, a corrupção, a mentira, a ambição do poder e do domínio sobre os outros, a barbárie e a indiferença levem a melhor.

S. Bento, o padroeiro da Europa e da Diocese de Bragança-Miranda, na sua Regra, desenvolveu o elenco das 14 obras de misericórdia no capítulo IV, a que intitulou: os instrumentos das boas obras. E, ao concluir afirmou: «Orar, no amor de Cristo, pelos inimigos. Voltar à paz, antes do pôr do sol, com aqueles com quem teve desavença. E nunca desesperar da misericórdia de Deus».

É esforço diário a superação da auto-referencialidade, do egoísmo e do orgulho. Hoje temos tantas formas de pobreza: a económica e material, a cultural e social, a espiritual e afetiva. Todavia, a misericórdia não se pode limitar à pobreza material, sobretudo em tempos de crise. O nosso compromisso tem de ser integral, para salvar o todo da pessoa e toda a pessoa que mais precisa da nossa ajuda.

Às vezes abusa-se da misericórdia e da religião, porque a misericórdia e a religião aparecem como uma espécie de amaciador para a moral cristã. Hoje, parece que tudo se mascara.

O afeto com os nossos pais, os nossos avós, os mais idosos, as crianças, os jovens, os adultos, faz da nossa  

 

comunidade uma família de famílias. Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, no trabalho e no descanso, a Misericórdia vem ao encontro da nossa miséria.

O Papa Francisco surpreendeu-nos pela proclamação de um Jubileu extraordinário, dedicado à Misericórdia: «decidi convocar um Jubileu extraordinário centralizado na misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da Misericórdia. Queremos vivê-lo à luz da palavra do Senhor: “Sede misericordiosos como o vosso Pai” (cfr Lc 6, 36)”.  A finalidade é tornar mais evidente que a missão da Igreja é a de “ser testemunha da misericórdia”. «Ninguém pode ser excluído da misericórdia de Deus – diz Francisco; todos conhecem o caminho para ter acesso a ela e a Igreja é a casa que todos acolhe e a ninguém rejeita. Suas portas permanecem escancaradas, a fim de que aqueles que foram tocados pela graça possam encontrar a certeza do perdão. Maior é o pecado e maior deve ser o amor que a Igreja expressa para com aqueles que se convertem».

Nunca nos rendamos ao mal. O mal não pode ter nunca a última palavra. Como o salmista possamos viver a misericórdia e rezar com a vida: «cantarei eternamente as misericórdias do Senhor» (Sl 89,2).

A Misericórdia é o modo de amar de Deus, ou melhor a Misericórdia é o autêntico nome de Deus!

 

 

Emprego cada vez mais precário

  LOC/MTC   

  Movimento de  

  trabalhadores Cristãos  

 
 

Segundo o Boletim informativo da OIT (Organização Internacional do Trabalho) intitulado: “Prespectivas Sociais e de Emprego no Mundo”, de Maio de 2015, o emprego é cada vez mais precário e inseguro e está a afastar-se cada vez mais do modelo existente: Trabalhador assalariado dependente do empregador, com trabalho estável e a tempo inteiro. No mundo, 3 em cada 4 trabalhadores estão empregados com contratos a prazo, de curta duração, em empregos informais, com frequência sem contrato, como trabalhadores por conta própria ou em empresas familiares sem remuneração.

Este modelo de emprego estável nunca existiu nas economias mais pobres e está deixando de ser também o modelo das economias mais ricas. E nas economias emergentes as relações de emprego são baseadas em contratos muitas vezes informais, de curta duração com horários de trabalho irregulares.

A OIT sublinha que esta crescente insegurança e precaridade do emprego têm consequências no aumento do empobrecimento e desigualdade, para além de gerar grandes problemas na economia. Além de que os salários crescem muito abaixo da produtividade.

Como responder à insegurança destas pessoas cada vez mais distantes de um modelo estável de emprego?

Novos desafios se colocam às políticas sociais e à legislação laboral para proteger efetivamente estes trabalhadores e trabalhadoras. Mas há caminhos já percorridos, especialmente na Europa, que não conduzem a nada de digno do ser humano. 

 

 

Neste sentido, a OIT assinala que, nos últimos anos, alguns países Europeus introduziram mudanças laborais que reduziram o nível de proteção dos trabalhadores, com o objetivo, diziam, de estimular o crescimento e o emprego. No entanto, a experiência mostra que a redução da proteção dos trabalhadores não trouxe uma redução do desemprego, bem pelo contrário, aumentou-o, precarizou-o e tornou mais inseguro o emprego.

 

Como Igreja e como Movimento de Trabalhadores Cristãos queremos acompanhar os trabalhadores (mesmo estando desempregados), especialmente os mais jovens. Acompanhar não apenas as estatísticas mas as pessoas, desenvolver, com elas, redes de solidariedade, “grupos de encontro”. Às pessoas que se veem na condição 

 

duríssima do desemprego ou de trabalho precário e em dificuldades graves em caminhar como pessoas, queremos acompanhá-las e recordar-lhes que continuam a ser pessoas dignas, que não são “sobras”. Propomo-nos ajudá-las a descobrir o que as pode humanizar, indicando Jesus Cristo como proposta de vida. N’Ele, podemos encontrar uma nova humanidade e o modo como se constrói. N’Ele, podemos encontrar forças para mudar as instituições públicas e coloca-las ao serviço das pessoas, especialmente dos mais pobres. O ser humano também é capaz de cooperar, renunciar a alguns privilégios, estabelecer compromissos, ser solidário (e não só produzir e consumir). Por isso um novo modelo económico e laboral é possível, baseado na cultura do encontro, da cooperação e do compromisso.

 

 

A quarta Revolução Industrial

  Henrique Matos  
  Agência ECCLESIA   

 

A humanidade só atrapalha… A tecnologia digital vai produzir a riqueza do mundo que será arrecadada por 1% da população. Que fazer a 99% de inúteis?

De forma simples, é esta a equação que resulta da cimeira de Davos. O Fórum Económico Mundial voltou ao cenário de paraíso, nas montanhas brancas da Suíça, mas o que por ali se discutiu tinha uma tonalidade bem mais negra.

Dizem os donos do dinheiro que a tecnologia está prestes a ser inteligente e quando isso acontecer em larga escala, o circuito produtivo vai dispensar mão de obra em escala idêntica. Vão perder-se muitos postos de trabalho com as consequências sociais que já todos conhecemos.

Anuncia-se a quarta revolução industrial, marcada pela velocidade da computação, pela inteligência artificial com os algoritmos a acelerarem o raciocínio e o cálculo.

Tudo começou com a água e o carvão, depois veio a eletricidade, seguiu-se a eletrónica e a automação. Agora chegámos a um ponto de fusão tecnológica em que se esbate a fronteira entre o biológico e o digital.

A imagem do homem que comanda a máquina para o auxiliar no trabalho mais duro, começa a ser uma “velha imagem”. Hoje vivemos “ligados”, não damos um passo, não fazemos uma compra, não nos deslocamos, sem que tudo fique registado em locais que não controlamos. A caixa multibanco, a via verde, o telemóvel com gps, o drone, a rede social… Já não temos privacidade e é quase impossível “desligar-mo-nos”. Também 

 

 

 

 

ganhámos em produtividade, velocidade de comunicação, a tecnologia democratizou-se e tornou-se acessível.

Mas este Fórum Económico Mundial disse-nos que, a nova revolução industrial vai precisar de menos pessoas e as que interessam resumem-se um pequeno número de técnicos altamente qualificados.

Klaus Schwab, Fundador e Chairman Executivo do Fórum Económico Mundial afirma que, no futuro, o talento, mais do que o capital, vai ser o fator determinante da produção. Mas também reconhece que isto vai gerar um mercado de trabalho ainda mais segregado entre altas competências/altas remunerações e baixas qualificações/baixos salários. Klaus Schwab também não duvida que a mudança vai incrementar a tensão social e a exclusão.

 
Dirão que é o avanço imparável da ciência e do progresso mas, a intranquilidade aumenta se associarmos esta tendência ao fosso cada vez maior entre ricos e pobres. Desde a segunda revolução industrial que ele se agrava. No início da edição deste ano do Fórum de Davos ficámos a saber que a riqueza do mundo está no bolso de 1% da população. 62 pessoas têm um património igual a metade da população mundial. Isto também é uma dinâmica imparável do progresso? Ou será antes uma ação consciente e concertada da ganância?

Lembra-mo-nos de ter estudado as correntes teocêntricas e antropocêntricas, também muito se debateu na história o heliocentrismo por oposição ao geocentrismo. Hoje já não restam dúvidas, no centro está a economia, a humanidade é um empecilho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
ANO DA VIDA CONSAGRADA

O Ano da Vida Consagrada convocado pelo Papa Francisco está a chegar ao fim e o Semanário ECCLESIA apresenta nesta edição uma série de reflexões sobre as várias iniciativas que foram promovidas em Portugal e os desafios que se colocam para o futuro dos institutos religiosos e seculares no país. Em particular, destaque para a análise ao inquérito promovido durante este período pela empresa Ipsos APEME, que realizou mensalmente 150 entrevistas online a jovens adultos portugueses.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O que pensam os jovens portugueses
da Vida Consagrada?

 

A Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal pediu à empresa IPSOS APEME um estudo de mercado para conhecer a opinião dos jovens perante a Vida Consagrada, bem como, a simpatia pela Igreja e o Papa Francisco. O coordenador do estudo, Carlos Liz, em entrevista à Agência ECCLESIA, deixa as linhas principais dos inquéritos e algumas conclusões que exigem ação

 

Entrevista conduzida por Sónia Neves

 

Agência ECCLESIA (AE) – Que estudo é este que lança questões aos jovens sobre a Vida Consagrada?

Carlos Liz (CL) – É um estudo que os responsáveis pela Vida Consagrada em Portugal entenderam que fazia sentido durante um ano em que este tema e esta linguagem aparece com mais visibilidade no conjunto do sistema mediático e da Igreja. Julgo ser um ato muito saudável da parte de quem entende que nunca é demais seguir de perto o que a realidade está a dizer sobre um tipo de público extremamente importante e ao

      mesmo tempo difícil, quiçá

          ingrato ou incompreendido

             pela Igreja e pela vida

                 Consagrada em particular,

                    que são os jovens adultos.

 

 

 

 

 

AE – Porque é que foi escolhida esta faixa etária?

CL – Precisamente porque o Ano da Vida Consagrada, como o compreendo, é portador de uma ideia de futuro. É algo que não serve apenas para celebrar o passado, apesar de sabermos que há muito a celebrar e que também faz parte dos objetivos deste ano mas, como tudo o que tem a ver com a Igreja, assim penso e sinto, ou melhor quero pensar eu, tem de ter a ver com o futuro, com as coisas que vão sendo lançadas à viabilidade e darão fruto. Por isso, jovens dos 18 aos 34 anos, de todo o país que, têm posições diferentes face ao fenómeno do religioso e da Igreja, é uma amostra representativa da população. Os jovens foram convidados durante um ano a pronunciar-se sobre aspetos que 

 

 

 

 

tenham a ver com a imagem da Igreja e dos seus atores principais e ao mesmo tempo foram confrontados com notícias que, naquele mês, tiveram origem em fenómenos variados da vida da Igreja e a quem era perguntado como reagiam a essas notícias.

A razão fundamental deste target, deste público-alvo, é pensar que a Vida Consagrada vale e valerá a pena na razão direta em que for capaz de compreender e, portanto, preparar-se para servir melhor as pessoas que estão a fazer as suas vidas. São jovens adultos, não são jovenzinhos, não são adultos instalados, e creio que este é um público com muito potencial e difícil de perceber.

 

 

 

AE – Como é que foram feitos esses inquéritos? E como chegaram à população jovem?

CL – A metodologia da recolha de dados é a mais atual neste tipo de projetos, usamos a metodologia online, fizemos inquéritos online; onde existe afinidade com esta faixa etária, é ali que eles respondem. O que fizemos foi durante esses 12 meses criar uma amostra, 150 entrevistas, a partir de um painel de muitos milhares de pessoas que as empresas têm, como é o caso da IPSOS que fez este estudo. As pessoas são convidadas a pronunciar-se sobre estes temas cuja única preocupação é encontrar um equilíbrio do ponto de vista de género, feminino e masculino,

 

 

 

de região do país e quando chegávamos às 150 entrevistas, bem preenchidas, estava fechado o inquérito desse mês. No mês seguinte fazia-se o mesmo procedimento junto de outras pessoas.

 

AE – Depois de serem lançados os inquéritos mês a mês durante o Ano da Vida Consagrada (de janeiro a dezembro de 2015) chega-se ao fim deste estudo. Que conclusões há?

CL – Para perceber melhor as conclusões, começo por dizer que cada inquérito mensal tinha um número de questões fixas, isto é, questões ligadas com a imagem da Igreja e tentávamos perceber se iam havendo alterações nesses indicadores. A outra parte do inquérito, sempre diferente, eram as notícias do mês. Temos assim duas abordagens que trazem dois tipos de ensinamento.

 

 
As conclusões do ponto de vista da relação destes jovens adultos portugueses com estas temáticas ligadas a Igreja, talvez a primeira, muito interessante e consistente ao longo do ano e que constitui um enorme desafio para os responsáveis da Pastoral Juvenil, em geral e para os responsáveis da Vida Consagrada em particular, seja o interesse. Quando questionamos estes jovens “concretamente normais” em que medida lhes interessa os temas do religioso ou do espiritual e o resultado era cerca de 72% que dizem que se interessam muito ou relativamente por estes temas. Isto quer dizer que há aqui uma predisposição, uma procura, uma vontade de ouvir, ver ou, quiçá, experimentar coisas que têm a ver com isso do espiritual e do religioso. Esta é uma primeira conclusão que eu diria muito importante.

 

 

CL - Uma segunda conclusão tem a ver com um exercício arriscado que nós fizemos: perguntámos a estes jovens como é que olhavam para três níveis

 

de aquilo que é a face visível da Igreja, como instituição, o Papa Francisco e os padres e freiras. Perguntávamos a partir de três indicadores, a simpatia, 

 

 

 

 

 

 

mais previsível, outra é o interesse do que dizem e a terceira a concordância com o que é dito.

O raciocínio foi tentar usar uma 

 

bateria de três níveis de relação com estes atores relevantes da Igreja e ver como é que eles se comportavam.

O Papa Francisco bate todos os records, isto é, põe a Igreja num lugar muito modesto em qualquer uma das variáveis, simpatia, interesse e concordância. Francisco é manifestamente um fenómeno que dá muito que pensar sobretudo de uma maneira operativa, isto é, o que se pode aprender enquanto o fenómeno está com toda esta atividade. Fenómenos destes não são eternos e aqui a questão interessante é como é que se tira o maior partido duma capacidade de entrar com temas inequivocamente da Igreja, de Deus, do religioso a partir de uma audiência que está muito interessada em saber o que dali vem.Nos resultados em relação a Francisco temos uma simpatia da ordem dos 70%, muito consistente ao longo dos meses. E talvez o mais importante seja o interesse acima de 50%, uma maioria absoluta, e uma concordância, numa boa parte do que ele diz, na ordem dos 57%. Estamos perante um fenómeno de grande potencial para abrir portas, para falar de coisas da Igreja, temos aqui um elemento extremamente relevante, um abridor de portas.

 

 

 

 

AE – Já a Igreja não encerra tanta simpatia…

CL – Bem, eu nem queria fazer comparações mas é claro. A Igreja anda, pela simpatia, na ordem dos 26%, depois a concordância e interesse também pelos 20%; curiosamente os padres e freiras têm um bocadinho menos, o que não deixa de ser um elemento de reflexão, humilde naturalmente, para a própria Vida Consagrada, ou para a Igreja em geral.

Há aqui uma décalage que tem de ser pensada e depois há um tema ao qual dou muita importância: o tema tem muitas leituras possíveis mas eu arrisco uma. Ao longo do ano perguntamos “quando ouve falar em Vida Consagrada, isso o que é?”

Creio que não nos admiraríamos se houvesse uma percentagem significativa que dissesse ‘não faço ideia’ e, realmente, 30% diz que não sabe o que é. Depois existe 10% que dizem coisas ao lado e que se percebe que não estão por dentro e fazem exercícios intelectuais sobre o significado de tal coisa.

Há depois ainda duas coisas muito significativas, para mim a mais importante de todas é que, 

 

somando as percentagens e pensando nas sobreposições, 25% da amostra ao longo do ano vai dizendo coisas que suspeita que são a Vida Consagrada. Dizem que devem ter uma maior intensidade de adoração a Deus; esta era uma pergunta aberta.

Estes jovens adultos, em 25% dos casos, andam por uma zona que tem a ver com esta maior intensidade na relação com o sagrado, com Deus, numa coisa muito importante, a ideia de que serão pessoas que têm uma vida feliz, realizada, que estão bem consigo próprios e ainda há uma percentagem que explicita que será uma vida com paz interior, com tranquilidade, que tem a ver com a consistência da personalidade.

Depois temos o resto da amostra que anda pelos lados da associação da ideia de Vida Consagrada como sendo um dos mecanismos, ou uma das formas de ser Igreja institucional, mas há aqui 25% que eu vejo como sendo um potencial interessante de poder enriquecer a ideia da Igreja no seu todo a partir da identidade e especificidade da Vida Consagrada definida por esta logica de maior proximidade, intensidade e interiorização. É muito curioso

 

 


 

pensar num elemento muito importante que diz que a Vida Consagrada enquanto expressão mais intensa de Igreja é uma vida no feminino e no masculino, um dado que dá para pensar, manifestamente igreja diocesana, padres das paróquias, somente homens; mas quando se chega à Vida Consagrada este novo elemento traz um novo encanto aos jovens relativamente à ideia que estamos perante uma realidade mais completa do ponto de vista humano, mais rica, mais capaz de surpreender, mais capaz de aproximação afetiva/emocional e mais capaz de ter outro tipo de 

 

sabedoria menos racional que, habitualmente, se atribui ao masculino. 

Na Vida Consagrada também está esta aquisição de elevado potencial, do masculino e do feminino, juntos, no verdadeiro termo organizacional como Igreja ao serviço dos outros.

 

 

 

 

AE – A questão do género foi um fator surpresa no estudo?

CL – Para mim foi porque as palavras contam muito, já Heidegger dizia que a “linguagem é a casa do ser” e a expressão Vida Consagrada tem muito que se lhe diga. Para o comum dos mortais, e mesmo para o jovem adulto com a sua agenda muito diversificada soa-lhe a qualquer coisa 

 

que não é habitual e nos ingredientes está esta maior harmonia interior que as pessoas imaginam de muitas maneiras, nos conventos, no serviço aos outros, enfim.

 

AE – Esta era uma resposta aberta?

CL – Sim, a resposta aberta permite perceber isso. A Vida Consagrada tem “qualquer coisa” de muito 

 

 

 

 

interessante, que apetece perceber melhor, porque é composta por esta “desrotina”, disponibilidade que as pessoas vão percebendo. 

Há ainda a ideia que também a reconhece muito que é uma ideia ainda romântica das missões, a total partida e despojamento, isto são contributos muito significativos do que a Vida Consagrada pode dar a celebrar o seu ano à Igreja no seu todo. Falamos de uma forma de ser e viver a religião que tem um outro encanto; há aqui alguma evidência empírica que apenas 4% dos jovens inquiridos diz coisas negativas da ideia que tem sobre a Vida Consagrada. Os restantes jovens estão no desconhecimento, algo que é trabalhável, e entre estas configurações de uma parte da Igreja mais intensa e viva, mais completa.

 

AE – Falava do desconhecimento por um lado, do encantamento pela Vida Consagrada, por outro. Na sua opinião o que precisam os consagrados de fazer para se darem a conhecer e cativar?

CL – A segunda parte do inquérito prende-se com isso, a parte de notícias que são apresentadas e que os inquiridos já conheciam, 70% 

 

 

 

 

 

tinham visto na televisão, o meio mais comum e poderoso. As notícias que são mais memoráveis, as reações positivas que tiveram e uma mudança de imagem da Igreja quase sempre têm grandes histórias por trás, ou seja, histórias contadas por um emissor qualificado, o Papa Francisco. Ou então as histórias que passam, que mexem comigo, são as histórias de vida, os acontecimentos, as ações, não são discursos doutrinários. As coisas mais interessantes ligadas com Francisco ou com a Igreja local são histórias que acontecem com refugiados, pobres ou com coisas que têm a ver diretamente com a vida das pessoas, a família por exemplo, temas muito concretos.

 

 

 

 

 

CL - De facto, o grande tema que as consagradas e os consagrados, já que 90% estão no feminino e isso é quase uma notícia e a uma realidade importantíssima, têm uma coisa muito boa dentro de si: é que têm imensas histórias que viveram e se se dispuserem, se houver enquadramento e aprendizagem no sentido da comunicação, para que essas histórias possam ser partilhadas de maneira significativa para um público interessado, volto a lembrar os 72% interessados, estamos a criar uma ligação muito interessante em o que há para dizer e o que há para ouvir.

 

AE – Que histórias são essas? Testemunhos, episódios ou experiências?

CL – Estamos a falar de experiência, diria eu. A experiência é aberta e pode ‘ter dado para o torto’, pode não ter sido uma delícia de histórias cor-de-rosa, e até caímos muitas vezes nessa tentação. As histórias tradicionais até acabam sempre bem e estes jovens atuais, nova geração, é muito consciente da complexidade, não um mundo de ingénuos, pelo contrário é um mundo cheio de 

 

mundividências e de gente viajada no real e no virtual. ‘Já não pegam histórias da Carochinha’ e, mais do que testemunho, não faz mal contar histórias de interpretação aberta.

Agora a grande questão é: há coisas para contar ou não há? E o curioso na Vida Consagrada é que há! Há muitas… Por exemplo uma das grandes lições que tiramos deste estudo é a força da personalidade, Francisco é uma pessoa concreta, que vem do fim do mundo, que é tão natural que “deseja bom almoço a todos”, algo que não lembrava a ninguém…

Ora o que é mais curioso é que a Vida Consagrada só apareceu porque houve mulheres e homens especiais, os que fundaram os Institutos de Vida Consagrada, que foram contra o seu tempo, tiveram de convencer os poderes para dizer que ali estava uma proposta de valor, uma ideia, uma experiência. Todos os Institutos têm uma coisa que eles gostam de dizer mas depois não atuam em conformidade que são os carismas, coisas poderosíssimas, porque são histórias únicas, de gente única que existiu mesmo. Claro que contadas

 

 

 

 

 

à maneira habitual, cheias de santidade, de linguagem ultrapassada, é evidente “que não passa”… Mulheres muito ricas que deram tudo, homens poderosos que foram mudar de vida, essas metanoias, essas grandes diferenças estão por contar… O grande problema é se não tivéssemos nada para dizer, mas a Vida Consagrada tem!

E vale a pena tirar o máximo partido deste estudo e insisto que a pior coisa que pode acontecer é eu ter um tema para dizer e ninguém querer saber,

 

 mas esta juventude quer. E depois a pior coisa que pode acontecer a seguir é os jovens quererem, eu querer dizer e não ter conteúdo, mas aqui há. É uma combinação de fatores única muito interessante, deste ponto de vista espero que o Ano da Vida Consagrada não feche agora as suas portas administrativamente e que se passe a outro como o Ano da Misericórdia e arquive-se a vida Consagrada, seria lamentável, anti evangélico e anti apostolado. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ano da Vida Consagrada
ajudou a retomar o essencial 

O delegado da Conferência Episcopal Portuguesa para o diálogo com os Institutos de Vida Consagrada faz um balanço positivo do Ano da Vida Consagrada que vai terminar a 2 de fevereiro. Em entrevista à Agência ECCLESIA, D. Manuel Quintas destaca “um ano muito rico” que ajudou cada congregação religiosa do país a “retomar o essencial da sua vida” em linha com o “carisma” e as “opções próprias do seu instituto”.
“Houve várias iniciativas para a celebração deste ano em que procurei estar presente, sempre que era solicitado (…) fizeram-se programas, propostas celebrativas, de convívio, até ao nível temático, de aprofundamento, penso que foi um ano que temos de dar graças a Deus por ele”, salienta o bispo do Algarve.
No lançamento do Ano da Vida Consagrada, no final de 2014, o Papa destacava três pilares que deviam animar a Igreja e todos os religiosos: o testemunho, a profecia e a fraternidade. Para D. Manuel Quintas, “aquelas palavras iniciais” de Francisco ajudaram a reforçar as bases da pretendida renovação da Vida Consagrada.
 
 

Despertaram as comunidades religiosas a crescer num “testemunho que atrai”, pois “o religioso e a Igreja em geral devem crescer por contágio, mais do que através da doutrina que também é necessária”.

A trabalhar também a dimensão da profecia, que “segundo o Papa está na linha do anúncio do Evangelho, do seguimento de Cristo, o coração da Vida Consagrada”. “Os consagrados têm esta missão de quase abanar, despertar quem está assim adormecido, entorpecido ou anestesiado pela vida”, aponta o prelado.
O delegado da CEP para o diálogo com este setor sublinha ainda o desafio do Papa argentino para que, ao longo do último ano, os consagrados trabalhassem a dimensão da fraternidade. Sendo que os religiosos podem dar um sinal muito importante num mundo que caminha “ao sabor” do “individualismo, do isolamento”.
“Um sinal que pode ser resposta para aquilo que o mundo procura, que é esta dimensão de família dos povos, das nações. Nós nascermos para vivermos com os outros e ao serviço dos outros, e não contra os 
 

 

 

outros, é isto que nos realiza”, frisa o responsável católico.
Sobre a situação da Vida Consagrada na Diocese do Algarve, D. Manuel Quintas admite que a realidade das congregações não é fácil, pois só “nos últimos 10 anos fecharam várias comunidades, umas 7 ou 8”. No entanto, mais do que “lamentar aqueles que saíram”, e “não se pode contrariar a realidade e a verdade desses institutos”, muitos deles envelhecidos, é preciso dar graças pelos “que continuam” e pelo “testemunho que continuam a dar”.
D. Manuel Quintas, ele próprio consagrado pela congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos), enaltece ainda o 
 
 
contributo dos irmãos carmelitas na região algarvia. “A sua oração e o testemunho que dão são fonte de bênção para toda a diocese”, frisa o prelado.
No próximo domingo, a Diocese do Algarve vai concentrar todos os consagrados do território na Paróquia de Silves para uma grande celebração comemorativa pelos dons recebidos ao longo deste Ano da Vida Consagrada. “Será também uma ocasião para partilharmos a alegria que nos anima em prosseguir a nossa consagração e a nossa vivência do Evangelho, no seguimento de Cristo, com as dificuldades de todos”, conclui D. Manuel Quintas.

 

A Vida Consagrada no mapa das preocupações durante um ano

O presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) afirmou à Agência ECCLESIA que o Ano da Vida Consagrada deu “visibilidade” aos religiosos e às religiosas de Portugal, colocando-os no “mapa das preocupações durante um ano”.

Para o padre José Vieira, superior provincial dos Missionários Combonianos, as inciaciativas da CIRP, a nível nacional e regional, colocaram “no mapa das preocupações a Vida Consagrada durante um ano”

 

“A vida religiosa em Portugal é muito fecunda em trabalhos concretos, que vão desde a educação, a saúde, a evangelização, a animação missionária, o jornalismo”, referiu o presidente da CIRP, garantindo que em “todas as áreas da vida humana há religiosos a trabalhar, não por espírito profissional, mas para servir as pessoas, sobretudo nos nichos mais necessitados da sociedade”.

A vice-presidente da CIRP, irmã Maria do Sameiro, faz uma avaliação

 

 

 

 

positiva do Ano da Vida Consagrada, referindo que foi uma oportunidade para “olhar o passado com gratidão, abraçar o futuro com esperança e viver o presente com paixão”, como sugeriu o Papa Francisco ao lançar esta iniciativa.

“Foram dimensões que estiveram sempre muito presentes”, sustentou a provincial das Irmãs Hospitaleiras do Coração de Jesus.

Para a Irmã Maria o Ano da Vida Consagrada acrescença “esperança” ao “grande desafio” de continuar o “processo de revitalização” nas diferentes congregações religiosas.

O padre José Vieira, sublinha a necessidade de olhar o futuro a concentrar energias no “desenvolvimento do carisma” e não com preocupações de 

 

“autopreservação”

Os consagrados em Portugal são cerca de 6100, seculares 450, há 99 congregações femininas, 33 masculinas, 19 institutos seculares e 419 pessoas em formação”, referiu o presidente da CIPR.

“Não é muito, mas é um fermento. Nós não vamos morrer pelo menos nesta geração”, adiantou.

O secretario da Conferência Episcopal Portuguesa, padre Manuel Barbosa, o Ano da Vida Consagrada é “para ser continuado” uma vez que a “paixão pelo presente e futuro” de um itinerário de consagração “é um caminho a seguir”.

A Conferência Episcopal Portuguesa vai assinalar o encerramento do Ano da Vida Consagrada no dia 7 de fevereiro, em Fátima. 

 

CIRP dá 23 bolsas de estudos no Congo

A Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal apadrinhou a formação de 23 líderes pastorais na República Democrática do Congo, assinalando o Ano da Vida Consagrada para

Um exemplo: os institutos apadrinharam 23 leigos na república democrática do congo

Através da CIRP, os institutos religiosos em Portugal fizeram 23 bolsas de estudos para 11 irmãs, 5 irmãos e 7 leigos para os preparar para a vida pastoral

 

 

Ano da Vida consagrada

 

Na hora de fazer o balanço deste ano, que por vontade do Papa Francisco, foi dedicado à vida consagrada, devo dizer que foi uma oportunidade feliz para agradecer, refontalizar, conhecer/cooperar e sair.

No que aos Institutos Seculares diz respeito, vivemos o anúncio deste ano com uma esperança enorme que se pudesse deixar de identificar vida consagrada com vida religiosa. Infelizmente isso não se verificou.! Os meios de comunicação em geral, 

 
 

e até mesmo a liturgia, continuam a identificar vida consagrada com vida religiosa. Em tempo privilegiado para a vivência da Misericórdia, propomo-nos “sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo”.

O prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, o Cardeal João Braz de Aviz, no Congresso Mundial de Assis, de 2012, afirmou: “uma das primeiras preocupações que me foram 

 
 

 

  

 

apresentadas como Prefeito, nos encontros com os Institutos Seculares, foi: dentro da Igreja somos pouco conhecidos ou mal conhecidos”. Hoje, e passado este ano, esta afirmação ainda tem fundamento. Penso que na Igreja, como no mundo em geral, sofremos de um problema que é o de confundir o ser com o fazer. Identificamos a vida com as atividades da vida! Essa será uma razão, na minha modesta opinião, para esse desconhecimento que rasa até a falta de interesse por esta vocação. A especificidade da consagração secular, passa muito mais pelo que se é (pelo ser), do que por aquilo que se faz, (pelo fazer). Embora, a finalidade da vocação-missão não esteja fundamentalmente na linha do fazer, mas na linha do ser: sou padre, sou leigo, sou religioso(a), sou profeta, sou missionário... sou leiga/o consagrada/o, dá-se muito relevo às obras, ao que se faz!!! A secularidade consagrada caracteriza-se pela simplicidade de uma relação com Deus e com os outros, muito discreta mas significativa, porque 

 

fundamentada na fé. Esta vocação que nasce e cresce em ambiente de resposta da Igreja à secularização do mundo, afirma a força salvadora do Evangelho para a humanização deste mundo. Queremos atuar dentro do mundo na base da fé em Jesus Cristo para, à maneira de fermento, sal e luz, potenciar que nele se rasguem os novos horizontes próprios dos valores do Reino: justiça, verdade, paz, liberdade, dignidade…

No final deste ano dedicado à vida consagrada sintetizo a nossa missão com uma imagem: a ponte; uma ideia: a vocação do leigo consagrado é do nosso tempo e para o nosso tempo e necessita de homens e mulheres comprometidos a viver no mundo, unindo fé e história, temporal e eterno, graça e natureza, aproximando fé e cultura; um sentimento – a gratidão por ter sido alcançada por Jesus Cristo, na Sua bondade, ternura, proximidade e encanto.

 

Maria do Rosário da Cruz Virgílio, Presidente da Conferência Nacional dos Institutos Seculares em Portugal (CNISP)

 

 

Gramática da Proximidade
entre jovens e religiosos

Os religiosos portugueses conheceram esta semana os resultados de um estudo feito a jovens adultos, o qual revela que entre “72 a 75% está disponível para ouvir”, tendo abertura para o religioso e espiritual. A empresa Ipsos APEME realizou mensalmente 150 entrevistas online a jovens adultos portugueses dos 18 aos 34 anos.

Frei Fernando Cabecinhas, provincial dos frades Capuchinhos revelou que ouviu a exposição “comovido e inquieto” porque sente que deve “mudar um pouco” a partir própria realidade. “Acho particularmente interessante olhar estas realidades não só como a vemos mas como as veem aqueles a quem Deus nos envia a anunciar a alegria do Evangelho”, observa.

Ver como podem chegar “mais aos seus corações e às suas vidas” estando “mais próximo das suas realidades concretas”, é agora o desafio, bem como “as causas assumidas, acentua-se muito as linguagens das novas tecnologias” e até refletir sobre os conventos”: “Onde os temos, onde os devíamos ter”. 

 

Já a irmã Célia Faria, religiosa de Maria Imaculada, considerou os resultados do inquérito aos jovens adultos portugueses “importantes” porque “são muito interpeladores” e provocaram “várias reações” pelas “novidades” que descobriu. “Provocou-me mais esperança ao ver que há um grande potencial que muitas vezes podemos estar a desvalorizar e a não dar importância. Ajuda sobretudo a conhecer mais estes jovens que estão à nossa volta, a repensar a nossa forma de falar, estar com eles e das nossas propostas”, acrescentou a religiosa.

Célia Faria confidencia ainda que “contar histórias não parece tão difícil” mas “muitas vezes” não as sabe aproveitar e analisa: “Na minha educação também este contar histórias foi-me apresentado mas não com esta força como agora. Quando tento transmitir conteúdos mais abstratos noto que os perco, começa a criar-se distância”.

O estudo divulgado em Fátima contemplou também quatro incursões etnográficas trimestrais com consagrados a contextos onde se  

 

 

 

encontram os jovens para observarem que carateriza a juventude. Uma destas saídas foi a um bar no Cais do Sodré, em Lisboa, para conversar, tomar uma bebida e assistir a um concerto de “música alternativa” e, no fim, “mais uma conversinha”, com jovens adultos, “pessoas licenciadas, a trabalhar, com 30 e poucos anos”, que não sabiam que estavam na presença de duas freiras.

“Acabou por ser uma conversa interessante de amigos que se encontram à noite. Conversamos 

 

sobre expetativas das vidas deles, o  que pensam da sociedade, da religião, que colocou-se mais para o fim da noite para não quebrar logo a conversa”, explica a irmã Mafalda Leitão, destacando as “expetativas interessantes e profundas de vida” dos três interlocutores.

A religiosa das Servas de Nossa Senhora de Fátima, que vive no Bairro Alto, revela que o encontro “ajudou a abrir um bocadinho o horizonte” para uma realidade que é familiar mas “sem conseguir dialogar”.

 

 

Caminhos acontecem, vozes chamam

 

Aconteceu um ano de vida consagrada como acontecem as caminhadas dos consagrados pelos caminhos deste mundo e as vozes que chamam.Mil apelos para irem ao encontro de quem é voz. Percorrem caminhos iguais a tantos outros. Na família, no mundo, nas igrejas, escolas e locais de trabalho. Percorrem veredas, estradas, terras, mares e ares como tantos outros, todos: crianças, jovens, adultos e idosos, doentes

 

e sãos, ricos e pobres. E alguns caminham de modo diferente rumo à consagração de quem os consagra.

Uns e outros passam por muitas encruzilhadas, algumas sem sinais visíveis, outras com sinais enganosos; é uma graça quando encontram sinais de sentido pleno. Olham inquiridores, atentos ao sopro da brisa e o sinal de graça pode animar a prosseguir por aqui ou por ali. Ouvem vozes sem conta. A estas respondem 

 

 

 

 

àquelas passam adiante. Ouvem vezes sem fim, vozes de vida plana e vozes de vocação alta. Uns e outros, todos, crianças e adultos, por entre brumas e nevoeiros, por entre réstias de luz percorrem caminhos e veredas. Uns e outros hesitam e duvidam, como toda a gente. Ora decididos ora perplexos tomam o rumo do nascente, do  sul ou do norte, segundo acertam o coração pela bússola de uma voz. Um dia dizem sim a uma direção, a um sentido de vida, visão e ordem de valores que lhes acena. A voz clara chama a ser e agir com diferenças ricas de consagrados e seguem essa voz, visão, outra luz. O seu guia escrito de rota diz que são chamados a ser diferença, a fazer diferença, a ser sal onde não há sabor nem sabedoria sensata nos consumos, uns fartos, outros com fome; a serem luz onde há nevoeiro, escuridão da noite e do dia; a ser sinaleiros onde há perplexidades e angústias de estar perdido. Não são o alvo, só sinaleiros. E dizem sim a essa missão. Pretensão? Orgulho? Não. Resposta a uma visão e uma ousadia que lhe é emprestada. Seguem um guia vivo que lhes passa sinais, palavras e convites e o torna diferentes: sigam e não se perderão e não serão cegos a guiar outros cegos.

 

As vidas consagradas são vidas iguais às dos que percorrem caminhos e veredas; e diferente doutras vidas devido ao único que faz a diferença; são uma visão deste mundo e do que está para além dele, igual e diferente de tantas outras. Vida para ser igual bondade e dar fruto, mas ser e dar fruto com mais seiva e semelhanças com um Homem que se apresentou ser o Caminho, a Verdade e a Vida.

Foi este guia o celebrado neste Ano de Vida Consagrada; celebrado por aqueles que o seguem pelos caminhos da vida e do mundo cheio de encruzilhadas, de perplexidades e de enganos, como toda a gente; celebrado por aqueles que nessas encruzilhadas vêm uma luz diferente e ouvem uma voz diferente a chamar: vinde por aqui. E vão, e se tornam vozes a dizer, também: não queres vir connosco e com Ele? Pelo caminho dele, a verdade dele e a vida dele?

 

Aires Gameiro

Ordem Hospitaleira

de São João de Deus

 
 

 

Cantar a alegria da vida religiosa

 

A Irmã Maria Amélia, religiosa da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição (CONFHIC), tem-se dedicado à evangelização através da música há mais de 35 anos, com nove álbuns já editados. No final do Ano da Vida Consagrada, destaca o trabalho realizado no país, acontecimentos que se destacaram não pela sua dimensão, mas por terem sido momentos 

 

 

“com significado, com profundidade e com proximidade como tanto pede o Papa”.

Em conversa com a ECCLESIA, a religiosa afirma que Colocar os jovens a visitar as comunidades foi “muito importante”, da mesma maneira que foram as caminhadas dos jovens com os religiosos pela cidade.

“Havia muita gente que não se tinha apercebido de que estávamos no Ano 

 

 

 

 

 

 

da Vida Consagrada”, admite.

Das experiências de “evangelização de passagem” pelas ruas ficou com a convicção de que “as pessoas têm uma necessidade imperiosa de serem escutadas”.

Para a irmã Maria Amélia, foi importante dar a conhecer a vida religiosa durante este ano especial, convocado por Francisco. “O Papa teve uma boa pedagogia em fazer o ano da família e o da vida consagrada em paralelo, porque não há vida consagrada sem família. São vocações que se impõem, em que uma vem da outra e bebe da outra”, refere.

O início de um ano santo extraordinário é visto como “um alerta muito grande” para que famílias religiosas sejam “uma porta 

 
 
de esperança”, numa nova atmosfera, para enfrentar com a misericórdia “a superviolência do mundo e a barbaridade a que se assiste diariamente”.

A religiosa sublinha a tónica da “alegria” e da felicidade na vida religiosa que tem sido sublinhada pelo Papa Francisco.

 

Dizer a felicidade

«Dizer a felicidade» foi a música da Irmã Maria Amélia Costa criada com o intuito de servir como meio evangelizador para o Ano da Vida Consagrada. Esta foi a grande motivação da religiosa, quando compôs esta música e coordenou a sua interpretação.

“O que tentei fazer foi pegar numa canção que tivesse a ver não só com a vida consagrada mas também com qualquer vocação”, explica.

O acolhimento entre os mais jovens tem sido muito bom, segundo a religiosa. “Noto que a canção da vida consagrada está por aí”.

 

 

Entre 5 mil jovens “ninguém era estranho”

 

Nuno Pacheco e Daniel Kuoubo são jovens seminaristas da Congregação dos Sacerdotes Coração de Jesus (Dehonianos) e no mês de setembro viveram a experiência de estar em Roma, pela primeira vez, no Congresso Internacional de Jovens Consagrados. Dias de formação, encontro e convívio que ficaram guardados na memória dos dois jovens seminaristas.

A pronúncia denota a origem e a boa disposição é uma maneira de estar de Nuno Pacheco, oriundo de São Miguel, nos Açores. Viveu sempre em contacto com os sacerdotes dehonianos e a vocação “surgiu naturalmente” dando uma cambalhota na sua vida.

 
 

“Vivia ao lado da casa dos padres dehonianos, vi a casa crescer, e eles tomavam conta da minha paróquia; nunca coloquei a hipótese de outra experiência longe dos dehonianos e se não me tivesse cruzado com eles, provavelmente, tinha seguido o negócio da família e estaria agora nas pastagens”, recorda o jovem entre risos. 

Está no 5º ano do seminário e a ida a Roma para o congresso internacional foi uma surpresa e a concretização de um sonho.

“Era uma das viagens de sonho que pretendia fazer e ir lá neste ano da Vida Consagrada foi um gosto.  

 

 

 

Estar em Roma no meio de 5 mil jovens religiosos mexeu comigo, dei conta que não sou o único, vi que muitos outros se sentiram chamados e ali estavam no seu sim diário.”

Foi num ambiente de fraternidade e amizade, onde “ninguém era estranho”, que Nuno Pacheco participou no momento alto, o encontro com o Papa que, ludibriou os jovens ao entrar por outra porta e a todos fez sorrir.

“Impressionou-me a atitude de deixar de lado o discurso e falar de improviso, e o diálogo simples do Papa com os jovens; depois outro momento que recordo foi o caminho dos Mártires, celebrámos a sua memória, ali onde muitos cristãos deram a vida, foi uma experiência muito forte”.

As noites eram de “descontração entre pizzas e gelados” e como jovens que são, a animação era constante, “que muitos italianos passavam e faziam perguntas em relação à vocação e vida religiosa, uma forma diferente de conseguirmos dar testemunho”, salienta o jovem açoriano.

Por seu lado Daniel Kuoubo, natural dos Camarões, perguntava a si mesmo “o que fazer da vida” e foi junto da Congregação do Sacerdotes do Coração de Jesus que foi encontrando resposta. 

“O primeiro contacto com uma comunidade dehoniana ainda me lembro… Não esqueço mais o 

 

 acolhimento que senti naquela casa, por uma pessoa que não conhecia, isso mexeu comigo. E depois o padre Dehon foi-me apresentado de forma simples mas que me cativou”, partilhava de olhar sereno.

Recordando o congresso internacional o jovem de 29 anos levava o encontro com o Papa na sua expetativa mas, estando ao serviço, viveu e sentiu de outra forma.

“Fui solicitado para ir fazer as traduções de Francês para Português e assim vivi o encontro com o Papa, tive de estar nas cabines; mas a emoção permaneceu porque estar a traduzir em direto mostrou-me o que é a disponibilidade para as pessoas, presente no nosso carisma, estava ali disponível para dar o melhor que temos”, explica.

Mesmo das cabines de tradução Daniel Kuoubo não esquece que o que mais o tocou no encontro com o Papa “foi o facto de ele mostrar um amor paterno pelos jovens consagrados”. 

Outro momento importante destacado pelo jovem camaronês, foi a via-sacra, “que mostrou o peso da presença da Vida Consagrada na Igreja e na sociedade contemporânea”, como manifestação pública da fé e onde os religiosos não passam despercebidos.

Momentos marcantes que fizeram renovar a vocação e que, decerto, ficam na memória por muitos anos destes dois jovens seminaristas dehonianos.

 

 

 

 

 

 

 

" MEU DEUS E MEU TUDO " from Alberto Pereira films

 

Um olhar à mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2016 (parte 1)

Irei, esta semana e na seguinte, apresentar uma leitura à mensagem que o Papa Francisco publicou para o dia mundial das comunicações sociais intitulada “Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo“, que este ano se celebra a 8 de maio. Quase todos os parágrafos são dignos de serem destacados e refletidos ponto por ponto. Foi este exercício que fiz e que passo a apresentar. É meu objetivo que esta reflexão sirva para melhor aprofundar a riqueza 

 

do texto lançado no dia 22 de janeiro.

A mensagem começa logo por apresentar a justificação de se falar sobre misericórdia num texto que eminentemente aborda a questão da comunicação. E a razão é muito simples: estamos a viver o Ano Santo da Misericórdia que nos convida “a refletir sobre a relação entre a comunicação e a misericórdia”! Por isso tudo “aquilo que dizemos e o modo como o dizemos, cada palavra e cada gesto deveria poder expressar a compaixão, a ternura e o perdão de Deus para todos”. Se esta compaixão é sinal de amor, então “o amor, por sua natureza, é comunicação: leva a abrir-se, não se isolando”. Mais forte ainda se torna essa nossa comunicação, “se o nosso coração e os nossos gestos forem animados pela caridade, pelo amor divino”.

De seguida, somos chamados a comunicar com todos sem exceção, pois “como filhos de Deus, somos 

 

 

 

 

chamados a comunicar com todos, sem exclusão” (…) “para que Jesus seja conhecido e amado”.

Por outro lado o papa Francisco chama a atenção para o poder da comunicação, à semelhança do que já fez em mensagens anteriores. Pois as “palavras e ações hão-de ser tais que nos ajudem a sair dos círculos viciosos de condenações e vinganças que mantêm prisioneiros os indivíduos e as nações, expressando-se através de mensagens de ódio”. E é aqui é lançada a primeira ponte para o contexto digital, quando é afirmado que “isto acontece tanto no ambiente físico como no digital”, sendo que “a palavra do cristão visa fazer crescer a comunhão e, mesmo quando deve com firmeza condenar o mal, procura não romper jamais o relacionamento e a comunicação”.

Um facto interessante e que me chamou a atenção particularmente foi a frase de Shakespeare que é citada: «A misericórdia não é uma obrigação. Desce do céu como o refrigério da chuva sobre a terra. É uma dupla bênção: abençoa quem a dá e quem a recebe» (O mercador de Veneza, Acto IV, Cena I). Portanto ” a misericórdia 

 
é capaz de implementar um novo modo de falar e dialogar”.
No início do sexto parágrafo é chamada a atenção para o poder da comunicação e é-nos pedido que nunca se deve expressar “orgulho soberbo do triunfo sobre um inimigo”, nem humilhar “aqueles que a mentalidade do mundo considera perdedores e descartáveis”. Portanto a forma e o estilo da nossa comunicação deve ser “capaz de superar a lógica que separa nitidamente os pecadores dos justos”. Sendo certo que “podemos e devemos julgar situações de pecado – violência, corrupção, exploração, etc. –, mas não podemos julgar as pessoas, porque só Deus pode ler profundamente no coração delas”. Porque “só palavras pronunciadas com amor e acompanhadas por mansidão e misericórdia tocam os nossos corações de pecadores. Palavras e gestos duros ou moralistas correm o risco de alienar ainda mais aqueles que queríamos levar à conversão e à liberdade, reforçando o seu sentido de negação e defesa”.

 

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

A memória de D. Albino Cleto

 

O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente apresentou o livro “D. Albino Cleto – Memórias de Uma Vida Plena”, assinado pelo jornalista José António Santos e publicado pela Paulinas Editora.

Os nove capítulos da obra revelam muitos detalhes, até agora desconhecidos, da vida, ação apostólica e espiritualidade do prelado, que foi bispo auxiliar de Lisboa durante 15 anos – de 1983

 

 

a 1997 – e bispo de Coimbra entre 2001 e 2011, além de ter desempenhado vários cargos na Conferência Episcopal Portuguesa, de que foi secretário e porta-voz.

A investigação de José António Santos remonta a 1895 para situar as origens, família e o despertar da vocação de D. Albino Cleto, prosseguindo com a sua passagem pelos seminários, a ordenação sacerdotal e as missões que lhe foram confiadas, entre 

 

 

 

as quais a de responsável pela paróquia de Nossa Senhora da Lapa (Basílica da Estrela), em Lisboa.

As mais de 550 páginas deste volume, que incluem uma centena de fotografias, abrangem também as responsabilidades que assumiu após ter sido ordenado bispo, primeiro em Lisboa e depois em Coimbra, terminando com uma coletânea de textos em que se  destacam os temas da arte, património, inculturação da fé, liturgia e diálogo inter-religioso.

O traço mais destacado da vida do prelado não será, todavia, o itinerário repleto de ocupações multifacetadas ao serviço da Igreja, mas a sua humanidade simples, serena e humilde, como sublinha o atual bispo de Coimbra, no prefácio do livro: «Na tentativa de definir o traço fundamental da pessoa de D. Albino Cleto, ocorre-me a expressão bíblica “passou pelo mundo fazendo o bem”».

«De entre as pessoas que conheci, algumas caracterizam-se pelas realizações que protagonizaram, outras pelas palavras que proferiram ou pelas obras materiais que perpetuam no tempo o seu nome. Mais raro é encontrarem-se pessoas que deixam atrás de si um rasto de bondade que permanece na memória daqueles com quem partilharam a  

 

grandeza do seu coração», escreve D. Virgílio Antunes.

D. Albino Cleto «dedicou a minúcia da sua atenção a cada um, o cuidado paterno com todos como se, efetivamente, de filhos se tratasse, a sentida preocupação com os sofredores e a alegria partilhada com os mais felizes, o rasto da sua genuína bondade», salienta o bispo de Coimbra.

«A publicação desta biografia, no Ano Santo da Misericórdia, é uma feliz coincidência, a que também podemos apelidar de sinal indicador da sua figura como exemplo e testemunha da misericórdia de Deus encarnada na vida do homem, do cristão e do bispo. A sua palavra, o seu gesto e o seu modo de ser na relação próxima e amiga deixaram indelevelmente impressos em muitos os vestígios da misericórdia do Pai», declara D. Virgílio Antunes, que sucedeu a D. Albino Cleto.

Paulinas Editora

 

 

II Concílio do Vaticano: Cardeal Cerejeira «informava» Oliveira Salazar

 

 

Durante o II Concílio do Vaticano (1962-1965), o cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira escreveu várias missivas ao chefe de governo da altura, António de Oliveira Salazar, sobre a magna assembleia que marcou a vida da igreja no último século. Logo em 1962, o bispo de Lisboa agradeceu a presença de Mário de Figueiredo, na qualidade de presidente da Assembleia Nacional, que chefiou a delegação portuguesa presente na abertura do concílio.

“Quanto à instalação dos prelados, foi nossa intenção desde a primeira hora instalarmo-nos todos juntos. Por falta de quartos no Colégio Português, teve de se recorrer também à Casa das Hospitaleiras Portuguesas. Apenas o de Portalegre [D. Agostinho Moura] e o do Porto [D. António Ferreira Gomes] ficavam de fora, o de Portalegre na casa da sua Congregação do Espírito Santo”. (In: Rita Almeida de Carvalho; «António de Oliveira Salazar – Manuel Gonçalves Cerejeira – Correspondência 1928-1968»; Lisboa, Temas e Debates – Círculo de Leitores; pág 292)

Ao longo desses anos, a correspondência entre o Patriarca de Lisboa e António de Oliveira Salazar foi abundante e versou diversas temáticas: desde a política nacional a assuntos mais de âmbito eclesial. Numa missiva enviada a 15 de novembro de 1963, o cardeal português confessa que escrever sobre o II Concílio do Vaticano “exigiria muito espaço”, mas “não te oculto as preocupações causadas por certas intervenções e sobretudo pela exploração feita por certa imprensa”. Na mesma carta, o cardeal Cerejeira informou que 

 

 


 

 

o Papa Paulo VI iria visitar a Igreja de Santo António dos portugueses (17 de novembro de 1963) e que tinha “sido muito amável para com Portugal”. (Obra citada anteriormente, pág 295).

Após a visita do Papa Montini à referida igreja, António Oliveira Salazar escreveu um telegrama ao cardeal Cerejeira onde considera que foi uma “grande honra para a nação portuguesa”. No mesmo documento, António de Oliveira Salazar deseja as melhoras ao seu amigo porque este lhe confessou que iria extrair “pólipo ulcerado no recto” na Clínica 

 

Salvator Mundi (Roma). A operação não decorreu na capital italiana, mas em Lisboa, no Hospital de Jesus.

Depois do anúncio da «polémica» visita do Papa Paulo VI ao Congresso de Bombaim, assunto que o cardeal Cerejeira informou, numa extensa carta de 16 de outubro de 1964, Oliveira Salazar, o patriarca de Lisboa escreveu nova missiva (18 de outubro) onde escreveu que “este facto contrista-nos a todos nós portugueses”. Documentos históricos durante o período conciliar.

 

 

 

janeiro 2016 

30 de janeiro

. Lisboa -Jornadas Corais de Música Sacra promovidas pela Escola Diocesana de Música Sacra do Patriarcado de Lisboa

 

. Portalegre - Jornadas Diocesanas da Família subordinadas ao tema «Família e Misericórdia – Desafios Atuais»

 

. Évora - Igreja do Salvador - Encerramento da exposição de presépios «Nasceu Jesus» de Delfim Manuel

 

. Algarve -Jubileu dos Catequistas e celebração do Dia Diocesano dos Catequistas

 

. Braga - Centro Apostólico do Sameiro - Retiro sobre  «Recebe e oferece a Misericórdia» destinado a agentes da Educação Cristã e orientado pelo padre Manuel Morujão

 

. Braga – Famalicão -  Encontro arciprestal de catequistas em Famalicão com o tema «Catequista: Missão e Misericórdia»

 

 
Leiria – Biblioteca - Encerramento da exposição de artes plásticas sobre o movimento escutista católico e o seu contributo para a educação das crianças e jovens da região de Leiria

 

Coimbra - Seminário dos Dehonianos, 10h00 - Ação de formação de animadores vocacionais promovido pelo Secretariado Diocesano das Vocações

 

Aveiro - Seminário de Aveiro, 15h00 -  Workshop sobre «Leitura orante da Bíblia» orientado pelo padre João Alves

 

Beja - Da Igreja do Seminário à Igreja de Santa Maria, 15h00 -  Peregrinação jubilar da Vida Consagrada

 

Leiria - Marinha Grande (Igreja de Picassinos) 19h00 - Mostra de sopas a favor da remodelação da iluminação da Igreja de Picassinos

 

Lisboa - Sintra (Centro Comunitário da Paróquia do Algueirão), 21h00 - Encontro sobre «Chamados a proclamar os altos feitos do Senhor» no contexto do Oitavário de oração pelos cristãos

 

 

 

 

 

31 de janeiro

. Dia Mundial dos Leprosos

 

Lisboa - (Museu de Lisboa - Santo António) - Encerramento da mostra de presépios tradicionais portugueses com estrutura em escada

 

Algarve - Jubileu dos Consagrados

 

Évora - Igreja do Carmo, 09h00 - Bênção das pastas dos finalistas de enfermagem por D. José Alves, arcebispo de Évora

 

Aveiro - Salão das Florinhas do Vouga, 15h00 - Encerramento do Ano da Vida Consagrada com conferência sobre «Viver a Misericórdia» proferida pelo padre Carlos Carneiro

 

Viseu – Sé, 16h00 - Ordenação episcopal de D. Nuno Almeida

 

Porto - Salesianos do Porto, 16h00 - Lançamento do livro «Aprender a perdoar» da autoria do padre Rui Alberto e Sofia Fonseca com apresentação de D. Carlos Ximenes Belo

 
01 de fevereiro

Porto – UCP - Jornadas de Teologia sobre  «Do Deus da misericórdia à misericórdia de Deus» (até 04 de fevereiro)

 

Fátima - Casa Domus Carmeli - Ação de formação sobre «Pintura e Iconografia» promovida pelo Secretariado Nacional dos Bens Culturais

 

Aveiro - Tomada de posse da direção da Cáritas Diocesana de Aveiro com a presença de D. António Moiteiro

 

Lisboa - Capela do Rato, 18h15 - Sessão do ciclo «Os filósofos também falam de Deus» dedicada a Santo Agostinho e orientada por Henrique Noronha de Galvão

 

Lisboa - Igreja do Sagrado Coração de Jesus, 21h00 - Vigília de oração pela Vida Consagrada

 

02 de fevereiro

Santa Sé - Extração do número vencedor da «lotaria» de beneficência

 

Fátima - Reabertura da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

 

 

 

 

 

 

O novo auxiliar da Arquidiocese de Braga, D. Nuno Almeida, vai ser ordenado bispo este domingo, pelas 16h00, na Sé de Viseu. A nomeação do Papa Francisco foi anunciada a 21 de novembro.

 

 

A 31 de janeiro assinala-se o Dia Mundial dos Leprosos. A Igreja Católica apresenta esta celebração como uma boa ocasião para a prática da caridade junto dos doentes e necessitados.

 

 

No dia 1 de Fevereiro vai decorrer a 2ª sessão da Ação de Formação "Inventário de Bens Culturais da Igreja: análise, identificação e classificação". Dedicada ao tema "Pintura e Iconografia", os respetivos módulos serão lecionados pelos professores Nuno Saldanha e Marco Daniel Duarte.

 

 

O núcleo regional do Porto da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa vai debater a misericórdia, numa perspetiva teológico-pastoral, nas suas jornadas, entre 1 a 4 de fevereiro, no campus Foz.

 

 

A Basílica de Nossa Senhora do Rosário, em Fátima, vai reabrir ao culto no próximo dia 2 de fevereiro, às 11h00, numa Eucaristia presidida pelo Bispo diocesano, D. António Marto, que incluirá a dedicação do altar.

 

 

 

 

 

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 13h30

Domingo, 31 de janeiro - Ao serviço das famílias. O projeto de monsenhor Alves Brás nos dias de hoje

 

RTP2, 15h30

Segunda-feira, dia 01 - Entrevista sobre o Ano da Vida Consagrada com a irmã Maria do Sameiro e o padre José Vieira

Terça-feira, dia 02 - Informação e entrevista sobre o Dia do Consagrado com o padre Manuel Barbosa

Quarta-feira, dia 03 - Entrevista ao reitor do  Santuário de Fátima sobre o programa das comemorações do Centenário das Aparições

Quinta-feira, dia 04 - Informação e entrevista sobre os Bens Culturais da Igreja com Sandra Saldanha

Sexta-feira, dia 05 - Entrevista de análise à liturgia de domingo com o cónego António Rego e padre Vitor Gonçalves.

 

Antena 1

Domingo, dia 31 de janeiro - 06h00 - Dia Mundial dos Leprosos - APARF e Mãos Unidas

 

Segunda a sexta-feira, 01 a 05 de fevereiro - 22h45 - Vida Consagrada: o estudo com Carlos Liz; Consagrados da diocese de Setúbal; seminarista dehoniano Nuno Pacheco; Irmã Maria Amélia Costa e o hino do ano; seminarista dehoniano Daniel Kuoubo

 

 

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano C – 4.º Domingo do Tempo Comum

 
 
 
 
 
 
 
Sem caridade, que somos nós?
 

A Palavra de Deus neste quarto domingo do tempo comum convida-nos a refletir sobre o caminho do profeta: caminho de sofrimento, solidão e risco, mas também caminho de paz e esperança, porque é um caminho onde Deus está. Na peregrinação da vida cristã, que só pode ser na fé e na caridade, vale para nós a mesma presença de Deus em relação a Jeremias: «não temas, porque Eu estou contigo para te salvar». Deus forma Jeremias desde o ventre materno, escolhe-o e consagra-o como profeta. No Evangelho, Jesus aparece como o grande profeta, desprezado pelos seus, mas que «passou pelo meio deles e seguiu o seu caminho». É o mesmo caminho do Pai, que nos ama e quer salvar.

A segunda leitura parece desenquadrada desta temática: fala da caridade ou do amor, desinteressado e gratuito, apresentando-o como a essência da vida cristã. Parece desenquadrada, mas não é bem assim, porque o profeta só pode ser guiado pelo amor e nunca pelo próprio interesse. Só assim a sua missão fará sentido.

Fiquemos uns instantes neste belíssimo texto de Paulo, tão conhecido como hino ao amor ou à caridade. É uma das suas páginas mais célebres, em que o apóstolo nos indica «um caminho superior a todos os outros»: não o caminho do amor-paixão nem do amor-amizade, mas o caminho do amor-caridade, da agapè. Para falar deste amor, em vez de dar definições, Paulo utiliza 15 verbos de ação: ter paciência, servir, não invejar, não se vangloriar, não se orgulhar, etc. Este hino só pode elevar-nos, mesmo inflamar-nos. São 15 dinamismos ou atitudes de vida no amor.

Procuremos ler todo o texto, isto é, a forma longa 

 

 

 

 

 

 

 

proposta na liturgia. Muitas vezes, na proclamação das leituras, ficamo-nos pelas formas breves. Se calhar para ganhar tempo. Mas depois estica-se o tempo em extensas homilias, por vezes fora de tom, e em exaustivos avisos paroquiais. E corta-se o tempo da Palavra. Oxalá que isso não aconteça, sobretudo na leitura de hoje. Se ficarmos pela forma breve, acolhemos o essencial: se não tiver amor, nada sou! Mas perdemos o desenvolvimento da mesma essência: como não deve ser e como deve ser a caridade, que é o máximo de tudo, mesmo acima da fé e da esperança. A 

 

fé é prioritária, mas a caridade tem a primazia. Afinal, sem amor, que somos nós? Sem caridade, nada somos!

Uma sugestão final: podemos reler o capítulo 13 da Primeira Carta aos Coríntios, substituindo «caridade» por «Cristo». Deste modo, podemos ver como anda em concreto o nosso caminho profético centrado no amor de Cristo. Que somos nós, sem caridade? Mas sem Cristo, que somos nós?

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

Um jubileu de reconciliação entre irmãos

O Papa apelou no Vaticano à reconciliação entre irmãos desavindos, como um sinal da vivência do ano santo extraordinário da Misericórdia, no qual pede também atenção a quem é oprimido ou perseguido. “Penso nos muitos irmãos que se afastaram numa família e não se falam. Bem, este Ano da Misericórdia é uma boa ocasião para reencontrar-se, abraçar-se e perdoar-se, sim? Esquecer as coisas más”, disse, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, na audiência geral.

Prosseguindo o ciclo de catequeses sobre a misericórdia na Bíblica, 

 

Francisco comentava uma passagem do livro do Êxodo, sobre a experiência dos israelitas no Egito. “A misericórdia não pode ficar indiferente perante o sofrimento dos oprimidos, o grito de quem é submetido à violência, reduzido à escravidão, condenado à morte. É uma dolorosa realidade que aflige todas as épocas, incluindo a nossa, e que nos faz sentir impotentes, muitas vezes”, assinalou.

O Papa afirmou que “o Deus de misericórdia” não desvia o olhar do sofrimento humano e toma conta “dos pobres, dos que gritam o seu desespero”.

Nesse sentido, convidou os católicos

 

 

 

 

 

 

a ser “mediadores de misericórdia” no ano santo extraordinário (dezembro de 2015-novembro de 2016), “para se aproximarem, para dar alívio, para fazer unidade”. “A misericórdia de Deus age sempre para salvar. Completamente ao contrário da obra dos que agem sempre para matar, por exemplo os que fazem as guerras”, acrescentou.

No final da catequese, Francisco convidou todos a “abrir o coração” para chegar a quem precisa “com as obras de misericórdia”.

Já nas saudações aos peregrinos, o Papa saudou os de língua árabe, em particular vindos do Iraque e do Médio Oriente. “Deus não fica em silencia diante do sofrimento e do grito dos seus filhos, diante da 

 

injustiça e das perseguições, mas intervém e oferece, com a sua misericórdia, a salvação e o socorro”, afirmou.

Francisco cumprimentou também os peregrinos de língua portuguesa, especialmente os fiéis de Brasília e São José dos Campos. “Que nada nem ninguém possam impedir-vos de viver e crescer na amizade de Deus Pai; mas deixai que o seu amor vos regenere sempre como filhos e vos reconcilie com Ele e com os irmãos”, desejou.

O Papa vai voltar à Praça de São Pedro este sábado para a primeira das audiências públicas extraordinárias que vão decorrer mensalmente por ocasião do Jubileu da Misericórdia.

 
Roteiro para a Quaresma

A Diocese de Viana do Castelo divulgou o roteiro para a Quaresma de 2016, no qual convida a ‘Abrir a Porta da Misericórdia!’ às Obras de Misericórdia, que vão ser refletidas em cada domingo, em família e comunidade, e promovidas na “prática da vida.” 

 

 

 

 

Cristão condenado a trabalhos forçados na Coreia do Norte

O preso “036”

Natural do Canadá, Hyeon Soo Lim foi preso na Coreia do Norte quando desenvolvia trabalho humanitário. Acusado de conspirar contra o regime, foi agora condenado a prisão perpétua com trabalhos forçados. Isolado de todos, nem a Bíblia pode ler.

 

A vida mudou completamente para Hyeon Soo Lim. No início do ano passado, a família perdeu o contacto com ele, depois de Soo Lim ter iniciado mais uma viagem até à Coreia do Norte, onde desenvolvia regularmente trabalho humanitário em nome da Igreja Presbiteriana da Coreia. A ausência de notícias não augurava nada de bom e o pior veio mesmo a revelar-se apenas algumas semanas mais tarde: Hyeon estava detido. Mas porquê? Algo de estranho se teria passado. Afinal, este cristão, de 60 anos de idade, nascido na Coreia do Sul mas com cidadania canadiana, ia com alguma frequência ao mais hermético país do mundo onde a sua Igreja era responsável pela construção de um orfanato e de lares para idosos. Acusado de “actos

 

contra o Estado”, foi condenado a prisão perpétua com trabalhos forçados.

 

Incomunicável

Agora, sabe-se, o preso “036” é obrigado a abrir buracos nos terrenos do campo de concentração onde se encontra, durante oito horas por dia. Está incomunicável e nem um exemplar da Bíblia – que pediu às autoridades – lhe deram ainda. Desconhece-se quantos cristãos estão presos na Coreia do Norte. Considerados como “inimigos” do Estado, os Cristãos não podem, em momento algum, revelar qualquer prática religiosa, sob risco de poderem ser presos de imediato. No entanto, há sinais, embora ténues, de que o povo Coreano não esqueceu as suas raízes cristãs, apesar da tenebrosa perseguição de que é alvo. Um relatório recente do Governo dos EUA dá conta da existência de “inúmeros casos de membros de Igrejas clandestinas presos, maltratados, torturados ou mortos devido às suascrenças religiosas”. A Fundação AIS também tem denunciado isso nos 

 

 

 

seus relatórios, colocando a Coreia do Norte como o país do mundo onde é mais arriscado alguém assumir a sua fé em Jesus. Haverá, actualmente, talvez 200 mil presos em campos de concentração do regime de Pyongyang. Alguns, uns milhares, são cristãos. A descoberta de um simples exemplar da Bíblia em casa é suficiente para que toda a família seja deportada para um desses campos de concentração.

 

Igreja clandestina?

O regime é impenetrável. Em inquéritos realizados junto de refugiados que conseguiram escapar do país, há indícios de que, na região fronteiriça com a China, haverá uma Igreja clandestina. Hyeon Soo Lim não é o único cristão estrangeiro preso pelo regime de Pyongyang. Nos últimos dias o mundo ficou a saber também da detenção de Kim Dong Chul, um norte-americano, assim como de pelo menos mais dois cidadãos sul-coreanos, presos sob a acusação de espionagem. Um deles, Kim Kuk-gi, de 60 anos, foi detido por “espalhar propaganda religiosa em igreja clandestina”. A Coreia do Norte tem igualmente nas suas prisões o missionário sul-coreano Kim Jeong-wook, condenado em Outubro de 2013 a trabalhos forçados quando   

 

procurava dar abrigo e alimentos a norte-coreanos que tentavam abandonar o país pela fronteira com a China.

 

Verdadeira razão

Talvez esta seja a verdadeira razão para a prisão perpétua de Hyeon Soo Lim. Nunca se saberá realmente. Mas é bem provável que nas suas muitas viagens até à Coreia do Norte este missionário tenha procurado ajudar as comunidades cristãs que, embora clandestinamente, continuam a manter viva a chama da fé. Soo Lim está agora preso num campo de concentração. É obrigado a trabalhar arduamente durante oito horas por dia, apesar da sua débil condição física. Ninguém sabe como ele está. No entanto, seguramente, o preso “036” não tem dúvidas de que no mundo inteiro há milhares de pessoas que rezam por ele. E também por todos os norte-coreanos que arriscam a vida só por se manterem fiéis a Cristo.

Paulo Aido

www.fundacao-ais.pt

 

 

Espiral de violência

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Todos os dias ouço pais e filhos a queixar-se do tão falado ‘bullying’, essa violência que tira do sério quem quer um ambiente social e escolar de serenidade.

Mas, a verdade é que tudo no mundo parece cheirar a violência. Se abrimos um jornal (ou olhamos a primeira página), lá aparece a notícia de um atentado, de roubos, violações, mortes à facada, ameaças de bomba. Se ligamos qualquer canal televisivo em hora de telejornal, lá vêm as notícias da mesma qualidade, calibre e temática. Se consultamos um site, o panorama é igual. Se decidimos fazer um jogo de computador, raros são os que não metem uns tiros, uns bombardeamentos, uns murros, uns choques entre carros ou aviões.

Claro que, o ambiente real ou virtual onde nos mexemos está carregado de violência. Quer queiramos quer não, este dado revela que ninguém passa ao lado de uma mentalidade marcada pelo conflito, pelo choque, pelo ataque, pelo desrespeito pelos outros. Estas situações têm lugar nos estádios de futebol, nas ruas, nas empresas e escritórios, nos espaços comerciais, nas famílias e nas escolas.

A violência que acontece no seio das famílias é dramática, porque acontece à porta fechada. Muitas vezes, os familiares atingidos por outros familiares preferem remeter-se ao silêncio com vergonha ou medo de represálias. É uma das realidades mais dolorosas da vida de muita gente por esse mundo além e as autoridades têm muita dificuldade de intervir no quadro legal para pôr fim a esta barbárie.

 

 

 

 

 

Luso Fonias

 

Nas escolas, há um aumento acentuado de casos de violência, envolvendo alunos, professores, funcionários, pais e outras pessoas que circulam dentro da área das escolas ou nas suas imediações. Apontam-se muitas razões, mas todas elas carecem de qualquer lógica. Entre alunos, há sinais preocupantes de aumento de violência, sendo o ?bullying? uma expressão muito utilizada para exprimir as ameaças e agressões praticadas por quem se sente mais forte e, de forma indigna, humilha e violenta colegas que ficam marcados, física e psicologicamente,
 
 para longos tempos. Por vezes, as marcas ficam para o resto da vida, levando mesmo á depressão e ao suicídio.

A gravidade destas e doutras formas de violência levanta questões de educação que é importante tomar a sério. O compromisso por mais respeito pelas pessoas e seus direitos deve constituir preocupação das autoridades, instituições e famílias. Há que investir nas relações saudáveis em todas as escolas e espaços onde o objetivo é crescer na dignidade, no conhecimento e na cidadania responsável.

 
 
 

?Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC ? Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.?

 

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