04 - Editorial:

       José Tolentino Mendonça

06 - Foto da semana

07 - Citações

08-11 - Nacional

12- Opinião

       D. António Marcelino

14 - A semana de

       Margarida Duarte

16-25 - Entrevista - Adriano Moreira

26-35 - Dossier - Papa Francisco
             30 dias de Pontificado

36: Espaço Ecclesia


 

 

38-41 - Internacional

42 - Cinema

44 - Multimedia

46 - Estante

48 - Vaticano II

50 - Agenda

52 - Liturgia

54 - Programação Religiosa

55 - Por estes dias

56 - Fundação AIS

 

 

 

Foto da capa: Radio Vatican
Foto da contracapa:  Agência Ecclesia

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
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Opinião 

 

 

 

É preciso «repor a autenticidade
na Igreja»

Entrevista a Adriano Moreira sobre o pontificado do Papa Francisco

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Bispos alertam para crise demográfica

Conclusões da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa

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Francisco tomou
posse da cátedra
romana

Semana do Papa marcada também pela receção a  Ban Ki-moon

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António Marcelino | Guilherme d'Oliveira Martins | Susana Laranjeira | Eduardo Cintra Torres Fernando Soares 

 

 

 

 

 

O magistério da bondade

José Tolentino Mendonça
 

O escritor americano Mark Twain assinou esta frase certeira: “A bondade é o idioma que o surdo ouve e o cego vê.” Um mês passado da eleição do Papa Francisco, talvez essa frase, melhor do que outras, nos possibilite a compreensão da expectativa primaveril que percorre agora a Igreja, e vai até para além dela. Que temos visto? Nada de extraordinário, de sistemático ou de espetacular, devemos de dizer. O primeiro mês é uma medida de tempo naturalmente escassa. O Papa mal teve tempo tempo de “aterrar” na complexa realidade que lhe está confiada e grande parte dos atos que cumpre, está a realizá-los pela primeira vez, com tudo o que isso significa. Por isso, com um mês de pontificado, ainda não vimos quase nada. Mas, temos também de reconhecer, que o modo como este mês decorreu marca desde já um estilo. O enorme entusiasmo que a sua personalidade tem despertado, reside fundamentalmente aí: no estilo. É pouca coisa? De modo algum. Num recente estudo, intitulado “O cristianismo como estilo”, o grande teólogo Christoph Theobald explica como é o estilo que evita a redução do cristianismo à abstração de um sistema, mostrando a vida cristã como maneira singular e profética de habitar o mundo.

 

 

 

 

 

O estilo é o léxico da profecia. O estilo inspira. E o estilo do papa Francisco interpela tanto (e tantos) por ser isto: um despojado e paterno magistério da bondade. A bondade que é uma essencial gramática cristã e humana. Todos a entendem.
Na entrevista que os jornalistas Sergio Rubin e Francesca Ambrogetti fizeram ao então cardeal Bergoglio, e que foi agora publicada em Portugal,

 

podemos ler esta confissão, que diz muito sobre o estilo do Papa Francisco: “hoje é fundamental o diálogo ético, mas de uma ética com bondade. Tenho pânico dos defensores de uma ética sem bondade”.  Toca-nos muito que o sucessor de Pedro sinta que a forma evangélica de tocar o coração humano é a bondade.    

 

 

 

 

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"... quero dizer a todos os portugueses
que o Governo não aceita aumentar mais impostos."

(Pedro Passos Coelho, na declaração ao país a 7 de abril de 2013)

 

 

  

"Ao tomar conhecimento da morte de Margaret Thatcher, o Presidente da República manifesta o seu profundo pesar à Família enlutada e ao povo do Reino Unido.Mulher de princípios e de convicções, teve uma carreira política notável, onde afirmou a sua forte liderança à luz dos valores em que acreditava e com base numa enorme determinação e coragem pessoal.”
(Aníbal Cavaco Silva)

 

Continua a haver sinais de predomínio de um sistema que privilegia a riqueza e os próprios cristãos deverão ser capazes de agarrar este momento social, mais até do que político e económico-financeiro, para verdadeiramente se envolver nas questões sociais mas de uma forma que deverá ser de estreita colaboração, cooperação e articulação.
(Cáritas Portuguesa, nota sobre os 50 anos da encíclica Pacem in Terris)

 

 

 

 

 

 

 

“Foi, no dinamismo do Conclave, uma autêntica surpresa do Espírito Santo e está a surpreender mesmo aqueles que o elegeram.”
(D. José Policarpo)

 

O mundo em que vivemos, especialmente a hora de crise que atravessamos e que atinge tantas pessoas e famílias, pede-nos gestos criativos e acções concretas de partilha e de fraternidade.
Convido toda a Diocese a viver e a multiplicar este milagre da solidariedade humana e da caridade cristã que levará a cada uma das famílias carenciadas e às instituições de solidariedade social o aconchego dos nossos dons. “Um dia vou dar…Hoje é o dia!”
(D. António Francisco dos Santos)

 

 

 

Bispos apelam a consensos
perante circunstâncias especiais

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) apelou hoje à criação de “consensos básicos” na sociedade perante a crise que atinge o país, lembrando as circunstâncias “especiais” da situação económica e social.

“Os bispos apelam aos nossos governantes e a todos os responsáveis políticos e sociais para que tenham muito em conta as circunstâncias especiais da crise que atravessamos, quer pela grande dependência externa quer pela profunda mudança política e económica do mundo em geral”, assinala o comunicado final da assembleia plenária da CEP, que se iniciou na segunda-feira.

D. José Policarpo, presidente do organismo máximo do episcopado, disse aos jornalistas que se vivem “momentos absolutamente excecionais” e sustentou que “numa crise como a que Portugal atravessa, todos os intervenientes deviam ser capazes de pôr o interesse de Portugal à frente de tudo”.

 

O cardeal-patriarca de Lisboa admitiu que têm sido apresentadas alternativas que “não são credíveis”, mas disse que o desafio de convergência não é só para “as oposições” e deve questionar também quem governa.

“Enquanto as soluções de Portugal forem vistas na dialética de deitar governos abaixo, de interesses partidários, não vamos longe”, realçou o presidente da CEP.

O organismo máximo do episcopado católico assinalou, em comunicado, que a situação do país requer “grande disponibilidade para superar divergências legítimas e encontrar consensos básicos, dando prioridade ao bem comum da sociedade, com particular atenção aos mais pobres e aos desempregados”.

A mensagem manifesta sentimentos de “solidariedade e compromisso com todos os portugueses”, bem como “a certeza duma presença eclesial ativa na resposta aos graves problemas que a todos afetam”.

 

 

 

 

 

Nota pastoral


A Conferência Episcopal aprovou as seguintes linhas de ação pastoral comum, no devido respeito das diferentes identidades: reconhecer o primado da graça e necessidade de uma nova mentalidade; viver em comunhão para a missão, que é de todos e para todos; testemunhar a fé revitalizada; fomentar iniciativas de iniciação cristã e de formação; ser Igreja aberta ao mundo; comprometer se com as iniciativas pastorais em curso.

Nota Pastoral «Promover a Renovação da Pastoral da Igreja em Portugal»
 

 

 

   

 

 

Bispos alertam para crise demográfica

Os bispos católicos de Portugal, reunidos em Fátima, aprovaram uma carta pastoral na qual alertam para os efeitos da “crise demográfica” no futuro do país.

“A crise que atravessamos também é reflexo da crise demográfica: numa sociedade em envelhecimento, as despesas públicas serão cada vez maiores” e as receitas “cada vez menores”, referem os prelados, num documento intitulado ‘Dar força à família em tempos de crise’.

A nota dos bispos sustenta que, neste cenário, o financiamento do Estado “há de ser cada vez mais problemático”, pelo que pede “medidas fiscais” que promovam o emprego dos mais jovens e “facilitem a conciliação entre o trabalho e a vida familiar”.

O padre Manuel Morujão, secretário da CEP, apresentou o documento aos jornalistas e disse que a crise demográfica é determinada por vários

“fatores”, incluindo uma “mudança cultural” que faz prevalecer o “bem-estar” sobre a “generosidade”.

 

 

“O contributo decisivo para vencer a crise demográfica situa-se no plano da cultura e da mentalidade: há que superar o cansaço moral e a falta de confiança no futuro”, refere a nota pastoral, frisando que “a vida é um dom que compensa todos os sacrifícios”.

O texto alude ainda à importância das relações familiares: “A crise económica e social que o nosso país atravessa vem evidenciando a riqueza que representa a família. Tem sido a solidariedade familiar, que se traduz em solidariedade entre gerações, em muitos casos, o primeiro e mais seguro apoio de quem se vê a braços com o desemprego ou a queda abrupta dos rendimentos”.

 

 

 

Pontificado consagrado
a Nossa Senhora de Fátima

O pontificado do Papa vai ser consagrado a Nossa Senhora de Fátima a 13 de maio no santuário da Cova da Iria, cumprindo o pedido que Francisco dirigiu ao cardeal-patriarca de Lisboa. De acordo com o gabinete de imprensa do Santuário, a decisão foi tomada pelos bispos portugueses, que desde segunda-feira estão reunidos em assembleia plenária que decorreu em Fátima.

“O Papa Francisco pediu-me duas vezes que consagrasse o seu novo ministério a Nossa Senhora de Fátima. É mandato que posso cumprir no silêncio da oração. Mas seria belo que toda a Conferência Episcopal se associasse à realização deste pedido”, afirmou D. José Policarpo, presidente do organismo máximo do episcopado, no discurso de abertura do encontro.

A consagração vai ser inserida na programação da peregrinação internacional de 12 e 13 de maio, presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal D. Orani Tempesta, adianta o Santuário de Fátima.

 

A peregrinação decorre 96 anos após a primeira aparição da Virgem Maria a Lúcia e aos beatos Francisco e Jacinta, a 13 de maio de 1917.

D. José Policarpo e o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, dirigiram convites ao Papa Francisco para que este visite Portugal, tendo como pano de fundo o centenário das aparições, que se celebra dentro de quatro anos.
 

 

Renovação na Igreja
e Conferências Episcopais

D. António Marcelino

Bispo Emérito de Aveiro

 

Não se pode esperar que a renovação na Igreja seja obra de uma só pessoa, mesmo que ela seja o Papa. Este vai abrindo horizontes e indicando caminhos. Quem está no terreno vê-se agora mais estimulado, pois não lhe faltam referências sérias para poder agir.

A Igreja tem presente que Cristo e o seu Evangelho, bem como a realidade eclesial e social são as referências normais, enriquecidas pelo Vaticano II, pelo magistério e experiência dos que vão fazendo caminho, nas mudanças sociais e culturais que tocam as pessoas e as suas vidas. As estruturas pastorais nunca são definitivas, mas podem tornar-se ineficientes e até prejudiciais, quando não há coragem de se lhes tocar. A sua razão é servir as pessoas e as comunidades. Os agentes de renovação estão no terreno, ocupados e preocupados em agir no melhor sentido, com os problemas eclesiais e sociais a queimar as suas mãos.

Com base em iniciativas de alguns países, o Vaticano II criou, em toda a Igreja, as Conferências Episcopais “onde os bispos exercem juntos o seu múnus pastoral para conseguirem o maior bem que a Igreja proporciona aos homens, sobretudo pelas formas e métodos de pastoral, convenientemente adaptados às circunstâncias do tempo e do lugar”. São instituições permanentes, com o estatuto

 

 

 

próprio e órgãos de apoio, chamadas a renovar e abrir caminhos pastorais novos. 

Desde o início, a Cúria Romana não viu com bons olhos uma instituição que diminuía o seu poder sobre os bispos e as dioceses, e, ao arrepio da vida e das orientações conciliares, aumentou os poderes dos núncios. Um deficiente sentido de comunhão com o Papa e a submissão acrítica às instâncias romanas, fez de muitas Conferências Episcopais pouco mais que simples assembleias de bispos submissos, sem influência na renovação pastoral do país. A autonomia das dioceses não favorece a necessidade  de um elenco de prioridades, nem a maneira de as levar à prática. Além de documentos de valor, que não têm faltado entre nós, urgem iniciativas válidas, que não

  fiquem pelo caminho. Não se toca nas estruturas pastorais, tal como está previsto, serviços e estruturas necessários não passam em todas as fronteiras e a influência da Conferência, no conjunto nacional, é mínima. Apenas ficam em cena as dioceses que mais têm e podem, e que, normalmente, são intocáveis, mesmo nos problemas que afetam os vizinhos e outros sem olhar aos direitos do Povo de Deus. Sem as grandes dioceses que defendem os seus feudos, nada se pode fazer.

O novo Papa, com longa experiência neste campo, nem sempre jubilosa, espevitará, assim espero, as Conferências Episcopais para um melhor serviço concreto à Igreja nos países então dependentes de Roma no dia a dia.

 

 

30 dias bem preenchidos

Margarida Duarte

Agência Ecclesia

 

Pela primeira vez vivi enquanto jornalista as emoções da eleição de um novo Papa. A expectativa era grande e quando o nome de Mario Bergoglio foi anunciado confesso que não o conhecia bem. Comecei do zero a investigar sobre a sua vida na Argentina, o seu pensamento e o que tinha feito, dito e escrito até então como arcebispo de Buenos Aires.

O nome escolhido, inédito até então, agradou-me de imediato e depressa percebemos que a escolha não foi apenas teórica, também na prática Francisco tenta todos os dias, tal como Francisco de Assis, com pequenos atos e palavras de apelo à união e à paz imprimir na Igreja, simplicidade e preocupação para com os mais pobres, para com os mais necessitados.

 

O último mês passou muito rápido, muitas peças já escrevi sobre o Papa Francisco, marca a atualidade quando fala, quando improvisa ou quando amigavelmente se despede de todos com um simples “Bom Almoço”, no final das orações do Angelus.

 

Francisco presidiu pela primeira vez às celebrações da Páscoa. Penso que ficará na história o momento em que, na Quinta-feira Santa, celebrou missa num centro de detenção para menores nos arredores de Roma. Aí lavou os pés a 12 jovens de várias nacionalidades e religiões, incluindo duas

 

 

 

 

 

raparigas. Poucas imagens temos desse momento, mas no pouco que podemos ver fica a imagem de um sacerdote simples, comovido e preenchido por estar junto daqueles jovens a dar-lhes esperança e alento para uma vida melhor.

 

Muitas imagens ficam deste primeiro mês, é sempre bonito ver a forma sincera como ele, ao percorrer a Praça de São Pedro, quebra o protocolo de segurança e se dirige aos fiéis, beijando-os e abraçando-os, como fica genuinamente feliz por encontrar compatriotas argentinos que lhe oferecem a camisola do seu clube do coração e do qual é sócio, o San Lorenzo.

 

No último mês ouvi, li e vi tudo o que o Papa Francisco fez, foi um mês cheio e espero que assim continue, não custa nada trabalhar assim… É um gosto poder ouvir as suas palavras, estar sempre à espera da próxima novidade, do próximo gesto que surpreenderá tudo e todos. Um mês passou e fica a forma simples e humilde com que Francisco consegue chegar a tantas pessoas crentes e não crentes.   

 

Por cá, os políticos podiam aprender com o exemplo do Papa Francisco que quer uma “igreja pobre e para os pobres”. Também o governo português se devia preocupar mais com os pobres, cortar duma vez por todas nos custos supérfluos e beneficiar os que mais necessitam.

 

 

 

 

Francisco tem por missão
«repor a autenticidade na Igreja»

 

Há um mês, o mundo era surpreendido com a eleição do Papa Francisco. Sobretudo com os gestos com que inaugurou o seu pontificado. Atitudes luminosas para tempos sombrios, que geram expectativas crescentes para crentes e não crentes, analisados pelo professor Adriano Moreira.

 

 

Agência Ecclesia – Pelo que aconteceu ao longo do primeiro mês, pelas surpresas que foi introduzindo, o que se pode esperar do pontificado do Papa Francisco?

Adriano Moreira – Fiquei surpreendido, sim. Mas ficaria muito mais surpreendido se não tivesse sido eleito para Papa uma pessoa com a formação, a experiência e o perfil do cardeal Bergoglio. Porque estamos a viver uma época de completo desprestígio e decadência do Ocidente.

Uma das razões, que tem sido pouco referidas, diz respeito à alteração da ordem em que o Ocidente vivia pelas duas Guerras Mundiais (foram chamadas mundiais, pelos seus

  efeitos, mas de facto foram guerras civis). Com isso, mudou a regência imperial dos ocidentais, originando um novo relacionamento entre todas áreas culturais marcado pelo facto de, pela primeira vez na história da humanidade, todas as áreas falam em liberdade, incluindo a liberdade política.

Esta circunstância tem tido reflexos muito severos em relação ao Ocidente, designadamente a Europa, a que é preciso somarmos os erros dos governos (terem mais fé nas estatísticas do que nos valores, por exemplo), provocando uma deslocação da fronteira da pobreza, que ainda no século passado estava ao Sul do Saara, para o Norte do

 

 

 

 

Mediterrâneo. Parece que está a renascer a fronteira do limes romano: somos países do Império atingidos pela fronteira da pobreza.

Por outro lado, a própria organização legal do projeto europeu, na sua maioria parte devida à democracia cristã que praticamente desapareceu da organização política europeia, não está a ser observada em muitos aspetos. São poderes de facto que estão a intervir. Um exemplo é o G20 (que mais me parece G2 mais 18) que não tem nenhuma cobertura legal. Também não sabemos onde estão os centros que determinam a estrutura financeira, com uma subordinação à ganância que era punida pelos códigos penais dos paíes ocidentais…

A eleição deste Papa recai sobre um homem que tem a experiência dos países que já eram pobres, estavam na área da pobreza.

 

                                                                               

 

 

AE – Capaz, por isso, de enfrentar os desafios com que a Europa se vê atingida?

AM – Penso que sim.

É um dos únicos que, com a experiência da sua vida e a intimidade que, por causa disso, tem com a regência do Vaticano é certamente um homem muito habilitado a julgar esta situação do mundo.

 

AE – Também por ser da América Latina?

AM – Também por isso.

O continente americano, sobretudo a América do Sul, passou por experiências terríveis ao longo da sua história, nomeadamente da fé cristã que inquietaram o Vaticano. Por exemplo a Teologia da Libertação. Recordo Camilo Torres, que não se sabe se morreu a combater se abençoar, com os motivos que tornou públicos em relação ao seu país. Embora padre, como sempre se manteve, concluiu que a estrutura injusta do seu país só poderia ser modificada pela violência. Tudo são experiências que tiveram expressão em mais do que um purpurado da América Latina.

 

 

 

Eu acredito no
poder da palavra
que este Papa tem.

 

 

 

 

AE - Também neste Cardeal Bergoglio? A sua formação está assente na Teologia da Libertação?

AM – Eu não digo que esteja baseada, mas certamente não desconhece os factos, a importância que teve.

Eu conheci o padre Boff, da Universidade de Petrópolis. Pareceu-me sempre um homem sincero, como o irmão. As fórmulas que adotou, que inquietaram o próprio Papa João Paulo II, podem ter sido imprudentes, mas a sua autenticidade nunca a pus em dúvida. Como a do Camilo Torres. E os cristãos estão sempre preparados para isso: apesar da autenticidade, caem em erros. E isso pode ter acontecido.

 

 

 

 

 

 

AE – Que alcance terá a escolha do nome, Francisco?

AM – Eu vi a notícia com emoção. São Francisco é um santo de grande devoção (lembro-me sempre que dançou diante do Papa quando aprovou os estatutos da ordem, revelando consciência do mundo difícil e pobre em que vivia mas sempre com alegria em relação ao futuro). Tenho reparado que ele está a dar sinais extremamente importantes.

 

 

AE – Acha por isso que o Papa Francisco é capaz de provocar as mudanças que são necessárias?

AM – Eu acredito no poder da palavra que este Papa tem.E quando digo a palavra incluo o gesto, a atitude pessoal, o comportamento. Tudo faz parte do poder da palavra. E até agora tenho visto que se mantem fiel.

O bispo que veio do fim do mundo assumiu-se em primeiro lugar como bispo de Roma. E age como tal.

 

 

 

AE – Os gestos que caraterizaram o primeiro mês do pontificado não serão só simpáticos… 

Não considero, pelo contrário.

Para sermos ajudados a raciocinar sobre a circunstância que estamos a viver, temos de distinguir no cristianismo Cristo da Fé (ou se acredita ou não), o Cristo da História (onde é possível a discussão e a 

 

controvérsia honesta) e a autoridade do Vaticano. E neste momento, não existe como deveria harmonia entre  estes. O Vaticano está a ser objeto de ataques fundamentados, que é precisoenfrentar com coragem. Porque faz parte da própria doutrina: é preciso aceitar a queda e não perder a esperança nem a vontade de reparar os danos causados.

 

 

 

 
Os relatórios devem ser tão exigentes quanto a autenticidade.

 

 

O Papa tem mostrado uma total compreensão pelas circunstâncias de pobreza que os povos estão a enfrentar; tem uma compreensão completa de que é absolutamente necessária a autenticidade, a identificação entre a doutrina e a ação, o que implica uma coragem enorme para retificar erros, aceitá-los e combatê-los para repor essa autenticidade.

Por outro lado, a simplicidade com que Francisco, neste momento, põe em evidência que a qualidade de Papa está relacionada com o facto de ser bispo de Roma, é uma das demostrações de apego aos princípios, à autenticidade e à simplicidade que acreditam a voz.

Uma das coisas que faz falta ao Ocidente, neste momento, são lideranças autênticas, são as “vozes encantatórias”, que fazem semear a esperança.

 

AE - As reformas que têm de acontecer na Cúria Romana impõem-se por causa de relatórios sobre escândalos, por que existem suspeitas sobre o banco do Vaticano?

AM - Para fazer comentários sobre isso é preciso conhecer o relatório. E nós não o conhecemos.

 

AE – Mas são esses relatórios que devem motivar as reformas ou a procura do espírito de autenticidade?

AM – Os relatórios devem ser tão exigentes quanto a autenticidade. O pouco que sabemos (e é preciso não ceder às facilidades do

“comentarismo”, pelo menos entre os que pertencem à Igreja Católica) e pela decisão do Papa Emérito, a

exigência é tremenda. Só isso justifica o ato de humildade que é renúncia à responsabilidade e qualidade de Papa. E dizendo porquê: não se sente com forças para enfrentar o desafio.

Imagino, portanto, que o desafio deve ser enorme, embora não o possa medir. Sei que a referência, em palavras breves, é a autenticidade.

 

 

   

 

Cristo expulsou os vendilhões do templo,
não os levou para lá. 

 

AE – O Vaticano precisa de ter um banco?

AM – Acho que não. Cristo expulsou os vendilhões do templo, não os levou para lá.

Se há alguma coisa preocupante neste momento é o desconhecimento dos centros financeiros, além da crise nos centros políticos. E o envolvimento do Vaticano, o tal terceiro elemento que referi, nestes sistemas não é o mais indicado. E é bem provável que

venham decisões do Papa Francisco sobre esse setor. Mas é melhor não fazer futurismo…

 

AE – Mas será necessário uma nova atitude diante da administração dos bens?

AM – Pelas notícias que temos, o

 

 

 

 

 

sistema de gestão, o tal terceiro ponto que é o Vaticano, vai exigir uma grande intervenção reformadora e uma grande autoridade pessoal.

 

AE – E este Papa tem-na?

AM – Tem que ganhá-la! Porque há uma coisa que dificilmente os

governos aceitam: a diferença entre o poder que a lei confere e autoridade que se ganha. A legitimidade do exercício é aquela que domina qualquer intervenção, não a adquirida pelo cargo. A legitimidade do exercício é imediatamente a medida da intervenção. Não é, por isso, tanto o poder que interessa, mas a autoridade.

A rapidez da eleição, o reconhecimento da crise europeia do ponto de vista dos valores religiosos e o entendimento de que a pobreza é hoje o grande desafio dão força. E assumindo como prioridade o regresso à autenticidade, o Papa vai ganhar uma autoridade extraordinária!

 

 

 

 

AE – Como analisa o mediatismo deste pontificado?

AM – Ainda é cedo para fazermos um juízo sobre isso.

AE – Em todo o caso, este Papa cria empatia com os meios de comunicação social.

AM – Sim. Faz parte da capacidade de ganhar a autoridade. Mas ele precisa – e vai ter – cuidado com a manutenção dessa imagem de simplicidade para que a imagem criada pelos meios de comunicação social não o venha a prejudicar. Isso aconteceu com os Estados da atualidade.

A invenção do Estado espetáculo afastou o governo dos povos. E hoje vemos as sociedades civis a desconsiderarem completamente a autoridade que deveriam reconhecer nos governos.

Uma boa relação do Papa com os meios de comunicação é absolutamente fundamental para que a imagem corresponda «exatissimamente» à autenticidade que ele introduz no exercício do encargo que assumiu.

 

 

O Papa não vai dispensar a autenticidade…

AE – Uma análise, agora, a algumas afirmações que o Papa Francisco foi fazendo com insistência. Desde logo o desafio de que a Igreja deixe de ser autorreferente, avançando para as periferias, não só geográficas mas sobretudo existenciais.

AM – Tem absoluta razão! É evidente que, neste momento, a Igreja Católica tende para minoritária na Europa.

Verificamos, designadamente no Portugal católico, a distinção entre o crente que pratica e os que declaram que são não praticantes, mantendo no entanto a referência. 

É cada vez mais crescente o número de pessoas que negam a referência, numa Europa responsável pela evangelização mundial. Torna-se, assim, muito evidente que o Cristianismo é um elemento da esperança dos pobres.

 

AE – Essa também uma preocupação que o Papa tem afirmado…

AM – Com um colega a dizer-lhe “não te esqueças dos pobres”. Direi que foi

 

lembrança, mas talvez desnecessária... Penso que esse espírito, de atenção 

aos pobres e de evangelização, tem de chegar a todos os países. Em Portugal, nomeadamente, já apareceu um documento, um livro do D. Manuel Clemente “Para a Nova Evangelização”, que é necessário ler nesta altura. Há outras intervenções de vários bispos, mas documento sistematizado, tentando definir a situação portuguesa, encontra-se neste livro.

 

AE – Uma outra prioridade, afirmada nos dias destes pontificado, é a pastoral e não a burocracia. Que mensagem é essa para quem está no governo da Igreja?

AM – É o poder da palavra! Não são as inquietações financeiras que devem preocupar o Papa. Tudo isso faz parte do regresso à autenticidade. Ele próprio, pela simplicidade de vida que está a adotar, diz como entende o relacionamento do poder da palavra com a burocracia, incluindo a financeira.

 

 

 

AE – Outra preocupação, desde a primeira hora, é o cuidado pela criação. Decorre também do nome que assumiu para o seu pontificado?

AM – Isso é indiscutível. Olhamos com à-vontade para esta “nave” em que vivemos e organizarmos a utilização dos recursos não renováveis, não reparando que quando descobrirmos uma nova energia de recursos não renováveis só estamos a adiantar para mais longe um desastre porque o critério continua a ser o mesmo. Deveríamos ter mais atenção à criação, à casa comum de todos os homens que é a Terra. Isso é urgente e necessário porque o primeiro objetivo dos povos que pela primeira vez falam com liberdade na comunidade internacional é ter um desenvolvimento igual às potências dominantes. E, portanto, com os mesmos erros.

A doutrinação que diz respeito à casa comum, que é a terra de todos os homens, implica um assento muito severo entre as áreas culturais. E portanto entre as religiões. Muitas vezes medito naquela certeza de que se não houver paz entre as

 

religiões não haverá paz no mundo. Isso implica a busca do paradigma comum, que também já deu problemas hierárquicos à Igreja, mas que é indispensável.

 

AE – As muitas diferenças que este Papa introduz podem induzir tendências cismáticas na Igreja?

AM – O consequencialismo é sempre imprevisível e, neste momento, impossível. Juízos de probabilidade são uma audácia e os de possibilidade devem manter no nosso espírito a dúvida se não virá a acontecer outra coisa.

A única solução é manter a autenticidade. Porque o consequencialismo é difícil de prever. E o Papa não vai dispensar a autenticidade…

 

 

 

Simplicidade e esperança

Guilherme d’Oliveira Martins
 

A simplicidade de que o novo Sumo Pontífice deu provas é já um sinal fecundo. Como nos diz a etimologia, precisamos de construir novas pontes. Há muito trabalho a realizar. Agora é de novo oportuno ousar. Exige-se compromisso e partilha de responsabilidades, alegria e esperança, exemplo e experiência, atenção e cuidado. Mais do que todas as surpresas, o que importa é responder aos desafios muito fortes e intensos perante os quais a Igreja Universal se encontra. Precisamos de sinais concretos de paz e de justiça. Os perigos acumulam-se onde menos se esperam. Em lugar da indiferença, devemos ser capazes de ser e agir. Somos todos chamados à atenção e à coragem. Há assim bons motivos de esperança. Neste primeiro tempo de Pontificado gostaria de salientar cinco elementos que nos permitem começar por aferir um novo espírito que o Papa Francisco assumiu, com inesperadas consequências de excelente recetividade. Em primeiro lugar, a importância de ser alguém que vem de fora da Europa e de isso significar uma nova forma de ver o universalismo não apenas nas palavras, mas na atitude e nos atos. Em segundo lugar, a humildade de S. Francisco de Assis, referida a cada passo, em lugar da distância ou do formalismo, características de sociedades mais tradicionalistas. Em terceiro lugar, a proximidade das palavras dirigidas ao coração de todos e não apenas dos cristãos, de todas as

 

 

 

pessoas de boa vontade. «A paciência de Deus deve encontrar em nós a coragem de regressar a Ele, qualquer que seja o erro, qualquer que seja o pecado da nossa vida». O Papa Francisco tem, assim, apelado à capacidade de nos compreendermos uns aos outros e de darmos respostas concretas às solicitações que nos são feitas pelos irmãos, em lugar da indiferença e da desatenção. Em quarto lugar, uma atitude ecuménica, quer no diálogo inter-religioso quer no respeito da liberdade religiosa, no entendimento de que só haverá paz entre os povos, as nações e os Estados se houver paz entre as religiões. A crise económica e de valores, que hoje vivemos, obriga a cuidar dos riscos que corremos respeitantes à violência, à guerra e à proliferação de poderosos conflitos desregulados.

 

Em quinto lugar, devemos recordar a importância dada pelo novo Papa à dignidade da pessoa humana, em nome da liberdade, da responsabilidade, da igualdade, da não exclusão (vimo-lo no beijo à criança com dificuldades). São exemplos de atenção, de cuidado, de presença! E se vivemos a crise e a provação, se precisamos de sobriedade – eis que o Sumo Pontífice nos diz que a atenção e o cuidado, o exemplo e a experiência são exigências para os cristãos. «Para Deus não somos números; somos importantes, antes somos o que Ele tem de mais importante; apesar de pecadores, somos aquilo que Lhe está mais a peito». É pois tempo de dizer que os cristãos precisam do mundo contemporâneo e o mundo contemporâneo precisa da Boa Nova!

 

 

Com espírito franciscano

Ir. Susana Laranjeira, Ifhic

 

 

A minha passagem por Roma, por motivos de estudo, proporcionou-me um maior contacto com a Igreja Mãe, onde pude vivenciar alguns momentos que jamais poderei esquecer. Quando nos encontramos em Roma, por um tempo determinado, as oportunidades são para não se perder. O Conclave foi uma destas oportunidades que marcou para sempre a minha vivência de fé na Igreja.

O momento era esperado com muito entusiasmo, desde as 10 horas da manhã até às 19,05, momento da saída do fumo branco. A explosão de alegria da multidão presente na Praça de S. Pedro revelou a fé que nos movia, a comunhão que nos unia, a curiosidade de conhecer o novo Bispo de Roma. Houve palmas, gritos, sorrisos plenos de alegria que encheram o meu coração e o da multidão de cristãos ali presentes.

Jorge Mário Bergoglio não era um nome esperado, como inesperado era o nome Francisco.

Ao ouvir pronunciar o nome Francisco, o meu coração explodiu ainda mais com aquela alegria franciscana que me fez pensar de imediato em S. Francisco de Assis.

Papa Francisco explicou o porquê da escolha do nome: «os pobres, os pobres…. as guerras… a beleza da criação». «Francisco é o homem que nos dá este espírito de paz, o homem pobre... Ah, como eu queria uma Igreja pobre e para os pobres!». Sim, teria de ser Francisco, o nome

 

 

 

deste jesuíta de coração tão franciscano! Na celebração do Domingo de Ramos, o Papa Francisco reforçava como é importante «ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos». Papa Francisco começa já a revelar, deste modo, que no programa do seu pontificado, haverá uma atenção especial aos mais pobres, à paz, ao respeito pela criação.

Vão chegando notícias de escolhas que revelam quanto ele deseja uma vida simples e sóbria nas coisas pessoais: vestes, paramentos, insígnias (renuncia à cruz e ao anel de ouro). Explica que o único poder que recebeu é o poder do serviço, por isso se relaciona com todas as pessoas como um simples irmão. Na Quinta-feira

 

Santa, lavou os pés dos jovens reclusos, tal como Francisco de Assis se aproximou dos leprosos e a todos tratou como irmãos. Um apelo para a sociedade de hoje, na qual o poder é visto mais como uma forma de superioridade do que como um serviço para o bem comum. Papa Francisco exorta à alegria, principalmente os jovens: “E vós (jovens) não tenhais vergonha da sua Cruz; antes, abraçai-a, porque compreendestes que é no dom de si, no sair de si mesmo, que se alcança a verdadeira alegria».

Assim, poderemos falar de uma verdadeira «reforma» da Igreja: a que toca o coração de cada homem de hoje, numa nova cultura e em novas formas de viver a fé na Igreja.

 

 

Francisco I: condições únicas
na frente mediática

Eduardo Cintra Torres

 

Há três atitudes jornalísticas hegemónicas a respeito da Igreja. Uma resulta da confluência da cultura anglo-americana (fundada mais em questões institucionais do que doutrinárias) e da herança jacobina na Europa continental (mais doutrinária). A anglo-americana chega a Portugal pela preponderância das agências noticiosas internacionais, dos grandes canais de notícias e de jornais em língua inglesa; a herança jacobina chega por força de parte do republicanismo vencedor no início do século XX e pela importância das ideologias revolucionárias durante todo o século. Um país que vive revoluções nunca mais é o mesmo, apesar de ultrapassado o período revolucionário.

Uma segunda atitude jornalística hegemónica a respeito da Igreja resulta da cultura nacional. Favorável ao catolicismo e suas manifestações, esta atitude aumentou com a TV privada e o objetivo de máxima audiência. Se a esmagadora maioria da população se reclama católica, canais em concorrência fazem TV para uma audiência... católica. Os canais de TV estão sob escrutínio minuto a minuto. Se o povo quer missa, dá-se-lhe missa. O povo devolve audiência.

Qual a terceira atitude hegemónica nos media de massas? Eles tendem a preferir o que favorece as sua próprias características:

 

 

 

empatia, sorrisos, palavras simples, bom humor, ligação direta com a audiência. Apliquemos retrospectivamente este critério a João Paulo II e, por contraste, a Bento XVI. Apesar de o agora papa emérito ter posições que, em teoria, poderiam agradar mais à atitude hegemónica anglo-americana e de herança jacobina, enquanto as posições de João Paulo II eram mais conservadoras, a popularidade mediática do papa polaco varreu facilmente as posições ideológicas, enquanto a indiferença de Bento XVI aos fenómenos de popularidade mediática lhe valeram uma oposição sistemática dos media de massas, muito embora as suas posições ideológicas fossem de maior abertura do que as do seu antecessor.

O papa Francisco correspondeu, em palavras e gestos, à própria maneira de ser dos media de massas. Todos os importantíssimos sinais verbais e não-verbais dados pelo papa nos primeiros dias — dias em frente das câmaras, em frente do mundo — corresponderam a essa atitude.

A eleição do papa Francisco originou uma anestesia da primeira atitude

 

 

 

 

jornalística hegemónica. Apesar de vasculhado, o seu passado nada “deu” de “polémico”. O papa não correspondeu aos modelos que essa atitude gostaria de veicular: veio de fora do continente “opressor”, a Europa; tem ideias de abertura da Igreja e de empenho na ligação aos pobres e desprotegidos (escrevi há cerca de uma década, no Público, que esse era o único caminho possível para a Igreja crescer no mundo pós-moderno).

Assim, Francisco reúne condições únicas para avançar com o pontificado contando com a anestesia da primeira atitude e a empatia das duas outras atitudes hegemónicas dos media. Mas terá de agir rapidamente se quiser aproveitar esta unanimidade.

 

 

Epifania de procedimentos

Fernando Soares

Bispo da Igreja Lusitana (Comunhão Anglicana)

 

Embora considere as decisões e gestos do Papa Francisco sobre vestes e cerimoniais  visivelmente inovadores, relativamente ao passado, parece-me ser demasiado cedo para uma avaliação consequente.

No entanto, permito-me a referência a dois aspetos que relevo de grande importância.

Um primeiro, a concomitância dos dois papas, Bento XVI e Francisco, está a trazer à Igreja Católica Romana uma epifania de procedimentos que têm vindo a alterar de modo indelével, espera-se, a frieza do cargo papal.

Bento XVI, com a renúncia ao seu cargo, trouxe às mentes e à Igreja uma marca de humanidade na pessoa do Papa que pode contribuir decisivamente para a tão necessária transformação das estruturas eclesiais. Por outro lado, Francisco, neste início de pontificado, tem continuado e até aprimorado tal dimensão através de gestos e palavras que procuram expressar uma particular atenção à ação pastoral do cargo. Repare-se na afetividade com que se relaciona com as pessoas e os mais desfavorecidos e doentes; o ar carinhoso como afagou aquela criança com doença mental profunda. Ainda, o seu pedido ao povo para que orassem por ele a fim de que Deus o abençoasse para depois abençoá- los a eles, foi para mim um prenúncio duma manhã pascal no contexto da Igreja Católica Romana. Isto é, cada um dos

 

 


 

Papas, à sua maneira, contribuiu já para uma visão mais fresca da função papal, talvez o caminho para um novo modo de estar que se pode vir a refletir na ação do Papa como um verdadeiro e efetivo “primus inter paris”.

Um segundo aspeto, a autenticidade das atitudes. As pessoas estão órfãos de verdade e compromisso e, em tempo de grandes mudanças, reclamam dos líderes um exigente testemunho de autenticidade. Ora, creio ser essa a virtude que os fiéis católicos e o próprio mundo esperam se concretize no Papa Francisco. O que pode mudar muito – e tudo, até – no contexto atual é a
autenticidade nos atos e nas palavras

  e, dessa forma, a restauração, por assim dizer, da utopia cristã na vidadas pessoas. Ora, desde o primeiro momento visível do seu pontificado, Francisco, com os seus gestos tem vindo a dizer às gentes que é um homem como nós, que na sua função papal está ao serviço de Deus para as pessoas e ao serviço destas no anúncio da misericórdia e do amor de Deus.

Na verdade, o Evangelho é o do Deus encarnado, do Deus que o homem pode tocar, do Deus que nos ama e nos acompanha, que nos compreende e nos aceita tal como somos. É a isto que somos chamados, como Igreja Cristã, qualquer que seja a confissão. Espero e oro para que o mesmo se realize no papado de Francisco.  

 

 

Patriarca elogia Papa surpreendente

 

A recente eleição do Papa Francisco foi, no dinamismo do Conclave, uma autêntica surpresa do Espírito Santo e está a surpreender mesmo aqueles que o elegeram. Do seu ainda curto pontificado ressaltam algumas linhas de força que, inevitavelmente, nos interpelam no nosso ministério pastoral:

* O Bispo de Roma, que é Sucessor de Pedro, é um Pastor. O seu poder não se compreende à luz dos poderes deste mundo. As multidões precisam de ser amadas, atraídas pelo amor do Bom Pastor. Nesse amor, carregado de alegria e de ternura – logo no início falou-nos da importância da ternura na nossa relação pastoral – dá um lugar privilegiado aos pobres, aos marginalizados, a todos os que sofrem. Foi muito claro ao afirmar que o modelo de Igreja que o atrai é uma Igreja pobre, ao serviço dos pobres.

* Teve a ousadia de traduzir essa sua visão de Igreja nos símbolos exteriores da grandeza do ministério Petrino: a simplicidade no vestir, a renúncia às joias preciosas, escolher viver num sítio onde a convivência, em Igreja, seja dado fundamental.

* A predileção pelos jovens.

* Uma afirmação clara da atualidade do espírito conciliar, relativizando tensões e correntes, atualizando a esperança de João XXIII numa primavera da Igreja, que há de florir a partir das sementes do Concílio.

 

 

 


 

Este Papa é um sinal de esperança. Não deixar morrer a esperança já é sua mensagem explícita. Isso significa reformas inevitáveis na vida da Igreja? Com certeza. Toda a gente fala na reforma da Cúria; ele ainda não falou. Mas já deu para perceber a linha que seguirá:

* Trata-se de conduzir esse grande serviço do ministério do Papa à sua verdade e à sua funcionalidade. Corrigir algo que também sentimos nas nossas Dioceses que é dar prioridade à vitalidade pastoral, não deixando que a burocracia administrativa tome o primeiro lugar. No caso da Cúria Romana a sua reforma tem de ser feita revalorizando a doutrina do Concílio Vaticano II sobre a colegialidade dos Bispos e a justa autonomia das Igrejas

 

particulares. Esta reforma não pode ser feita a partir de erros e escândalos, concentrados num tão falado relatório. Os erros são para corrigir, as pessoas para converter. A Igreja será sempre o lugar da conversão e do perdão. E ele próprio já nos lembrou dois aspetos centrais: Deus perdoa amando; só não se abre ao perdão quem recusa o amor. E Deus perdoa sempre; nós é que podemos cansar-nos de lhe pedir perdão.

Estejamos abertos às exigências da surpresa. Também nas nossas estruturas diocesanas há muito que mudar, à luz dessa prioridade pastoral da Igreja.

D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

 

Humanização, reformas e visão do sul serão marcas no pontificado de Francisco

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma vivência pastoral na Argentina e os gestos de proximidade e simplicidade que indicam uma “humanização do papado” são sinais apontados como marcas de Francisco e do próximo pontificado.

“O nome que o Papa escolheu indica claramente um programa de despojamento material por um lado mas também de afastamento do poder e influência que por vezes a Igreja deseja ter”, explica o jornalista António Marujo ao programa Ecclesia, num balanço do primeiro mês do pontificado de Francisco, que se assinala a 13 de abril, a acompanhar no próximo domingo na Antena 1.

Sobre as reformas que Francisco poderá realizar o jornalista afirma não ser isso o mais importante: “se ele vai abrir a porta a questões como o celibato dos sacerdotes, a ordenação das mulheres, a plena comunhão dos divorciados, questões cujo debate tem estado bloqueado no interior da Igreja, não se sabe, mas já fez uma coisa mais importante que é colocar-nos a falar sobre esses assuntos”.

O vaticanista Octávio Carmo relembra que o tempo para “rezar e refletir” que Bergoglio disse necessitar antes de fazer alterações nos dicastérios da Cúria Romana, decidindo por isso reconduzir os responsáveis, é sinal de que “há uma dimensão pastoral e espiritual que ele quer marcar às suas decisões”.

 

 

 

A vaticanista Aura Miguel vê o novo pontificado como um “arejamento” e a proximidade como uma “vantagem” que cria “disponibilidade para as pessoas se surpreenderem” com Francisco.

“As pessoas entusiasmam-se com a faceta humana do Papa, mas ele é muito exigente”, indica a vaticanista, recordando semelhanças com João Paulo II que “gerou um grande entusiasmo na altura da sua eleição” mas que demonstrou posteriormente que “a mensagem cristã é necessariamente uma mensagem exigente”.

António Marujo vê na mediatização da figura de Francisco o perigo de se “depositar num homem todas as esperanças de mudança” quando a “renovação não se faz por decreto mas começa no interior das pessoas”.

Octávio Carmo acredita que a afirmação do “corpo doutrinal da

Igreja” será importante para ultrapassar a “desconfiança nas instituições democráticas e na governação mundial”.

“Que autoridade moral existe que tenha mão na crise das Coreias? Quem tem mão no sistema financeiro? Estas são também

 

 

questões da Igreja dos pobres que o Papa Francisco pediu, que não se resume à questão material”.
Uma fé me nos clericalizada será, segundo António Marujo, um traço do pontificado de Francisco, ele que já apontou a necessidade de uma Igreja “centrada em Jesus Cristo e não no Papa”, “aberta à renovação e ao constante questionamento” herdado pelo espírito do Concílio Vaticano II.A marca latino-americana é para Aura Miguel e Octávio Carmo um acrescento positivo ao ser cristão numa Europa envelhecida e em desesperança.

 

 

Papa e secretário-geral da ONU
apelam à paz

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Papa recebeu hoje o secretário-geral da ONU numa audiência privada que abordou situações de “conflito e grave emergência humana”, como as da Síria, Coreia e África. Segundo comunicado oficial da Santa Sé, o primeiro encontro entre Francisco e Ban Ki-moon foi marcado pela preocupação relativa às partes do mundo “em que a paz e a estabilidade estão ameaçadas”.

Os dois responsáveis discutiram ainda a questão do tráfico de seres humanos, “em particular das mulheres”, e os problemas dos refugiados e migrantes.

“O secretário-geral da ONU, que iniciou recentemente o segundo mandato no cargo, expôs o seu programa para o quinquénio, centrado, entre outros temas, na prevenção de conflitos, a solidariedade internacional e o desenvolvimento equitativo e sustentável”, assinala a Santa Sé. O Papa, por sua vez, lembrou o "contributo da Igreja Católica, a partir da sua identidade e com os meios que lhe são próprios, em favor da dignidade humana integral".

Segundo Francisco, é necessário promover "uma cultura do encontro que concorra para os mais altos fins institucionais da Organização" das Nações Unidas

 

     

O secretário-geral das Nações Unidas convidou o Papa a visitar a sede da ONU e elogiou o empenho de Francisco em favor da paz, após o primeiro encontro entre ambos, no Vaticano. “O Papa Francisco é um homem de paz e de ação, é voz para quem não tem voz. Espero poder continuar esta nossa conversa e com esse espírito, seguindo a tradição dos seus predecessores, tive a honra de o convidar a visitar as Nações Unidas, assim que seja possível”, disse Ban Ki-moon aos jornalistas, a respeito da audiência privada.

O responsável elogiou a escolha do nome Francisco, ligado a São Francisco de Assis (c. 1181-1226), considerando-a “uma mensagem poderosa para os muitos objetivos partilhados pelas Nações Unidas”. Para o secretário-geral da ONU, o novo Papa tem deixado claro "o seu compromisso pelos pobres”.

“Conversamos sobre a necessidade de fazer progredir a justiça social e de acelerar as ações para atingir tais objetivos. Isso é vital para os pobres”, declarou Ban Ki-moon.

O líder das Nações Unidas disse apreciar em Francisco o “profundo sentido de humildade”, a “paixão” e a “compaixão destinada a melhor a condição humana”.

 

 

 

Cristianismo é mais
do que soma de mandamentos

O Papa Francisco afirmou no Vaticano que o Cristianismo é mais do que um conjunto de “mandamentos” e desafiou os católicos a anunciarem a sua fé num mundo para o qual “Deus não serve”. “A tentação de deixar Deus de lado para nos colocarmos a nós próprios no centro está sempre à porta e a experiência do pecado fere a nossa vida cristã”, alertou, na audiência pública semanal que reuniu dezenas de pessoas na Praça de São Pedro.

“Ser cristão não se reduz a seguir mandamentos, mas quer dizer estar em Cristo, pensar como Ele, agir como Ele, amar como Ele; é deixar que Ele tome posse da nossa vida e a mude, a transforme, a liberte das trevas do mal e do pecado”, acrescentou.

Para o sucessor de Bento XVI, os cristãos devem ter a “coragem da fé” e evitar a mentalidade que diz que “Deus não serve, não é importante”. “É exatamente o contrário, só portando-nos como filhos de Deus, sem desencorajarmos por causa das nossas quedas, sentindo-nos amados por Ele, que a nossa vida será nova, animada pela serenidade e alegria.

 

Deus é a nossa força, Deus é a nossa esperança”, declarou.

A reflexão sobre a ressurreição de Jesus abordou as consequências deste acontecimento, sem o qual a fé é “vã”. “Quantas vezes, na nossa vida, as esperanças desvanecem; quantas vezes as expectativas que levamos no coração não se concretizam. A nossa esperança dos cristãos é forte, segura, sólida nesta terra, na qual Deus nos chamou a caminhar, e está aberta à eternidade”, prosseguiu.

Francisco falou em italiano e, pela primeira vez neste tipo de encontros, em espanhol, brincando com a presença de um grupo do Club Atlético San Lorenzo de Almagro (Buenos Aires), equipa da qual é adepto: “Isto é muito importante”, referiu, a sorrir.

 

 

 

 

 

 

Francisco tomou posse da cátedra romana

O Papa presidiu no domingo à missa de tomada de posse da Catedral de Roma, a Basílica de São João de Latrão, na qual pediu que a humanidade responda à “proposta de Deus” e não às “propostas do mundo”.

“Para Deus, não somos números; somos importantes, antes, somos o que Ele tem de mais importante; apesar de pecadores, somos aquilo que Lhe está mais a peito”, disse Francisco, na homilia da celebração, após ter sido saudado por várias centenas de pessoas à entrada.

A chamada ‘incatedratio’ de Francisco na ‘cátedra romana’ sublinha a ligação do Papa à Diocese de Roma, de que é bispo, e o poder de ensinamento da sua figura.

Uma representação da Diocese prestou a sua obediência a Francisco: o cardeal vigário para Roma, membros do clero, religiosos e religiosas, uma família (pai, mãe e quatro filhos) e dois leigos.

Francisco chegou à basílica num carro descoberto e descerrou,

 

 

 

 

 

depois, uma placa diante do edifício que dedicou a praça que se encontra diante da catedral a João Paulo II, pontífice de 1978 a 2005.

No final da missa, o Papa argentino fez uma intervenção que não estava prevista, desde a varanda central da Basílica de São João de Latrão. “Boa tarde! Agradeço-vos muito pela vossa companhia na missa de hoje, muito obrigado. Peço-vos que rezeis por mim, preciso disso, não vos esqueçais. Obrigado a todos vós”, disse.

 

Ler mais: Cronologia do pontificado

 

 

INDIELISBOA:
Dez edições de vigor cinematográfico

Parece impossível mas é verdade: passam nove anos desde que o Indielisboa chegou para agitar a oferta cultural da capital com uma lufada de criações cinematográficas bem diferente da que o circuito comercial até então garantia.

Criado pela associação Zero em Comportamento, o Festival Internacional de Cinema Independente nasceu, em 2004, do vigor progressiva e conjuntamente ganho por Nuno Sena, Miguel Valverde e Rui Miguel Pereira. Com um objetivo bem definido: preencher um espaço de promoção do cinema nacional e estrangeiro inédito, num formato

com padrões de qualidade e inovação inequívocos que não se colasse nem viesse a substituir o já ocupado por

 

outros festivais, mostras ou ciclos.
Na primeira edição, a secção Herói Independente é dedicada ao Festival de Sundance, revelando não só a principal inspiração desta iniciativa nacional, mas sobretudo o alastrar, ao mundo, de uma tendência alternativa ao cinema comercial dominado pelas grandes produtoras e distribuidoras (principalmente americanas).

A partir da sua segunda edição, o festival passa a integrar a secção Indiejunior, manifestando uma muito pertinente atenção à cultura audiovisual da infância e juventude, à importância de lhes proporcionar gramáticas alternativas e de fomentar a criação de novos públicos para o cinema. Para o seu sucesso, contribuiu inequivocamente a coordenação igualmente visionária do

 

 

 

 escritor, argumentista e realizador Possidónio Cachapa, que se junta à equipa do festival.

Abrangendo uma cada vez mais vasta oferta na sua programação, que além dos filmes, formatos e géneros, conta ainda com ateliês, encontros e retrospetivas, o Indielisboa é hoje um espaço cultural incontornável, comprovado pela enorme afluência e diversidade de público (maioritariamente jovem) que a ele acorre anualmente – alternando os 1º e 2º lugar de bilheteira com o Fantasporto desde 2007. Espaço esse que, desde cedo, tem cuidado extender-se não apenas a diversos pontos do país como a outros países, alargando substancialmente o público das obras nacionais.

Em 2010, a organização do Indielisboa, recetiva ao desejo da Igreja, particularmente atenta ao pulsar do cinema nacional e deste festival,  de estreitar laços e estabelecer um diálogo profundo e aberto com a sétima arte, por um lado, e já com a

experiência de contacto com júris e prémios similares em festivais nacionais e internacionais – caso dos

  assumidos pela SIGNIS -, acolhe com satisfação o Prémio Árvore da Vida. Reconhece a sua importância não apenas no incentivo à criação de obras nacionais, como também na promoção de valores universais que os filmes exploram e promovem.

Este ano, celebrando a sua décima edição, o Indie confirma com o mote ‘Hollywood está a ficar sem ideias. Vem ao IndieLisboa ver algo novo’ a sua premissa de origem: baseada na urgência e pertinência de uma programação cinematográfica alternativa, de um público renovado, a partir dela, e de uma profunda revisão do estabelecido ‘mainstream’.

Além das atividades paralelas com destaque particular para as ‘Lisbon Talks’, Competição Nacional e Internacional, Observatório, Cinema Emergente, Pulsar do Mundo, Herói Independente, Indiejunior, Diretor’s Cut e Indiemusic são as secções com muito por onde escolher para esta 10ª edição.

E pelo quarto ano consecutivo, o Júri Árvore da Vida lá estará, a reforçar o valor do cinema português!

Margarida Ataíde

 

 

 

 

 

 

http://mvasm.sapo.pt/

 

Esta semana apresentamos como sugestão de navegação um sítio bastante interessante, original e singular. Estamos a falar de um museu virtual de homenagem ao antigo cônsul de Portugal em Bordéus, que contribuiu para salvar muitas vidas durante a perseguição dos nazis aos judeus. Certamente já perceberam que falamos de Aristides Sousa Mendes, esse extraordinário homem que com um espírito altruísta e certo das suas convicções e valores morais não ousou em enfrentar os poderosos daquela época.

Conhecendo bem ou mal a sua história, vale a pena visitar este museu virtual que é o “resultado de uma parceria entre uma equipa

 

 

 

 

 

pluridisciplinar coordenada por Luísa Pacheco Marques Arquiteta e a Direção Geral das Artes (anterior Instituto das Artes) do Ministério da Cultura”.

O sítio está concebido para oferecer ao visitante uma viagem pela vida e obra deste homem, através de dois caminhos bastante distintos. Um primeiro caminho é a exposição virtual onde é disponibilizada uma

experiência audiovisual e interativa bastante interessante. O outro é uma base de conhecimento que foi criada com o objetivo de oferecer ao utilizador a possibilidade de aprofundar os temas tratados na exposição virtual, através de uma pesquisa rápida e fácil.

Na componente da exposição virtual, é narrada de uma forma contextualizada, com uma qualidade gráfica fabulosa e uma excelência de conteúdos impar para a realidade nacional, o ato de desobediência consciente que o cônsul de Portugal em Bordéus possibilitou, através dos vistos concedidos, salvar um número

 

de pessoas que se estima de 30 000. Esta mostra virtual está organizada em três corredores; o da Guerra, o da Fuga e o da Liberdade,  proporcionando aos visitantes uma experiência audiovisual profunda, com base em filmes da época (dobrados ou legendados), com mapas e testemunhos reais.

Por outro lado, quem procura informação específica e não pretende efetuar a visita pelos vários corredores da exposição, tem como opção a consulta da base de conhecimento, onde toda a informação se encontra catalogada por áreas e disponível para todos. Sempre muito bem estruturada e de fácil acesso.

Pois bem, claramente este é mais um sítio que pode muito bem ser adicionado aos favoritos, com a certeza que nos irá possibilitar uma viagem única ficando a conhecer um pouco mais a vida e obra deste Homem de Deus.

 

Fernando Cassola Marques

 

 

 

Editorial Cáritas:
abrir as portas ao livro de referência

A Editorial Cáritas é um projeto que vem ganhando força na estratégia de ação da Cáritas Portuguesa. Ela vem colmatar uma dificuldade que há muito se sente no que toca ao livro de referência em português que na sua maioria são livros de pequena tiragem e não sustentáveis no canal livreiro com as tecnologias prevalecentes. Trazer para o mercado português obras de mérito reconhecido e de importância para o conhecimento e cultura gerais e que que de outra forma ficariam esquecidos. Isto aplica-se à edição de novos títulos e a reedições, como é o caso da mais recente obra apresentada ao público: “A moralidade pessoa na História”, de Sergio Bastianel, pela primeira vez apresenta em Portugal.

Sinteticamente distinguem-se atualmente três linhas editoriais: os livros de referência, como “A Teologia da Caridade” de René Coste; os protagonistas históricos como “Padre António d'Oliveira” de Ernesto Candeias e os manuais de aplicação como o “Manual de Motricidade

 

Gerontológica” de J. Franco Raposo.

Na linha de conteúdos base para a formação está a ser seguida a orientação de publicar alternadamente livros que ficaram como referência e os autores atuais como Bastianel. Estamos a publicar em português, conteúdos não publicados, livros esgotados que permanecem atuais e também desde já a solicitar conteúdos a autores nacionais. Um núcleo de animação gere atividades de divulgação/formação promovendo eventos com base na apresentação de livros. 

O seu Conselho Editorial é neste momento o órgão de reflexão estratégica, discussão de orientações e de seleção de títulos incluindo a encomenda de conteúdos.

 

 

 

“Moralidade pessoal na história”,
Sergio Bastianel

O padre jesuíta Sergio Bastianel. Professor Catedrático da Teologia Moral, presidente da Associação teológica Italiana para o Estudo da Moral e Professor Emérito da Pontifícia Universidade gregoriana (Roma) é o autor do mais recente livro publicado pela Editorial Cáritas, “Moralidade pessoal na História”.

Um livro que, nas palavras do autor “não nasceu como um projeto editorial” mas que acabou por se tornar numa referência para o estudo de temas da ética social. Consciente da tendência natural que diz que os textos de moral social estão “centrados sobre os “conteúdos” que propõem, deixando de lado a dimensão da responsabilidade pessoal no modo como os problemas sociais são compreendidos e assumidos”, Moralidade pessoal na História traz está “centrado sobre a honestidade, sobre a humanidade que, do ponto de vista crente, vemos redimida em Cristo”, afirma o autor na apresentação que faz para a edição portuguesa.

O padre José Manuel Pereira de Almeida, professor de Teologia Moral,

 

na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, é membro daquilo a que ele mesmo chama de “uma pequena comunidade de investigação de teologia moral” constituída à volta de Sergio Bastianel. No prefácio que

escreveu para esta edição portuguesa o antigo aluno de Sergio Bastianel fala de um homem “no modo de refletir e de ensinar teologia, ao mesmo tempo exigente e próximo, atento à objetividade dos conteúdos e à coerência da argumentação, acreditando profundamente na possibilidade que a consciência de cada pessoa tem para conhecer e acolher o bem - e, ao mesmo tempo, da sua originalidade e maturidade, ao considerar a categoria ‘encontro interpessoal’ como lugar originário da moralidade.

“Moralidade pessoal na História” é o primeiro volume de um conjunto a que a Editorial Cáritas chama de “think tank da teologia moral na Gregoriana”. A próxima publicação irá reunir textos do “pilar” português desta comunidade, o Pe. José Manuel Pereira de Almeida.

 

 

II Concílio do Vaticano:
Aulas de história no autocarro

 

Para além dos trabalhos nas sessões conciliares, os participantes no II Concílio do Vaticano – assembleia magna convocada pelo Papa João XXIII – também tinham momentos mais lúdicos.

Um dos bispos portugueses presentes no II Concílio do Vaticano foi D. Júlio Tavares Rebimbas, falecido em 2010, que – num texto escrito para a agência ECCLESIA – recordou alguns episódios com alguma dose de humor.

No seu texto relata uma “peripécia” ocorrida num autocarro entre Roma e Florença por ocasião do centenário de nascimento de Dante Alighieri (Florença, 1 de junho de 1265- Ravena, 13 ou 14 de setembro de 1321).

Com a presença de várias centenas de padres conciliares na cidade de Florença, D. Agostinho de Moura, na altura bispo de Portalegre-Castelo Branco, no trajeto entre as duas cidades italianas resolve dar uma aula de história.

“Falava, como de costume, muito e alto. Sabia muito de História e meteu-se a contar a história dos Papas. Tudo bem. Acompanhavam-nos universitários da Universidade de Florença. Ia na contagem dos Papas Pios, precisamente no segundo. Eis senão quando, um dos bispos gregos, ortodoxos, fartou-se do barulho da contagem e desata: Irra!... diz o grego. Eles são doze e você ainda vai no segundo!”, escreveu D. Júlio Tavares Rebimbas e acrescenta: “Uma gargalhada geral no autocarro. Bispos e alunos universitários”.

 

 

 

 

A vida é “um segredo e um mistério” e o II Concílio do Vaticano foi para o prelado português, natural da Diocese de Aveiro, “uma riqueza de dons gratuitos e também um mistério”. “Podia contar muitas coisas mas é melhor ficarem guardadas na alma”, sublinhou no seu comentário.

A aprendizagem era frequente nas “conversas particulares”, mas a boa disposição também reinava. Um dos padres conciliares era um bispo australiano que, por sinal era “muito alto, logo lhe puseram o nome de «altíssimo»”. “Uma vez dei com ele a tirar uma prova para uma batina, mas, como era muito alto, as freiras andavam com um escadote para lhe chegar à altura!!!”, contou. “Os bispos também se riam e é bom”, completou.

D. Júlio Tavares Rebimbas foi um dos bispos portugueses que participou no II Concílio Ecuménico Vaticano II (1962-1965). Aos 43 anos, em 27 de setembro de 1965, foi eleito por Paulo VI como bispo do Algarve e, ainda antes da ordenação, tomou parte na última sessão do Concílio.

 

 

"Eles são doze e você ainda vai no segundo!"

  

Este acontecimento marcou-o “profundamente”. A convivência com o Papa Paulo VI, os outros bispos e o Espírito Santo, nas sessões diárias daqueles últimos meses, “a densidade e uma pressa de aprovar constituições, decretos e declarações fizeram-me participar nos votos e aprovações da maior parte dos documentos conciliares”.

Certamente que o “Espírito Santo não estava à espera de mim para aprovação da maior parte dos documentos conciliares”. O caso é que, indo só no fim, na última hora, “votei quase todos, evangelicamente, como os que tinham ido na primeira hora”, escreveu.

D. Júlio Tavares Rebimbas, antigo bispo do Algarve, auxiliar do Patriarca de Lisboa, primeiro prelado de Viana do Castelo e arcebispo-bispo do Porto, faleceu a 6 de dezembro de 2010, com 88 anos.

 

 

abril 2013

Dia 12

* Lamego - Casa de São José - D. António Couto dá posse aos novos arciprestes.
* Fátima - Encontro nacional da União Noelista.
* Lisboa - Parede (Centro Comunitário da Parede) - Conversa sobre «O Plano de Vida: dimensão Cristã» com a presença de Rui Dias Alves e o padre Nuno Amador
* Lisboa - Auditório Lusitania (Rua do Prior, nº 6, à Lapa, Lisboa) -Debate sobre «A Questão do Perdão – Ética, Justiça, Fé Cristã» promovido pela «A Letras d’Ouro», a «Comissão Nacional da Pastoral da Saúde» e a «Aliança Evangélica Portuguesa»
* Lisboa - Hotel Tivoli (13 horas) - Almoço/debate com Álvaro Santos Pereira, Ministro da Economia e do Emprego sobre «Os Desafios do Crescimento Económico» e promovido pela ACEGE 

 

 

* Lisboa - Centro Cultural Franciscano (21h30m) - Apresentação do livro «Via de Fé - Acompanhar Pedro no seguimento de Jesus», da autoria de Frei Bernardo Corrêa d'Almeida (OFM) pelo padre Alberto Brito
*Braga - Junta de Freguesia de São Victor - Encerramento (início a 22 de Março) da exposição de crucifixos sobre «Cristo Crucificado... por amor a nós»
* Fátima - Casa de Nossa Senhora das Dores - Conselho Nacional da Pastoral Juvenil.  (12 e 13)
* Porto - Auditório da Casa da Juventude - Jornadas de pastoral Vocacional. (12 e 13)
* Fátima - Encontro nacional das Equipas Jovens de Nossa Senhora (EJNS) com o tema «O que é nacional é bom».  (12 e 13)
* Fátima - Encontro de postulantes da CIRP (Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal). (12 a 14)
* Lisboa - Alfragide - Encontro nacional da Juventude Dehoniana. (12 a 14)
* Porto - Casa do Vilar - Assembleia diocesana do Renovamento Carismático Católico. (12 a 14)
* Évora - Semana da Fé em toda a arquidiocese.  (12 a 19)

 

 

 

Dia 13

* Lamego - Seminário - Conferência de D. António Couto sobre «A família, lugar da descoberta do Evangelho».
* Fátima - Centro João Paulo II - Assembleia geral da Misericórdias Portuguesas
* Porto - Valadares (Seminário da Boa Nova) - Conferência sobre «Uma fé: gratuita, global, garantida» promovida pelos Leigos da Boa Nova
* Beja - Almodôvar (Igreja matriz) - Concerto de abertura da 9ª edição do Festival Terras Sem Sombra «Arquitecturas do Espírito»
* Algarve - Faro (Seminário de São José) - A Cáritas Diocesana do Algarve promove, em parceria com a Deco, uma ação de formação intitulada «Saber viver em tempos de crise»
* Braga - Famalicão (Auditório da Fundação Cupertino de Miranda) - Conferência sobre «Igreja e sua relação com criação e fruição artística» por Álvaro Santos, director da Casa das Artes de V. N. Famalicão.
* Açores - Ilha de São Miguel (Ponta Delgada - Igreja de São José) - Apresentação da obra «Lágrimas de Maria» de Sofia de Medeiros



 

 

* Açores - Ilha de São Miguel (Ponta Delgada - Igreja de São José) - Concerto de primavera pelo Coral de São José.
* Santarém - V Jornada diocesana dos Bens Culturais da Igreja.
* Setúbal - Montijo (Santuário da Atalaia) - Peregrinação diocesana de jovens promovida pelo Secretariado diocesano da Pastoral Juvenil.
* Óbidos - Representação do Musical intitulado «Il Risorto» (o Ressuscitado) por um grupo da comunidade de Pedrogão, Torres Novas.
* Faro - São Brás de Alportel - Vigília de oração promovida pelo Secretariado da Pastoral Vocacional da diocese do Algarve.
* Faro - Vigília de oração promovida promovida pelo Secretariado da Pastoral Familiar da diocese do Algarve.
* Faro - Encontro dos diáconos permanentes.
* Leiria - Marinha Grande (Igreja de Picassinos) - Encontro vocacional para namorados promovido pelo Serviço de Animação Vocacional da diocese de Leiria-Fátima


 

Ano C - 3º Domingo do Tempo Pascal

 
 
 
 
 
 
Confissão de fé, história de amor no quotidiano!
 

A comunidade cristã, vivificada e orientada por Jesus ressuscitado, tem por missão crer, testemunhar e concretizar o seu projeto libertador. Aí está a mensagem principal do evangelho deste terceiro Domingo do Tempo Pascal.

Em linguagem simbólica, o evangelista João apresenta uma parábola sobre a missão da comunidade. Os discípulos são sete, representando a totalidade da Igreja, empenhada na missão e aberta a todas as nações e a todos os povos.

A comunidade é apresentada a pescar, sinal de que procura libertar todas as pessoas que vivem mergulhadas no mar do sofrimento e da escravidão, sob a iniciativa de Pedro que preside à missão e à animação da Igreja primitiva.

A pesca é feita durante a noite, tempo das trevas e da escuridão, na ausência de Jesus, o que leva um fracasso da ação dos discípulos. A chegada da manhã, plena de luz, coincide com a presença de Jesus, luz do mundo.

Jesus não está no barco, mas sim em terra. Significa que não acompanha os discípulos na pesca, mas exerce a sua ação no mundo por meio dos discípulos. A presença viva do Senhor ressuscitado é a razão de ser do êxito da pesca abundante, da missão da comunidade.

João, o discípulo amado sempre próximo e em sintonia com Jesus, experimenta de forma intensa o amor de Jesus. Só quem faz essa experiência é capaz de ler os sinais que identificam Jesus e perceber a sua fecunda presença de amor.

 

 

 

Os pães com que Jesus acolhe os discípulos em terra são sinal do amor, do serviço, da solicitude de Jesus pela sua comunidade: uma alusão à Eucaristia, ao pão que Jesus oferece, à vida com que Ele continua a alimentar a comunidade em missão.

Depois, contrariando as negações anteriores e manifestando a sua adesão de vida, Pedro confessa por três vezes o seu amor a Jesus. É convidado a perceber que, na comunidade de Jesus, o valor fundamental é o amor e a entrega de vida. Não existe verdadeira adesão a Jesus, se não se estiver disposto a seguir esse caminho.

Ao mesmo tempo, Jesus confia a Pedro a missão de presidir à comunidade e

 

 de a animar. Mas convida-o também a perceber onde é que reside, na comunidade cristã, a verdadeira fonte da autoridade: só quem ama muito e aceita a lógica do serviço e da doação da vida poderá presidir à comunidade de Jesus.

À maneira de Pedro, a nossa fé só pode ser uma confissão de amor a Jesus vivo e ressuscitado em nós. Que o andamento deste Ano da Fé intensifique em nós e nas nossas comunidades a vivência renovada desta confissão de fé, que só pode ser verdadeiramente uma história de amor celebrada e vivida no quotidiano.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa da igreja de Nossa Senhora-a-Branca, Braga

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h30

Domingo, dia 14 - Adriano Moreira analisa o primeiro mês do pontificado do Papa Francisco.

 

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 15 - Entrevista a Guilherme d'Oliveira Martins analisa os 50 anos da Pacem in Terris..

Terça-feira, dia 16 - Informação e rubrica sobre o Concílio Vaticano II, com Teresa Messias;
Quarta-feira, dia 17 - Informação e rubrica sobre Doutrina Social da Igreja, com Alfredo Bruto da Costa;
Quinta-feira, dia 18 - Exposição 250 anos da Torre dos Cléricos e rubrica "O Passado do Presente", com D. Manuel Clemente
Sexta-feira, dia 19 - Apresentação da liturgia dominical pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio
 

Antena 1

Domingo, dia 14, 06h00 - Balanço do primeiro mês do pontificado do Papa Francisco com os jornalistas António Marujo, Aura Miguel e Octávio Carmo.

 

Segunda a sexta-feira, dias 15 a 19 de abril, 22h45 - O aprofundamento da fé em contexto pascal: testemunhos de quem passou a Páscoa de forma diferente 

 

     

 

 

   

 

Este sábado é inaugurado o festival “Terras sem Sombra”com um concerto na igreja Matriz de Santo Ildefonso, em Almodôvar, na diocese de Beja. A promoção de produtos regionais alentejanos “de excelência” é a grande novidade desta 9.ª edição.

 

No domingo, dia 14, o Papa Francisco vai deslocar-se à Basílica papal de São Paulo fora de muros, em Roma, onde presidirá à missa do III domingo do Tempo Pascal, pelas 17h30 locais.

 

A editora Paulinas agendou para o dia 16 de abril o lançamento do livro “Papa Francisco”.  “Mas quem é Jorge Mario Bergoglio?”, “Qual é a sua história?”, e porque foi o conclave buscá-lo “ao fim do mundo”? são algumas das questões respondidas neste livro que não se trata apenas de uma biografia, mas de um testemunho direto onde o novo Papa dá a conhecer os acontecimentos que marcaram a sua vida.

 

No próximo dia 18 celebra-se o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios que este ano tem como tema “Património+Educação=Identidade”. Cerca de 490 atividades vão marcar este dia em todo o país considerando diferentes patrimónios como “contributos insubstituíveis”.

 

Paquistão: Supremo anula condenação por blasfémia

Nova esperança para Asia Bibi?

A decisão do Supremo Tribunal de Lahore, no Paquistão, de absolver o cristão Younis Masih, condenado à morte por blasfémia, veio dar nova esperança para a libertação de Asia Bibi.

As notícias da última semana oriundas do Paquistão reacenderam a esperança de que é possível uma revisão da pena de morte a que foi condenada Asia Bibi há já quatro anos.

De facto, o Supremo
Tribunal de Lahore deu
provimento às alegações
 

 

da defesa do cristão Younis Masih, condenado à morte por blasfémia, que demonstraram estar-se perante uma falsa acusação.
A decisão do Supremo, tomada na passada quarta-feira, dia 3, põe um ponto final neste pesadelo vivido por Masih, que se encontrava detido desde setembro de 2005. Segundo a agência Fides, com esta decisão fica anulada a condenação à morte,
      decidida em primeira instância,
         assim como a multa de 100 
            mil rupias.
              O júri, composto por dois
              magistrados, ordenou a
                imediata libertação

 

 

 

 

 

de Younis Masih. Para o advogado cristão Mushtaq Gill, que acompanhou este processo desde a primeira hora, esta decisão poderá abrir portas, agora, para uma reavaliação também do processo de Asia Bibi.

 
Argumentos fúteis

Younis Masih foi preso em Lahore a 10 de setembro de 2005, quando tinha 27 anos, apenas por ter pedido a alguns vizinhos muçulmanos para baixarem o volume da música em suas casas, tendo então sido acusado de blasfémia. A acusação deu origem a uma onda de violência, tendo centenas de muçulmanos saqueado o bairro e agredido Younis e a mulher. Receosos pelas suas vidas, cerca de uma centena de famílias cristãs fugiram da região.

Há um paralelismo gritante entre o caso de Younis e o de Asia Bibi, também ela acusada de blasfémia por um caso absolutamente fútil.  A história desta cristã paquistanesa, mãe de cinco
 

 

 

 

 

 filhos, tem gerado uma notável onda de solidariedade em todo o mundo, tendo ganho diversos prémios internacionais, como aconteceu no final do ano passado com a Associação espanhola Hazte Oir, pela sua luta e símbolo na defesa da liberdade religiosa no mundo.
Asia Bibi permanece isolada numa cela na prisão de Sheikhupura, no Paquistão e, mesmo aí, segundo têm afirmado ativistas dos direitos humanos, corre sérios riscos de vida.

 

Junte-se a esta causa no Facebook:  SALVEM A ASIA BIBI