04 - Editorial:

   Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião

     LOC/MTC

22 - Semana de..

    Lígia Silveira

     Madre Teresa, santa


   

 

38 - Entrevista

60 - Agenda

62 - Por estes dias

64 - Programação Religiosa

65  - Minuto Positivo

66 - Liturgia

68 - Jubileu da Misericórdia

70 - Fundação AIS

72 - LusoFonias

Foto da capa: DR

Foto da contracapa:  DR

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
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Opinião

 

 

 

 

Igreja pede cumprimento da lei no IMI

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Alertas para o aquecimento global

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Santa Teresa, de Calcutá e do mundo

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Eugénio Fonseca | LOC/MTC

Octávio Carmo

Manuel Barbosa | Paulo Aido

Tony Neves

 

Despertar consciências

  Octávio Carmo  
  Agência ECCLESIA   

 
 

 

 

A canonização de Madre Teresa de Calcutá é o reconhecimento oficial, por parte da Igreja, de uma certeza que desde cedo se implantou no coração de milhões de pessoas que viam nela uma santa. A religiosa foi uma das figuras mais conhecidas e respeitadas do século XX - foi vencedora do Prémio Nobel da Paz, por exemplo -, pelo que o processo que agora chega ao fim será uma referência futura para todos os que queiram olhar com detalhe para o percurso de vida e de fé da “santa dos pobres”, como poderia ser chamada.

A decisão do Papa Francisco chega em pleno Jubileu da Misericórdia e, de certa forma, coroa este ano santo extraordinário, apresentando ao mundo um modelo concreto dessa misericórdia que deve marcar o agir dos cristãos para dar autenticidade à sua fé. Mais gestos, menos palavras. Mais ação, menos teoria. Mais amor, menos considerações abstratas. O caminho para a evangelização parece muito mais claro e mais simples olhando para o exemplo da futura santa.

Surpreendeu muita gente que este caminho de santidade, como é reconhecido pela Igreja Católica, não tenha ficado isento de sofrimento espiritual. Também nesta experiência de “noite escura”, tão comum a tantas grandes figuras da história do Cristianismo, Madre Teresa soube associar-se aos outros pobres, aos que duvidam, aos que não acreditam.

 

 

 

 

 

A todos eles, a todos nós, Madre Teresa apresenta respostas fundamentais para as perguntas mais persistentes da humanidade: onde está Deus  quando o mundo sofre? Onde está Deus quando Eu sofro? Está ali, a sofrer com todos, a sofrer ao meu lado. Ali onde as palavras não chegam e só amor fala.

 

 

Quase 20 anos depois da sua morte, Teresa de Calcutá já não é um ‘ícone pop’ da cultura contemporânea - felizmente. Deu-nos tempo para respirar fundo e olhar para ela no que de mais importante tinha: a santidade. Que a sua canonização ajude, de novo, a despertar consciências.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Presidente da República recebeu Delegação Paralímpica
na véspera da partida para os Jogos Paralímpicos Rio 2016

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Quando surge alguma questão, é resolvida segundo a lei e segundo os acordos, sem dramatismo.” Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente, em declarações sobre a isenção do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) por parte da Igreja Católica. (01 setembro 2016)

 

“Legislar menos, mas legislar melhor. Com mais ponderação da necessidade, melhor articulação, mais clareza”, defendeu a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, na abertura do ano judicial de 2016, no Supremo Tribunal de Justiça em Lisboa. (01 setembro 2016)

 

“O Governo português vem reiterar a sua vontade de continuar a aprofundar as relações bilaterais de excelência que ligam Portugal e o Brasil, alicerçadas num elo único e fraterno entre os dois povos”. Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, em comunicado pela “tomada de posse do Presidente Michel Temer”. (01 setembro 2016)

 

"Convosco estarão milhões e milhões de portugueses. Todos os votos de felicidades é o que vos formulo, com muita, muita amizade, em nome de Portugal.” Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa na receção ao Comité Paralímpico de Portugal e a Delegação Paralímpica. 37 atletas portugueses, de sete modalidades, vão aos Jogos Paralímpicos Rio 2016 no Brasil. (31 ago 2016)

 

IMI: Igreja pede cumprimento da Lei

 

Os responsáveis pela área económica das dioceses católicas em Portugal pediram ao Executivo que respeite as normas da Concordata em matéria de cobrança de impostos, “em conformidade com a Lei e o Direito”.

A posição é assumida numa nota

 

 

 informativa divulgada no final de um encontro que reuniu esta segunda-feira, em Fátima, os vigários-gerais e ecónomos de várias dioceses.

A Igreja Católica afirma não querer “qualquer privilégio” em matéria de impostos, depois de várias paróquias

 

 

 

 

 

 terem sido notificadas para pagar Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) do qual entendem estar isentas, ao abrigo da Concordata de 2004, assinada entre a República Portuguesa e a Santa Sé.

A nota, a que a Agência ECCLESIA teve acesso, sublinha que a reunião em Fátima decorreu “num espírito de entendimento comum” para que sejam respeitadas as “normas legais em matéria de aplicação de IMI”, tendo em conta “a natureza das pessoas jurídicas religiosas” e “os fins da Igreja Católica”.

Os responsáveis deixam votos de que o Estado Português trate “todas as instituições em conformidade com a Lei e o Direito”, referindo que as instituições da Igreja “continuarão a fazer o mesmo”.

O artigo 26.º da Concordata precisa que “estão isentas de qualquer imposto ou contribuição geral, regional ou local os lugares de culto ou outros prédios ou parte deles diretamente destinados à realização de fins religiosos”.

O texto do acordo foi depois reforçado em 2005, por uma circular do diretor-geral da Direção-Geral dos Impostos, Paulo Moita de Macedo.

  Segundo esta circular (10/2005), 

consideram-se integrados na isenção de IMI as residências dos eclesiásticos, os imóveis afetos a lares de estudantes, a casas de exercícios espirituais e a formação de religiosos, e os imóveis pertencentes a pessoas jurídicas canónicas e cedidos gratuitamente a instituições particulares de solidariedade social ou a estabelecimentos de ensino.

O ponto 5 do número 26 da Concordata precisa que as pessoas jurídicas canónicas que desenvolvam atividades com fins diversos dos religiosos, “assim considerados pelo direito português, como, entre outros, os de solidariedade social, de educação e cultura, além dos comerciais e lucrativos”, ficam sujeitas ao regime fiscal aplicável à respetiva atividade.

O Ministério das Finanças emitiu esta semana um esclarecimento, em nota enviada à comunicação social, referindo que as disposições a respeito do IMI, à luz da Concordata, “não sofreram recentemente qualquer alteração”.  

 

 

 

 

Incêndios agravaram pobreza e isolamento

As dioceses do território continental mais atingidas pelos incêndios deste verão, como Aveiro, Porto, Guarda, Viana do Castelo e Viseu, temem agora um cenário de maior isolamento e pobreza das populações. O presidente da Cáritas de Aveiro, o diácono José Alves, sublinhou  à Agência ECCLESIA que “o levantamento ainda está a ser feito no terreno” mas destaca os danos materiais “em casas, armazéns e estaleiros, e a “grande extensão de área florestal ardida”, sobretudo nas “zonas de Águeda e Anadia”.

Na Diocese do Porto, Arouca foi o ponto mais complicado do mapa de incêndios, com as chamas a consumirem 58 por cento da floresta do município.

Segundo Daniela Guimarães, técnica coordenadora da Cáritas do Porto, neste momento “as situações estão a ser resolvidas a nível local”, mas tanto a diocese, por intermédio do seu bispo, D. António Francisco dos Santos, como a própria Cáritas já manifestaram toda a disponibilidade para ajudar, “caso haja necessidade”.

Em Viseu, nomeadamente em São Pedro do Sul, várias comunidades foram também tocadas pela calamidade. O padre Adelino Pires acompanha diversas comunidades   

 

espalhadas pela Serra de São Macário: “Os pinhais eram um modo de vida, de sobrevivência, de muitas destas pessoas, que consoante a necessidade iam também vendendo pinheiros que davam algum dinheiro para as suas necessidades”.

Em Viana, segundo o padre Artur Coutinho, do setor da pastoral social e caritativa, as zonas mais fustigadas foram Arcos de Valdevez, Vila Nova de Cerveira, Caminha, Ponte de Lima e Melgaço. “Casas parcialmente ardidas foram várias”, assim como “terrenos, bolsas de cultivo e de pasto”, o que “veio aumentar” a necessidade das pessoas, sobretudo as “que vivem nas serras”, realça o sacerdote.

A Caritas Portuguesa tem uma conta bancária solidária de “Ajuda as Vítimas dos Incêndios em Portugal", com o IBAN - PT50 0035 0697 0059 7240130 28.

 

 

 

 

 

De Taizé para Torres Vedras

Vieram da Alemanha e da Eslováquia para formarem uma comunidade provisória de Taizé em Torres Vedras: a Agência ECCLESIA acompanhou o dia de Rebecca, Sarah e Denisa, que rezaram, cantaram e levaram alegria aos idosos da região. “Levo tanto daqui, que não sei contabilizar. As pessoas aqui são tão abertas e recebem-nos de uma forma tão bonita, é algo que eu vou levar comigo para casa”, realça Sarah Sarraccenia, uma jovem de 23 anos, natural de Munique.

O projeto em Torres Vedras decorreu durante quatro semanas e esta quinta-feira foi o último dia das três jovens na região. As comunidades provisórias de Taizé são projetos que desafiam os mais novos a experimentarem em conjunto, e durante algumas semanas, o modo de vida proposto pelo irmão Roger, fundador da Comunidade Ecuménica de Taizé, em França.

Enviados para diversos países e regiões, eles dão testemunho do espírito de partilha e comunhão fraterna que carateriza a Comunidade, ao mesmo tempo que promovem atividades nas paróquias de acolhimento, como voluntários.

“Vivi e aprendi aqui muitas coisas especiais. Por exemplo, a aceitar 

 

 

o amor das pessoas, a ser paciente e agradecida por tudo o que tenho”, refere Denisa Chudiaková, que chegou a Portugal proveniente da Eslováquia. A jovem de 24 anos, que vai ser responsável pela preparação do próximo encontro europeu de Taizé, no mês de dezembro em Riga, na Letónia, destaca a oportunidade de “partilhar com outras pessoas aquilo que aprendeu”.

“E o que Taizé nos ensina é que viver a vida com Deus é espantoso e tu tens de experimentar também”, salienta Denisa.

“O que eu levo para casa é que não precisamos de ser super-heróis para mudar o mundo. E trabalhar com os mais velhos, com as crianças, foi muito belo. Eles abriram o seu coração, acolheram-nos, foi como se estivéssemos em casa”, recorda Rebecca Rinas.

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Incêndios: 300 pessoas desalojadas no Funchal já têm habitação provisória

 

 

 

Lugares Sagrados de Portugal  

 

 

Francisco reforça alertas para consequências do aquecimento global

 

O Papa Francisco reforçou os seus alertas em relação às consequências do aquecimento global e das mudanças climáticas, numa mensagem publicada por ocasião do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, iniciativa ecuménica 

 

 

que se celebra anualmente a 1 de setembro.

“O planeta continua a aquecer, em parte devido à atividade humana: o ano de 2015 foi o ano mais quente de que há registo e, provavelmente, o ano de 2016 sê-lo-á ainda mais. Isto 

 

 

 

 

provoca secura, inundações, incêndios e acontecimentos meteorológicos extremos cada vez mais graves”, refere o texto.

Francisco liga as mudanças climáticas à “dolorosa crise dos migrantes forçados” e à pobreza global. “Os pobres do mundo, embora sejam os menos responsáveis pelas mudanças climáticas, são os mais vulneráveis e já sofrem os seus efeitos”, sustenta o pontífice argentino.

O Papa convida todos os cristãos, bem como crentes de outras religiões e pessoas de “boa vontade” a unir esforços para não ficar “indiferentes perante a perda da biodiversidade e a destruição dos ecossistemas”, muitas vezes provocadas por “comportamentos irresponsáveis e egoístas”.

A mensagem pelo Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação saúda a dimensão ecuménica da jornada, com a participação da Igreja Ortodoxa, onde começou, e de outras Igrejas e Comunidades cristãs.

“É muito encorajador que a preocupação com o futuro do nosso planeta seja partilhada pelas Igrejas e comunidades cristãs em conjunto

 

 com outras religiões”, refere Francisco.

O texto elogia depois as iniciativas que promovem a “justiça ambiental, a solicitude pelos pobres e o serviço responsável à sociedade”, em diferentes contextos religiosos e sociais. “Cristão ou não, pessoas de fé e de boa vontade, devemos estar unidos manifestando misericórdia para com a nossa casa comum – a terra – e valorizar plenamente o mundo em que vivemos como lugar de partilha e comunhão”, defende o Papa.

Retomando o que escreveu na sua encíclica ‘Laudato si’, Francisco fala numa “ecologia integral” em que todos os seres humanos estão “profundamente ligados entre si” e com a natureza.

A mensagem deixa críticas à “mentalidade de curto prazo” na política e na economia, marcadas pela “busca de imediato benefício financeiro ou eleitoral”.

Francisco elogia o Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, obtido em dezembro de 2015, e espera agora que os governos saibam “respeitar os compromissos que assumiram”.

 

 

«Não-violência», caminho político para a solução de conflitos

O Papa Francisco escolheu o tema ‘A não-violência: estilo de uma política para a Paz’ como título da sua mensagem para o 50° Dia Mundial da Paz, que se vai celebrar a 1 de janeiro de 2017, anunciou o Vaticano. “O Santo Padre deseja indicar um passo seguinte, um caminho de esperança apropriado às circunstâncias históricas presentes: chegar à solução das controvérsias através das negociações, evitando que elas degenerem em conflito armado”, assinala a sala de imprensa da Santa Sé, em comunicado.

O texto adianta que o pontífice argentino quer mostrar a sua preocupação com a “difusão dos focos de violência” que gera “experiências sociais gravíssimas e negativas”.

A Santa Sé realça que a expressão “não-violência” pode assumir “um significado mais amplo e novo”. “Não apenas aspiração, inspiração, rejeição moral à violência, às barreiras, aos impulsos destruidores, mas também método político realista, aberto à esperança”, pode ler-se.

Recordando aquilo a que o Papa chama “III Guerra Mundial aos bocados”, a nota oficial refere que “a violência e a paz estão na origem de 

 

dois modos opostos de construir a sociedade”. “A paz tem consequências sociais positivas e permite um verdadeiro progresso. Devemos, portanto, agir nos espaços possíveis, negociando caminhos de paz, até mesmo onde tais caminhos parecem tortuosos ou impraticáveis”.

A mensagem de Francisco vai propor “um método político fundado na primazia do direito”. “A ‘não-violência’, entendida como método político, pode constituir um meio realista para superar os conflitos armados”, sustenta o Vaticano.

O Papa recorda ainda a necessidade de respeito pela cultura e a identidade dos povos, convidando a “reconhecer a primazia da diplomacia diante do estrondo das armas”.

 

 

 

Cúria Romana com nova estrutura para o desenvolvimento humano integral

O Papa Francisco anunciou a criação de uma nova estrutura na Cúria Romana, dedicada ao “desenvolvimento humano integral”, que vai integrar quatro conselhos pontifícios existentes até agora, a partir de 1 de janeiro de 2017. O organismo tem uma secção para os temas ligados aos refugiados e migrantes, "colocada temporariamente sob orientação" do próprio Papa.

O “Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral” vai ser presidido pelo cardeal Peter Turkson, natural do Gana, atual presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP). Além do CPJP, a nova estrutura integrada nos organismos de governo central da Igreja Católica, no Vaticano, vai assimilar os conselhos pontifícios ‘Cor Unum’ (área da ação caritativa), Pastoral da Saúde e Migrantes/Itinerantes.

O ‘Motu Proprio’ (decreto pessoal do Papa) que institui o dicastério foi publicado hoje na sala de imprensa da Santa Sé, juntamente com o estatuto do novo organismo.

Os documentos foram aprovados 

 

 

por Francisco a 17 de agosto, acolhendo a proposta do Conselho de Cardeais, com elementos dos cinco continentes, que aconselha o Papa na renovação da Cúria Romana. “Em todo o seu ser e agir, a Igreja está chamada a promover o desenvolvimento integral do homem à luz do Evangelho”, escreve o pontífice argentino.

O Papa sublinha no decreto de constituição do dicastério que este desenvolvimento tem lugar “mediante o cuidado dos bens incomensuráveis da justiça, da paz e da proteção da criação”.

A nova estrutura, acrescenta, visa “atender melhor às exigências dos homens e mulheres” a que a Igreja está chamada a servir.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Macau: Reitor da Universidade de São José vê sinais de abertura de Pequim

 

 

 

Itália: Papa revela intenção de visitar vítimas do sismo

 

 

 

 

Dignidade do trabalhador

  LOC/MTC   

  Movimento de  

  trabalhadores Cristãos  

 

No dia 14 de Setembro de 1981 o Papa João Paulo II assinava em Castel Gandolfo a Encíclica «Laborem Exercens» sobre o trabalho humano. Nesse documento o Papa aborda diversos temas com destaque para o conflito entre trabalho e capital, os direitos dos homens no trabalho e a espiritualidade do trabalho. Muito do que se afirma nesta encíclica é da tradição cristã plasmada na nossa cultura ocidental e muito particularmente no direito do trabalho dos países democráticos, bem como na carta da 0IT! Nela se diz que o trabalho é um bem do homem. «E não é só um bem «útil» ou de que se pode usufruir, mas é um bem «digno», ou seja, que corresponde à dignidade do homem, um bem que exprime e aumenta esta dignidade. Querendo determinar melhor o sentido ético do trabalho, é indispensável ter diante dos olhos antes de mais nada esta verdade. O Trabalho é um bem do homem-é um bem da sua humanidade-porque mediante o trabalho, o homem não somente transforma a natureza, adaptando-a às suas próprias necessidades mas realiza-se também a si mesmo como homem e até em certo sentido, se «torna mais homem».

Muito se falou sobre esta encíclica e os contributos que a mesma dá para a luta pelo trabalho digno em todo o mundo! A evolução no mundo do trabalho foi de tal ordem que há quem diga que este documento quase parece um manifesto radical! De facto é efetivamente radical! Há trinta e cinco anos ainda se estava no início dessa mudança que pouco a pouco foi destruindo o emprego estável e 

 

 

 

 

com direitos. Mudança facilitada, é verdade, pelo extraordinário avanço das tecnologias e pela supremacia do capitalismo financeiro e bolsista que exige precariedade e flexibilidade máxima, bem como a rápida acumulação da riqueza. O próprio direito do trabalho sofre uma erosão tremenda prevendo alguns o seu desaparecimento a prazo. O objetivo do mundo dos negócios é tornar o contrato de trabalho igual a um contrato comercial o que, na prática, acabariam os direitos do trabalhador, como parte objetivamente mais fraca!

Toda a conceção dos modernos gestores, alguns educados nas universidades católicas, vai no sentido de coisificar o trabalhador, tornando-o uma mercadoria! Tal filosofia gestionária contraria o sentido mais profundo da dignidade do trabalhador enquanto pessoa com direitos mesmo antes de nascer!

Ao relermos esta encíclica constatamos que a Europa e o ocidente em geral, não tem pela frente apenas o terrorismo e as mudanças climáticas com as tragédias pavorosas inerentes. Temos também os constantes atentados á dignidade do homem e, em particular, do homem trabalhador.

 

Hoje, mais do que nunca, são válidos e pertinentes os conselhos da «Laborem Exercens» quando diz: «Para se realizar a justiça social nas diversas partes do mundo, nos vários países e nas relações entre eles, é preciso que existam sempre novos movimentos de solidariedade dos trabalhadores e com os trabalhadores. Tal solidariedade deverá fazer sentir a sua presença onde a exijam a degradação social do homem-sujeito do trabalho, a exploração dos trabalhadores e as zonas crescentes de miséria e de fome….» Ou seja, mais do que nunca são necessários os sindicatos e outras organizações de trabalhadores para se defender a dignidade do trabalhador!

 

 

 

Recomeçar

  Lígia Silveira   
  Agência ECCLESIA   

 

 

 

Sempre olhei para setembro como o início do ano. Mais do que a mudança no calendário entre dezembro e janeiro, propícia para balanços e projetos, este mês nove reveste-se de possibilidades.

Para muitos será um mês de depressão: acabam as férias, os dias distendidos na praia até ao pôr-do-sol, a roupa leve, a temperatura sempre quente, os dias livres para programas a escolher, os petiscos a fazer esquecer as restrições. O fim do verão.

Para mim, as próximas horas guardam ainda esplanadas com conversas para aproveitar porque o espírito continua a pedir a liberdade das ruas. Os dias ainda parecem longos: depois do trabalho, a luz da tarde convida a esticar as vontades. Os fins de semana ganham o sabor de férias, com programas, passeios e combinações.

Em setembro nascem cores quentes nas ruas com temperaturas amenas. Os campos vestem-se de tons que convocam a nossa presença. O vento de fim de tarde chama ao conforto e proteção de um agasalho que sabe bem na pele bronzeada. A terra chama à recolha dos frutos que cresceram no calor e chegam para inebriar os cinco sentidos.

Mais nova era com entusiasmo que organizava o material escolar - antigo ou por estrear, abria a primeira página em branco dos cadernos, cheirava o novo dos livros, ansiava por reencontros da primeira semana de aulas, para contar ou ouvir. Ainda hoje me deixo entusiasmar pelas cores que apelam aos mais pequenos a um tempo novo, a um convite para crescer.

 

 

 

Este é também um tempo para conjugar verbos: projetar, sonhar, decidir, agir, escolher, começar, romper, desistir, conhecer, inaugurar, apresentar, pedir, agradecer, aplicar, sugerir, escutar, olhar, contemplar, compreender, cuidar, experimentar, reconhecer, confirmar, entrar, subir, largar, insistir, restaurar, inovar, apostar, confiar, libertar, responsabilizar, assumir, marcar, provocar, reunir.

 

São verbos que articulam decisões e gestos. Serão sempre conjugados a partir de uma vontade pessoal de mais e melhor, bem como do encarar este tempo como o pórtico para oportunidades de vida.

Não se recusam as passas e o espumante a 31 de dezembro. Mas abraçam-se hoje, com espírito renovado que as pausas distendidas propiciam, atitudes empreendedoras que renovem e contagiem pessoas, experiências e (re) encontros. 

 

 

 

 

 

 

 

Madre Teresa de Calcutá

 

O Papa Francisco vai presidir este domingo à canonização de Madre Teresa de Calcutá, a partir das 10h30 de Roma (menos uma em Lisboa), na Praça de São Pedro. Um momento muito aguardado e que o pontífice colocou simbolicamente ligado ao Jubileu dos Voluntários e Trabalhadores da Misericórdia, no ano santo extraordinário.

 

Em dezembro de 2015 foi anunciado que o Papa tinha aprovado

um milagre atribuído à intercessão da Beata Teresa de Calcutá,

vencedora do Prémio Nobel da Paz em 1979.

 

A religiosa faleceu a 5 de setembro de 1997, na casa geral da congregação que fundou, em Calcutá, aos 87 anos de idade. Foi beatificada por João Paulo II a 19 de outubro de 2003, depois de o Papa polaco ter

autorizado que o processo decorresse sem esperar pelos cinco anos

após a morte exigidos pela lei canónica.

 

A canonização, ato reservado ao Papa desde o século XIII, é a confirmação, por parte da Igreja Católica, que um fiel católico é digno de culto público universal (os beatos têm culto local) e de ser apresentado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

 

 

 

 

 

Ganxhe Bojaxhiu, Santa Teresa de Calcutá

 

Em Skopje, capital da Macedónia, pequena cidade com cerca de vinte mil habitantes, nasceu, a 26 de agosto de 1910, Ganxhe Bojaxhiu. A sua família era católica e pertencia à minoria albanesa que vivia no Sul da antiga Jugoslávia. Um dia após o seu nascimento, Ganxhe recebeu o Baptismo e a sua educação teve lugar numa escola estatal durante os tristes anos da Primeira Guerra Mundial. 

 

 

Com um timbre de voz muito suave e harmonioso, a pequena Ganxhe tornou-se solista do coro da igreja da sua aldeia e, mais tarde, chegou a dirigir esse mesmo coro paroquial.

Em 1912, quando Ganxhe tinha apenas dois anos, Skopje libertou-se do domínio turco e conseguiu a sua independência. Tornou-se a capital da República albanesa da Macedónia. Poucos anos depois, caiu sob o 

 

 

 

poder sucessivo da Sérvia, Grécia e Bulgária.

Na célula familiar, e devido ao fervor religioso de sua mãe, Drana, a menina começou a dar sinais de vocação religiosa. Tinha na altura 12 anos. Ganxhe Bojaxhiu e seus dois irmãos mais velhos - Age e Lázaro - mantinham uma relação agradável. Lázaro, que morreu em 1981, chegou a relatar que naquela família “nada faltava porque o pai tinha um negócio de materiais de construção, em sociedade com um italiano, e possuía duas casas com jardim”.

Com a morte do pai surgiram dificuldades financeiras, mas a religiosidade naquela famíliaintensificou-se. Nas idas de Drana e seus filhos ao Santuário 

 

 

da Virgem de Letnice, a mais nova da prole – a futura Teresa - gostava de ficar sozinha durante os ofícios religiosos. O mesmo acontecia nas visitas diárias à Igreja da Paróquia do Sagrado Coração. “Ganxhe permanecia horas em silêncio” – relatou a mãe.

Para além desta vivência espiritual, o Pe. Frnajo Jambrekovic descobriu que Ganxhe gostava muito de ler os relatos dos missionários. Leitora assídua deste género literário-religioso, a jovem «perdia horas» a beber as crónicas que os jesuítas de Skopje enviavam sobre o seu trabalho missionário na Índia. “Não tinha completado ainda 12 anos, quando senti o desejo de ser missionária" - contou, mais tarde, Madre Teresa.

 

 

 

 

Vocação precoce

Ainda criança, Ganxhe entrou para a Congregação Mariana das Filhas de Maria que tinha uma filial na sua paróquia. Os mais pobres da região recorriam à Igreja para diminuírem as suas carências. Ganxhe sentia a sua vocação a crescer ao assistir a esta atividade de assistência aos mais carecidos. “Aos pés da Virgem de Letnice escutei um dia o chamamento que me apelava a servir Deus" - disse, posteriormente, Madre Teresa e, confessou ainda, que descobriu a intensidade do chamamento “com uma grande alegria interior”. Quando completou 18 anos, o apelo à vida religiosa tornou-se irresistível para a jovem e, a 25 de dezembro de 1928, partiu de Skopje rumo a Rathfarnham, na Irlanda, onde se situa a Casa Geral do Instituto da Beata Virgem Maria.

Ganxhe tinha como ideal ser missionária na Índia e um sacerdote jesuíta contribuiu para esta doação aos mais pobres devido à informação de que, na Índia, as freiras dessa congregação faziam um «excelente» trabalho.

Depois de uma longa viagem, a futura religiosa chegou à casa das Irmãs

 

de Nossa Senhora do Loreto. A estadia em Rathfarnham foi um porto intercalar já que embarcou rumo a Bengala. Durante a primeira semana esteve em Calcutá e daí viajou até Dajeerling, ao seminário da Congregação fundada pela missionária Mary Ward.

 

Escolheu o nome de Teresa

Feitos os estudos e chegada a hora de professar os votos temporários de Pobreza, Castidade e Obediência – 24 de maio de 1931 – Ganxhe escolheu o nome de Teresa. De acordo com as constituições da Congregação do Loreto devia mudar de nome. “Escolhi chamar-me Teresa” - contou anos depois, devido à figura inspiradora de Santa Teresa D’Ávila. No entanto “não foi pela grande Teresa que escolhi o nome – disse – mas sim pela pequena: Santa Teresa de Lisieux”. A 24 de maio de 1937, na Festa de Maria Auxiliadora, Teresa Bojaxhiu professou, de forma perpétua, a sua vocação de religiosa.

O seu labor em prol dos outros multiplicou-se. A sua ânsia em ajudar os mais carenciados levou-a a dedicar-se às «Filhas de Santa Ana» - 

 

 

 

 

um dos ramos das freiras do Loreto que integrava irmãs indianas de Bengala – cumpridora da regra dos jesuítas. Estas viviam como as bengalis e inspiraram Teresa no posterior nascimento das Missionárias da Caridade. Vestidas com o sari indiano – tecido pobre feito de algodão – comiam com as mãos, sentadas sobre a terra.

Encarregada de dar formação

espiritual às «Filhas de Santa

Ana» - hoje formam uma

congregação autónoma –

Teresa absorveu o estilo de

vida bengali e, posterior-

mente, transmitiu-o às suas

freiras, quando criou as

«Missionárias da Caridade».

 

Uma viagem luminosa 
para Dajeerling

O momento da viragem aconteceu

de forma imprevista. Num dos seus relatos, Teresa conta que, a 10 de setembro de 1946, numa viagem para o convento de Dajeerling, onde ia fazer os exercícios espirituais, enquanto rezava sentiu um “chamamento dentro do chamamento”. A mensagem era clara: “devia deixar o convento do Loreto (em Calcutá) e entregar-se ao serviço dos mais pobres e viver entre eles”. Com a «iluminação divina», 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Teresa sentiu uma hesitação: como realizá-la. Este dia de Setembro ficou marcado na história das Missionárias da Caridade e, obviamente, no livro da vida de Madre Teresa como o «Dia da Inspiração».

Teresa de Calcutá pensava nos pobres da cidade que todas as noites morrem pelas ruas e, na manhã seguinte, são lançados para os carros de limpeza como se fossem lixo. Não se habituava a este «terrível espetáculo matinal». Queria fazer algo em prol daqueles esqueléticos a pedir esmola na rua e a esperar que o tempo os levasse.

A luz recebida no trajeto de Calcutá para Dajeerling foi objeto de meditação no retiro de Teresa. Este terminou numa pergunta muito concreta: “Que poderei fazer por estes infelizes?”.

Depois daquele diálogo com Deus regressou à «sua» Calcutá e foi falar com o Arcebispo Fernando Périer a quem expôs o seu plano. Depois de ouvir atentamente a religiosa, o prelado deu-lhe um «não absoluto» que a deixou sem qualquer hipótese de dúvida. Um ano depois, voltou novamente a falar com o arcebispo. Levava nos lábios o mesmo pedido e no coração a mesma disposição para aceitar o veredicto de D. Fernando Périer que lhe escutou os projetos. 

 

A sua simplicidade, fervor e persistência convenceram-no de que estava perante uma manifestação da vontade de Deus. Desta vez, de forma mais afável, aconselhou-a: “Peça primeiro autorização à Madre Superiora”.

Posteriormente, D. Périer pediu autorização a Roma para que a Irmã Teresa deixasse as Irmãs do Loreto e a “viver só, fora do claustro, tendo Deus como único protetor e guia, no meio dos mais pobres de Calcutá”. A 12 de abril de 1948 chegou a resposta de Pio XII que lhe concedia a desejada autorização mas, sublinhando que, embora deixando a Congregação de Nossa Senhora do Loreto, a Irmã Teresa continuava religiosa sob a obediência do arcebispo de Calcutá. Alguns meses depois (8 de agosto de 1948) deixou o Colégio de Santa Maria.

 

Nova Congregação religiosa

Abandonado o hábito da Congregação do Loreto, a Irmã Teresa comprou um sari branco, debruado de azul e colocou-lhe no ombro uma pequena cruz. Foi com esta nova indumentária - o vestido duma modesta mulher indiana - que passou a ser conhecida no mundo inteiro.

 

 

A vida da religiosa sofreu novos contornos e quando a Santa Sé reconheceu a Congregação - 7 de outubro de 1950 pelo Papa Pio XII - a instituição da Madre Teresa de Calcutá contava com centenas de membros em todo o mundo. Primeiro, começou a levar os moribundos para um lar onde eles pudessem morrer em paz e com dignidade. De seguida, abriu um orfanato. De forma gradual, outras  

 

mulheres se lhe uniram neste projeto.

Nasceu uma nova Congregação religiosa - «Missionárias da Caridade» - para se dedicar aos mais pobres entre os pobres.

A luz do projeto ganhou raízes no solo fértil e as vocações começaram a surgir. Neste viveiro vocacional - muitas das mulheres que aderiram foram antigas alunas - Madre Teresa vê uma bênção de Deus. Sem operações

 

 

 

 

de marketing, o trabalho da consagrada albanesa ganhava visibilidade e as vocações para «Missionárias da Caridade» surgiam a bom ritmo.

De abrigo em abrigo, Teresa de Calcutá dava – mais do que donativos - lições de higiene e moral, palavras amigas e as mãos sempre prestáveis para qualquer trabalho. Não foi preciso muito tempo para que todos a conhecessem. Quando ela passava, crianças famintas e sujas, deficientes, enfermos de toda a espécie, gritavam 

 

por ela com os olhos inundados de esperança: Madre Teresa! Madre Teresa!

Os mais carenciados de Calcutá eram a sua prioridade mas o início do novo projeto pastoral foi difícil. Sentiu a angústia terrível da solidão.

Com algumas décadas de existência e espalhadas pelos quatro cantos do mundo, as «Missionárias da Caridade» contam com cerca de quatro mil religiosas em 95 países. Disposta a defender a vida, a Congregação mobilizou-se sempre na defesa dos 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

direitos dos mais pobres, contra o aborto e a eutanásia. As nações abriram as portas a Madre Teresa e suas seguidoras – incluindo a China, Cuba e a antiga União Soviética – para que os valores evangélicos fossem uma realidade vivida na terra.

 

Uma vida premiada

Quando visitou a Índia, em 1964, Paulo VI recebeu, pessoalmente, a mulher do coração sem limites. 22 anos depois, João Paulo II incluiu, no programa da viagem apostólica àquele país, uma visita à «Nirmal Hidray» - a “Casa do Coração Puro” – fundada pela religiosa albanesa e conhecida, em Calcutá, como a “Casa do Moribundo”.

Em 1972 recebeu o prémio da Fundação Kennedy e, seis anos mais tarde, o Presidente da República de Itália, Sandro Pertini, entregou-lhe o prémio Baszan. No ano seguinte, em 1979, a Academia do Nobel ofereceu-lhe o galardão merecido: Prémio Nobel da Paz. Com a mesma humildade com que sempre aceitou as várias homenagens que lhe foram concedidas em todo o mundo, Madre Teresa colocou os milhares de Dólares dos prémios ao serviço dos mais pobres. No ano que recebeu o galardão, João Paulo II recebe-a em audiência privada e ela converte-se, sem nunca ter estudado diplomacia, na melhor «embaixadora» do Papa.

 

É cidadã do mundo mas a cidade que a viu crescer, Skopje, nomeia-a “Cidadã Ilustre” a 28 de junho de 1980. Nesse mesmo ano, muitas universidades conferiram-lhe o título «Honoris Causa» e recebe a Ordem «Distinguished Public Service Award» nos EUA.

 

Portugal

«Do Something beautiful for Jesus» - Façam algo de Belo para Jesus – foi uma expressão que Madre Teresa utilizou com frequência durante a sua vida a Portugal. Ficou também na memória do Pe. Peter Stilwell que fez uma viagem de carro, de Lisboa ao Santuário de Fátima, nos primeiro dias de outubro de 1982 - com o «Anjo dos Pobres». Momentos inesquecíveis porque ela “criou um clima familiar à sua volta”. Portugal recebia pela primeira vez a fundadora das Missionárias da Caridade. Vinha estimular os primeiros passos da congregação no nosso país.

Madre Teresa de Calcutá visitou o nosso país em 1982 e em 1987. Veio a pedido do bispo de Setúbal, D. Manuel Martins, que escrevera àquela religiosa, solicitando-lhe que se deslocasse à cidade do Sado para associar o seu nome ao nascimento da Congregação das Missionárias da Caridade. Uma mulher com um íman especial que iluminava os mais distraídos.

 

 

 

 

Adeus

A 5 de setembro de 1997, o coração de Madre Teresa de Calcutá deu o último suspiro. Passados quase treze anos, a obra que a «santa das sarjetas» ergueu continua viva e o seu sorriso perdurará. Esta data ficará na história do século XX. Durante a sua vida, ela simbolizava o amor aos mais carenciados. Aquela frágil mulher tinha uma força inesgotável e colocava em prática as palavras do Evangelho: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22, 39).

 

 

Com o final do milénio à porta desapareceu a mulher que se entregou aos «mais pobres dos pobres» e deixou muitos corações desamparados. Uma paragem cardíaca, depois de várias pneumonias e crises de malária, «levaram» Madre Teresa. Viveu com o coração, o coração a matou. A humanidade perdeu alguém que, por nada ter nem poder, tinha toda a autoridade porque ninguém conseguia dizer não a um pedido que ela formulasse.

Calcutá chorou, provavelmente, 

 

 

 

como nenhuma outra cidade do mundo, a morte desta mulher que escolheu a gigantesca metrópole indiana para viver toda uma vida ao serviço daqueles que não tinham ninguém. “Era uma verdadeira santa admirada por todos os indianos, independentemente da sua religião” – sublinhavam os habitantes de Calcutá.

 

Um livro aberto

A sua vida foi um livro aberto. Nele consultamos e lemos as páginas dos deveres e das virtudes que a humanidade deve viver, mas que, muitas vezes, tende a esquecer. Na página da humildade verificamos que Madre Teresa era igual nas mais variadas circunstâncias. O brilho da sua indumentária era o mesmo quando estava sentada nas cadeiras de veludo com os «senhores da Terra» como quando se debruçava sobre os moribundos.

Beatificada por João Paulo II, que nesse dia celebrava as Bodas de Prata do seu Pontificado – a 19 de outubro de 2003, Domingo das Missões – a «Mulher do Sari» tinha uma cumplicidade com o Papa Wojtyla.

Abrindo uma exceção, João Paulo II decidiu permitir a abertura do processo de beatificação de Ganxhe Bojaxhiu apesar de ainda não terem  

 

passado os cinco anos exigidos pela lei canónica.

Aos peregrinos que foram a Roma para participar na Beatificação de Madre Teresa, João Paulo II acentuou que a nova beata “brilha, de modo especial, no meio desta multidão”. Missionária da caridade, missionária da paz, missionária da vida. Toda a existência de Madre Teresa foi um hino à vida.

 

Luís Filipe Santos, jornalista

Autor do livro ‘O sorriso da caridade - Madre Teresa’

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nas pegadas de Madre Teresa

 

João Bacalhau, um português em Calcutá, uma experiência de trabalho voluntário nas casas das Missionárias da Caridade

 

Entrevista conduzida por Henrique Matos

 

Agência ECCLESIA (AE) - Como é que surgiu este desejo na sua vida?

João Bacalhau (JB) - Em 2011 participei nas Jornadas Mundiais da Juventude em Madrid mas antes, tive uma experiência a que podemos chamar de pré-jornadas, que fiz com os jesuítas e onde tive a sorte de ir parar a Marrocos. Estive ali com um grupo de diversas nacionalidades e visitámos em Tânger a casa das Missionárias da Caridade. Era uma casa para mães solteiras e impressionou-me muito o modo de vida das irmãs. Lembro-me que saí de lá com a ideia de que gostava de ir à Índia para as visitar em Calcutá. Depois, já durante as Jornadas em Madrid, visitei o museu de Madre Teresa

e fiquei mesmo impressionado com a sua história, com a sua humildade, o seu trabalho e e seu esforço. E este desejo ficou… um dia gostava de… um dia… um dia…

 

Alguns meses depois, um amigo fala-me de uma experiência missionária na Índia, em Calcutá… e eu comecei a pôr a mim mesmo a pergunta, porque não ir?

Recordo que na altura fui a um retiro com um grupo que se estava a formar, e a minha ideia era perceber se fazia sentido eu ir, num momento em que estava a trabalhar, era meio do ano, estava a tirar um mestrado… e saí de lá ainda mais confuso.

Lembro-me que o padre, missionário da Caridade que orientava o retiro, estava sempre a dizer, why not? why not? porque não?

Decidi arriscar, e partir.

 

AE - Partiu, e ao chegar, qual a sensação?

JB - Nós pensamos sempre que estamos preparados mas ao chegar foi um choque. O ir em grupo ajudou a diluir o impacto inicial. Estive sempre em Calcutá e recordo o barulho, 

 

 

 

o trânsito e os corvos, muitos corvos e o barulho que faziam. Coisas que eu não estava à espera… a pobreza já esperava, mas todo este ambiente era muito estranho.

Quando chegámos fomos divididos em grupos pelas várias casas que as irmãs têm em Calcutá. Umas têm só crianças, outras com deficientes, pessoas idosas, a casa dos moribundos onde estão os casos terminais. Eu fiquei nesta última e numa outra só para idosos.

Lembro-me que, o que me impressionou quando cheguei 

 
 

à casa onde ia trabalhar, foi a quantidade de voluntários que havia. O que me ocorreu foi pensar o que estava eu ali a fazer se havia tantos para ajudar. Entre nós dissemos, não estamos aqui a acrescentar muito… quase nos atrapalhamos na ajuda. Mas passado algum tempo percebemos que cada tarefa é importante e necessária.

Tocou-me a quantidade de voluntários de todo o mundo que ali estavam, e chegam continuamente, sem qualquer tipo de publicidade ou campanha nas redes sociais… há um fascínio por 

 

 

 

 

 

 

 

ir visitar Calcutá e a casa de Madre Teresa.

Com o passar dos dias percebemos que o importantes são as pequenas coisas, os pequenos gestos, pensamos sempre que vamos mudar o mundo mas ali percebemos que não é assim. O importante são os pequenos gestos, eu passei manhãs com um balde a fazer a barba aos idosos ou a massajar-lhes os músculos porque estavam sempre muito parados.

 

 

 

AE - As pessoas chegam ali em busca de quê?

JB - As pessoas andam em busca de algo…  falava-mos muito entre nós e deparava-mos com pessoas que nem sequer eram católicas, andavam em viagem com amigos e sentiam que deviam para ali, era quase transcendente, estavam ali sem saber bem porquê… mas estavam ali a trabalhar, a fazer tarefas simples que ali se apresentavam tão importantes.

 

 

 

 

 

 

AE - E o espírito, a memória de Madre Teresa está muito presente?

JB - Sim, até os doentes que estão nestas casas falam sempre da madre, rezam-lhe e nas orações viram-se para a sua fotografia que está na parede. Cheguei a falar com alguns doentes que me entendiam em inglês, e diziam que não interessa a raça ou a religião, o Deus é o mesmo e agradecemos muito à Madre Teresa. Sentia-se muito esse respeito.

 

AE - Ao regressar de Calcutá o que trouxe desta experiência?

JB - Sempre dei valor ao que tenho e até me considero um privilegiado perante o que eu vi lá, mas aprendi a importância das pequenas coisas e dos gestos simples. É nas coisas pequeninas que nós conseguimos fazer a diferença. Sei que não fui lá salvar nenhuma vida, sei que quando eu saí aquelas pessoas continuam na mesma situação, mas sei que enquanto ali estive, ao estar junto de cada uma daquelas pessoas, ao fazer-lhe um carinho ou conversar, estava a contribuir para a sua felicidade e para minorar o seu sofrimento. Isto faz muita diferença. Lembro-me que uma das tarefas que tinha era deitar os idosos e ficar ali um pouco com eles,

 

e a sensação que me dava era de que estava a deitar bebés pela forma como eles me olhavam e gostavam da minha presença.

Fiz ali coisas que nunca tinha feito, e que nunca tinha imaginado fazer como limpar idosos ou alimentar pessoas que não se mexiam, coisas que foram exigentes mas também muito gratificantes. Alguém me disse, então mas é preciso ir para a Índia para fazer isso? Não, mas ali, na proximidade de Madre Teresa e da sua obra, as coisas têm outra dimensão, faz toda a diferença.

 

AE - E as Missionárias da Caridade, há uma grande interação com elas com o seu trabalho?

JB - Eram sempre muito acessíveis e estão por toda a parte, mas lembro-me de falarmos entre nós que não pareciam muito simpáticas. Nós quando vamos fazer este tipo de coisas queremos imenso que as pessoas nos agradeçam… olha obrigado por teres vindo do outro lado do mundo para nos ajudar…   mas elas não diziam nada disso. E eu acho que isso nos ajudou a perceber que ninguém nos pediu ou obrigou a estar ali. Esta aparente distância reforçava 

 

 

 

 esta dimensão e isso era importante para o nosso crescimento.

 

AE - Agora a santidade de Madre Teresa reconhecida pela Igreja… acha que esta canonização vai despertar ainda mais jovens a viajar para a Índia, ou por ali a santidade da madre já é há muito sentida?

JB - Eu acho que ali já era considerada 


 

 

como tal é só uma questão de oficializar. É natural que este momento se traduza numa maior afluência de pessoas que querem passar pelo seu túmulo, pela sua casa, mas espero também que inspire mais jovens a passar por ali porque trabalho não falta. É uma obra que não é para visitar mas para viver.

 

 

Índia, ou por ali a santidade da madre já é há muito sentida?

JB - Eu acho que ali já era considerada 

 

Os pobres fizeram-na uma santa

O caminho para a santidade está traçado. Não há outras alternativas. Foi Jesus Cristo que o deu a conhecer quando afirmou: “Vinde benditos de meu Pai recebei em herança o Reino preparado para vós (…) porque sempre que o fizeste (o bem) ao mais pequenino dos meus irmãos foi a MIM que o fizeste.” (Cfr Mt 25, 31-40). É incontável o número dos que encontraram este caminho e seguiram por ele. Convivo com muitos. Convivi ou encontrei-me, mesmo poucas vezes, com muitos mais, cujos nomes estão apenas inscritos no coração de Deus e no de todos os que saborearam a riqueza do amor que lhe foi tributado por eles. O mundo não os conhece. A Igreja, entre todos estes, com quem alguma vez contactei, apenas colocou dois nos altares: S. João Paulo II com quem me encontrei no Parque Eduardo VII, quando era animador da pastoral juvenil da minha paróquia e duas vezes com a Santa Madre Teresa de Calcutá. Com esta, padroeira da Cáritas, na sua primeira visita estive dois dias, que nunca mais poderei esquecer; na segunda visita, a última, que fez a Portugal, foi apenas um dia.

Como se sabe a Congregação das 

 

Missionárias da Caridade instalou-se em Portugal a convite de D. Manuel Martins, 1.º Bispo de Setúbal. As primeiras Irmãs foram habitar num apartamento para os lados do Bairro da Camarinha. Recordo que isso não agradou à Madre Teresa que preveniu o senhor bispo que daria ordens às suas irmãs para levarem os indigentes que encontrassem nas ruas de Setúbal para casa dele. Dava uma semana para que fosse encontrada uma moradia com espaço suficiente para essa finalidade. Logo um grupo de cristãos, liderados pelo Pe. Manuel Vieira, então Pároco de Nossa Senhora da Anunciada, conseguiu assegurar esta coerente exigência, tendo deixado a sua própria casa para que o espaço fosse maior. A Madre ficou tão contente que deu à nova casa o nome de “Causa da nossa alegria”. Recordo, como se fosse hoje, estar diante de uma mulher que irradiava simplicidade, transportando um saco de pano com duas pegas em madeira; com um olhar que nos inundava de paz; um pouquinho já corcunda pelos milhares de vezes que se inclinou para afagar os moribundos e os paupérrimos que abundavam pelas ruas de Calcutá para os levantar 

 

 

 

 

e levar para sua casa,  e não por se ter curvado perante os poderosos para obter qualquer tipo de privilégio; um andar sereno para conseguir fazer-se mais próxima. Acompanharam-na um sacerdote que já vinha com esta santa mulher a quem se juntou o Pe. Peter Stilwell que serviu de tradutor. Foram vários os encontros, mas o que jamais esquecerei aconteceu na noite do primeiro dia, da primeira visita, na Sé Catedral. Depois de ter falado aos consagrados, na sacristia, entrou directamente na igreja, que estava tão cheia que nem mais “uma palha” poderia caber, pela porta que dá acesso direto ao altar. O povo vibrou com uma estrondosa e demorada salva de palmas. Após a saudação de boas vindas dada por D. Manuel, a Madre Teresa deixou uma mensagem tão forte que se sentia vida prenhe de amor em cada palavra pronunciada. Antes de sair, rezou com e por todos os presentes. Deixou a Sé pela ala central. Os escuteiros, de um lado e do outro, faziam de escudo para que o ícone da caridade do século XX não fosse esmagado. Mas o povo só a queria tocar, pois estava já certo da sua santidade. Muitas vezes, ao longo do corredor, a Madre abriu o singelo saco porque muitas pessoas insistam em atirar para dentro dele dinheiro, anéis e fios de ouro, pequenas 

 

folhas escritas talvez com pedidos. Impressionaram-me, particularmente, dois factos: uma mulher, com cabelo já grisalho, que tirou o anel de noivado do dedo e o colocou no saco; um jovenzinho escuteiro, estando já nós dentro da carrinha Peugeot, conduzida pelo meu querido Pe. Sampaio, bateu no vidro do lado em que estava sentada a Madre para que o abríssemos. Assim o fizemos, e, comovido, tirou o seu lenço de escuteiro que trazia ao pescoço e disse no seu trémulo inglês: “não tenho dinheiro para os seus pobres, mas dou-lhe o que, agora, mais valor tem para mim!”. Foi das dádivas mais belas que já vi.

Como recordação, deixou-me um livro escrito por ela com o título “A alegria da doação”, tendo escrito com a sua própria mão, na primeira página, “God bless you” (Deus te abençoe!). Que assim seja, hoje e para sempre. Na capa deste livro está ela e D. Helder da Câmara a segredar-lhe algo.

 Que espera a Igreja para declarar também, oficialmente, a santidade deste bispo pai dos pobres? Que seja uma das primeiras graças alcançadas por Madre Teresa, após a sua canonização.

Eugénio Fonseca

Presidente da Cáritas Portuguesa

 

 

 

 

A «experiência única» de estar com Madre Teresa de Calcutá

O padre Peter Stilwell, reitor da Universidade Católica de São José, em Macau, recordou a “experiência única” de estar próximo da Madre Teresa de Calcutá, de quem recorda o “sentido prático muito grande” aliado a uma “grande espiritualidade”.

À Agência ECCLESIA, o sacerdote que fez de tradutor e acompanhou a futura santa ao Santuário de Fátima, que visitou por indicação do Papa São João Paulo II, assinala que o sentido prático da religiosa “às vezes foi contestado”.

“Ela considerava que que estar com os pobres era um prolongamento da contemplação, era contemplar Cristo com quem Ele sofria”, referiu na entrevista realizada no âmbito da canonização de Madre Teresa, que vai ser presidida pelo Papa Francisco este domingo, no Vaticano, uma celebração inserida no Jubileu da Misericórdia.

Madre Teresa de Calcutá esteve em Portugal em 1982 e 1987, para visitar as fraternidades das Irmãs Missionárias da Caridade, nas dioceses de Lisboa e Setúbal.

O padre Peter Stilwell conheceu a religiosa quando estudou em Roma

 

e, uma vez por semana, ia ajudar as religiosas a “acolher” quem vivia “debaixo das pontes e nos cantos” da capital italiana.

Para a Madre Teresa, refere, a vocação das Missionárias da Caridade “era simplesmente estar com os mais pobres” e acompanhá-los, competia-lhes que eles sobrevivessem e não ajudá-los a “resolver os problemas da sua vida”, serviço que outros iriam realizar.

O reitor da Universidade Católica de São José refere que a vocação de Teresa de Calcutá e a sua congregação indicam que a atenção das pessoas deve dirigir-se para os mais pobres, porque é onde “está a humanidade”. “Quando essa condição nos toca elas devolvem-nos a nossa humanidade, abrem no nosso coração este sentido de solidariedade. Este sentido de cuidado com os outros é sinal realmente do que é isso de ser-se imagem e semelhança de Deus, ser-se manifestação dessa misericórdia de Deus no mundo”, desenvolveu.

Outra crítica feita a Ganxhe Bojaxhiu (nome de batismo de madre Teresa) era o facto de também percorrer “os meios da classe média, média-alta

 

 

 

 

 

 e da aristocracia”.

O padre Peter Stilwell relembrou que a religiosa foi freira num colégio privado para pessoas da burguesia, na Índia, onde, “certamente, ganhou consciência” de que era preciso despertar “na inteligência, no entendimento” de pessoas que tinham a sua vida segura do ponto de vista financeiro e económico que havia quem precisava. Neste 

 

contexto, o sacerdote observou ainda que Madre Teresa de Calcutá gerou um movimento de voluntariado com “muitas pessoas de famílias abastadas” e que as Missionárias da Caridade, há 10 anos, “eram, talvez, a congregação feminina com mais vocações no mundo” com pessoas “sensibilizadas pela mensagem de radicalidade de entrega aos mais pobres e de pobreza”.

 

 

 

Madre Teresa foi «um presente que ganhei na minha vida»

 

Pedro Castro estava gravemente doente com hepatite C e diz que foi a intercessão de Madre Teresa que lhe salvou a vida. Em entrevista ao Semanário ECCLESIA, Pedro Castro recorda o momento em que a futura santa entrou na sua vida, através do padre Brian Kolodiejchuk, postulador da causa de canonização da ‘mãe dos pobres’.

“Eu conheci-o por acaso no Algarve numa altura em que estava doente, com uma doença gravíssima, com uma hepatite C, que estava num estágio já avançadíssimo de deterioração do fígado. E os médicos tinham-me dito   

 

 

que eu precisava absolutamente de tomar um medicamento muito caro, que tinha acabado de sair”.

O caso remonta a 2015, quandosurgiu um medicamento que tinha 97 por cento de eficácia na cura da hepatite C mas que ainda não era comparticipado pelo Serviço Nacional de Saúde. 

No entanto, o tratamento custava na altura cerca de 46 mil euros.

“A única hipótese era vender a minha casa” frisa Pedro Castro, cuja história ganhou um novo rumo nesse encontro com o padre Brian.

O sacerdote incentivou-o a esperar e a ter confiança na Madre Teresa, entrou 

 

 

 


 

em contacto com Calcutá e a sua intenção foi colocada junto da campa da Beata. 

“Todos os dias é celebrada missa por essas intenções, e o teu nome vai desde já entrar para lá. E portanto o mundo inteiro e as pessoas que estão em Calcutá e que vão visitar o túmulo da Madre Teresa e que têm missa lá vão rezar por ti”, referiu o padre Kolodiejchuk.

“E foi muito engraçado porque a seguir o que aconteceu foi um conjunto de acontecimentos enormes que levou a que Portugal fosse o país do mundo que mais depressa passasse a custear esse tratamento para a hepatite C”, conta Pedro Castro, que desde então passou a olhar para a vida com uma perspetiva diferente.

“Para mim não tenho dúvida quehouve uma intervenção da Madre Teresa. Porque a certa altura aquilo que eu senti, e isso foi muito bonito, foi que não era uma história minha que se estava ali a viver, porque eu tinha uma casa para vender. Com certeza que era chato, mas podia ter a minha vida assegurada, a minha cura assegurada. Mas haviam 90 e não sei quantas mil pessoas em Portugal que não tinham e todos os dias morriam pessoas”, recorda. 

Esta história levou Pedro Castro a conhecer mais a fundo a história de Madre Teresa, que considera uma    

 

mulher “extraordinária” e “um presente que ganhou na sua vida”.

“Faz-me lembrar a toda a hora de que o importante não sou eu e que existe um Deus que é bom e que a nossa vida foi feita para os outros (…) ela só se preocupava com os outros, não tinha tempo sequer para ser feliz, na cabeça dela esse não era o problema, o caminho dela”, realça.

A canonização de Madre Teresa de Calcutá está marcada para 4 de setembro, na praça de São Pedro, a partir das 10h30 (menos uma em Lisboa).

Para Pedro Castro, que estará na cerimónia, será “uma festa” e “um dia de céu, em que vai ser reconhecida a beleza, a grandeza e a nobreza de uma mulher como a Madre Teresa”.

“Estou muito contente, vou com a minha mulher, estou felicíssimo, não posso estar mais feliz, sei que vêm pessoas do mundo inteiro que são devotos da Madre Teresa e que querem estar e viver este dia com alegria”, conclui. 

 

 

O silêncio de Deus na vida de Madre Teresa

 

A experiência de "deserto espiritual" ou de "silêncio de Deus" descrita nas cartas de Madre Teresa de Calcutá, é um acontecimento que marcou a vida de muitos Santos e Santas da Igreja Católica, em especial a dos chamados "místicos".

A experiência espiritual da futura foi apresentada mundialmente no livro “Mother Teresa: Come be my light”.

 

 

O padre Brian Kolodiejchuk, postulador da sua causa de canonização, explicou numa conferência em Portugal a importância da ‘noite escura’ de Madre Teresa, à luz da dupla dimensão com que se vive o amor dos religiosos: em primeiro lugar, a ‘esponsal’, o seu amor a Cristo, que a leva a unir-se aos seus sofrimentos; e, em segundo lugar, 

 

 

 

o amor ‘redentor’, que leva a compartilhar a redenção, a anunciar aos outros o amor de Deus.

“Madre Teresa era uma mulher apaixonada por Jesus e a provação, o sofrimento, é que não sentia que era amada por Jesus, como se estivesse a ser rejeitada. Ela pensou, ela sentiu que não podia amar Jesus como gostaria, porque tinha tomado a resolução de amar Jesus como ele nunca tinha sido amado antes. Se levarmos isso a sério, é algo extraordinário.

A provação foi querer amar Jesus, via-se como esposa de Jesus, e, 

 

 

naturalmente, também queria sentir esse amor de Jesus, no entanto… escuridão, nada. Essa experiência é a forma de viver, paradoxalmente, a sua união com Jesus. Estava tão unida a,Jesus que Ele podia partilhar com ela os seus sofrimentos mais profundos maiores: escuridão, solidão no Jardim das Oliveiras; o sentimento de abandono na cruz.

(…)

Quando a Madre Teresa saiu da Índia, apercebeu-se de que a maior pobreza no mundo de hoje não é a material, mas a sensação de não ser amado, de não ser querido, de não ser cuidado. Por isso, percebemos que ela própria estava a experimentar o mesmo, também. Ela estava não só identificada com os pobres, materialmente, ao viver de forma pobre mas também identificada com os pobres, espiritualmente, ao experimentar a pobreza espiritual, no seu interior”.

Padre Brian Kolodiejchuk

 

 Escritos Privados de Madre Teresa

Aos Escritos Privados de Madre Teresa não interessa reconhecer a insuficiência do dizer humano, mas afirmar a profundidade devastadora e indizível, o nomadismo infatigável, a Fé como afundamento numa realidade radicalmente outra. E é daí que brota o intransigente, desconcertante, ardente oximoro, que é a figura por excelência da Fé: a sede que dessedenta, a fome que sacia, o vazio que enche de plenitude, a escuridão que brilha. Quem tem ouvidos para escutar oiça. Quem tem coração para ler, leia.

José Tolentino Mendonça

 

 

As Irmãs de Madre Teresa de Calcutá em Chelas: um rio de misericórdia

«Tenho sede», é a palavra de Jesus que todos os dias as Missionárias da Caridade contemplam na parede do Oratório, juntamente com a imagem do Crucifixo.

Isto acontece em Calcutá, em Roma, no Iémen, em Chelas... em todo o mundo.

Assim começa o dia: Jesus crucificado que olha para elas e elas que olham para Ele. Todos os dias!

Na oração matutina, na celebração 

 

da Eucaristia e na adoração do Santíssimo. 

Este é o motor eucarístico da vida de caridade das irmãs de Madre Teresa de Calcutá. Uma missão que nasce ao pé da Cruz, de Alguém que está para morrer e diz: «Tenho sede».

Esta sede de amor sai da Casa da Paz na Avenida João Paulo II em Chelas, e transforma-se num rio de ternura que vai regando famílias, crianças, 

 

 


 

idosos do bairro, com discrição, humildade e alegria estampada no rosto.

Nestes últimos anos há uma cumplicidade carismática crescente entre a santidade de São Maximiliano Kolbe (titular da paróquia em que as irmãs estão inseridas) e a santidade de Madre Teresa de Calcutá. Ambos são um sinal do amor misericordioso de Deus numa época marcada pelo ódio e pela indiferença.

As irmãs nasceram com a Paróquia de São Maximiliano, quando em Chelas predominavam as barracas e prefabricados no final dos anos '80 e início dos anos '90 do século passado.  Naquela época deram um grande contributo ao serviço dos mais pobres, visitando as famílias, ajudando nas despesas para a alimentação e na assistência espiritual.

Hoje o envolvimento das missionárias da caridade cresceu e desenvolveu com a vida dos bairros e da comunidade paroquial.

Continua a proximidade com as pobrezas escondidas nos prédios camarários. A atenção é sobretudo aos doentes, aos idosos sós, com uma boa e positiva ligação com o centro social da paróquia.

Dão um grande contributo na catequese e na liturgia participando nas iniciativas paroquiais, vicariais e diocesanas. Deste modo, oferecem 

 

um sinal eloquente que são pedras vivas da Igreja local.

Muitos jovens e adultos quer da paróquia de S. Maximiliano, quer de outros movimentos, se tornam voluntários, bebendo do carisma das irmãs e encontrando um testemunho de vida cristã concreto, alegre e credível.

É verdade que as Missionárias da Caridade não enchem a capa dos jornais da freguesia de Marvila e da cidade de Lisboa, porque o testemunho delas, passa pelas ruas e trespassa pelos corações, sem barulho e clamor, deixando rastos de amor e de luz que é possível ver nos olhos dos mais pequenos.

As Missionárias da Caridade e as Irmãzinhas de Jesus, são irmãs e madres para as Igrejas de São Maximiliano, Sta. Clara e Sta. Beatriz: um seio de misericórdia na Unidade Pastoral Franciscana de Chelas.

frei Fabrizio Bordin,

franciscano e pároco em Chelas

 

 

Madre Teresa de Calcutá, a importância de estar próximo da «periferias»

 

O Papa Francisco assinou o prefácio do mais recente livro dedicado à Madre Teresa de Calcutá, com textos inéditos da futura santa, convidando os jovens a aprender com ela a importância de estar nas “periferias”. “[Caridade] é tornarmo-nos próximos das periferias dos homens e das 

 

 

mulheres que encontramos todos os dias e sentir compaixão pelos últimos no corpo e no espírito”, escreve.

No livro, o Papa recorda a importância da oração na vida da religiosa, cujo trabalho foi distinguido com o Prémio Nobel da Paz. Francisco espera que esta figura ajude a “despertar 

 

 

 

 

consciências” para o “drama da pobreza” e leve os católicos a “entrar no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina”.

No início do prefácio, o Papa lembra que “a Igreja não é uma ONG”, algo que era dito pela própria Madre Teresa. “As ONG trabalham para projetos e nós trabalhamos para Alguém. A Igreja trabalha para Cristo e para os pobres nos quais Cristo vive, nos estende a mão, invoca ajuda, pede o nosso olhar misericordioso, a nossa ternura”, precisa.

 

 

Francisco deixa uma palavra de estímulo aos jovens, que convida a ser “construtores de ponte, para eliminar a lógica das divisões, da recusa, do medo dos outros”, colocando-se “ao serviço dos pobres”.

O livro ‘Amemos quem não é amado’ foi publicado pela Editora Missionária Italiana (EMI).

Na obra, com reflexões pronunciadas em 1973, na cidade italiana de Milão, Madre Teresa afirma que “a doença mais grave não é a lepra ou a tuberculose, mas a solidão”, a causa de “desordens, divisões e guerras”.

 

 Canonização

O processo para a canonização tem uma primeira etapa na Diocese em que faleceu o fiel católico. A segunda etapa tem lugar em Roma, onde se examina toda a documentação enviada pelo bispo diocesano. Após exame profundo da documentação efetuada pelos teólogos e especialistas, compete ao Papa declarar a heroicidade das virtudes, a autenticidade dos milagres, a beatificação e a canonização. A tramitação do processo de santidade de um católico morto com fama de santo passa por etapas bem distintas. Por norma, cinco anos após a sua morte, qualquer católico ou grupo de fiéis pode iniciar o processo, através de um postulador, constituído mediante mandato de procuração e aprovado pelo bispo local. Este período de espera de cinco anos pode ser dispensado pelo Papa, em situações excecionais, como aconteceu em relação a Madre Teresa de Calcutá e João Paulo II.

 

 

 

O ideal da misericórdia

O presidente da União das Misericórdias Portuguesas está no Vaticano, para participar num encontro mundial das organizações do setor e na canonização de Madre Teresa de Calcutá. Em entrevista à Agência ECCLESIA, Manuel de Lemos destacou a futura santa como “um exemplo para todos de humildade, de serviço, de preocupação com os outros e com a misericórdia de Deus”.

“O seu espirito e a sua fé levaram-na a fazer o percurso de vida que todos nós conhecemos”, realçou aquele responsável, para quem o momento da canonização de Madre Teresa será “o climax” da sessão jubilar das Misericórdias no Vaticano, a par da audiência com o Papa Francisco, marcada para sábado. “Ter um encontro com as Misericórdias Operadoras de todo o mundo e no dia seguinte a canonização de alguém que personifica tão bem o que é o ideal da misericórdia como foi a Madre Teresa”, complementa.

A comitiva da União Portuguesa das Misericórdias em Roma inclui cerca de 400 representantes das várias Misericórdias atualmente espalhadas por todo o território nacional. 

 

Manuel de Lemos destaca depois a variedade de responsáveis vindos de todo o mundo, desde Itália, Brasil, China, Macau, Uruguai, Ucrânia, entre muitas outras.

Todas terão oportunidade de se encontrar com o Papa, numa audiência jubilar, que está a gerar grande expetativa. “O Papa Francisco teve uma ideia fantástica quando resolveu que este ano seria o Ano Jubilar da Misericórdia, tão precisa no mundo, e esperamos que ele nos dê forças para que depois cada um de nós consiga afirmar a sua fé e o seu serviço aos que verdadeiramente necessitam”, frisou o presidente da UMP.

Durante o encontro em Roma, as Misericórdias de todo o mundo vão ter oportunidade de “reforçar o seu papel no mundo” e estreitar laços para uma missão cada vez mais efetiva.

Os representantes das várias instituições serão ainda convidados para uma eucaristia na Igreja de Santo António dos Portugueses, no sábado à tarde, que vai ser presidida por D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga e presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.

 

 

 

 

 

 

A Missão Permanente da Santa Sé na ONU e a ‘Alliance Defending Freedom’ (ADF, Aliança pela Defesa da Liberdade), vão promover uma exposição na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, sobre a vida e obra de Madre Teresa de Calcutá.

A iniciativa insere-se no programa de atividades que visam assinalar em vários países a canonização da religiosa.

A exposição sobre a fundadora das Missionárias da Caridade tem como título 'A vida de Madre Teresa e o seu legado para a ONU', decorrendo de 6 a 9 de setembro.

No último dia, vai ter lugar uma conferência sobre a nova santa com testemunhos e painéis sobre a vida e obra junto dos mais pobres da vencedora do Prémio Nobel da Paz em 1979.

 

 

 

 

 

 

 

O milagre de Teresa

O padre e teólogo brasileiro João Carlos Almeida apresenta no livro ‘O milagre de Teresa’ a história do milagre atribuído à intercessão de Madre Teresa de Calcutá, a cura de Marcílio Haddad Andrino que abriu caminho à canonização da religiosa.

A obra, editada em Portugal pela Planeta, começa por apresentar o percurso de vida da fundadora das Missionárias da Caridade para chegar à história de Marcílio Haddad Andrino, brasileiro, que já estava na sala de operações para uma cirurgia ao cérebro, “em estado bastante crítico”, quando acordou “completamente curado” e começou a falar com o médico.

Na entrevista agora publicada, o neurocirurgião João Luís Cabral Júnior recorda que o doente chegou ao hospital com sinais de “confusão mental, febril e em estado pós-convulsivo”.

O médico - que pela sua formação “não” acredita “em milagres” - fez uma TAC e descobriu oito “abcessos” no cérebro de Marcílio Haddad Andrino, que acabaram por originar hidrocefalia já depois do internamento. No dia 9 de dezembro de 2008, enquanto o paciente brasileiro estava quase a ser operado,  

 

 a sua esposa e família rezavam com “ardente fé” pedindo “a intervenção” da Madre Teresa de Calcutá.

A oração “muito simples” aconteceu diante da fotografia da religiosa e de uma relíquia, explica o teólogo João Carlos Almeida (popularmente conhecido como padre Joãozinho).

O neurocirurgião João Luís Cabral relembra ainda que no fim do tratamento fez uma tomografia de controlo e “os abcessos tinham sumido”, tendo concluído que o paciente “podia receber alta”.

Marcílio Haddad Andrino vai estar hoje no Vaticano para falar aos jornalistas, em conferência de imprensa.

Para escrever o livro ‘O milagre de Teresa’ ocorrido no Brasil, o padre ‘Joãozinho’, da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos), entrevistou ainda, entre outros, os neurocirurgiões brasileiros José Augusto Nasser dos Santos, a quem as Missionárias da Caridade confiaram a documentação do milagre para ser analisada, e Marcus ViniciusSerra, bem como a Mônica Mazzurana Benetti, especialista em cirurgia bariátrica, escolhidos quando a Comissão do Vaticano pediu que o Promotor Público convidasse dois médicos locais da Diocese de Santos. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

setembro 2016

Dia 2

* Braga – A Igreja Católica em Braga associou-se ao evento ‘Noite Branca’, promovido pela câmara municipal local e encerra a edição de 2016 com um concerto de sinos em diversas igrejas, no centro histórico da cidade, pelas 19h30 do dia 4 de setembro.

 

Dia 03

* Bragança - O Serviço da Pastoral do Turismo da Diocese de Bragança-Miranda desafiou os fiéis a ligarem as quatro ‘Portas da Misericórdia’ da diocese à Porta Santa da Catedral na iniciativa ‘Ao encontro da Porta Santa’.

A iniciativa insere-se no Jubileu da Misericórdia e assinala o encerramento do Ano diocesano da Santidade.  221 pessoas vão participar em quatro modalidades – a pé; bicicleta – BTT; carros antigos e motas.

 

* Vaticano – O Papa Francisco vai receber uma delegação da União das Misericórdias Portuguesas que está a participar no Jubileu dos Voluntários e Trabalhadores da Misericórdia e vai assistir à canonização de Madre Teresa de Calcutá, no dia seguinte.

 

 

 
Dia 04

* Vaticano – Papa Francisco preside à cerimónia de canonização da Madre Teresa de Calcutá na Praça de São Pedro, a partir das 10h30 de Roma (menos uma hora em Lisboa).

 

Dia 05

* Fátima - A Pastoral Penitenciária em Portugal vai promover a sua peregrinação nacional sob o tema ‘Estive preso e fostes visitar-me’ ao Santuário de Fátima que, “pela primeira vez”, vai incluir “um grupo de reclusos, ex-reclusos, familiares, voluntários e assistentes espirituais e religiosos” de algumas dioceses de Portugal.

 

* Lisboa – José Vera Jardim vai tomar posse como presidente da Comissão de Liberdade Religiosa, com a ocasião a ser assinalada com o colóquio ‘Pluralismo Religioso e Cidadania’, no auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian, entre as 14h00 e as 17h00.

A Conferência Episcopal Portuguesa designou como representantes da Igreja Católica na comissão o padre Manuel Saturino Gomes, auditor 

 

 
 

 

 

 

do Tribunal da Rota Romana no Vaticano, e o teólogo Alfredo Teixeira, da Universidade Católica Portuguesa.

 

* Lisboa - O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, vai abençoar o espaço ‘Famílias comVida’ às 19h00 do dia 05 de setembro, um projeto da Cáritas Diocesana de Lisboa e da Pastoral Familiar do Patriarcado, em Carnide (Rua Manuela Porto, n.º 12D).

 

* Itália: Peregrinação da Diocese do Funchal a Roma e Assis presidida por D. António Carrilho até ao dia 9 de setembro.

 

Dia 06

* Fátima - O Santuário mariano vai  receber o Congresso Mariológico Mariano Internacional 2016, com o tema 'Acontecimento Fátima cem anos depois. História, mensagem e atualidade', no Centro Paulo VI até dia 11 de setembro.

O encontro vai ser presidido pelo enviado especial do Papa Francisco, o cardeal português D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos.

 
   

 

 

 

 

 

- Está em marcha, até ao próximo domingo, a 1.ª Festa do Livro no Palácio de Belém, com o patrocínio do presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa. Um evento com marca católica através da presença da Paulinas Editora e de autores como os padres José Tolentino Mendonça e Joaquim Carreira das Neves.

 

 

- A Cáritas Portuguesa vai realizar este sábado e domingo (03 e 04 de setembro) uma recolha de material escolar novo, para ajudar alunos mais desfavorecidos. Uma iniciativa que decorrerá em várias superfícies comerciais do país, com o apoio do Instituto de Apoio à Criança e da Associação Karingana wa Karingana.

 

 

- A Paróquia de São Julião da Barra, em Lisboa, promove entre 05 e 10 de setembro um ‘Musical Camp’, um campo de férias lúdico e cultural para jovens que culminará na apresentação de um musical cristão, este ano centrado na figura bíblica de Rute. Os concertos decorrem nos dias 09 e 10 de setembro pelas 21h00, na Igreja Paroquial de Outurela; e no Auditório Eunice Muñoz de Oeiras.

 

 

- O Mosteiro de São João de Tarouca, em Lamego, vai acolher um concerto de canto cisterciense, no dia 10 de setembro pelas 22h00. A Direção Regional do Norte, promotora do evento, destaca a oportunidade de apreciar um “evento inovador” no ambiente sonoro e visual da oração dos monges de Cister.

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 13h30

Domingo, 4 de setembro, 13h25 - Santa Teresa de Calcutá

 

Segunda-feira, dia 5, 15h00 

Entrevista a Eugénio Fonseca sobre Madre Teresa.

 

Terça-feira, dia 6, 15h00  Informação e entrevista a Frei Fabrizio Bordin sobre Missionárias da Caridade em Chelas.

 

Quarta-feira, dia 7, 15h00 - Informação e entrevista a Orlando Azevedo sobre prestação de serviços eclesiais.

 

Quinta-feira, dia 8, 15h00 -Informação e entrevista a Catarina António sobre voluntariado.

 

Sexta-feira, dia 9, 15h00  -  Análise à liturgia de domingo.

 

Antena 1

Domingo, dia 4 de setembro - 06h00 - Canonização da Madre Teresa de Calcutá

 

Segunda a sexta-feira, 5 a 9 de setembro - 22h45 - Destinos a visitar: Serra de Serpa, diocese de Beja; Mosteiro de Balsamão, diocese de Bragança - Miranda; Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra, diocese de Lisboa; Mosteiro de Singeverga, diocese do Porto; Convento de Cristo em Tomar, diocese de Santarém

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano C – 23.º Domingo do Tempo Comum

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como seguimos Jesus hoje?
 

A liturgia deste 23.º domingo do tempo comum convida-nos a tomar consciência de quanto é exigente o caminho do Reino de Deus. Optar pelo Reino não é escolher um caminho de facilidade, mas sim aceitar percorrer um caminho de renúncia e de dom da vida.

Jesus é demasiado duro, as suas exigências são demasiado radicais: “Se alguém vem ter comigo, sem Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo… Quem de entre vós não renunciar a todos os seus bens, não pode ser meu discípulo». Sem contar com este convite ao sofrimento: “Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo”.

Parece que Jesus quer desencorajar quem quer ser seu discípulo. É preciso compreender que Lucas escreve o seu Evangelho num contexto de perseguições. Alguns cristãos preferiam morrer a renegar a sua fé. Outros, talvez os mais numerosos, escolhiam colocar, pelo menos momentaneamente, a sua fé entre parêntesis para salvar os seus bens, a sua família e a sua própria vida.

São Lucas quis, não tanto condenar estas fraquezas na fé, mas sobretudo dar um forte encorajamento àqueles que se mantinham firmes na fé, até à morte. Eram esses, os mártires, que tinham razão em seguir Jesus até no mistério da sua morte na cruz.

O que nos podem estas palavras dizer hoje? O nosso mundo é duro em tantos domínios. Por exemplo, o sentido do casamento e da família, o valor da palavra dada para ser fiel ao marido e à esposa não são referências maiores da nossa cultura. Não é fácil hoje, numa sociedade descristianizada, assumir e promover valores cristãos, fazer referência ao Evangelho, 

 

 

 

 

afirmar-se como crente em Jesus. Muitíssimos distanciaram-se de Deus, da fé cristã.

A Palavra de Deus de hoje é-nos servida para nos despertar e, ao mesmo tempo, para nos encorajar. Aqueles que, apesar de tudo e contra tudo, continuam a dar um lugar importante na sua vida a Jesus têm razão. O Evangelho de hoje é um convite urgente a mantermo-nos na nossa fé, por mais que isso custe!

Como seguimos Jesus? À maneira de um líder político? de uma estrela da canção? de um ídolo do futebol? 

 

Tornar-se discípulo de Jesus hoje é uma questão de preferência absoluta, num caminho que passa pela cruz. Cruz levada com pleno amor e fecundo sentido de viver em Cristo! Como diz a canção do meu confrade Padre Zezinho: «no peito levo uma cruz, no meu coração o que disse Jesus!»

Que assim seja, sempre e neste reinício de ano letivo e pastoral, nas nossas vidas, comunidades e famílias!

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

Cuidar da natureza,
nova obra de misericórdia

 

O Papa afirmou que o cuidado com o Ambiente deve ser visto pelos cristãos como uma “nova obra de misericórdia”, que se une as 14 tradicionais, para defender a “vida humana na sua totalidade”. “Tomo a liberdade de propor um complemento aos dois elencos de sete obras de misericórdia [corporais e espirituais],

 

 

acrescentando a cada um o cuidado da casa comum”, escreve, numa mensagem divulgada no Vaticano no dia 1 de setembro.

O texto assinala a celebração ecuménica do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, uma iniciativa lançada pelo Papa em 2015, na Igreja Católica, associando-se a 

 

 

outras Igrejas e Comunidades cristãs.

Francisco precisa que, como obra de misericórdia espiritual, o cuidado da casa comum requer “a grata contemplação do mundo”. Como obra de misericórdia corporal, o cuidado da casa comum requer os “simples gestos quotidianos” que permitem quebrar “a lógica da violência, da exploração, do egoísmo”.

O Papa recorda ainda a celebração do Jubileu da Misericórdia, o ano santo extraordinário que decorre até 20 de novembro, propondo que os católicos saibam reconhecer “os pecados contra a criação” que cometeram, para que seja possível “dar passos concretos no caminho da conversão ecológica”. “Arrependamo-nos do mal que 

 

 

estamos a fazer à nossa casa comum”, apela.

A mensagem de Francisco sublinha a necessidade de um “sério exame de consciência” neste campo ecológico. “Habitados por tal arrependimento, podemos confessar os nossos pecados contra o Criador, contra a criação, contra os nossos irmãos e irmãs”, realça.

O pontífice argentino espera que este processo leve a um “propósito firme de mudar de vida”, que se traduza “em atitudes e comportamento concretos mais respeitadores da criação”.

A mensagem conclui-se com uma oração ao “Deus dos pobres”, rezando pelos “abandonados e esquecidos desta terra”.

 

 

 Serviço da Pastoral do Turismo da Diocese de Bragança-Miranda

A Missão Permanente da Santa Sé na ONU e a ‘Alliance Defending Freedom’ (ADF, Aliança pela Defesa da Liberdade), vão promover uma exposição na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, sobre a vida e obra de Madre Teresa de Calcutá.

A iniciativa insere-se no programa de atividades que visam assinalar em vários países a canonização da religiosa.

A exposição sobre a fundadora das Missionárias da Caridade tem como título 'A vida de Madre Teresa e o seu legado para a ONU', decorrendo de 6 a 9 de setembro.

No último dia, vai ter lugar uma conferência sobre a nova santa com testemunhos e painéis sobre a vida e obra junto dos mais pobres da vencedora do Prémio Nobel da Paz em 1979.

 

 

Nigéria: quando o ódio está à solta nas ruas…

Vidas ameaçadas

Em muitos lugares da Nigéria, os Cristãos são uma comunidade ameaçada. Além do terrorismo islamita do Boko Haram, que tem trazido a morte e a destruição ao norte do país, há ainda muito ódio e intolerância à solta. Há dias, por causa de uma falsa acusação de blasfémia, uma família inteira foi queimada viva em sua casa.

 

Tudo aconteceu no dia 22 de Agosto. Foram raras as notícias que correram mundo sobre este episódio de invulgar violência. Porém, ali em Talata Mafara, no Estado de Zamfara, na Nigéria Setentrional, ninguém consegue esconder o horror dos gritos daquelas oito pessoas, todas da mesma família, queimadas vivas em sua casa por causa de uma falsa acusação de basfémia. Horas antes, um rapaz, jovem estudante do ensino politécnico, foi acusado por um colega, muçulmano, de ter injuriado o profeta Maomé numa discussão. Bastou isso para que tudo se precipitasse de forma dramática. A discussão entre os dois degenerou num tumulto que envolveu quase toda a escola.

 
Fugir para a morte

Pressentindo o perigo, o jovem estudante fugiu, correndo para sua casa. Julgando estar a salvo, não imaginou, nem por um instante, que estava, isso sim, a condenar à morte toda a sua família. Num instante, a multidão deixou a escola e correu para junto da casa do estudante universitário, deitando fogo à habitação. Os que presenciaram o ataque não conseguem esconder o horror dos gritos dos que estavam a ser queimados vivos. As autoridades, como acontece tantas vezes na Nigéria, chegaram tarde demais. A Igreja depressa condenou mais este episódio de extrema violência contra a comunidade cristã, acusando as forças da ordem de serem “incapazes de perseguir e prender quem ataca os Cristãos”.

 

Medo entre os Cristãos

Como se não bastasse a violência terrorista da responsabilidade do Boko Haram no norte da Nigéria, onde este grupo islamita pretende instaurar um “califado”, os Cristãos nigerianos têm 

 

  

 

também de conviver com a complacência criminosa das autoridades que não garantem a ordem e segurança das populações. O ataque criminoso que vitimou oito pessoas da mesma família em Talata Mafara demonstra bem como é pouco valiosa a vida dos cristãos em certas regiões da Nigéria. Recentemente, D. Charles Hammawa, Bispo na Diocese de Jalingo, reconheceu, em declarações à Fundação AIS, que há “definitivamente, muito medo de perseguição entre os Cristãos, o que 

 

faz com que alguns comprometam ou escondam a sua fé”. Por isso mesmo, acrescenta este prelado, todos “aqueles que permanecem inabaláveis merecem o nosso apoio incondicional”. Imagine-se, agora, a coragem que é preciso ter para os cristãos que vivem em Talata Mafara continuarem a assumir publicamente a sua fé depois do público assassinato de uma família, queimada viva em sua casa, no passado dia 22 de Agosto…

 

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

 

De Calcutá e do resto do Mundo

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Há vidas que se transformam com opções radicais. A da Madre Teresa de Calcutá é uma delas. Todos conhecemos, mais ou menos, o seu percurso de vida. Albanesa, Religiosa de uma Congregação bem colocada no mundo da Educação, estava num grande Colégio quando sentiu o apelo interior a deixar tudo e partir para onde o grito dos mais pobres chamasse por ela. E assim chegou às periferias miseráveis de Calcutá, nesta Índia de contrastes enormes.

Dali a ser notada, foi um pequeno passo. Aquela Irmã vestida de azul e branco chamava a atenção de todos: dos pobres que acolhia e apoiava; das autoridades locais que se sentiam interpeladas com a sua Missão; dos jornalistas do mundo inteiro que viam naquela freira o rosto de uma santa.

Como a vocação se espalha por contágio, foram muitas as mulheres que se foram juntando á Madre Teresa e assim, de dia para dia, crescia o número das Irmãs da Caridade, nome que Madre Teresa deu á Congregação que fez nascer em Calcutá.

Porque pobres e abandonados há-os por todo o lado, a Congregação foi estendendo a sua Missão ao resto do mundo. Hoje são muitas as Irmãs e muitos os países onde trabalham. A opção inicial mantém-se: um estilo de vida muito simples, longos tempos de oração, partilha de vida com os mais pobres, dedicação absoluta a quem não conta para as nossas sociedades que excluem mais do que integram.

Muitos jornalistas iam, de propósito, a Calcutá para fazer reportagens e obter entrevistas de Madre 

 

 

 

 

 

 

 

 

Teresa. Há peças de jornalismo que são fantásticas. Recordo apenas uma delas: depois de percorrer, com Madre Teresa, ruas e espaços de acolhimento aos pobres, um jornalista diz-lhe: ‘Por nenhum dinheiro do mundo eu fazia uma trabalho destes!’. Resposta rápida: ‘Eu também não!’.

O que fez correr Madre Teresa pelos caminhos de Calcutá e por todas as sarjetas humanas do mundo foi o Mandamento do Amor, tão bem expresso na parábola do Bom Samaritano. O mundo inteiro 

 

precisa de grandes referências e ela é sinal claro de opção pelos mais pequeninos e pobres, aqueles que não têm vez nem voz, que nem têm lugar nas estatísticas. Mas são pessoas e, por isso, tão dignas como todas as outras.

No altar, Teresa será de Calcutá e do mundo inteiro. Será um grito por mais justiça, paz, fraternidade. O Papa Francisco, que tanto fala de uma Igreja em saída para as periferias e margens, deve ter um orgulho enorme em canonizar esta Santa.