04 - Editorial

  Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião

    - LOC/MTC
    - Miguel Panão

24 - Semana de...

     Lígia Silveira

26 - Dossier

    Rostos femininos da Igreja

 

64 - App Pastoral

66 - Estante

68 - Concílio Vaticano II

70- Agenda

72 - Por estes dias

74 - Programação Religiosa

75 - Minuto Positivo

76 - Liturgia

78 - Fátima 2017

82 - Fundação AIS

84 - LusoFonias

Foto de capa: DR

Foto da contracapa:  DR

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes
Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais 
Diretor: Padre Américo Aguiar
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Opinião

 

 

 

Renúncias Quaresmais

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Quarta-feira de Cinzas

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Mulheres e Igreja

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Paulo Rocha | Carmo Rodeia | Claudia Lourenço | Cristina Sá Carvalho | Eugénia Costa Quaresma | Irmã Eliete Duarte | Irmã Sameiro Magalhães | Lisandra Rodrigues | Maria Isabel Azevedo de Oliveira | Maria de Fátima Lourenço Pimparel | Lígia Silveira | LOC/MTC |Bento Oliveira | Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves

 

Causa da nossa harmonia

  Paulo Rocha   

  Agência ECCLESIA   

 
 

 

 

Há poucos anos desafiei um responsável da Igreja Católica em Portugal a escrever regularmente na Agência ECCLESIA. Primeiro, a proposta foi deixada de lado; depois adiada; e finalmente começamos a falar em temas, onde se incluíram também aqueles que motivam reações extremas, como o casamento dos sacerdotes ou a ordenação de mulheres. E a abordagem deste último levou ao que lhe dá contexto e que diz respeito ao papel da mulher na Igreja Católica, nomeadamente em lugares de chefia. Nessa ocasião, a reação foi imediata: “se for para ser, estar e fazer como os homens, não vale a pena o debate. A mulher há de ter um modo de ser, estar e fazer em Igreja que lhe é próprio. Sobre isso vale a pena refletir e escrever…”

Enquanto não chegam esses escritos, outra achega metodológica para o tratamento de um tema quase sempre inconsequente, mas recorrente, sobretudo quando se reduz a um Dia Internacional, mesmo que seja da Mulher. Trata-se da relação com o feminino. Como na relação com a mãe e com a sua mulher, a relação de um pai com uma filha (e o mesmo se poderá dizer de uma mãe em relação a um filho ou globalmente dos pais com os filhos) é, por natureza, ocasião de harmonia, de desenvolvimento de um e outra, de equilíbrio dos dois, de respeito pela identidade e percurso de cada um. Claro que infelizmente acontecem histórias que o desmentem, algumas mesmo indignas de seres humanos. Mas a normal relação de um pai com uma filha, a cumplicidade que a   

 

 

envolve, a proteção que reclama e a autonomia que exige é fator de inspiração para identificar a relevância da mulher na Igreja e no relacionamento filiar que toda ela, a Igreja, tem de ter com Deus Pai.

Sem tratados sobre o papel da mulher na Igreja Católica e num debate normalmente feito com pouco espaço para grandes manobras, o caminho faz-se caminhando… E, felizmente, muitas histórias mostram que há já muito caminho feito! O pontificado do Papa Francisco deu um impulso, não tanto pelo debate que geraram algumas declarações, novamente entre extremos, mas pelo posicionamento em que o colocou: o contributo dos leigos na Igreja não acontece quando estes se clericalizam

 

e nem o papel das mulheres tem de seguir qualquer espécie de “hominização”. Francisco considera que “quando não há a mulher, falta a harmonia” na Igreja Católica. E a harmonia só acontece quando se juntam diferentes sons, cores, espaços… Seres humanos também.

Num ano em que Maria é recordada no contexto do centenário das Aparições de Fátima, evocada por muitos crentes como “causa da nossa alegria”, a organização eclesial enfrenta o desafio de descobrir o feminino na Igreja como “causa da nossa harmonia”, como sugere o Papa Francisco. E só o será se o projeto não for para ser, estar e fazer igual ao homem, mas para ser, estar e fazer no feminino!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

A confusão na atribuição do prémio de Melhor Filme marcou a edição 2017 dos Óscares

 

 

 

 

"Na opinião do Presidente da República, este processo é uma oportunidade única para que a Europa repense e decida, com coragem e visão de longo prazo, o seu próprio futuro, um futuro democrático, próspero e justo para os europeus, para Portugal e para os portugueses"

Marcelo Rebelo de Sousa, em comentário às propostas do ‘Livro Branco’, em que se traçam cinco cenários distintos sobre a evolução da União Europeia, com 27 Estados-membros, até 2025. Lisboa, 01.03.2017

 

“Quanto ao controle inspetivo há duas questões: que ele não foi feito não há dúvidas, porque isso nos foi reportado pela Autoridade Tributária. Esse controlo não foi feito quanto a esse montante, os tais 10 mil milhões de euros, porque essas transferências não eram conhecidas da inspeção tributária"

Rocha Andrade, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Parlamento da República, 01.03.2017

 

"Considero legitima a interpretação dos serviços que levou à não publicação das estatísticas no portal das Finanças. Assumo, por isso, a responsabilidade política pela não publicação das referidas estatísticas"

Paulo Núncio, ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Lisboa, 25.02.2017

 

"Vamos com coragem, rapazes. Vamos pensar que o ministro da Cultura está a ouvir o que estamos a dizer. Eu acho que a cultura em Portugal está um bocadinho abandonada, que precisa de ser posta em cima"

Ruy de Carvalho, após homenagem no Palácio de Belém pelo seu 90.º aniversário. Lisboa, 01.03.2017

 

Dioceses solidárias na Quaresma

A vivência quaresmal é marcada pela chamada “renúncia”, prática em que os fiéis abdicam da compra de bens, reservando o dinheiro para finalidades especificadas pelo bispo. Apresentamos os fins escolhidos pelos responsáveis católicos em Portugal.

 

Algarve: Continuidade da construção da igreja do vicariato da Pedra Mourinha, em Portimão.

 

Angra: Fundo Diocesano para as Crianças em extrema pobreza.

 

Aveiro: Ajuda ao Sudão do Sul. Implementação de “percursos de formação cristã” na diocese.

 

Beja: Cristãos perseguidos da Síria. Fundo de emergência da Cáritas diocesana.

 

Braga: Fundo Partilhar com Esperança “que responderá aos problemas das famílias e das periferias humanas”.

 

Bragança-Miranda: Cáritas Diocesana e apoio a milhares de pessoas necessitadas.

 

 

 

Coimbra: Obra do Frei Gil, instituição de acolhimento de crianças e jovens.

 

Évora: Manutenção do Seminário Redemptoris Mater.

 

Funchal: Fundo Social Diocesano e Sudão do Sul.

 

Guarda: Comunidades cristãs do Iraque e da Síria (via Fundação AIS).

 

Lamego: Fundo Solidário Diocesano e à ajuda missionária para Moçambique e da Bolívia, através dos Espiritanos.

 

Leiria-Fátima: Ajuda aos refugiados na Grécia ou noutros países, “onde vivem em condições de miséria” (via Cáritas Portuguesa).

 

Lisboa: Renovação do Seminário dos Olivais

 

Portalegre-Castelo Branco: Ajuda aos refugiados na diocese. Sudão do Sul.

 

Porto: Fundo Solidário Diocesano. Diocese do Huambo, Angola; Diocese d Erbil, no Iraque, “para ajudar os refugiados”.

 

 

 

 

Santarém: Sudão do Sul.

 

Setúbal: Criação de fundo diocesano destinado a apoiar o acolhimento de refugiados. Paróquia da Arrentela.

 

Viana do Castelo: Crianças desfavorecidas em São Salvador da Bahia, Brasil.

 

 

 

Vila Real: Centro de Apoio à Vida, para grávidas adolescentes (SCMVR). Ajuda aos refugiados.

 

Viseu: Refugiados na Turquia (via Cáritas Portuguesa).

 

Ordinariato Castrense: Militares e polícias que vivem situações “particularmente graves”. Timor-Leste.

 

 

 

JOC lança campanha nacional
sobre pressão na vida dos jovens

A Juventude Operária Católica (JOC) está a promover uma campanha nacional que visa alertar para a “pressão” a que os jovens estão sujeitos, particularmente na escola e no trabalho. “Nos últimos tempos, muitos jovens têm revelado e partilhado uma preocupação constante com situações de pressão que afetam a dignidade e o bem-estar dos jovens, não só pelas suas realidades de vida, mas pelo que observam também à sua volta”, explica a organização, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

A primeira etapa, que decorre até junho, vai procurar sensibilizar os jovens para esta realidade através de um vídeo, cartazes e flyers. “Posteriormente, o objetivo será procurar conhecer a realidade da pressão na vida dos jovens, através da realização de inquéritos por escrito e online, onde possam estimular os jovens a refletir sobre as suas próprias vidas e simultaneamente conhecer os 

 

 

de forma mais detalhada esta realidade, através da recolha de dad estatísticos”, adianta a JOC.

A organização católica sustenta que esta pressão “oprime e explora os jovens trabalhadores”. “É preciso sair à rua, ir ao encontro dos outros jovens, que vivem oprimidos e sufocados pela pressão nos seus locais de estudo e trabalho. Não podemos falar do que não conhecemos”, acrescenta a JOC.

 


 

Homenagem ao legado de Daniel Serrão

O bispo do Porto considerou que Daniel Serrão foi “um grande homem, um distinto médico e um abalizado professor”, na homenagem que o Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa lhe fez, esta segunda-feira.

Para D. António Francisco Santos, o homenageado, que faleceu a 8 de janeiro deste ano, foi um “intrépido defensor das causas da vida”, da “famílias e dos valores cristãos”, disse aos jornalistas. Com a sua “voz autorizada”, o médico e professor Daniel Serrão tinha “uma matriz cristã” e estas qualidades “devem ser enaltecidas”, frisou o bispo do Porto.

Daniel Serrão foi uma “grande figura” da cidade do Porto e do país” e como “grande cristão que era”, o Papa João Paulo II chamou-o para seu “conselheiro”, sublinhou D. António Francisco dos Santos.

O bispo do Porto acredita que este médico continua acompanhar e ajudar os cristãos a “serem intrépidos defensores das causas da vida” e que, por causa do seu testemunho “marcadamente assumido”, a Igreja “deve-lhe muito”. “A voz do professor Daniel Serrão continua a ser ouvida”

 

 e o seu testemunho continua a ser um valor que os cristãos “devem preservar”, acrescentou.

Como “grande educador” das novas gerações, D. António Francisco Santos acredita que os antigos alunos de Daniel Serrão saberão “continuar a ser mensageiros dos valores transmitidos”. No testemunho de homenagem, que decorreu no auditório Carvalho Guerra da UCP-Porto, várias figuras da cidade e amigos prestaram homenagem a Daniel Serrão.

O professor Walter Osswald recordou “o grande amigo Daniel Serrão”, nascido no mesmo ano (1928) que ele. Foram amigos “durante 71 anos” e partilharam muitas experiências “de identidade em muitos pontos de vista, mas também de sã divergência em pormenores”, disse à Agência ECCLESIA.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1500 alunos portugueses da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica fazem experiência em Taizé, França

 

 

 

Universidade Católica apresenta projeto para Faculdade de Medicina

 

 

Quaresma começa com alerta para tentativas de banalizar a vida

 

O Papa Francisco alertou para as tentativas de “banalizar a vida” e para as consequências da “indiferença” perante quem sofre, falando durante a celebração de Quarta-feira de Cinzas, em Roma. “A Quaresma  

 

 

é o tempo para dizer não: não à asfixia do espírito pela poluição causada pela indiferença, pela negligência de pensar que a vida do outro não me diz respeito; por toda a tentativa de banalizar a vida, especialmente

 

 

 

a daqueles que carregam na sua própria carne o peso de tanta superficialidade”, sublinhou, na homilia da Missa a que presidiu na Basílica de Santa Sabina.

A celebração foi antecedida por uma “procissão penitencial” desde a igreja de Santo Anselmo, no Aventino, onde o Papa se deslocou, desde o Vaticano, para um momento de oração, acompanhado por cardeais, bispos, os monges beneditinos desta igreja e os padres dominicanos de Santa Sabina.

Francisco falou do tempo de preparação para a Páscoa, que os católicos assinalam hoje em todo o mundo, como “um caminho” que leva “à vitória da misericórdia” sobre tudo o que procura “esmagar” ou “reduzir” o ser humano a algo que “não corresponda à dignidade de filhos de Deus”. “A Quaresma é a estrada da escravidão à liberdade, do sofrimento à alegria, da morte à vida”, sustentou.

A intervenção sublinhou o simbolismo do gesto das cinzas, que também foram impostas sobre o Papa. “Fomos tirados da terra, somos feitos de pó. Sim, mas pó nas mãos amorosas de Deus, que soprou o seu espírito de 

 

vida sobre cada um de nós e quer continuar a fazê-lo”, observou Francisco.

Segundo o Papa, este sopro de vida contrapõe-se à “asfixia” do egoísmo, das “ambições mesquinhas e silenciosas indiferenças”, ao “ar sufocante de pânico e hostilidade”. “Viver a Quaresma é ansiar por este sopro de vida que o nosso Pai não cessa de nos oferecer na lama da nossa história”, acrescentou.

A homilia alertou ainda para correntes de espiritualidade que reduzem a fé a “culturas de gueto e exclusão”. “A Quaresma significa não à poluição intoxicante das palavras vazias e sem sentido, da crítica grosseira e superficial, das análises simplistas que não conseguem abraçar a complexidade dos problemas humanos, especialmente os problemas de quem mais sofre”, prosseguiu.

Francisco convidou os crentes a não “rasgar as vestes frente ao mal” que os rodeia, mas, sobretudo, a dar espaço a “todo o bem” que possam realizar, despojando-se daquilo que “isola, fecha e paralisa”.

 

 

Papa Francisco lembra cristãos perseguidos

O Papa Francisco convidou a rezar pelos cristãos que são perseguidos por causa da sua fé, numa mensagem divulgada através do YouTube e das redes sociais, com a sua intenção de oração para o mês de março. “Quantos de vocês rezam pelos cristãos que são perseguidos?”, é a pergunta que Francisco faz no mais recente ‘Vídeo do Papa’.

Desta forma, o Papa pede ânimo e convida à oração com ele pelos cristãos perseguidos para que experimentem o apoio de todas as Igrejas e comunidades, através “da oração e da ajuda material”.

A mensagem observa que existem pessoas que são perseguidas e executadas por causa da sua fé, “obrigadas a abandonar as suas casas, seus locais de culto, suas terras, seus afetos” sem que os perseguidores “façam distinção entre as confissões” às quais pertencem.

O ‘Vídeo do Papa’ é uma iniciativa do Apostolado da Oração (AO), da

 

 

 Companhia de Jesus, e destina-se a divulgar as intenções das orações do Papa, em cada mês. De acordo com o AO, estima-se que façam parte da Rede Mundial de Oração do Papa mais de 30 milhões de pessoas, em dez idiomas.

‘O Vídeo do Papa’ é idealizado e realizado pela agência La Machi, Consultora de Comunicação para Boas Causas, e conta com o apoio do AO-Portugal.

 

 

 

Papa encontrou-se com os seus párocos

O Papa encontrou-se esta quinta-feira com o clero da Diocese de Roma, para assinalar o início da Quaresma, e confessou 15 sacerdotes antes de apresentar uma reflexão sobre o crescimento na fé. Francisco esteve durante mais de duas horas na basílica papal de São João de Latrão, a ‘catedral’ do Bispo de Roma, e quis falar aos párocos da sua diocese sobre a importância do “discernimento”, evitando o “impulso” de resolver algo imediatamente.

A intervenção, com mais de 50 minutos, sustentou que é necessário ter uma “lúcida memória do passado” para poder abrir-se ao futuro e “ver a estrada realmente nova”, distinguindo-a dos caminhos que “não levaram a nenhum lado”.

O Papa alertou para bispos e padres que não se sintam “pecadores”, porque esta falta de consciência leva as pessoas a “fechar-se” em si mesmas, enquanto que uma fé madura é capaz de gerar “fé nos outros”.

O discurso aludiu à importância da família e do testemunho de pessoas “simples” no percurso de fé de cada um, desafiando os presentes a “procurar as raízes da fé”, porque só isso é “verdadeiramente  

 

 

revolucionário”. “O crente é fundamentalmente alguém que faz memória”, assinalou o pontífice.

Francisco observou ao clero de Roma que a história da família “nunca passa de moda”. “O afeto e a audácia dos nossos pais, que se gastaram para que nós pudéssemos estar aqui e ter o que temos, são uma chama acesa em qualquer coração nobre”, declarou.

A intervenção teve como centro três palavras, “a memória, a esperança e o discernimento”, apresentadas como fundamentais na vida de fé. “O crescimento acontece apenas quando nos encontramos com o Senhor”, observou o Papa.

O discurso apresentou depois a figura de São Pedro como exemplo de fé no meio das “tentações” e das limitações pessoais. 

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Primeira visita de um Papa à igreja anglicana de Roma

 

 

 

Celebração de Quarta-feira de Cinzas presidida pelo Papa

 

 

 

Desenvolvimento comunitário, um caminho para cidades mais justas, humanizadas e integradoras

  LOC/MTC   

  Movimento de  

  trabalhadores Cristãos  

 

O Papa Francisco na Encíclica Laudato Si (Louvado Sejas) alerta-nos para algumas das consequências do crescimento desmedido e descontrolado das cidades. Daí resultam problemas ambientais e de qualidade de vida, de fragmentação e degradação social, em que o desemprego/precaridade laboral, a pobreza crescente, situações de violência, a rutura de vínculos de integração e a comunhão social são marcas cada vez mais visíveis.

Urge agir para contrariar esta evolução e já vão sendo feitos caminhos de transformação em várias cidades entre as quais Lisboa.

Desde há mais de 12 anos a comunidade inserida das Irmãs Teresianas no Bairro Fonsecas e Calçada procura, viver em proximidade com a comunidade do bairro, sendo vizinhas entre vizinhos. Comungando da realidade de vida deste bairro da cidade de Lisboa, tem procurado criar oportunidades para os jovens e crianças desenvolverem as suas competências pessoais e sociais, acompanhar e apoiar famílias e pessoas mais fragilizadas, criar eventos e iniciativas promotoras da abertura à espiritualidade, ao convívio e inclusão intergeracional e cultural. Foi esta missão que um grupo pequeno de mulheres acolheu, movidas pelo amor aos mais pobres, colocando em prática os ensinamentos de Santa Teresa de Ávila, uma mulher inovadora ereformadora no seu tempo no domínio da educação.

O trabalho desenvolvido no bairro ganhou outra força e dinamismo e abriu-se a novos desafios e oportunidades, com o apoio da Câmara Municipal de   

 

 

Lisboa, através do Programa Bip-Zip, destinados a algumas zonas de maior vulnerabilidade na cidade. Neste momento está em curso o projeto “As Cores da Cooperação e da Inclusão” que visa, por um lado, promover a inclusão e coesão social, a convivência e a integração da população do bairro através de uma intervenção de ARTE URBANA (pintura artística do túnel do Bairro). Esta atividade tem um cariz educativo no sentido da melhoria das condições do bairro e do sensibilizar para o cuidar/preservar dos espaços comuns, pretende envolver de um modo participativo as crianças, os jovens e a comunidade em geral no processo e visará gerar novas sinergias na comunidade do Bairro, cuja entrada será o orgulho dos seus filhos e netos. Por outro lado, tem como objetivo promover o desenvolvimento de competências locais para a promoção de um trabalho comunitário em rede coordenado e sustentado, envolvendo as diversas entidades que intervém no território do bairro Fonsecas e Calçada e os seus residentes.

Esta iniciativa de base local (comunitária) apoiada por um organismo sob administração do governo, constitui em si mesma uma oportunidade para o desencadear de um processo de desenvolvimento comunitário no Bairro Fonsecas e Calçada. De acordo com o Dr. Rogério Roque Amaro, o desenvolvimento   

 

comunitário requer a combinação de 10 fatores chave: centra-se numa comunidade de pequena dimensão; visa responder às suas necessidades prementes; gerada a partir das capacidades da própria comunidade; implica uma lógica de participação e integrada; necessita de apoios e recursos externos fertilizadores da comunidade e não permanentes; tem por base o trabalho em parceria; tem impacto em toda a comunidade e inclui uma diversidade de processos e resultados.

Do processo em curso poderá resultar uma comunidade mais coesa, participativa e mobilizada para melhorar a qualidade de vida no seu bairro e para reforçar os seus laços de convivência e humanidade. A par disso, para construirmos cidades mais justas e integradoras é necessária a “luta” por políticas macro mais equitativas e dignas, que respeitem a pessoa nas suas diversas dimensões.

Citando o Papa Francisco “O amor, cheio de pequenos gestos de cuidado mútuo, é também civil e político, manifestando-se em todas as ações que procuram construir um mundo melhor”. (…) O amor social é a chave para um desenvolvimento autêntico (…) O amor social impele-nos a pensar em grandes estratégias que detenham eficazmente a degradação ambiental e incentivem uma cultura do cuidado que premeie toda a sociedade” (Laudato Si, 231).

 

 

Renovar A Família A Partir Do Interior

  Miguel Oliveira Panão   

  Professor Universitário   

 

Março é um mês especial para o Movimento dos Focolares do qual faço parte, pois, a 14 de março, a sua fundadora Chiara Lubich partiu para junto do Pai. Assim, todos os anos os Focolares dedicam as celebrações a um tema onde o pensamento de Chiara tenha sido "fundador" no sentido literal do termo. Como este ano celebramos também os 50 anos das Famílias Novas, uma expressão de movimento de massa feito de família que vivem a espiritualidade da unidade, o tema centra-se no que Chiara pensava sobre a Família. Daí os dois eventos que ocorrerão no Porto e em Lisboa a 12 de março.

Na sociedade hodierna são imensos os desafios enfrentados pela família, nomeadamente ao nível do que se considera ser uma “família”. O critério que nos permite discernir o que é uma família vem da experiência que fazemos ao procurar vê-la como Deus a vê. Na origem do relato da criação está um casal, homem e mulher, e o seu amor é a expressão máxima de unidade na diversidade da qual são imagem, ou seja, sinal e testemunho de Deus que é Trindade. Uma ideia partilhada por S. João Paulo II na sua Teologia do Corpo.

Jesus, Deus que se faz homem como nós, nasce no seio de uma família. Nasce bebé. Não aparece no meio do nada ou vindo de uma nave espacial com um fabuloso sistema de invisibilidade (cloaking device) como no Caminho das Estrelas (Star Trek). Quando adulto podia ter redefinido o que é uma família, mas nas bodas de caná, ou no Sermão

 

 

 

 da Montanha, deixa-nos um pensamento muito claro sobre isso. Não por ser lógico, ou meramente natural, mas antes porque a potencialidade por detrás de uma família como Deus a pensou é tremenda!

A família está na origem da sociedade porque contém todas as realidades que uma sociedade deveria atender. Aliás, se percorrermos os diversos ministérios veremos que encontram a sua origem em realidades que as famílias experimentam dentro de si, entre famílias e com o mundo que as circunda. E no pensamento de Chiara Lubich encontramos o que pode animar uma espiritualidade da unidade no âmbito da família.

Um ponto essencial é o de que "um só é o amor". O Amor a Deus. Não podemos dividir o nosso coração entre o amor ao cônjuge e o amor a Deus porque Deus está no outro. A alma gémea é um mito porque cada marido e mulher são em si seres completos, pelo facto de, em cada um, estar Deus. Assim, o amor profundo pela minha esposa é, no fundo, um amor a Deus nela. E o amor dela por mim é um amor a Deus em mim. Como imagem

 

 e sinal do amor na Trindade, também no casal o amor é de Deus para Deus.

Isto pode parecer algo de elevado e até difícil de concretizar, mas não é. Concretiza-se nos aspetos mais simples da vida familiar. O arrumar a casa, o tom de voz ao falar com cada um, o ter uma atenção particular às necessidades, desejos, dificuldades de cada membro da família, a sobriedade e quantas outras coisas. Basta colocar-se no lugar do outro e fazer-se um (nas alegrias, tristezas, fracassos, sucessos...) para agirmos com ele como gostaríamos que agissem connosco. Na família, no pensamento de Chiara, amamos cada um como se fosse um outro Jesus, somos os primeiros a amar, porque amamos a todos, porque amamos o outro como a nós próprios. Em suma, trazemos em cada dia o amor sobrenatural a cada situação quotidiana para "salvar" o amor natural, renovando a família a partir do seu interior.

 

 

And the oscar goes to…

  Lígia Silveira   
  Agência ECCLESIA   

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

Eram as madrugadas que me eram permitidas estar acordada, apesar dos persistentes avisos de ser tarde e de no dia seguinte ter aulas. Não fazia mal. Preferia dormir duas horas para estar nas aulas às 8h mas acompanhar em direto a emoção dos protagonistas, ouvir os discursos emocionados e tentar perceber as piadas do apresentador.

Não esqueci Steven Spielberg, ao receber o óscar para melhor filme em 1994, dizer no final da cerimónia «este é o melhor copo de água depois da maior seca da minha vida». Subia a música que integrava a banda sonora do galardoado «Schindler’s List» e no seu discurso o realizador pedia aos educadores para não esquecerem o Holocausto: «Ensinem nas escolas, ouçam os ecos e os fantasmas dos 350 mil sobreviventes que querem ser úteis nas suas vidas».

Nesse mesmo ano Tom Hanks, no discurso de aceitação do óscar por melhor ator no filme «Filadélfia», agradecia ao seu professor de drama no liceu e a um colega, “dois dos melhores gay’s americanos com quem eu tive o privilégio de contactar e que me inspiraram ainda jovem. Gostava que os meus filhos pudessem ter os mesmos professores e amigos”.

Em 1996 a cerimónia foi apresentada por Whoopi Goldberg que na despedida dizia à criança de poucos anos que acompanhava a emissão e que sonhava “um dia, um óscar vai ser meu”. «Kid, you better belive it».

 

 

A cerimónia dos Óscares tem muito de glamour, de brilho, de socialite que enche o olho e as revistas. 

É um espetáculo sim: mobiliza interesses, disputas e vaidades. Mas é de sonho que ali se fala: de unidade, de acreditar que somos capazes de nos mobilizar por causas. Celebra-se a arte e a capacidade de, através dos talentos, refletir, chamar a atenção do mundo, de não sermos indiferentes.

O meu óscar este ano vai para as dioceses em Portugal que, destinando as renúncias quaresmais para a ajuda aos refugiados, propõem um olhar para quem está longe. Chamar a atenção para os refugiados apoiando financeiramente é também uma forma de formar para o acolhimento, não ignorando os apelos de vidas incógnitas que “entre a espera e a esperança” acreditam que o sonho também é para elas.

Seja através da Cáritas, da Fundação AIS, da PAR - Plataforma de Apoio aos Refugiados ou de um blog, que «em terras do Curdistão» a Irmã Irene Guia escreve para que longe se acompanhe o trabalho que o Serviço Jesuíta aos Refugiados ali desenvolve, as muitas vidas que procuram um espaço para poder sonhar não merecem ser ignoradas.  

 

 

 

 

 

O Papa Francisco tem pedido desde o início do seu pontificado uma presença efetiva das mulheres nos locais de decisão, na Igreja e na sociedade. Tendo como pano de fundo o Dia Internacional da Mulher, a ECCLESIA apresenta vários testemunhos no feminino: mulheres com responsabilidades em diversas áreas da Igreja Católica em Portugal que falam da forma como vivem essa missão.

A introdução ao dossier apresenta duas intervenções do próprio Papa sobre a importância da dimensão feminina no plano de Deus e na vida da Igreja. Um desafio que, defende Francisco, não pode ser adiado, até porque, como tem lembrado muitas vezes, “a Igreja é mulher”.

 

 

 

 

 

 

As mulheres e a Igreja

O Papa Francisco tem tido várias intervenções sobre o lugar das mulheres na Igreja Católica. No contexto do dossier que a ECCLESIA publica esta semana, recordamos passagens do diálogo que manteve com as participantes na plenária da União Internacional das Superioras-Gerais (UISG), em maio de 2016.

 

Vossa Santidade disse que «o génio feminino é necessário em todas as expressões da vida da Igreja e da sociedade», e contudo as mulheres são excluídas dos processos decisórios na Igreja, sobretudo nos níveis mais altos, e da pregação na Eucaristia. Um importante impedimento ao abraço pleno da Igreja ao «génio feminino» é o vínculo que tanto os processos decisórios como a pregação têm com a ordenação sacerdotal. Vossa Santidade vê um modo para separar da ordenação os papéis da liderança e a pregação na Eucaristia, de modo que a nossa Igreja possa ser mais aberta a receber o génio das mulheres, num futuro muito próximo?

Papa Francisco - Neste ponto há várias coisas que devemos distinguir. A pergunta relaciona-se com a funcionalidade, está muito ligada à 

 

 

funcionalidade, enquanto o papel da mulher vai além. Mas eu agora respondo à pergunta, depois falamos... Vi que há outras perguntas que vão além.

É verdade que as mulheres são excluídas dos processos decisórios na Igreja: não excluídas, mas é muito frágil a inserção das mulheres ali, nos processos decisórios. Devemos ir em frente. Por exemplo — deveras eu não vejo dificuldades — penso que no Pontifício Conselho Justiça e Paz a responsável pela secretaria é uma mulher, uma religiosa. Foi proposta outra e eu nomeei-a, mas ela não aceitou, porque tinha que ir para outro lado a fim de desempenhar trabalhos da sua Congregação. Deve-se ir além, porque em tantos aspetos dos processos decisórios não é necessária a ordenação. Não é necessária. Na reforma da Constituição apostólica Pastor Bonus, a propósito dos Dicastérios, quando não há a jurisdição que vem da ordenação — ou seja, a jurisdição pastoral — não se vê escrito que pode ser uma mulher, não sei se chefe de dicastério, não me recordo, mas... Por exemplo para os migrantes: no dicastério para os migrantes poderia ser uma mulher. 

 

 

 

E quando há necessidade — agora que os migrantes entram num dicastério — da jurisdição, é o prefeito quem dá esta autorização. Mas no respeitante à normal administração pode ser, na execução do processo decisório. Para mim é muito importante a elaboração das decisões: não só a execução, mas também a elaboração, ou seja, que as mulheres, tanto consagradas como leigas, entrem na reflexão do processo e no debate. Porque a mulher encara a vida com um olhar próprio e nós homens não podemos vê-la assim. 

 

 

É o modo de ver um problema, de considerar qualquer outra coisa, que a mulher vê de maneira diferente do homem. Devem ser complementares, e nas consultas é importante que haja mulheres.

Em Buenos Aires fiz a experiência de um problema: analisando-o com o Conselho Presbiteral — portanto só homens — estava bem tratado; depois, revendo-o com um grupo de mulheres religiosas e leigas enriqueceu tanto, muito, e favoreceu a decisão com uma visão complementar. Isto é necessário!

 

 

 

Depois, a questão da pregação na Celebração Eucarística. Não há problema algum que uma mulher — uma religiosa ou uma leiga — faça a pregação numa Liturgia da Palavra. Não há problema algum. Mas na Celebração Eucarística há um problema litúrgico-dogmático, porque a celebração é uma — a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística, é uma

 

 unidade — e Aquele que lhe preside é Jesus Cristo. O sacerdote ou o bispo preside em nome de Jesus Cristo. Trata-se de uma realidade teológico-litúrgica. Naquela situação, não havendo a ordenação das mulheres, elas não podem presidir. Mas pode-se estudar mais e explicar melhor o que, muito veloz e rapidamente, eu disse agora.

 

 

 

Ao contrário, na liderança não há problemas: nisso devemos ir em frente, com prudência, mas procurando soluções...

Aqui há duas tentações, das quais nos devemos precaver.

A primeira é o feminismo: o papel da mulher na Igreja não é feminismo, é direito! É um direito de batizada com os carismas e os dons que o Espírito concedeu. Não se deve cair no feminismo, porque isto reduziria a importância da mulher. Eu não vejo, neste momento, um grande perigo em relação a isto entre as religiosas. Não o vejo. Talvez outrora, mas em geral não há.

Outro perigo, que é uma tentação muito forte e falei dele várias vezes, é o clericalismo. E isto é muito forte. Pensemos que hoje mais de 60 por cento das paróquias — das dioceses não sei, talvez um pouco menos — não têm o conselho para os assuntos económicos nem o conselho pastoral. Que significa? Que aquela paróquia ou diocese é guiada com um espírito clerical, só pelo padre, que não concretiza aquela sinodalidade paroquial, ou diocesana, a qual não é uma novidade deste Papa. Não! Está no Direito Canónico, é uma obrigação que o pároco tem de dispor de 

 

um conselho de leigos, para e com os leigos, leigas e religiosas, relativo à pastoral e aos assuntos económicos. E não o fazem. Eis o perigo do clericalismo hoje na Igreja. Devemos ir em frente e eliminar este perigo, porque o sacerdote é um servo da comunidade, o bispo é um servo da comunidade, não é o chefe de uma empresa. Não! Isto é importante. Na América Latina, por exemplo, o clericalismo é muito forte, muito marcado. Os leigos não sabem o que fazer, se não perguntam ao sacerdote... É muito forte. E por isso a consciencialização do papel dos leigos na América Latina está muito atrasada. Salvou-se um pouco disto unicamente na piedade popular: porque o protagonista é o povo e o povo fez as coisas como calhava; e aos sacerdotes, este aspeto não interessava muito, e havia quem não encarava de bom grado este fenómeno da piedade popular. Mas o clericalismo é uma atitude negativa. E é cúmplice, porque se realiza a dois, como o tango, que se dança a dois... Ou seja: o sacerdote que deseja clericalizar o leigo, a leiga, o religioso e a religiosa, o leigo que pede por favor para ser clericalizado, porque é mais cómodo. Isto é curioso.

 

 

 

Em Buenos Aires, fiz esta experiência três ou quatro vezes: um bom pároco, que veio ter comigo e me disse: «Sabe, eu tenho um leigo muito bom na paróquia: faz isto e aquilo, sabe organizar, é muito ativo, é deveras um homem de valor... Vamos fazê-lo diácono?». Ou seja, «clericalizemo-lo?». «Não! Deixa que permaneça leigo. Não o faças diácono». Isto é importante. A vós acontece isto, que o clericalismo muitas vezes impede o desenvolvimento lícito da situação.

Eu pedirei — e talvez o faça chegar à presidente — à Congregação para

 

 

 o Culto Divino que explique bem, de maneira aprofundada, o que disse um pouco superficialmente sobre a pregação na Celebração Eucarística. Porque não tenho a teologia nem a clareza suficientes para o explicar agora. Mas é preciso distinguir bem: uma coisa é a pregação numa Liturgia da Palavra, e isto pode-se fazer; outra coisa é a Celebração Eucarística, aqui há outro mistério. É o Mistério de Cristo presente e o sacerdote ou o bispo que celebra in persona Christi.

No respeitante à liderança... Sim, penso que esta pode ser a minha resposta em geral à primeira pergunta.

 

 

 

 

Diaconado

Eu lembro-me que era um tema que me interessava bastante quando vinha a Roma para as reuniões e alojava na Domus Paulo VI; vivia ali um teólogo sírio, bom, que fez a edição crítica e a tradução dos Hinos de Efrém, o Sírio. E certa vez perguntei-lhe acerca disto, e ele explicou-me que nos primeiros tempos da Igreja havia algumas «diaconisas». Mas o que são estas diaconisas? Eram ordenadas ou não? Disto fala o Concílio de Calcedónia (451), mas não é muito claro. Qual era o papel das diaconisas naqueles tempos? Parece — disse-me aquele homem, que faleceu, era um ótimo professor, sábio, erudito — parece que o papel das diaconisas era ajudar no batismo das mulheres, para a imersão, eram elas que as batizavam, para o decoro, também para fazer a unção sobre o corpo das mulheres, no batismo. E até uma coisa curiosa: quando havia um juízo matrimonial porque o marido tratava mal a esposa e ela ia lamentar-se com o bispo, as diaconisas eram encarregadas de ver as marcas deixadas no corpo da mulher pelas pancadas do marido e informar o bispo. Recordo isto. Há algumas publicações sobre o diaconado na Igreja, mas não é claro como aconteceu. Penso que pedirei à Congregação para a Doutrina da Fé que me refira acerca dos estudos sobre este tema, porque eu vos respondi apenas com base no que ouvi deste sacerdote que era um pesquisador erudito e válido, sobre o diaconado permanente. E além disso, gostaria de constituir uma comissão oficial que possa estudar a questão: penso que fará bem à Igreja esclarecer este aspeto.

 

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A mulher é a harmonia do mundo

 

“Para entender uma mulher é necessário antes sonhá-la”: eis por que a mulher é “o grande dom de Deus”, capaz de “trazer harmonia à criação”. Foi assim que o Papa Francisco, com um toque de ternura poética, confessou que gosta de pensar que “Deus criou a mulher para que todos nós tivéssemos uma mãe”. 

 

 

Foi um verdadeiro hino às mulheres o que o pontífice propôs. É a mulher, reconheceu Francisco, “que nos ensina a acariciar, a amar com ternura e que faz do mundo uma coisa bela”. E se “explorar as pessoas é um crime de lesa humanidade, explorar uma mulher é mais do que um delito e de um crime: significa destruir a harmonia que

 

 

 

 

Deus quis dar ao mundo, é voltar para trás”.

Para a sua meditação, Francisco inspirou-se nas leituras tiradas do livro da Génesis (2, 18-25) e do Evangelho de Marcos (7, 24-30). A liturgia “continua a narração da criação do mundo” disse imediatamente o Papa, realçando inclusive que “com a criação do homem parece que tudo terminou”, a ponto que “Deus repousa”. Contudo, “falta algo: o homem estava sozinho” e daquela “solidão o próprio Deus se deu conta: “Não é conveniente que o homem esteja só; vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele” lê-se no livro de Génesis.

 

Então, “o Senhor artesanalmente – mas esta é uma forma literária para o explicar – “formou da terra todos os animais dos campos e todas as aves dos céus, conduziu-os até junto do homem, a fim de verificar como ele os chamaria”“ afirmou o Papa relendo o trecho evangélico. E “Deus disse” ao homem: “esta será a tua companhia, dá-lhe um nome”. Para Deus, prosseguiu Francisco, “esta é uma ordem do demónio”. Na prática diz ao homem: “Tu serás o dono destes, aquele que põe o nome, aquele que manda”“. Mas “para o 

 

homem não encontrou uma auxiliar adequada” lê-se no livro do Génesis. Assim “o homem estava sozinho, com todos estes animais: “Mas, ouve lá, porque não arranjas um cão, fiel, que te acompanhe na vida, e também dois gatos para os acariciar: o cão fiel é bom, os gatos são engraçados, para alguns, para outros não, para os ratos não!”. Todavia, o homem “não encontrava nestes animais uma companhia” e, em síntese, “estava sozinho”.

 

Francisco prosseguiu repropondo ponto por ponto o trecho do Génesis: “Então o Senhor – continua a narração – “adormeceu profundamente o homem”: fez com que dormisse. Um homem sozinho, a solidão, agora o homem está adormecido, o sonho do homem: adormeceu”. E “artesanalmente – está escrito à letra – enquanto ele dormia, tirou-lhe uma das suas costelas e fez uma mulher, e levou-a para junto do homem”. O homem, quando a viu, disse: ““Eis agora aqui, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher – atribuiu-lhe um nome – porque foi tirada do homem”“. Em síntese, afirmou Francisco, para o homem “é algo diferente de tudo o que ele tinha, era o que lhe faltava

 

 

 

para não estar sozinho: a mulher, descobriu-a, viu-a”. Mas “antes de a ver, sonhou com ela”. Com efeito, disse o Papa, “para entender uma mulher é necessário antes sonhá-la; não é possível compreendê-la como todos os outros seres vivos: é algo diferente, é algo diverso”. Precisamente “assim Deus a fez: para ser sonhada, antes”.

 

Muitas vezes quando falamos das mulheres, falamos de maneira funcional: a mulher serve para fazer isto, para fazer, não! Primeiro, é para outra coisa: a mulher traz algo sem a qual o mundo não seria assim”. A mulher “é algo diferente, é algo que traz uma riqueza que o homem, toda a criação e todos os animais não têm”. Também “Adão, antes de a ver, sonhou com ela: há algo de poesia, nesta narração”. E “depois o terceiro trecho, quando Adão diz “Eis agora aqui o osso de meus ossos e a carne de minha carne”: o destino de ambos”. Com efeito, lê-se no Génesis: “Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne”. Sim, “uma só carne”.

 

“Adão – afirmou ainda Francisco – não podia ser uma só carne com as aves, com o cão, com o gato, com todos os animais, com toda a criação: não, não! Só com a mulher, e isto é o destino, isto é o futuro, isto é o que faltava”. E “a mulher vem assim a coroar a criação, mais ainda: traz harmonia à criação”. Por conseguinte, “quando não há a mulher, falta a harmonia”. Também “nós dizemos, falando: esta é uma sociedade com uma forte atitude masculina. Falta a mulher”. E talvez afirmemos inclusive que “a mulher serve para lavar os pratos, para fazer...”. Ao contrário, “não: a mulher serve para trazer harmonia; sem a mulher não há harmonia”. O homem e a mulher “não são iguais, um não é superior ao outro, não. É simplesmente que o homem não traz harmonia: é ela que traz aquela harmonia que nos ensina a acariciar, a amar com ternura e que faz do mundo uma coisa bonita”.

Portanto, “três trechos” relançou o Pontífice. Em primeiro lugar, “o homem sozinho, a solidão do homem sem a mulher; segundo, o sonho: nunca se pode entender uma mulher sem a sonhar antes; terceiro,

 

 

 

 

 o destino: uma só carne”.

“Muitas vezes – reconheceu o Papa – ouvimos dizer: “É necessário que nesta sociedade, nesta instituição, haja uma mulher para que faça isto, faça estas coisas”“. Mas “a funcionalidade não é a finalidade da mulher: é verdade que a mulher deve fazer coisas e faz – como todos nós fazemos – coisas”. Porém, “a finalidade da mulher é criar harmonia e sem a mulher não há harmonia no mundo”. Sim, insistiu o Pontífice, 

 

“explorar as pessoas é um crime de lesa humanidade, é verdade, mas explorar uma mulher é mais do que isso: significa destruir a harmonia que Deus quis proporcionar ao mundo”. Significa realmente “destruir, não é apenas um delito, um crime: é uma destruição, significa voltar para trás, destruir a harmonia”“.

 

Missa em Santa Marta,

9 de fevereiro de 2017

 

Dia Internacional da Mulher

O Dia Internacional da Mulher também será comemorado no Vaticano. No dia 8 de março, tem lugar na Casina Pio IV mais uma edição de “Vozes de Fé”. Trata-se de um evento promovido pela Fundação Fidel Götz, que organiza para esta ocasião uma tarde de música e de testemunhos oferecidos por mulheres que lutam pela paz e o desenvolvimento. A edição de 2017 é intitulada “Misturando as águas. Fazendo o Impossível, Possível”.

A abertura será feita pelo prepósito-geral da Companhia de Jesus, padre Arturo Sosa. A primeira parte será composta por testemunhos de mulheres promotoras de paz, com o título “O que o amor pode fazer”. A segunda parte será dedicada “às vozes de fé de todo o mundo”.

 

 

 

 

Comunicar Fátima

 

 

 

 

 

 

 

No próximo dia 8 assinalamos, uma vez mais, o dia Internacional das Mulheres. Para mim faz pouco sentido. Sempre fui um pouco indiferente às questões do género, mesmo reconhecendo que a sociedade é bem mais exigente com as mulheres do que com os homens. Como numa equipa de futebol em que o guarda redes é mais castigado que o ponta de lança. Este pode falhar golos atrás de golos mas se marca o que dá a vitória é o homem do jogo; já o guarda redes pode até fazer todas as defesas deste mundo e do outro mas se acaso deixa entrar o golo que dá a vitória ao adversário é crucificado. São regras e confesso que nunca senti muita necessidade de as discutir. Talvez porque, ao longo de 30 anos de serviço, cinco dos quais inteiramente dedicada à comunicação da Igreja, nunca lutei muito por cargos. Faço notícias, dou conselhos, oriento a estratégia de comunicação, numa palavra: sirvo. Mas tenho noção de que não é um serviço qualquer. Como não o é ser jornalista, advogado, padeiro ou auxiliar educativo numa escola.

Depois de mais de 20 anos a 

 

fazer jornalismo político, sempre em ambientes maioritariamente masculinos, coordenei o arranque do Sítio Igreja Açores, na diocese de Angra, e participei em todos os conselhos e reuniões diocesanos. Lembro-me da primeira vez que me deram a palavra num conselho presbiteral. Custou a sair a primeira palavra. Foi a primeira vez que senti a diferença, não pelos outros mas por mim. Mas acostumei-me e não tenho dúvidas de que ser mulher até constituiu uma vantagem.

Em Fátima, há um ano, coordeno o departamento de comunicação do Santuário (composto apenas por mulheres!), como diretora de comunicação e porta voz, nunca me senti a mais... nem a menos, embora reconheça que seja necessário um debate sobre o papel das mulheres nos lugares de decisão da igreja. Não para entrar num sistema de quotas mas para corrigir impedimentos legais que não têm fundamentação teológica. Ninguém é obrigado a ser o que não quer ser, mas também não pode ser impedido de o ser, só porque sim...  

Carmo Rodeia

Diretora de Comunicação do Santuário de Fátima

 

 

“Recebestes de graça, dai de graça.” (Mt 10,8)

Na Igreja há muitos chamamentos – haja tempo, fé e vontade suficientes para os abraçar!

Acima de tudo, haja Amor. Porque o trabalho na Igreja de homens e mulheres, diário, silencioso, orante, eficiente, mais ou menos anónimo, é o que coloca Jesus no “mundo real”. No meu caso, coloca-me também na vida de uma equipa dedicada que trabalha na pastoral juvenil da Diocese de Lisboa -o Serviço da Juventude.

Desde 2010 na equipa e desde 2015 nomeada como sua responsável, é uma caminhada composta por reuniões regulares locais e nacionais, organização de eventos diocesanos, elaboração de itinerários espirituais, visita a grupos, organização da participação em Jornadas Mundiais da Juventude e outros encontros internacionais, colaboração em iniciativas diocesanas de diversos âmbitos, conferências...

Tudo isto em paralelo com a vida paroquial, familiar e profissional como gestora de eventos. É um desafio constante, que põe á prova o famoso “multitasking” feminino, mas que é único porque forma e transforma.

 
 

E se, em alguma altura, me faltam as forças, acho que faço como a maioria das mulheres: penso muito antes de agir! Penso no Senhor, que escolheu morrer por mim; no Papa Francisco, que me manda sair do sofá; no meu 

 

 

 

Bispo, modelo do Bom Pastor, que por qualquer razão me achou digna desta missão; na minha Equipa, amigos por quem rezo e que, porque acreditam, não desistem; nos animadores juvenis e sacerdotes que deixam tudo para testemunhar que sem Cristo a vida não é a mesma coisa; nos jovens que,

 

 num mundo hostil a tudo o que vem da Fé, não têm vergonha de mostrar as razões da sua Alegria.

Dou o tanto que já recebi.

 

Claudia Lourenço

Directora do Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa

 

 

Dar voz à Cultura

Por certo, a fim de responder ao repto de João Paulo II, que exorta as mulheres a “participarem na vida da Igreja sem discriminação alguma”[1], o Secretariado da Pastoral da Cultura, na Diocese de Bragança-Miranda, tal como o do Turismo, encontra-se a cargo de mulheres. Mulheres leigas.

Ao Secretariado da Cultura pede-se a inserção de eventos culturais no Plano Pastoral, cumprindo dois objetivos: divulgar artistas diocesanos, enobrecendo as suas expressões artísticas; e por meio de artistas de todas as proveniências, enriquecer o panorama cultural da Diocese, a fim de que a oferta, escassa no interior, saia reforçada. Ambos os propósitos perfumados com o desejo de evangelização: perfume antigo, mas sempre novo.

Imediatamente, o convite de D. José Cordeiro, foi apreendido como sinal de abertura da Igreja à participação dos leigos, mais: abertura à sensibilidade feminina. Porquanto, a resposta

 

 

ao desafio passou, desde logo, pela escolha da equipa, onde figuram mais dois elementos femininos.

Se a ideia de que as comunidades paroquiais são compostas, maioritariamente, por mulheres é pacífica; a presença feminina na liderança de Movimentos e Secretariados ainda causa estranheza. Assim, a audácia da nomeação, suscitou o desejo de encarar a missão como um Ministério, tendo como ponto assente que a minha condição de mulher não seria jamais camuflada, mas perceptível na escolha da programação e em todos os pormenores da organização da mesma.

Ser mulher não significa que faça melhor. Mas estou certa, significa que faço diferente. E esse é o grande desafio das mulheres na Igreja: fazer diferente.

Maria de Fátima Lourenço Pimparel

Directora do Secretariado Diocesano da Pastoral da Cultura da Diocese de Bragança-Miranda.  



[1] João Paulo II, «Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christifideles Laici» , in AAS, 61 (1989) 494.

 


 

Criatividade na Catequese

Encaro esta grande responsabilidade no seio do Secretariado Nacional da Educação Cristã como um projeto muito aliciante de Serviço à Igreja, à sociedade e às pessoas. É aliciante pela complexidade multidisciplinar da catequese, pela sua grande implementação em Portugal (a mais alargada da Europa), pela longa tradição de qualificados catequetas e responsáveis nacionais e diocesanos que me precederam, pelo desafio de trabalhar em Comunhão com as equipas dos Secretariados Diocesanos (e assim compreender e corresponder às necessidades das Igrejas locais, às vezes tão díspares sob a vocação comum de uma Evangelização Inculturada, significativa para as pessoas e influente na construção do Reino). Para tal é preciso saber trabalhar com a hierarquia, escutar o que nos diz mas também estar disponível para contribuir com as «vozes das bases» e uma perspetiva de mulher, de esposa, de mãe, de leiga e de psicóloga educacional, que é o meu caso. Também é imprescindível estar atenta ao talento, quando  surge e onde surge, porque a missão é complexa e imensa e as pessoas que a

 

 

realizam nunca são suficientes, procurando que as equipas de trabalho reflitam a nossa maneira portuguesa de estar na Igreja e no mundo, através de diversas gerações, modelos de formação, perspetivas diversificadas, para melhor se chegar à Verdade. Do mesmo modo, procurar ter uma vida em Cristo, que permita manter em aberto o «canal» de comunicação do Discernimento: as montanhas mais pesadas movem-se mas é condição que o movimento corresponda à vontade de Deus. Sem ela facilmente a nossa criatividade é desvario, o nosso empenho é fútil, as relações humanas, perante as dificuldades, são conflito. Julgo que numa estrutura da Igreja devemos começar por viver a Fraternidade Cristã, necessitando aprofundar constantemente a fé e o conhecimento, estudando e vivendo com Alegria e Motivação, e recordando permanentemente em quem pusemos a nossa Esperança. À parte isso, é como ter em nós todos os sonhos do mundo!

Cristina Sá Carvalho

Responsável pelo setor da Catequese do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC)

 

 

 

 

 

Mulher de livros

Naquele longínquo agosto de 1974, mal imaginava dirigir um dia uma editora, pois movia-me apenas a vontade de comunicar aos outros a Boa-Nova. Mas foi o que ocorreu; de regresso do Brasil, em 1983, foi-me pedido ocupar-me dos livros, da música – na altura produzíamos LP e cassetes de música litúrgica e mensagem – e dos audiovisuais. E assim foi nos primeiros anos, dando continuidade ao que fazíamos e organizando melhor o trabalho de todos.

Sempre vivi com paixão este serviço que me fora solicitado e em que pus toda a minha criatividade e saber. Fiz-me ajudar por muitas pessoas e experimentei, em muitas ocasiões, o que significa fazer o que está ao nosso alcance e confiar no Senhor: o resto virá por acréscimo. E o Senhor foi generoso e providente.

Gerir uma editora é rodear-se de uma boa equipa: pessoas que possam estar atentas ao que de melhor se 

 

publica lá fora, para comprar direitos, descobrir novos talentos no País e propor novas temas que ajudem ao crescimento pessoal, e não ficar apenas à espera do que nos ofereçam. Depois, ter uma boa e equilibrada programação, com novidades mensais, de maneira a manter um bom ritmo e criar expectativa nos clientes.

Passados quase 34 anos, resta-me dar graças a Deus pela forma como se serviu de mim para levar adiante este seu projeto. A Paulinas Editora é hoje reconhecida, no mercado português, como uma editora de referência. Juntamente com a equipa de irmãs e leigos que comigo trabalha, temo-nos esforçado e dado o melhor de nós para continuar o projeto que Alberione e Tecla, os nossos fundadores, iniciaram no início do século passado.

 

Irmã Eliete Duarte

Diretora da Paulinas Editora

 

 


Ao lado dos doentes

A Congregação das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus está presente em 4 continentes em 24 países. A província de Portugal é constituída por 160 irmãs distribuídas por 15 comunidades, 12 em Portugal, 2 em Moçambique e 1 em Angola. Desenvolve a sua ação preferencialmente no âmbito da saúde mental e psiquiatria, em 13 estruturas assistenciais com internamento e duas em ambulatório 

 

com um universo de 2000 colaboradores e 9000 utentes.

Sendo irmã hospitaleira recebi a missão de coordenar a animação, direção e governo das comunidades religiosas e dos estabelecimentos de saúde, de acordo com os princípios fundacionais da Congregação e as necessidades da sociedade atual, juntando ciência e caridade ao serviço das pessoas a quem nos dedicamos.

Realizar o exercício da liderança numa

 

 

instituição de caráter religioso e de saúde é uma arte cada vez mais difícil, pelas progressivas exigências de cada um destes âmbitos. Como mulher consagrada a Deus na vida religiosa e colocada num serviço de liderança social, tenho como pano de fundo a inspiração evangélica e o dinamismo da tradição de uma congregação centenária. A liderança pessoal é, também, enriquecida pela colaboração de colaboradores e outras religiosas, mulheres de olhos abertos para a realidade, com atitude de serviço gratuito às pessoas

 

doentes e com uma visão de futuro para além de todas as possibilidades humanas.

Os maiores desafios atuais consistem em proporcionar à pessoa doente a assistência integral a que tem direito, com a exiguidade de recursos económicos de que dispomos, bem como assegurar a sustentabilidade das obras e a identificação institucional dos colaboradores.

 

Irmã Sameiro Magalhães

Provincial das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração

 

 

 

 

Servir quem deixa a sua terra

Estudar, acompanhar e informar a Comissão Episcopal dos factos e desafios, que o fenómeno migratório coloca à Igreja e ao mundo são finalidades deste sector pastoral.

Sou chamada a dar o rosto por esta causa: que se traduz no acolhimento, proteção, promoção, integração da pessoa humana em contexto de mobilidade. Procuro contribuir para que se passe da palavra à prática da hospitalidade, à comunhão na diversidade, à cidadania independentemente da nacionalidade e do credo, ao reconhecimento da fé como riqueza e fator de coesão social. E nesse sentido justificam-se parcerias e a participação em projetos que promovem os direitos humanos.

A lógica do serviço prevalece, neste legado de mais de 50 anos de existência da Obra Católica Portuguesa de Migrações, que pela primeira vez tem uma leiga nesta função. Movida pela proximidade vou ao encontro dos agentes pastorais, comunidades cristãs missionários, migrantes, participo em reuniões com outras instituições eclesiais, governamentais e civis dentro e fora do país. Procuro fortalecer o nosso lema: Uma só 

 

família humana acrescentando que somos pessoas a cuidar de pessoas.

Sou mulher cristã, esposa, mãe, dona de casa, cidadã, chamada a ser diretora deste serviço que toca tantas periferias existenciais. Questões como a disponibilidade, conciliação família e trabalho, superação de limites colocam-se todos os dias. A consciência destas dimensões e

de como elas estão interligadas,

o apoio e confiança da família,

da equipa e da Comissão

Episcopal, são essenciais

para melhor cumprir esta

missão de servir as pessoas

que estão em contexto

de mobilidade.

 

Eugénia Costa Quaresma

Diretora da Obra Católica

Portuguesa de Migrações

 

 

 

Ao lado dos jovens trabalhadores

 

 

 

 

 

 

 

Sou Jocista. Tenho 29 anos e tornei-me Dirigente Livre, presidente nacional, em abril de 2014 ao ser desafiada pela JOC para disponibilizar 3 anos da minha vida em total serviço aos jovens. Lembro-me dos meus primeiros dias nesta missão em que não tinha rotina. Conheci muitos jovens de diferentes grupos em várias dioceses, participei das suas reuniões, das suas revisões de vida, das suas ações, acompanhei-os nas suas vidas e na defesa da sua dignidade. Convidei muitos jovens a conhecer a JOC e falei dela a muitos mais. Estive em muitas reuniões e ações com outras organizações (nomeadamente na Pastoral Operária, no Compromisso Social Cristão, no Conselho Nacional de Juventude ou entre Movimentos do Apostolado dos Leigos e da Ação Católica), em representações da JOC em diferentes iniciativas onde pediam a nossa perspetiva e experiência. Participei na preparação de muitas atividades de formação para jovens sobre as suas realidades. Conheci tantos antigos jocistas e assistentes, que nos conduziram até hoje, procurando que sejam, também, testemunho no envolvimento dos novos. Entrei na casa de tantas famílias que me acolheram por 

 

este país fora e hoje são como minhas, também. Conheci Jocistas de vários pontos do mundo e com eles vivi e partilhei os valores cristãos. Escrevi editorias, tentando colocar a vida das pessoas no papel, como parte da nossa Equipa de Redação constituída por jovens como eu, que programa e divulga a revista tal como querem que ela seja. Cresci numa Equipa Nacional e num Secretariado Nacional que se fazem felizes a cada trabalho intenso de coordenação em prol dos outros jovens! Agarrei a administração de uma Sede, onde a JOC quer que se acolha e sinta a força de uma comunidade multicultural. Enfrentei a vergonha das câmaras de televisão e dos microfones da rádio para falar do nosso Movimento. Descobri como gerir equipas, pessoas, objetivos, expectativas, projetos, palavras, expressões, emoções, desilusões, medos, críticas, fracassos, convicções, certezas, sucessos, elogios, alegrias, realizações! Senti o Amor da minha família e de amigos que “reclamavam” mais tempo comigo, mas que sempre me compreenderam por saber que “tudo tem o seu tempo determinado” (Eclesiastes).

Lisandra Rodrigues

Presidente nacional da Juventude Operária Católica (JOC)

 

 

Paixão pela educação

 

 

 

 

 

 

 

Escrever um breve artigo sobre a missão que desempenho no Secretariado Diocesano da Educação Cristã, a convite da Agência ECCLESIA, supõe convidar o leitor a visitar os tempos fundadores deste órgão dedicado à Missão Profética da Igreja. Em 1935, o decreto ‘Provido Sane’ recomendava que as dioceses tivessem um ‘Officium Catechisticum[1]«através do qual o Bispo, responsável da comunidade e mestre da doutrina, dirige e preside a toda a atividade catequética realizada na diocese[2]». Em 1953 D. António Ferreira Gomes cria o Secretariado Diocesano da Educação Cristã e em 1971 o Diretório Geral da Catequese[3] define as respetivas tarefas: «fazer uma análise da situação acerca da educação da fé; elaborar um programa de ação; promover e formar os catequistas; elaborar materiais de apoio; colaborar com outros Secretariados; promover as instituições catequéticas». Trata-se de oferecer «um contributo especializado para uma renovada evangelização e um esforço permanente de 

 

atualização teológico-pastoral[4]». Como diretora procuro em fidelidade a Deus e ao Magistério assumir a missão em corresponsabilidade e na escuta atenta dos irmãos.

Neste tempo «líquido» o exercício da mesma tem vindo a complexificar-se e a exigir uma atitude dialógica entre a proposta da Igreja e a realidade. Este movimento gera pequenos laboratórios de reflexão/experimentação onde se põe em prática uma pedagogia de iniciação, se tecem experiências de primeiro anúncio, se recriam laços na comunidade, se educa para a interioridade/oração, se potencia a adesão/conversão a um projeto de vida na fé, se implementa o empreendorismo diaconal, se evangelizam famílias…

Cada dia exige a renovação dum SIM alicerçado em Jesus Cristo que chama, envia e assegura: «Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos (MT 28,20)».

Maria Isabel Azevedo de Oliveira

Diretora do Secretariado Diocesano da Educação Cristã - Porto



[1] Secretariado da Catequese.

[2] DCG (1971) 126. O Secretariado diocesano (officium catechisticum) foi instituído em todas as dioceses pelo decreto Provido sane (1935); cf. Sagrada Congregação do Concílio, Decreto Provido sane (12 de janeiro de 1935): AAS 27 (1935), p. 151; cfr. também CIC cân. 775, § 1.

[3] DGC nº 266 e nº 267.

[4] Diocese do Porto, Alegria do evangelho é a nossa missão, Plano Diocesano de Pastoral 2015/2020, p. 27.

 

Sempre em Missão…

África, Ásia, América, Europa? Não há limite nem diferenças – todos aqueles com quem nos cruzamos e a quem levamos a Palavra! Não apenas sentados no gabinete – muitos nunca conseguirão cá entrar…Mas indo ao encontro, dia e noite! Oferecendo sobretudo a presença, impregnada da força do Espírito que nos envia. Olhos postos no Cristo crucificado, sofredor, presente em cada um dos que nos esperam; mas certos de que o serviço prestado gratuitamente e com solicitude amorosa, poderá mudar vidas. Missionários a tempo inteiro, pela presença e pelo esforço do testemunho! É o desafio.

Testemunho é a aposta – a chamada de atenção diária. Nunca esquecer a necessidade de dar testemunho, porque é por aí que se torna possível a aproximação e a relação de confiança. “Ao mundo de hoje faz-lhe falta chorar; aqueles que temos uma vida mais ou menos…não sabemos chorar; e há realidades da vida que só se vêem com os olhos lavados pelas lágrimas” (Papa Francisco – Filipinas). Se calhar aprendemos (ou reaprendemos) a chorar. Muitas vezes choramos com

 

os que choram. Sem coisas especiais. A nossa acção é muito mais de bastidores, que nos parece ser a mais eficaz. É também a que passa mais despercebida. A nossa presença passa por muitas horas de verdadeira escuta, alguns Kms andados, horas a pensar e a tentar discernir; e por bastante tempo de oração. Rezar sobre o que ouvimos, vimos e pensamos, para depois podermos tentar ajudar, clarificar situações, desbloquear, romper burocracias, construir pontes…SERMOS SINAIS DE VIDA – CONSTRUTORES DA PAZ!

 

Maria Viterbo 

Diretora do Secretariado Diocesano das Migrações e Turismo do Porto

 

 

 

Liderança servidora

 

 

 

 

 

  

 

Desde 2009, que tenho o privilégio e a responsabilidade de ser Diretora Executiva da FEC – Fundação Fé e Cooperação. Este tem sido um tempo intenso, um tempo de grande aprendizagem humana e profissional em que tenho partilhado alegrias e desafios com uma equipa motivada, comprometida e altamente qualificada presente em quatro países.

A FEC foi fundada em 1990 pela Conferência Episcopal Portuguesa e com os Institutos Religiosos de Portugal com a missão de promover o desenvolvimento humano integral fazendo pontes entre as igrejas dos países de língua oficial portuguesa. É esta missão que norteia o meu trabalho quotidiano. Uma missão de elevada exigência pois importa trabalhar, dentro e fora da FEC, pelo mesmo desenvolvimento humano integral procurando coerência e equilíbrios nem sempre lineares.

Acredito que liderar uma organização é antes de mais liderar pessoas. Gosto de pessoas e sou uma profunda crente do trabalho em equipa! É no trabalho em equipa, e no potenciar o que cada um tem de melhor, que me sinto mais realizada, mais a cumprir a minha função a que fui chamada na FEC, mais a servir o bem comum. É também no trabalho em equipa que mais desafios  

 

encontramos na diversidade de olhares, perspetivas e prioridades. Mas a riqueza está mesmo aí.

Outra dimensão do trabalho passa por pensar, discutir e decidir a estratégia organizacional a médio e longo prazo. Combater a pobreza e as desigualdades sociais em contexto tão diversos como a Guiné-Bissau, Angola ou Portugal é um desafio de extrema complexidade. Assim, um dos aspetos mais estimulantes é pensar com a equipa FEC e com os nossos parceiros como o  conjunto pode ter um impacto social positivo e diferenciador nas vidas das populações mais vulneráveis.

Entre macro estratégia e o trabalho em equipa “joga-se o quotidiano da FEC” feito de um sem número de decisões diárias, de relações de parcerias, de tarefas invisíveis, de relatórios e orçamentos, de erros e sucessos.

Ser mulher faz diferença? Não sei. Existe uma liderança feminina? Também não tenho a certeza. Sei que são necessárias mais vozes de mulheres em funções de liderança dentro da Igreja e na sociedade em geral.

Mas mais do que liderança feminina ou masculina acredito numa liderança servidora.  

Susana Réfega
Diretora Executiva da Fudação Fé e Cooperação -  FEC

 

 

Camisas brancas de laços e muitas contas por minha conta

Como vê a Igreja o papel da mulher? A avaliar pela Renascença Multimédia bem, muito bem. Três contra dois na Administração. Quase paridade nas  

 

várias direcções e um sem número de mulheres em cargos de chefia editoria, grandes repórteres e especialistas em várias áreas (a Aura, a Marina 

 

 

 

 

 

Pimentel, a Maria João Costa, a duplamente premiada com o prémio Gazeta – Catarina Santos). Duas contra um na chefia da redacção. Está tudo dito: dominamos.

E que diferença faz isso em termos de liderança de empresa e, no meu caso concreto, no exercício da própria liderança? Não sei. Sei que não consigo sequer encontrar um tipo actuação ou de padrão comum.

Basta olhar a minha equipa mais próxima: uma directora adjunta e duas (em três) chefes de redacção. A Raquel Abecasis directora- adjunta de Informação a Eunice Lourenço na chefia de Redacção e a Maria João Cunha no mundo Digital.

Um estilo diferente em cada uma : criatividade e desassossego permanente na Raquel. Atenção esmerada e palavra pronta nas redes sociais além do conhecimento pessoal e acompanhamento de cada jornalista ou correspondente, com um carinho quase maternal, e uma gargalhada permanente e inesquecível a Eunice. Entusiasmo e confiança no futuro desarmante, a João Cunha para quem tudo é sempre possível desde que se trate de um passo novo no digital.

Ao meu lado no grande e novo open space, que ainda cheira a tinta, 

 

a Dina subdirectora de programas e directora da Sim, fala com todos como se estivesse ao microfone. Usa a voz que cria intimidade e cumplicidade com o ouvinte da mesma forma que faz passar as suas indicações e ordens. A rádio não é só informação.

É noite de sexta-feira e enquanto escrevo e na redacção quase deserta estamos ainda oito mulheres e quatro homens. Dominamos.

Com uma equipa assim o que me resta? Confiança total numa redacção de luxo e uma atenção permanente à linha editorial que se faz contínua mas discreta. Um toque feminino que nunca recusei e fiz imagem de marca: camisas brancas de laços calças e sapatos rasos. A fazer e pensar cinco coisas ao mesmo tempo.

A direcção assumida em 2009 foi só o prolongamento normal de uma carreira que se pautou sempre pelo mesmo: exemplo. Uma relação de independência cordial mas distante de todas as fontes, a obsessão pela busca da verdade mesmo quando ela exige fazer muitas contas (por minha conta), relatórios lidos de fio a pavio. Muito trabalho, e 24 horas de disponibilidade total para a RR e para a família que não parou de crescer.

Graça Franco

Directora de Informação

da Rádio Renascença

 

 

 

 

As mulheres e a globalização

 

 

Uma definição sintética de globalização é a de ser um fluxo de ‘objetos em movimento’, sejam coisas, pessoas, eventos, ideias. Estes objetos em movimento são frequentemente do sexo feminino, embora o impacto da globalização sobre as mulheres e a participação que estas têm no fluxo de objetos globais mereça uma análise, além das dicotomias ideológicas da euforia ou das misérias do global.

      Na semana em que se celebra

      o Dia Internacional da Mulher,

       quando, sobretudo o hemisfério

         norte, recorda o processo de

            reconhecimento dos

             direitos civis das mulheres

                e se lembra que apesar do

                longo caminho trilhado,

                 ainda muito há a fazer,

                  sobretudo no acesso

                   aos cargos de topo na

                    política, na gestão,

                    na academia, há toda

                      uma outra realidade

                        que nos entra

 

 

 

 

diariamente em casa por via da globalização das comunicações. Essa realidade, que se situa sobretudo, mas não exclusivamente, no hemisfério sul, mostra descriminação, violência física e psicológica, mostra afinal uma linha de diferença sexual no fluxo de objetos em movimento da globalização.

Se nalgumas sociedades esta distinção ocorre por via da tragédia das desigualdades, da falta de educação e de oportunidades,  afinal da ‘diáspora da miséria’, o certo é que mesmo na ‘diáspora da esperança’ dos que abraçam o movimento global como oportunidade científica ou de negócio, a desigualdade é marcante. Basta percorrer os aeroportos europeus ou entrar ao final do dia num avião que parte de uma capital europeia para destinos no continente para perceber que esta diáspora da esperança tem sexo e este não é feminino.

No nosso belo jardim português onde na academia apenas se sentam duas Reitoras entre  quinze universidades públicas, e onde numa votação conjunta do para eleição dos 25 gestores de topo em Portugal, apenas foi selecionada uma mulher, as  imensas possibilidades que nos são socialmente oferecidas, continuam a 

 

ser contrariadas por uma invisibilidade estratégica, quiçá não deliberada, e por isso ainda mais perversa. A falta de sensibilidade de género para a paridade na organização de conferências, na constituição de painéis, júris, nas nomeações para cargos políticos e económicos é cultural, mas não se altera por decreto. Para tal é importante que as mulheres profissionais estejam também elas disponíveis para uma afirmação com confiança, abandonando a estratégia da ‘liderança relutante’ e olhando para a sua singularidade feminina não como opressão, como escrevia Simone de Beauvoir, mas como imensa possibilidade. Defender, afinal o exercício da profissão assente numa política da articulação, entre a esfera privada e a ação pública, numa articulação entre a razão e o afeto, produzindo uma forma outra de agir essencial na defesa de um modelo de sociedade eticamente responsável e com robustez para navegar no mar das contradições que nos ameaça.

 

Isabel Capeloa Gil

Reitora da Universidade Católica Portuguesa

 

 

 

As 10 aplicações móveis
mais utilizados em 2016

 

 

 

 

 

 

 

Foi através do site www.trecebits.com que tive conhecimento desta notícia: as aplicações mais usadas no ano passado. 

Nielsen Company, empresa germânico-americana com sede em Nova Iorque, na sua homepage afirma “estudamos os consumidores em mais de 100 países para lhe proporcionar a visão mais completa das tendências e dos hábitos em todo o mundo.” Este relatório foi feito com base nos dados de 9.000 usuários maiores de 18 anos que têm dispositivos iOS e Android, realizados nos USA.

Salta logo à vista que há duas empresas que são visionárias no mercado das aplicações móveis: Facebook (5) e Google (3). 

Em 2016, o Facebook manteve a liderança como o aplicativo top smartphone. O aplicativo de redes sociais tinha mais de 146 milhões de usuários médios únicos por mês, um crescimento de 14% em relação ao ano passado. O Facebook Messenger ficou em segundo lugar com mais de 129 milhões de usuários únicos por mês,um crescimento de 28% em 

 

 

relação ao ano passado.

A Google, por sua vez, tem uma presença em terceiro lugar com Youtube (113,7 milhões) e nas quatro posições seguintes: Google Maps (105,7 milhões), o Google Search (103,9 milhões), o Google Play (99, 7 milhões) e Gmail (88.570.000).

Ocupam os últimos lugares da lista a Apple Music com 68,4 milhões de usuários únicos, em nono, e a Amazon na décima posição e, neste caso, com 65,5 milhões, que ocupa o lugar da Maps (apple).

Entre os 10 aplicativos para smartphones, as apps com maior variação foram  Amazon App e Instagram, com 43% e 36% de crescimento em usuários a partir de 2015, respectivamente.

Na hora de definirmos a nossa pastoral de comunicação estes dados são fundamentais a ter em conta. Os dados são dos USA, não divergindo muito da nossa realidade.

Bom trabalho e uma santa quaresma.

 

Bento Oliveira

@iMissio

http://www.imissio.net

 

 

Espiritualidade do coração em Cristo

D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda e presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade, acaba de publicar o livro ‘Celebrar o dom da Graça’, uma obra litúrgico-espiritual sobre a fé. Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o Secretariado Nacional de Liturgia (SNL), responsável pela difusão deste projeto, adianta que D. José Cordeiro partiu de uma reflexão centrada na Primeira Carta de São Pedro, cujo grande objetivo foi “consolar e encorajar” a comunidade cristã na sua vivência da fé.

 

O livro do bispo de Bragança-Miranda inspirou-se num “contributo à espiritualidade do coração em Cristo”, refere a mesma fonte. De acordo com o SNL, a Primeira Carta de São Pedro apresenta-se também como “um paradoxo da vida de fé”, no sentido em que combina o “invisível e silencioso”, a “angústia e o sofrimento”, com “a sabedoria” e a “esperança”.

Ao longo das 120 páginas desta obra de D. José Cordeiro, estão textos que “serviram de fio condutor” para várias iniciativas de formação de sacerdotes e consagrados, a partir de 2014.

 

 

 

 

Servidores de Deus e funcionários de César

A obra «Servidores de Deus e funcionários de César. O clero paroquial da Monarquia à República (1882-1917)», da autoria de Sérgio Ribeiro Pinto, vai ser apresentada a 9 de março, pelas 18h00, em Lisboa.

A apresentação da obra - a cargo de José Vera Jardim – vai decorrer no Centro de Reflexão Cristã e esta tem a chancela da «Cosmorama Edições», lê-se numa nota enviada à Agência ECCLESIA.

No prefácio do livro, D. Manuel Clemente realça que a obra estuda “um tema incontornável para se compreender o Estado e a Igreja Católica Contemporâneos” e é “uma sólida contribuição para compreendermos a emergência do clero paroquial português”.

Esta obra começou por ser uma 

 

tese de doutoramento em História na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, sob a orientação científica dos professores António Reis (daquela Universidade) e Maurilio Guasco (Università del Piemonte Orientale “Amedeo Avogadro”).

 

Sérgio Ribeiro Pinto pesquisou e sintetizou o associativismo dos párocos, examinando a Venerável Irmandade dos Clérigos Pobres de Lisboa (1886-1912), os congressos do clero secular, a Liga do Clero Paroquial Português (1907-1912). Estudou depois a transformação do estatuto do pároco na passagem da monarquia liberal para a República. Analisa a identidade e o sustento do clero paroquial. Com base nos dados do Arquivo Contemporâneo do Ministério das Finanças, Ribeiro Pinto  produz o mais completo estudo sobre as chamadas «pensões» que a Lei da Separação conferiu  ao clero paroquial. É analisado «o pároco entre o Ministro e o Bispo» assim como a subsequente romanização do catolicismo com S. Pio X.

https://estadoeigreja.wordpress.com/

 

 

II Concílio do Vaticano: O papel das mulheres nas sessões conciliares

 

Quando se aproxima o Dia Internacional da Mulher (08 de março) convém recordar a presença feminina no II Concílio do Vaticano (1962-65). Nesta assembleia magna, convocada por João XXIII e continuada pelo seu sucessor, estiveram presentes vinte e três mulheres como auditoras. A 08 de setembro de 1964, o Papa Paulo VI anunciou, oficialmente, a novidade e no dia 25 do mesmo mês, entrou na Aula conciliar a primeira mulher, a francesa Marie-Louise Monnet (Fundadora do Movimento Internacional de Apostolado dos Meios Sociais Independentes).

De setembro de 1964 a agosto de 1965 foram chamadas “uma por uma: dez religiosas e treze leigas, escolhidas segundo critérios de competência e de internacionalidade” (In: Adriana Valerio; «As 23 mulheres do Concílio – A presença feminina no Vaticano II»; Lisboa; Paulinas Editora). Na previsão de alguns padres conciliares, a participação destas auditoras devia revestir-se sobretudo de caráter simbólico, mas essa presença “ultrapassou essa barreira, deixando sinais importantes nos próprios documentos conciliares”, sublinha Adriana Valerio na obra citada.

Esta possibilidade aberta às mulheres “não foi aprovada nem apoiada por todos”, mas também houve quem concordasse e simpatizasse com ela. Um mês depois do anúncio do Papa Paulo VI, o bispo Albino Luciani (futuro Papa João Paulo I) exprimiu no jornal «Avvenire o seu agrado relativamente à presença das auditoras no 

 

 

 

 

Concílio. Contrastando com o “desapontamento expresso por muitos clérigos”, evidenciava a importância da iniciativa do Papa e previa que a presença das mulheres “não se reduzirá a puro símbolo, [porque] fora das assembleias, as comissões conciliares pedir-lhes-ão pareceres e elas poderão transmitir os seus pontos de vista, sugestões e observações”, escreveu Adriana Valerio.

Durante as sessões conciliares, os auditores e as auditoras ocuparam a tribuna de Santo André, na Basílica de São Pedro, do lado direito da longa  

 

mesa da presidência, de frente para o altar-mor. Na parte oposta, estavam os observadores protestantes. Naturalmente, a presença das mulheres no II Concílio do Vaticano provocou “diversos comentários jocosos”. Se os prelados eram os «padres conciliares», as auditoras eram as «madres conciliares».

Apesar das dificuldades iniciais, o concílio representou para a mulher a afirmação da igualdade fundamental com o homem. Esta assembleia magna não desatou todos os nós, mas abriu perspetivas novas e horizontes a desbravar.

 

 

 

março 2017

04 Março 2017

* Fátima - Peregrinação da Diocese de Aveiro ao Santuário de Fátima

 

* Guarda – Fundão - A Junta regional da Guarda do Corpo Nacional de Escutas (CNE) organiza um colóquio sobre «O pensamento de Baden Powell no século XXI».

 

* Guarda – Seminário - Jornada diocesana da Pastoral Familiar

 

* Lisboa - Convento de São Domingos - Conferência sobre «Diferentes culturas, diferentes credos: podemos caminhar juntos?» por Eduardo Bento e promovida pelo Instituto São Tomás de Aquino.

 

* Braga - Encontro do Movimento Jovens Shalom com o tema «Tipos de personalidade» (04 e 05)

 

* Algarve - Centro Pastoral e Social em Ferragudo - Diocese do Algarve promove formação para novos catequistas. (04 e 05)

 

 

 
Dia 05 de Março

 

* Roma – Ariccia - Retiro de Quaresma do Papa e dos seus colaboradores, orientado pelo franciscano Giulio Michelini. (05 a 10)

 

Dia 06 de Março

 

* Fátima - Casa das Dores - Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa

 

* Lisboa - Capela do Rato - Sessão do curso «grandes correntes da ética ocidental» na Capela do Rato

 

* Fátima - Casa das Dores - Retiro dos bispos portugueses (06 a 10)

 

Dia 07 Março

 

* Porto - Centro de Cultura Católica - Conferência sobre «Diaconado e Diaconia da Palavra» pelo padre Manuel Monteiro Mendes.

 

 

 

 

 

 

 

 

Dia 08 Março

 

* Coimbra - Auditório da Ordem dos Enfermeiros - Encontro dos enfermeiros e profissionais de saúde católicos para debater «Descoberta pessoal para sair de mim e melhor cuidar do outro»

 

* Lisboa - FNAC-Chiado - A obra «Fátima – Sou peregrino» da autoria do padre António Rego vai ser apresentada por Maria João Avilez.

 

 

Dia 09 Março

 

* Lisboa - Centro de Reflexão Cristã - A obra «Servidores de Deus e funcionários de César. O clero paroquial da Monarquia à República (1882-1917)» da autoria de Sérgio Ribeiro Pinto vai ser apresentada por José Vera Jardim

 
 

 

 

 

 

 

 

- O Museu Diocesano de Santarém recebe esta sexta-feira, entre as 18h30 e as 20h00, uma formação sobre ‘A Virgem do Manto’, inserida na iconografia de Maria, com Luís Urbano Afonso, especialista em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. 

 

- Ainda neste dia 3 de março, às 21h22, o Grupo de Teatro de S. João Bosco apresenta a peça ‘Variações sobre o Teorema de Clinto e as Vantagens de uma Espiga ao Sol’, no Auditório Vita, em Braga.

 

- A igreja de Santa Maria, no Concelho de Tavira, no Algarve, vai acolher dia 4 de março, a partir das 21h30, o concerto ‘Carmin’Antiqua Raízes do Al-Gharb’, uma iniciativa inserida no projeto ‘Tavira, Património e Artes’. 

 

- A exortação apostólica do Papa Francisco ‘A alegria do amor’ é tema central para um ciclo de cinema no Porto, no Centro de Cultura Católica, que exibe dia 6 de março o filme ‘Na América’, uma obra sobre uma família de imigrantes nos Estados Unidos da América, do realizador Jim Sheridan.

 

- O Panteão Nacional está a mostrar ao público, na igreja de Santa Engrácia em Lisboa, a exposição ‘Reis e Heróis – os Panteões em Portugal’, com objetos e obras de algumas das principais figuras da História portuguesa, de Afonso Henriques a Sidónio Pais, passando por Amália, Eusébio e Sophia de Mello Breyner Andresen.

 

- O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, está a dar a conhecer o projeto fotográfico ‘Tempo entre Silêncios’, do arquiteto Nuno Caetano.   

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h30

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo:

10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Entrevista de Aura Miguel

 

Segunda-feira:

12h00 - Informação religiosa

 

Diariamente

18h30 - Terço

 

 

 
RTP2, 13h00

Domingo, 5 de março, 13h30 - Refugiados na Grécia. Reportagem com a Cáritas Portuguesa.

 

Segunda-feira, dia 6, 15h00 

Entrevista ao padre Luís Leal sobre os Romeiros, em São Miguel, Açores.

 

Terça-feira, dia 7, 15h00  - Informação e entrevista ao padre Tiago Neto sobre a campanha da catequese para a Quaresma.

 

Quarta-feira, dia 08 de março, 15h00 - Informação e entrevista  ao padre António Martins, sobre a visita da imagem peregrina a Seia.

 

Quinta-feira, dia 09, 15h00 - Informação e entrevista de comentário à atualidade.

 

Sexta-feira, dia 10, 15h00  -  Análise à liturgia de domingo com cónego António Rego e frei José Nunes.

 

Antena 1

Domingo, dia 05 de março  – Quaresma com D. Ilídio Leandro e António Bagão Félix: desafios e análise da mensagem do Papa.

 

Segunda a sexta-feira, 06 de março a 10 de março - 22h45 - Caminhada de Quaresma das dioceses do centro com o diácono Paulo Campino; Caminhada de Quaresma da FEC com Margarida Alvim; Campanha da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre com Catarina Bettencourt; Peregrinação penitencial dos Romeiros, ilha de São Miguel com o padre Luís Leal; Via Sacra pelo olhar de Maria com o padre Marcelino Paulo Ferreira.

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano A – 1.º Domingo da Quaresma

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Caminhar das cinzas para a luz pascal
 
 

Estamos no primeiro Domingo da Quaresma, levados pela Palavra de Deus neste tempo de caminhada. A Palavra convida-nos à conversão, a recolocar Deus no centro da nossa existência, a aceitar a comunhão com Ele, a escutar as suas propostas, a concretizar com fidelidade os seus projetos no mundo.

O gesto das cinzas de quarta-feira deu início a este processo: recordou-nos que somos nada, somos pó, somos cinzas que é preciso fazer renascer. É na nossa humanidade, no húmus da terra do ser, no nosso coração que a conversão se decide, como resposta ao dom da presença de Deus. Os gestos ditos exteriores – renúncias, asceses, penitências, sacrifícios, jejuns e abstinências – só fazem sentido na interioridade do nosso ser, onde habita Deus. Somos convidados a fazer das cinzas do nosso ser a passagem de fundo para a luz pascal.

Aí está a primeira leitura, Palavra vinda das origens, a afirmar que Deus criou o homem para a felicidade e para a vida plena. Se dele prescindirmos e nos fecharmos em nós próprios, acabamos por inventar esquemas de egoísmo, orgulho e prepotência, construímos caminhos de sofrimento e de morte. Daí a conversão, hoje e sempre.

A segunda leitura propõe-nos dois exemplos: Adão e Jesus. Adão representa o homem que ignora as propostas de Deus e decide, por si só, os caminhos da salvação e da vida plena; Jesus é o homem que vive na obediência às propostas de Deus. Somos livres de escolher, é certo. Mas se vamos por Adão, ficamos fora do processo do seguimento de Cristo.

E o Evangelho apresenta, de forma mais clara, o exemplo de Jesus. Ele recusou, de forma absoluta, uma vida à 

 

 

 

 

 

margem de Deus. Uma vida que ignora os projetos de Deus Pai e aposta em esquemas só de realização pessoal é uma vida perdida e sem sentido. O cristão deve rejeitar firmemente toda a tentação diabólica de ignorar Deus e as suas propostas.

A vida é decisão. Depois do nascimento, em cada dia decidimos viver. Decidimos comer, trabalhar, repousar, cuidar, ter tempo de lazer… Diante de tantas contrariedades que é preciso aceitar, assumir, ultrapassar, também é preciso decidir. A maior parte de nós não decidiu ser batizada; outros fizeram-no por nós. Mas 

 

depois, decidimos crer, rezar, aprofundar a nossa fé, viver segundo o Evangelho. Muitos outros, na nossa própria família talvez, decidiram de modo diferente.

Nesta semana, decidamos dar um passo ao encontro de Deus. Com toda a liberdade. Façamos desta semana a semana da liberdade de filhos de Deus. Deus quer-nos livres. Quer que vamos até Ele, em plena liberdade do nosso ser, das cinzas à luz pascal. Como diz o Papa Francisco, não há quaresma sem Páscoa.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

 

Quando João Paulo II rezou na capela
da base aérea de Monte Real

Em maio de 1991, João Paulo II aterrou na base aérea de Monte Real (Leiria) vindo do Funchal. O comandante daquela unidade, o coronel-piloto aviador Vítor Silva, aproximou do papa polaco e disse-lhe: “Paulo VI rezou na capela da base, teríamos muito gosto que sua santidade fosse à nossa capela rezar”, “a pé?”, disse João Paulo II.

Aquela ida à capela da base aérea de Monte Real não estava no programa da visita do Papa João Paulo II a Portugal, que incluiu uma passagem pelos arquipélagos dos Açores e da Madeira. Mas nem todos os programas são rígidos…

Tudo começou com um pedido do comandante da base a D. Januário Torgal Ferreira, na altura bispo vigário geral castrense e capelão mor das Forças armadas. O agora bispo emérito das Forças Armadas e Segurança confirmou à Agência ECCLESIA que depois desse pedido dirigiu-se a “D. António Ribeiro, cardeal-patriarca de Lisboa,” e contou-lhe a solicitação feita pelo comandante. “O cardeal Ribeiro

 

 disse-me para falar com o núncio e assim fiz”, revelou D. Januário Torgal Ferreira.

Depois dessas diligências, tudo se encaminhava para que o Papa João Paulo II quando aterrasse, vindo do Funchal (Madeira), na base de Monte Real fosse à capela da unidade.

A Agência ECCLESIA foi ao arquivo e encontrou o relato dessa visita relâmpago. No órgão «O Centurião» - jornal do Ordinariato Castrense de Portugal nº 14/91 Maio- Junho; página 7 – o cronista, padre Adelino F. Guarda, descreve o momento que “ficou positivamente marcado na história da Unidade e, particularmente, no coração e na mente” dos elementos da base que servem a Força Aérea Portuguesa.

O cronista realça que “pouco passava das 19h30 quando se avistou, vindo do sul, o avião da TAP, que trazia João Paulo II”. Os elementos estavam ansiosos e a comissão de boas vindas aguardava o papa polaco, “desejando que aquela visita não fosse apenas uma escala técnica, fria, sem mais”.

Quando desceu do avião,

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

João Paulo II “parecia um pouco fatigado”, mas depois do convite feito pelo comandante Vítor Silva, o Papa polaco (1920-2005) iniciou o percurso com “uma passada larga e vigorosa que impressionou quem o acompanhava”, descreve o padre Adelino Guarda.

Chegado à capela, o comandante mostrou-lhe o genuflexório onde rezou o Papa Paulo VI. Por momentos João Paulo II recolheu-se em oração.

Depois assinou o livro de honra da Unidade e uma bênção apostólica para os militares e civis da base e de todos os que servem nas Forças Armadas Portuguesas. De seguida, benzeu cerca de duas mil cruzes em madeira que com as inscrições «João Paulo II -/BA5/-12/05/91. Após a saída da capela, o Papa dirigiu-se para o helicóptero «Puma» que o levou até Fátima.

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

Centenário das Aparições vai a debate no coração da Serra da Estrela

A 10.ª edição das Jornadas do Conhecimento, que a Galeria Paz de Espírito em Seia organiza a partir desta sexta-feira, com o apoio da Diocese de Guarda, vai ter como tema principal o Centenário das Aparições de Fátima. Em entrevista ao Programa ECCLESIA, Paulo Caetano, um dos impulsionadores das jornadas, destacou a importância de abordar 100 anos de um acontecimento que marcou não só a vivência cristã em Portugal mas também a própria identidade nacional.

“Nós no interior do país procuramos também estar junto da atualidade. E desde logo procurámos junto do Santuário de Fátima dizer que estaríamos disponíveis para prolongar, para sermos o eco da mensagem de Fátima”, realça aquele responsável.

Na agenda destas Jornadas do Conhecimento, que vão decorrer até 30 de abril em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, o ponto mais alto do país, está em destaque a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora ao Arciprestado de Seia.

Durante um mês, ela irá estar em 

 

 

todas as paróquias daquele concelho, dando assim ainda maior sentido ao tema do evento. Para Paulo Caetano, esta será uma visita “especial” para as comunidades de Seia, também porque a última vez que contactaram com a Imagem Peregrina foi “há dois anos” e “apenas num dia”.

“Foi pouco tempo e aguçou o apetite para que solicitássemos ao Santuário de Fátima a possibilidade de não ser um dia no Arciprestado de Seia, mas um dia em cada paróquia”, acrescentou.

Ao longo dos dias das jornadas, até 30 de abril, haverá espaço para várias conferências, com destaque para figuras ligadas ao Santuário de Fátima e à Igreja Católica, incluindo na área da comunicação.

A abertura do certame, esta sexta-feira às 21h00, será feita com uma intervenção do reitor do Santuário de Fátima, o padre Carlos Cabecinhas, na igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Seia.

No dia 7 de março, as pessoas terão oportunidade de escutar o padre Manuel Morujão, sacerdote jesuíta

 

 

 

e antigo porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, desta vez no salão da igreja paroquial de Santiago. A terceira conferência das jornadas, prevista para dia 21 de abril na igreja de São Martinho, sempre à mesma hora, terá como protagonista Paulo Rocha, diretor da Agência ECCLESIA.

Ao longo dos anos, a iniciativa tem 

 

contado com mais apoios, desde a Diocese da Guarda ao Arciprestado de Seia, passando pela Câmara Municipal de Seia, a União de Freguesias e a Misericórdia locais, a Paulus Editora, o Agrupamento de Escolas, os Professores de Educação Moral e Religiosa Católica, e a própria Agência ECCLESIA, ao nível da comunicação.

 

“Desde já apelo, de todo o coração, a todos os diocesanos para que nesses dias peregrinem a Fátima para viver esta experiência ao vivo com o Papa Francisco, para o acolher com o calor do nosso afeto e para manifestar aquele amor ao Papa que é uma dimensão profunda da mensagem de Fátima e do catolicismo português”

D. António Marto, mensagem para a Quaresma de 2017

 

 

Memórias do ataque a Bocaranga, na República Centro-Africana

Quatro horas de horror

Os Padres Capuchinhos e as Missionárias da Caridade estiveram na mira das armas de milícias rebeldes em Bocaranga. Durante quatro longas horas, a cidade transformou-se num campo de batalha, com tiros e explosões por toda a parte, com bandos de homens à solta, matando, ferindo, pilhando. No final, 18 pessoas jaziam nas ruas. Mortas a tiro ou degoladas.

 

Todos sabiam que os dias de paz eram efémeros, ali, em Bocaranga, na República Centro-Africana. A paz estava em suspenso apenas até ao instante em que as armas voltassem a disparar deixando as ruas manchadas de sangue, de medo e morte. Dia 2 de Fevereiro. A noite ainda cobria a cidade quando se escutaram os primeiros tiros, os primeiros gritos. O Padre Robert lembra-se bem de como tudo começou. Faltavam 15 minutos para as seis horas da manhã, quando tanto os Padres Capuchinhos como as Missionárias da Caridade se encaminhavam para a igreja, quando a noite se sobressaltou com o 

 

primeiro tiro. Era o sinal. Passado pouco tempo, a cidade foi abalada por detonações muito fortes. “As pessoas começaram a fugir, o pânico era generalizado”, recorda o padre Robert. Pelas ruas passavam homens armados, alguns com metralhadoras pesadas. Quase duas centenas de pessoas correram a abrigar-se na casa das irmãs. Os tiros continuavam a ouvir-se, como se fossem relâmpagos numa tempestade terrível. Diz o padre: “Foram quatro horas de apocalipse.” Este “apocalipse” de que fala o Padre Robert teve início em 2012, quando grupos muçulmanos, os “séléka”, afastaram do poder o presidente François Bozizé e iniciaram uma campanha de ódio étnico e religioso que atingiu com particular brutalidade a comunidade cristã. Algum tempo depois, em resposta a essa violência, surgiram grupos de defesa: as milícias “anti-balaka”. Desde então, o país está mergulhado numa guerra terrível que nem as forças de paz da ONU têm conseguido suster. Os números são trágicos. Milhares de mortos e mais de 1 milhão de deslocados e refugiados.

 

 

 

 

O assalto

Dia 2 de Fevereiro. Com as ruas tomadas pelos homens armados, havia o receio de que nem a missão dos padres capuchinhos ou a casa das irmãs fosse poupada. E não foram. Os rebeldes forçaram as portas da missão, onde estavam abrigadas mais de vinte pessoas. Imagine-se o medo. “Felizmente”, como disse o padre Robert, “eles vieram apenas para roubar”. Felizmente. Ao lado, na casa das Missionárias da Caridade estavam já umas duas centenas de pessoas. Rezavam. Nada mais podiam fazer. Quando os bandidos se foram embora, levando o saque dos assaltos, ficou uma cidade paralisada pelo medo e 18 cadáveres nas ruas. 

 

Foram mortos a tiro ou degolados. Dois dias depois do ataque, a irmã Eliane, das Missionárias da Caridade, dizia-nos: “Há rumores de que as milícias se preparam para voltar... Estamos novamente cheias de ansiedade. Os bairros estão vazios, há um enorme êxodo. Como tudo isto é triste!” A ajuda às comunidades religiosas na República Centro-Africana é uma das prioridades da Fundação AIS. Tanto o Padre Robert como a irmã Eliane pedem as nossas orações. “Rezemos por este povo tão martirizado e também pelos malfeitores. Que todos descubram a verdadeira paz!” Vamos ajudá-los?

 

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

 

 

O assalto

Dia 2 de Fevereiro. Com as ruas tomadas pelos homens armados, havia o receio de que nem a missão dos padres capuchinhos ou a casa das irmãs fosse poupada. E não foram. Os rebeldes forçaram as portas da missão, onde estavam abrigadas mais de vinte pessoas. Imagine-se o medo. “Felizmente”, como disse o padre Robert, “eles vieram apenas para roubar”. Felizmente. Ao lado, na casa das Missionárias da Caridade estavam já umas duas centenas de pessoas. Rezavam. Nada mais podiam fazer. Quando os bandidos se foram embora, levando o saque dos assaltos, ficou uma cidade paralisada pelo medo e 18 cadáveres nas ruas. Foram mortos a tiro ou degolados. Dois dias depois do ataque, a irmã Eliane, das Missionárias da Caridade, dizia-nos: “Há rumores de que as milícias se preparam para voltar... Estamos novamente cheias de ansiedade. Os bairros estão vazios, há um enorme êxodo. Como tudo isto é triste!” A ajuda às comunidades religiosas na República Centro-Africana é uma das prioridades da Fundação AIS. Tanto o Padre Robert como a irmã Eliane pedem as nossas orações. “Rezemos por este povo tão martirizado e também pelos malfeitores. Que todos descubram a verdadeira paz!” Vamos ajudá-los?

 

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

‘Vida Consagrada’ em Fátima

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Estou em Fátima, o altar do mundo, terra que espera os pés de um peregrino especial: o Papa Francisco, que virá celebrar os cem anos das Aparições.  Ele – como já disse – só vem mesmo a Fátima porque quer fazer uma peregrinação, apenas, e dar mais visibilidade à mensagem que Nossa Senhora deixou a Lúcia, Jacinta e Francisco: a paz virá pelo caminho da oração, da conversão e da esperança.

Está a decorrer a XXXII Semana de Estudos sobre a Vida Consagrada que reúne largas centenas de Religiosas e Religiosos. O tema prometia rasgo e atraiu. De 25 a 28 de Fevereiro, quase todos os caminhos da Vida Consagrada iam dar ao Centro Paulo VI. Sucederam-se conferências, debates e celebrações, tudo seguindo o tema ‘Consagrados ao serviço da vida’. As reflexões apontaram para o sentido da vida, o clamor dos pobres e da justiça, a espiritualidade, a defesa da vida, o sonho da reconciliação e da paz. Foram temas aprofundados por especialistas que ajudaram um imenso auditório a olhar para a vida com outros olhos e outra profundidade de campo. Também houve lugar para testemunhos intensos de quem toca a vida pelas pontas, assumindo situações de extrema fragilidade, como quantos fazem pastoral penitenciária ou têm filhos portadores de deficiência.

A Vida Consagrada, na diversidade rica de carismas e missões, também subiu ao palco destes debates. ‘Todas e todos ao serviço da vida’ pode ser o slogan que saiu vencedor destas jornadas. Mas também

 

 

 

 

 

 

 

houve lugar a uma reflexão sobre a mensagem de Fátima ao serviço da vida, sem nunca esquecer os desafios deste Centenário das Aparições e a honra e responsabilidade que acompanham a opção do Papa Francisco nos visitar em Maio.

Fátima apela ao compromisso pela Paz e pela Missão. Como desafiava o P. Tolentino Mendonça, temos de deixar o papel de geógrafos (preocupados em olhar livros e mapas) e ser exploradores, alpinistas ou marinheiros que experimentam a viagem da vida. Há que trocar as pantufas pelas sandálias e partir à aventura. A Mensagem de Fátima é um apelo constante à conversão de vida, para que o nosso coração bata ao ritmo do coração de Deus. E a Paz será o prémio deste caminho 

 

percorrido, desprendido, com Deus e como Ele quiser.

O Papa Francisco, na Europa, tem feito viagens ‘cirúrgicas’. Visitou o Parlamento Europeu e o Conselho da Europa; visitou Lampedusa e Lesbos. Vem agora a Fátima. Visitas pastorais a chamar a sua atenção de pastor para alegrias e angústias do grande rebanho que é a Europa, às vezes muito defensora da dignidade e dos direitos humanos, outras vezes, a espezinha-los.

Diz a Oração do Acto de Consagração a Nossa Senhora de Fátima: ‘Ensina-nos o teu mesmo amor de predilecção pelos pequeninos e pelos pobres, pelos excluídos e sofredores, pelos pecadores e os desorientados. Reúne todos sob a tua protecção’.

Benvindo, Papa Francisco!