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Paulo Rocha |
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AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo Aguiar Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Os juízes da caridade |
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![]() Paulo Rocha Agência ECCLESIA |
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O antigo diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, o jesuíta Federico Lombardi, falou inúmeras vezes sobre a relação entre os media e a Igreja Católica e sobretudo operacionalizou esse relacionamento numa proximidade crescente, salvaguardando a especificidade e as dinâmicas de cada uma das partes. Uma ocasião, numa conferência realizada durante um congresso que reuniu títulos da imprensa católica da Europa, referiu-se aos indicadores de confiança (ou desconfiança) que podem existir entre as partes, entre os media e a Igreja Católica, marcados por uma tensão recíproca (o que não é necessariamente negativo). Dizia, na altura, que há dois temas em que a Igreja Católica, mesmo sendo completamente transparente e verdadeira, vai gerar desconfianças e reservas por parte dos meios de comunicação social e do debate mediático: os que se relacionam com a moral e com a gestão. A cada passo, a tese do padre Lombardi comprova-se! Não só porque são recorrentes as |
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incursões mediáticas nesses temas, também porque permanece alguma dificuldade em tratar nos meios de comunicação social o que decorre de comportamentos morais ou de opções administrativas. Se, por um lado, estão em causa decisões do foro individual, elas são tomadas, por outro, em nome de uma comunidade e têm, também por isso, repercussões públicas. Diante da suspeita de gestão danosa por parte de instituições que atuam no setor social e dos seus responsáveis, tenham ou não qualquer ligação à Igreja Católica, é necessário, sem dúvida, afirmar a urgência de averiguar a verdade e exigir permanentemente a transparência. Mas tendo presente duas premissas: há circunstâncias em que não basta ser sério, mas é necessário parecer; e é preciso não |
esquecer ingenuamente que muitos debates são adulterados consoante pontos de interesse que se extremam sem cessar. E as pessoas...! No contexto de um debate que não vai além de variáveis numéricas, esquecem-se muitas histórias de vidas, circunstâncias concretas de quem depende de uma ajuda para não ter fome, de uma palavra para sobreviver e do voluntariado para olhar outro humano. Tanto para organismos reguladores como para o escrutínio da opinião pública, é necessário incluir neste debate sobre o setor social as mulheres e homens, crianças ou idosos que, em qualquer momento, estão em contacto com organizações sociais e nelas encontram a garantia da elementar dignidade de vida. São esses os principais juízes da caridade. |
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O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, líder do Partido Popular para a Liberdade e a Democracia, celebra a vitória nas legislativas desta quarta-feira |
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"Os números são simples: 2,1% de défice, o melhor em 42 anos de democracia, 2% de saldo primário positivo, diminuição de um ponto da dívida líquida, estabilização da dívida bruta e começo da redução, estabilização do sistema financeiro, criação de 118 mil postos de trabalho líquidos. Estes são os números. E contra factos não há argumentos". António Costa, primeiro-ministro português, Porto, 14.03.2017
"Talvez seja possível dar algum sentido útil a uma estratégia anual, virada agora para médio e longo prazo, e sobretudo tirar proveito da Lei de Enquadramento Orçamental, para reforçar uma visão do Orçamento que lhe proporcione mais estável horizonte e mais clara operacionalidade económica”. Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República Portuguesa, Lisboa, 15.03.2017
"Somos confrontados com notícias de que o senhor primeiro-ministro toma as decisões certas pelos motivos errados. Afinal, a revisão curricular não avança, não porque é um clamoroso erro, mas sim porque o primeiro-ministro não quer pôr em risco o resultado nas eleições autárquicas" Pedro Alves, deputado do PSD, Lisboa, 15.03.2017
“Na segunda-feira, a senhora presidente da Saudaçor [empresa pública que gere os recursos e equipamentos de saúde dos Açores] teve oportunidade de afirmar que a situação é efetivamente grave, todos nós o reconhecemos” Rui Luís, secretário regional da Saúde dos Açores, sobre a divulgação de dados de 230 mil utentes da região, Horta, 15.03.2107 |
Marcelo Rebelo de Sousa
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O presidente da República Portuguesa antecipou à Agência ECCLESIA o seu encontro com o Papa, durante a visita que Francisco vai fazer a Fátima, nos dias 12 e 13 de maio, por ocasião do Centenário das Aparições. Marcelo Rebelo de Sousa salientou que o encontro com o Papa argentino terá lugar no dia 12 “logo a seguir à chegada” de Francisco à Base Aérea de Monte Real, “depois das cerimónias protocolares”. Para o presidente da República, |
será “uma honra reencontrar” o Papa depois da visita que fez ao Vaticano, a 17 de março de 2016. “Uma ocasião única que não esqueço na minha vida”, apontou Rebelo de Sousa, acrescentando que esta “nova conversa” com o Papa será necessariamente “mais curta do que a outra, que foi mais de meia hora”. As declarações de Marcelo Rebelo de Sousa à Agência ECCLESIA foram prestadas esta quarta-feira, à margem da apresentação do livro ‘Conversas |
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em altos voos’, uma obra da jornalista Aura Miguel sobre o Papa Francisco, cujo prefácio é assinado pelo presidente da República. Numa abordagem à figura do Papa argentino, o chefe de Estado português destaca uma figura “que quer ao tratar dos grandes problemas da humanidade, quer dos problemas do dia-a-dia, mais concretos, é “de uma proximidade e de uma doação integral ao outro”. “É mais do que empatia. É um Papa que está perto das pessoas, dos seus problemas, que recorre a um discurso muito simples e muito claro, é um Papa muito preocupado, ainda mais do que os seus antecessores, com os jovens, com os imigrantes, filho de imigrante, que acompanha portanto |
esses dramas que atravessam a juventude, que atravessam as migrações, os refugiados”, realçou. O presidente da República destacou ainda a capacidade de Francisco, sendo “da América Latina”, olhar para o “drama da Europa”, uma região “de certa maneira envelhecida por comparação com aqueles continentes onde a Igreja Católica está a crescer e a florescer”. “Compreender este Papa na sua maneira de ser é compreender o seu percurso, a sua biografia. Ele nunca deixou de ser o pároco que usava os sapatos cambados, que tinha um contacto diário, pessoal e constante com toda a gente, que se sente mal nos salões, que se sente mal como estadista, na alta-roda da vida internacional”, apontou. |
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Um pontificado de continuidade |
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Guilherme d’Oliveira Martins disse que os quatro anos de pontificado do Papa Francisco vieram retomar, “com elementos de mudança”, a linhas fundamentais de antecessores como João XXIII, João Paulo II e Bento XVI. Em entrevista ao Programa ECCLESIA desta segunda-feira, na RTP2, o atual administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian destaca a forma como o Papa argentino tem procurado dar atenção aos “sinais dos tempos” e à “causa da paz”, na esteira de João XXIII e de João Paulo II. O presidente do Centro Nacional da Cultura realça ainda o modo como Francisco tem estado presente no centro do debate sobre a justiça social e a economia. “É preciso não esquecermos uma encíclica extraordinariamente importante, e que está bem presente neste pontificado, que é a ‘Caritas in veritate’, do Papa Bento XVI, muito clara, muito dura, contra a economia de casino, contra o curtíssimo prazo, contra as ilusões, contra mercado e uma economia que mata”, salienta Guilherme d’Oliveira Martins. No entanto, para aquele responsável, existem “elementos de mudança” |
na ação do Papa Francisco, que podem ser separados “em dois domínios”: o “arrumar da casa”, ou seja, a “organização” da Santa Sé; e a parte mais “pastoral”. Sobre o primeiro, Guilherme d’Oliveira Martins lembra o trabalho que o Papa Francisco tem desenvolvido na restruturação da Igreja Católica e do Vaticano, de modo a “não haver qualquer névoa relativamente ao cumprimento estrito dos princípios”, em matérias como o combate ao crime financeiro e à pedofilia. “Isto levanta para alguns incómodos naturalmente, mas são exatamente os mesmos incómodos que Jesus Cristo ao chegar ao templo e ao ver os vendilhões, tomou uma atitude clara e inequívoca, e este Papa não esquece essa atitude”, salienta.
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Reitor espera bons frutos
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O reitor do Santuário de Fátima acredita que a visita do Papa Francisco vai trazer "uma nova perspetiva" sobre a Mensagem e sobre o santuário às pessoas mais afastadas da Igreja. "Não tenho dúvidas que a presença do Papa e, concretamente, a presença do Papa Francisco, pode ajudar as pessoas que habitualmente não olhavam para Fátima a olhar com uma nova perspetiva para a mensagem e para o santuário", afirmou o padre Carlos Cabecinhas à Agência ECCLESIA. A menos de dois meses da chegada do Papa Francisco a Portugal, o Santuário desenvolve esforços de preparação para o acolhimento de todos os que pretendem participar na peregrinação internacional aniversária de maio, nos dias 12 e 13. O responsável sustenta a procura de "muitas outras pessoas" de outras confissões cristãs e religiões que não deixavam de visitar Fátima. "Há todo um público menos vinculado ao fenómeno religioso que nos últimos tempos tem procurado Fátima, sobretudo pela via cultural. Penso que a vinda do Papa pode potenciar esta aproximação entre Fátima e as franjas menos sensíveis à temática |
da mensagem deste lugar". O padre Carlos Cabecinhas reconhece uma certa "resistência a Fátima", do ponto de vista "intelectual e cultural", área em que têm investido. "Temos procurado que a nossa reflexão procure atingir outras dimensões que habitualmente não estão contempladas. Temos procurado alargar o nosso horizonte e procurado que Fátima tenha essa vertente cultural que habitualmente era menos valorizada". O reitor do santuário mariano destaca a iconografia como um elo estético e espiritual. "Há toda a importância iconográfica e simbolismo ligado ao que bebemos e experimentamos do ponto de vista estético, também porque é significativo na dimensão cultural como também popular". |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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«Estandartes Mensagem de Fátima» assinalam a celebração do centenário |
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Santuário e autoridades civis ultimam preparativos para visita do Papa
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4 anos de pontificado do Papa anti-herói
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O Papa completou esta segunda-feira quatro anos de pontificado, marcados por mensagens de abertura e diálogo, com atenção aos mais desfavorecidos, e medidas de reforma interna. A mensagem passa por gestos concretos, como a visita a Amatrice, uma das zonas afetadas pelos sismos no centro de Itália, a viagem a Lesbos, de onde voltou com um grupo de refugiados, ou o encontro com líderes de várias religiões, na cidade italiana de Assis, assinando uma declaração conjunta pela paz que rejeita o terrorismo fundamentalismo. |
Francisco disse em entrevista a um periódico alemão que não gosta da “idealização” da sua figura, ele que já foi representado como um super-herói. “Eu sou um pecador, sou limitado”, referiu ao ‘Die Zeit’, depois de em janeiro ter referido ao ‘El País’ que apenas quer uma Igreja mais “próxima” e rejeita a ideia de “revolução” ou de ser “incompreendido”. Repetindo alertas contra a onda de “populismo” no Ocidente, Francisco tem sublinhado a necessidade de construir “pontes” para travar
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a cultura do “medo” do outro que leva a levantar “muros”, ao mesmo tempo que critica a exploração dos países mais pobres e os negócios da guerra. A condenação da violência em nome da religião, da “loucura homicida” do fundamentalismo tem acontecido em diversas ocasiões, muitas vezes com o pano de fundo a perseguição a minorias religiosas no Médio Oriente e o “martírio” dos cristãos em vários países. Ecumenicamente, os últimos meses ficaram marcados pelo encontro histórico com o patriarca ortodoxo de Moscovo, Cirilo, em Cuba; pela viagem à Suécia, para assinalar com os luteranos os 500 anos da reforma protestante; e pela primeira visita de um Papa à igreja anglicana de Roma. A aproximação a outras comunidades cristãs tem gerado algumas críticas internas, que se multiplicaram a respeito de posições apresentadas na exortação apostólica pós-sinodal ‘Amoris Laetitia’, que recolhe os resultados de dois Sínodos sobre a família (2014 e 2015), na qual se propõe um caminho de “discernimento” para os católicos divorciados que voltaram |
a casar civilmente. No atual pontificado, a Igreja Católica viveu o terceiro Ano Santo extraordinário da sua história, o Jubileu da Misericórdia, para, nas palavras do Papa, sublinhar que “a misericórdia é o nome de Deus” e recordar a importância do “perdão”. Simbolicamente, foi neste ano que aconteceu a canonização de Santa Teresa de Calcutá. Na Polónia, onde presidiu à Jornada Mundial da Juventude, passou em silêncio pelos campos de concentração nazi de Auschwitz. O Papa tem alertado para a “globalização da indiferença” e para os perigos da concentração da riqueza, propondo uma mudança do paradigma económico e financeiro internacional. A reforma da Cúria Romana, com a ajuda de um Conselho de Cardeais dos cinco continentes, já levou à criação de dois dicastérios e a várias alterações na administração económico-financeira da Santa Sé e do Estado do Vaticano, além de medidas no acompanhamento e prevenção de casos de abusos sexuais. |
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Papa critica quem sacrifica
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O Papa condenou no Vaticano o “pecado gravíssimo” de deixar pessoas sem emprego por “manobras económicas” ou interesses menos “claros”. "Quem, por manobras económicas, para fazer negócios que não são totalmente claros, fecha fábricas, empresas, e tira trabalho aos homens, esta pessoa comete um pecado gravíssimo", disse, no final da audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro. A intervenção, improvisada, foi saudada com uma salva de palmas pelos peregrinos presentes no |
Vaticano. "O trabalho dá-nos dignidade e os responsáveis dos povos, os dirigentes, têm a obrigação de fazer todos os possíveis para que cada homem e cada mulher possam trabalhar e assim andar de cabeça erguida, olhar os outros nos olhos, com dignidade", assinalou Francisco. O Papa tinha começado por deixar uma palavra de solidariedade aos trabalhadores da ‘Sky Italia’. “Desejo que a sua situação laboral possa encontrar uma rápida solução no respeito pelos direitos de todos, especialmente das famílias”, apelou. |
Fátima, entre a China e o Vaticano |
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O Papa Francisco abençoou uma imagem de Nossa Senhora de Fátima que foi levada ao Vaticano por católicos da China, antes do início da audiência geral. No final do percurso em papamóvel pela Praça de São Pedro, o Papa parou para saudar um pequeno grupo de fiéis, com bandeiras da China, que se ajoelharam diante dele e o beijaram. Um dos elementos do grupo trazia consigo uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, que apresentou a Francisco. Em janeiro, o Papa tinha abençoado no Vaticano seis imagens de Nossa Senhora de Fátima, destinadas à comemoração do Centenário das Aparições na Cova da Iria em todo o mundo, uma das quais teve como primeiro destino Hong Kong, na China. O regime de Pequim criou em 1957 uma Igreja “oficial”, a APC - Associação Patriótica Católica, para evitar interferências estrangeiras, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos vivam em conformidade com as políticas do Estado, o que inclui o controlo sobre a nomeação de bispos, pretensão não reconhecida pelo Vaticano. |
Os católicos que seguem as indicações de Roma, não reconhecendo a APC, vivem numa Igreja “clandestina”. Um novo regulamento obriga os bispos católicos a registar-se junto do Departamento dos Assuntos Religiosos da China, especificando que "aqueles que não obtiverem ou perderem as credenciais profissionais não podem comprometer-se em atividades como pessoal religioso". Entre as ações "criminosas" elencadas está "aceitar o domínio de forças estrangeiras, aceitar sem autorização clero de grupos religiosos estrangeiros ou organizações, assim como outros atos contrários ao princípio da independência religiosa e do autogoverno”.
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Papa condena «pecado gravíssimo» de tirar trabalho às pessoas
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Uma semana de aniversários especiais |
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José Carlos Patrício |
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Não caro(s) leitor(es), não estou a escrever a recordar que esta semana fiz anos, e que bela festa foi! Quero antes aproveitar a oportunidade para destacar algumas das efemérides que marcaram estes dias, a começar pelo 4.º aniversário do pontificado do Papa Francisco, assinalado a 13 de março. Quatro anos que têm mostrado ao mundo uma Igreja Católica mais presente no mundo, mesmo no plano mediático, porque mais envolvida com a sociedade, com os seus problemas e desafios. Desde a sua famosa frase, ‘parece que foram buscar-me ao fim do mundo’, o Papa argentino já percorreu também ele um longo caminho, mas descobriu um atalho para o coração das pessoas, através da sua energia e alegria, e de uma personalidade que teima em estar presente onde os dramas da humanidade se fazem sentir de forma mais intensa. Esta semana está ainda marcada pelo primeiro ano de Marcelo Rebelo de Sousa como presidente da República Portuguesa, e com um estilo também muito ligado ao de Francisco. Se o Papa não pára no Palácio do Vaticano, aliás escolheu a bem mais humilde Casa de Santa Marta para residência, o presidente português não pára no Palácio de Belém, desmultiplicando-se em iniciativas de índole política e cultural, social e solidária. Estando no meio das pessoas, hoje num bairro social, amanhã num hospital a ler histórias |
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para crianças, depois numa conferência ou seminário sobre justiça social. Na apresentação esta quarta-feira em Lisboa do livro ‘Conversas em altos voos’, da jornalista Aura Miguel sobre o Papa Francisco, Marcelo Rebelo de Sousa disse “há um Papa para cada momento”. Uma Igreja Católica repleta de desafios e interpelações, inclusivamente internos, precisava de um Papa ao estilo do antigo arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio. E creio que um Portugal ferido pela crise económica, descrente nas instâncias internacionais e nos responsáveis políticos, também |
precisava de um presidente da República ao estilo de Marcelo Rebelo de Sousa. Mas no horizonte próximo está já outro aniversário, dos 50 anos da encíclica ‘Populorum Progressio’, do Papa Paulo VI. Um documento que quando foi publicado, a 26 de março de 1967, alertava para as condições que tinham de ser criadas para garantir o desenvolvimento de todos os povos, com um elenco de propostas que hoje permanecem bem atuais. No entanto sobre isso não quero adiantar-me, vai ter tempo de ler num próximo semanário digital da Agência ECCLESIA.
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A Semana Nacional Cáritas que decorre até domingo é este ano centrada no tema da Família e pretende reforçar o apoio prestado às pessoas mais carenciadas em todo o país. Numa mensagem alusiva ao tema da semana o bispo auxiliar de Lisboa, D. José Traquina, apela à ousadia de, a família, "ser verdadeiramente capaz de construir a Paz". O dossier desta edição do Semanário centra-se na ação desta organização católica de solidariedade e ajuda humanitária, em Portugal e junto dos refugiados. Para dar a conhecer histórias de vida e trabalho concreto, junto de quem mais precisa e não dispensa esta presença.
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Um dia com a Cáritas de Coimbra |
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A reportagem da ECCLESIA foi passar um dia em Coimbra, junto da Cáritas Diocesana, que desenvolve o seu serviço/missão através da atuação diversificada em múltiplas áreas de intervenção a partir de uma leitura atenta das necessidades e atualmente uma “grande questão” é a área do envelhecimento. “Temos de fazer alguma reestruturação no serviço tradicional de apoio a idosos. Penso que de forma geral o Estado já o sabe”, afirma a diretora de Departamento de Inovação | Comunicação e Projetos da Cáritas Diocesana de Coimbra. Carina Dantas explica que devido às alterações demográficas dentro de “muito pouco tempo” não vão ter resposta para as pessoas que estão a envelhecer e “a ficar mais dependentes” porque as estruturas residenciais, o lar “já não tem vagas”. “Não temos ainda esquemas de apoio domiciliário suficientes, estruturados para que as pessoas possam permanecer em casa mais tempo”, observa. A Cáritas Diocesana de Coimbra tem tentado “criar alternativas” para o cuidado ao domicílio e refere que têm que continuar a investir, a fazer que seja “percetível” às “vias de |
financiamento estatal” para que possa ser “não apenas implementado” a nível local, mas numa “política nacional diferente”. O projeto ‘Lucas 10,35’ é um exemplo de voluntariado com as pessoas de maior idade que a equipa da Cáritas tem estado a dinamizar junto de paróquias e grupos. Para a diretora de Departamento de Inovação é necessário também “investir muito” na inclusão social associada à pobreza, ao desemprego, a “outras formas de não inclusão dos padrões comuns da sociedade” não tanto pela via caritativa mas, essencialmente, pela promoção e qualificação. Carina Dantas comenta que têm “grande dificuldade” em garantir soluções de empregabilidade para pessoas em situação de desvantagem enquanto noutros países, por exemplo, existem cooperativas/empresas sociais quando em Portugal encontram “problema legislativo”. “É essencial para conseguirmos não estar apenas a dar dinheiro às pessoas mas criar ferramentas para que consigam ter vidas autónomas. Isso é dignidade, de outra forma estamos a manter problema que nunca se resolverá |
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e não consegue mudar a forma como a sociedade encara as pessoas em situação de exclusão”, alerta. A Cáritas Diocesana de Coimbra considera que tem de haver “ligação de forças e proximidade muito grande” entre as politicas sociais definidas e as instituições sociais que trabalham efetivamente no terreno para além da “predisposição das instituições para arriscarem em coisas novas”. Com um trabalho em muitas áreas de intervenção, a entrevistada espera que resultem da leitura atenta das necessidades das pessoas onde alguns projetos têm evidenciado “mais necessidades” ou, pelo menos, |
têm existido “mais alterações ao longo do tempo”, por razões políticas, económicas, demográficas e sociais. Carina Dantas explica que não querem “inovar por inovar”, mas os problemas vão emergindo e têm de responder sendo a atualização “muito importante no trabalho social”. A instituição católica também está em contacto com as paróquias e grupos socio caritativos de Coimbra com a sua equipa de Pastoral e Voluntariado que “trabalha diretamente com as várias paroquias tenta capacitá-las, dar formação”. Em plena Semana Cáritas 2017, que termina este domingo com um peditório publico, a entrevistada |
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refere que a “transparência é essencial” e têm todas as contas e as atividades publicas no seu site, “é muito fácil as pessoas perceberem” o que fazem e como.
Olha o robôA Cáritas Diocesana de Coimbra está a participar na fase experimental de um robô que presta apoio complementar a idosos, no âmbito de um projeto internacional financiado pela União Europeia. Luís Santos, o gestor do projeto ‘GrowMeUp’ como é denominado, realça que “o grande objetivo é facilitar a introdução |
deste tipo de tecnologias no mercado e na sociedade”, tendo em conta que cuidar dos mais idosos será cada vez mais “uma necessidade no futuro”. A iniciativa ‘GrowMeUp’ é uma das grandes bandeiras do programa comunitário de financiamento Horizonte 2020, no que toca ao apoio à terceira idade. É coordenado pela Universidade de Coimbra e além de Portugal envolve atualmente mais sete paceiros de diversos países, como a Suíça e o Chipre. O robô, “totalmente fabricado em Portugal”, tem a capacidade de interagir com as pessoas idosas, |
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graças a um sistema de diálogo inteligente. Está também preparado para apoiar os mais velhos nas suas necessidades e hábitos, por exemplo “na deteção de quedas” ou “na toma de medicação”, ajudando assim a prevenir problemas decorrentes da inevitável deterioração das capacidades físicas e cognitivas das pessoas na terceira idade. De acordo com Luís Santos, “o robô vai ser proativo na procura da pessoa dentro do espaço de casa, para detetar o comportamento da pessoa dentro de casa e se há alguma situação de emergência que seja necessário reportar aos cuidadores, da Cáritas ou familiares”. |
O último ano foi praticamente todo dedicado à fase experimental do projeto, “na Cáritas e em casa das pessoas”, o que permitiu identificar algumas lacunas a melhorar. A primeira questão, refere Luís Santos, “é que, por causa das expetativas que o idoso tem quando vê o robô, a aceitação da tecnologia está dependente da facilidade que ele tem em interagir através do diálogo”. “Outro problema é que as casas típicas em Portugal são espaços pequenos, portanto a navegação de um robô deste tipo nesses espaços tem alguns desafios”, admite o investigador. O desejável é fazer com que o robô seja totalmente “autónomo”,
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de modo a não precisar de nenhuma intervenção do idoso para estar completamente funcional, sendo que atualmente já consegue detetar quando está com um nível baixo de bateria e dirigir-se à sua unidade de carregamento. O senhor António é um dos idosos que já tem um robô deste género em casa, que para além de ser “uma companhia” também lhe “dá música”. “Chamei-lhe Rosa. Para os amigos Rosita. Ela pode ajudar em muitas coisas, nomeadamente no agendamento das consultas, no pedido de socorro, e ainda estamos só no princípio, com o passar do tempo certamente outras possibilidades terá”, realça. A participação da Cáritas Diocesana de Coimbra no projeto ‘GrowMeUp’ faz parte da aposta da instituição católica na busca de soluções tecnológicas que ajudem a proporcionar um serviço de qualidade à população idosa da região.
Projeto CriArteA Cáritas Diocesana de Coimbra desenvolveu o projeto ‘CriArte’ com o objetivo de promover a integração da comunidade cigana e a integração |
da mulher ao proporcionar a aquisição de competências de autonomia e empregabilidade, com fundo solidário. “A ideia do ‘CriArte’ foi fazer a integração através da formação, quer na área da costura quer através de um parceiro nosso, a Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), fazer o processo que dá escolaridade às pessoas”, explicou o psicólogo Ricardo Sousa. À Agência ECCLESIA, recorda que a iniciativa foi “bem aceite” pelo público-alvo, principalmente mulheres de etnia cigana, e a vertente solidária funcionou como “motivação para se entregaram a este projeto”. Alguns produtos da formação eram destinados ao trabalho da APCC com crianças de baixa visão e essa componente “foi muito bem aceite” pelas formandas. “À medida que iam aprendendo as técnicas de costura perceberam também que aquilo que estavam a fazer teria um objetivo maior”, acrescenta. Ricardo Sousa relembra ainda que promoveram um encontro com as crianças da APCC e as formandas perceberam a “responsabilidade social” do seu trabalho: “Ia ser |
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utilizado” e “facilitador do trabalho da associação, para além da sua aquisição de competências de empregabilidade. Por sua vez, a assistente social Carla Marques começa por destacar que trabalham há muitos anos com mulheres e para além deste projeto iniciado em 2016 têm ‘oficinas ocupacionais’ onde também as capacitam para “algumas competências”. “O ‘CriArte’ veio proporcionar adquirir essas competências de forma mais profissional e certificada”, acrescenta, observando que faltava a parte da |
costura porque nos bordados já tinham feito essa aprendizagem. “Esta parte da costura, com máquina para finalizar um trabalho, ainda não tinham essas competências”, observa sobre “um handicap” da instituição que não tinha esses equipamentos, por isso, não podiam ensinar. “Só ensinamos realmente o que conhecíamos”, assinala ainda a assistente social à Agência ECCLESIA, referindo que também tiveram “oportunidade de aprender para continuar a ensinar”. ‘Revitalizar o chinelo’ é outra |
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aposta da Cáritas Diocese de Coimbra tanto neste projeto, como noutros “de bordados” há algum tempo. Carla Marques assegura que vão “continuar a apostar” na formação porque a aposta é “nas pessoas, essencialmente nelas”, a ideia é dar continuidade com as mesmas e com outras mulheres. É com satisfação que conta que muitas “já bordam os bibes para os miúdos irem para a creche” e também fazem trabalhos “em casa” e vão |
“mostrar com gosto o que aprenderam e aplicaram”. Segundo o psicólogo Ricardo Sousa o projeto ‘CriArte’ foi também “dinâmico e atacou em várias frentes” para “conseguir cumprir todos os objetivos”. A instituição realizou várias ações e campanhas para, por exemplo, “adquirir material” para os produtos, as máquinas de costura e os brinquedos que foram adaptados para além de se candidatarem a um fundo
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nacional de apoio à integração das comunidades ciganas. “A campanha foi essencial pela solidariedade e interesse das pessoas em colaborarem connosco e darem oportunidade a estas pessoas de conseguirem estas competências”, destacou a assistente social Carla Marques.A Cáritas Diocesana de Coimbra teve também como parceiros do ‘CriArte’ o CEARTE - Centro de Formação Profissional do Artesanato; a APCC e a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.
Projeto-piloto de Idosos VisitadoresA Cáritas Diocesana de Coimbra está a desenvolver o projeto-piloto ‘IdoVis - Idosos Visitadores de Outros Idosos’ onde todos ganham e partilham a sua vida. “Temos muitos utentes e muitos não têm visitas ou não têm familiares ou os familiares estão muito longe. Víamos essa necessidade, a tristeza mesmo quando outros utentes tinham visitas e eles não”, começa por contextualizar Teresa Abrantes da Unidade de Internamento. A educadora social da Cáritas de |
Coimbra explica que como têm “pessoas muito válidas” noutras valências e com “muito para dar” chegaram à conclusão que fazia sentido porem esses utentes a visitar os outros que “não tinham família e precisam dessa visita”. Neste contexto, Teresa Abrantes destaca o caso da “Dona Alice” que tem “muito para dar, muito amor” e “precisava disso”, por isso, tornou-se visitadora. À Agência ECCLESIA, a Dona Maria Alice afirma que participar no projeto ‘IdoVis’ “tem sido muito gratificante” porque ajuda “quem sofre” como também já sofreu. “Ajudar os outros é muito bom e sinto-me feliz porque dou aquilo que tenho, amor, carinho mas também recebo meiguice, beijinhos, abraço”, acrescentou. A visitadora, segundo a educadora social da Cáritas Diocesana de Coimbra, “fez muito bem”, por exemplo “à D. Josefina” a quem “é muito difícil chegar” porque aos 53 anos e devido a doença, está numa cadeira de rodas, vivia mais isolada e “revoltada” por não falar. |
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Cáritas e Família |
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Todos temos experiência do que é viver em família. Muitos com memórias felizes da nossa infância; outros não. Algumas das nossas famílias são grandes, ou mesmo muito grandes; outras são pequenas, mesmo muito pequenas. Uns dos que agora leem estas linhas serão pais ou mães, serão irmãs ou irmãos de outros, de outras. Uma coisa é certa: todos somos lhos ou lhas. O importante é que, para cada um de nós, essa família é a ‘nossa família’. Ora, o Papa Francisco, na Exortação Apostólica A Alegria do amor, arma que a relação entre os irmãos se aprofunda com o passar do tempo; e explica: «o laço de fraternidade que se forma na família entre nos, quando se verifica num clima de educação para a abertura aos outros, é uma grande escola de liberdade e de paz. Em família, entre irmãos, aprendemos a convivência humana […]. Talvez nem sempre estejamos conscientes disto, mas é precisamente a família que introduz a fraternidade no mundo. A partir desta primeira experiência de fraternidade, alimentada pelos afetos e pela educação familiar, o estilo da fraternidade irradia-se como uma |
promessa sobre a sociedade inteira» (n.194). É fazendo apelo a este lugar primordial de relação fraterna, como escola de liberdade e de paz, que desejo fazer-lhe um convite nesta Quaresma, para que no III Domingo possamos celebrar o Dia Cáritas: que procure, com criatividade e ousadia, os modos de a sua família ser verdadeiramente capaz de construir a Paz. Não conheço como gostaria cada uma das realidades familiares das pessoas a quem agora me dirijo. Não sei, por experiência direta, o que é faltar hoje |
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o necessário para comprar mais um livro ou um caderno que é preciso para a escola; ou o exercício que é preciso fazer a meio do mês, com o salário, para que ele possa chegar até ao m. Ou o cansaço do m do dia, as atenções necessárias, as tensões que não se conseguem evitar. Às vezes um tom de voz mais alto… As lágrimas. Não conheço a sua família… Mas sei que muitas vezes a vida do dia-a-dia não é fácil. E, por isso, peço licença para lhe poder propor que, como quer que seja a sua realidade, procure dar |
passos significativos no sentido de a sua família ser efetivamente construtora da Paz. O Papa Francisco, na mensagem para o passado Dia Mundial da Paz sobre a não-violência, chega a armar: «lanço um apelo a favor do desarmamento, bem como da proibição e abolição das armas nucleares […] Com igual urgência, suplico que cessem a violência doméstica e os abusos sobre mulheres e crianças» (n.5). Gostaria de terminar citando outra Mensagem do Dia Mundial da Paz: |
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a de 1994; S. João Paulo II tem palavras particularmente inspiradoras e atuais: «A vós, pais, compete a responsabilidade de formar e educar os lhos para serem pessoas de paz: para isso, sede vós mesmos, primeiro, construtores de paz. Vós, lhos, lançados para o futuro com o ardor da vossa idade jovem, repleta de projetos e sonhos, apreciai o dom da família, preparai-vos para a responsabilidade de a construir ou promover, segundo a respetiva vocação, no amanhã que Deus vos conceder. Cultivai aspirações de bem e desígnios de paz. Vós, os avós, que, com os outros membros da casa, representais na família laços insubstituíveis e preciosos entre as gerações, dai generosamente o vosso contributo de experiência e testemunho para ligar o passado ao futuro num presente de paz. Como esquecer, em, tantas pessoas que, por vários motivos, se sentem sem família? Quereria dizer-lhes que, também para elas, existe uma família: a Igreja é casa e família para todos. Ela abre |
de par em par as portas para acolher todos quantos vivem sozinhos e abandonados; neles, vê os lhos prediletos de Deus, independentemente da idade, e quaisquer que sejam as suas aspirações, dificuldades e esperanças. Possa a família viver em paz, de modo que dela brote a paz para a família humana inteira!» (n.6). É este o nosso sonho! E por isso também o nosso compromisso. Cristo disse: «Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados lhos de Deus» (Mt 5,9). Cristo pode contar consigo?
D. José Traquina, Bispo Auxiliar de Lisboa, Membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana |
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Ajudar as Famílias
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A Semana Nacional Cáritas, que agora começa, pede a nossa especial atenção para o apoio às famílias nas dificuldades económicas que continuam a enfrentar. Esta iniciativa anual reforça uma atitude que há de ser permanente, de atenção solidária a problemas que, sendo de outros, são nossos também, de todos e de cada um de nós. Correspondamos generosamente, quer com maior envolvimento corresponsável, quer com a contribuição material no peditório que se faz nestes dias, graças à
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colaboração de tantos voluntários. A nossa Cáritas Diocesana de Lisboa inclui-se ativamente neste propósito, com todo o apoio que nos merece. No “site” do Patriarcado de Lisboa (http://bit.ly/caritas2017) estão disponíveis informações globais e concretas sobre as suas atividades nos últimos três anos, bem como sobre os seus projetos para o futuro. Em plena Quaresma, a Semana Cáritas leva-nos ao essencial cristão: a Deus e aos outros, onde Ele urgentemente nos espera. D. Manuel Clemente, Cardeal-patriarca de Lisboa |
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Cáritas Diocesana de Lisboa |
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A Direção da Cáritas Diocesana de Lisboa (CDL) reagiu em comunicado às notícias sobre a sua situação e gestão financeiras, rejeitando a tentativa de criar um “escândalo” com este tema. “Tornar escândalo os montantes, ainda que os valores estejam atualmente incorretos por excesso, do que a instituição detém em contas bancárias, e que se encontra ao serviço da Igreja Diocesana e de projetos em curso ou futuros, desconhece simplesmente o esforço dedicado de direções anteriores e a ação sociocaritativa da CDL”, refere uma nota divulgada na página oficial da instituição católica. A CDL reagia a uma notícia do jornal ‘Público’ sobre a instituição, segundo a qual a Cáritas Diocesana de Lisboa teria mais de dois milhões de euros em depósitos bancários e cerca de 320 mil euros investidos em obrigações. A CDL explica que esses montantes “pouco mais cobrem que ano e meio a dois anos de salários dos quase 50 trabalhadores” da instituição, que depende de donativos para obter 60% das receitas anuais, “absolutamente incertas”. |
O comunicado realça a necessidade de “relevar a importância da gestão dos limitados recursos face às obrigações”. “Que perda de oportunidade, ao desvalorizar-se o trabalho e esforço diário de tantos, procurando mesmo penalizar esse esforço, apoucando-o, mediocrizando-o e procurando influir na atitude de quem nos apoia e ajuda a ser sustentáveis”, lamenta a CDL.
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Pedir para ajudar
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A Cáritas promove até domingo o seu peditório público nacional, uma iniciativa anual inserida na semana da instituição católica, que este ano se assinala com o tema ‘Família Construtora da Paz’. “Este dinheiro é para os pobres e o dinheiro dos pobres é dinheiro sagrado. Todo o dinheiro que for angariado ficará na diocese para ao longo do ano poder ajudar a mitigar muitas das |
necessidades, infelizmente continuam a ser muitas que a nossa gente está a passar”, disse o presidente da Cáritas Portuguesa à Agência ECCLESIA. Eugénio Fonseca destaca que o peditório anual é uma das ações da Semana Cáritas que “tem maior projeção”, a começar pelo número de voluntários que envolve. O responsável reconhece e agradece “a generosidade dos portugueses” nas |
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várias iniciativas que promove a instituição católica, em particular o seu peditório público. Em 2016, o peditório público angariou mais de 265 mil euros e foram atendidas em todas as Cáritas Diocesanas “mais de 100 mil pessoas”, ajudando-as nas suas “principais causas de fragilidade”, como o “desemprego, saúde e habitação”. “Podemos chegar muito mais longe basta abdicar de uma bica (café) para subir este valor”, referiu Eugénio Fonseca, que este ano gostava de já na segunda-feira, dia 20, adiantar “alguns valores” da solidariedade dos portugueses. ‘Família Construtora da Paz’ é o tema da Semana Nacional Cáritas que termina com o dia nacional da instituição, no terceiro domingo da Quaresma, este ano a 19 de março. “A família, por mais que se pretenda negar, é o núcleo central da vida de qualquer ser humano, é o espaço relacional de preferência, é ai que se aprende os valores que são depois necessários para se construir sociedades mais humanizadas”, comentou o presidente da Cáritas Portuguesa.
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Neste contexto, o responsável mostra-se admirado por não existir no país uma “Secretaria de Estado da Família” que articulasse, com os outros ministérios, politicas que pudessem ser mais favoráveis à família. “Tudo o que é decisão politica a interferência nas pessoas é direta e nas famílias que estão constituídas em pessoas”, assinala, destacando também a responsabilidade da comunicação social. Eugénio Fonseca reforça que na família se aprende o “valor da partilha, da honestidade, do trabalho, da verdade” e tem sido “muito prejudicada” pela falta de condições favoráveis. A Cáritas Portuguesa tem em www.caritas.pt/semanacaritas uma página dedica à sua semana nacional. |
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Uma Cáritas com rosto jovem
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A Cáritas Diocesana de Leiria-Fátima é a única em Portugal que tem um grupo ‘Cáritas Jovem’, criado em 2014, com o objetivo de “envolver” mais a juventude ao longo do ano, e dinamiza projetos com crianças e adolescentes. Nelson Costa, da Cáritas Diocesana de Leiria-Fátima, explica que o grupo jovem da instituição desenvolve |
diversos projetos como o ‘Escuta-me’, uma conferencia na primeira sexta-feira de cada mês que está no segundo ano, ou o ‘Equipa-te’ um fim de semana lúdico-desportivos para adolescentes carenciados. A Agência ECCLESIA foi conhecer o ‘Explica-me’ que, segundo o animador cultural, consiste em “dar explicações |
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a crianças e adolescentes” do segundo e terceiro ciclo do ensino básico que “tinham pouco sucesso escolar” e passem a ter “boas notas”, “um percurso escolar digno”. O projeto de explicações tem cerca de dois anos e nos adolescentes são identificados “comportamentos desviantes na escola, más notas”, são sempre sinalizados pelos técnicos da Cáritas oriundos de famílias que já acompanham. Nelson Costa, que faz parte da equipa coordenadora da ‘Cáritas Jovem’, recorda que este grupo nasceu a partir da colónia de férias que a Cáritas de
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Leiria-Fátima organiza há cerca de 30 anos, e de envolver “os monitores voluntários, todos jovens,” durante o resto do ano. Gonçalo Santos é de Leiria e na manhã de cada sábado, por volta das 11h00, quando chega à Cáritas Jovem, diz as disciplinas que vai estudar e depois vai para a sala. “Estudo um pouco em casa antes dos testes para preparar a matéria e consolidar”, conta à Agência ECCLESIA, salientando que o ‘Explica-me’ “é bom” porque antes “tinha sempre más notas e uma negativa por período”. |
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Programa+Próximo promove formação nas dioceses, para chegar a quem mais precisa
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A Cáritas Portuguesa apostou na organização do “pilar social da Igreja” com o programa ‘+ Próximo’, para a formação dos agentes pastorais e grupos sociocaritativos de âmbito paroquial. “O programa ‘+ Próximo’ pretende responder a uma necessidade de melhor organização, melhor consistência da qualidade dos serviços da ação social, da necessidade de formação, qualificação e também animação”, explicou o responsável operacional do programa a nível nacional à Agência ECCLESIA.
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Pedro Salgueiro salientou o facto de o programa não ser só formação, mas ter uma “componente de animação” na diocese, pelo que cada Cáritas é chamada a “animar e qualificar” as paróquias “que conseguir”. O responsável, que acompanha as Cáritas Diocesanas na implementação e divulgação do ‘+ Próximo’, adianta que há “muita partilha, muita articulação” a partir da realidade que já existe. “Para que cada paróquia cuide dos seus pobres é o grande mote que vamos buscar ao padre Américo”, |
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observou Pedro Salgueiro. Por sua vez, Paulo Neves destaca a preocupação da Cáritas Portuguesa em “tentar organizar” esta dimensão eclesial com um programa que tem a ver com a “identidade” da Igreja, num esforço, desde sempre, de “estar próximo das pessoas” e organizar-se para que “as comunidades sejam verdadeiras comunidades cristãs e verdadeiras paróquias”. O colaborador no programa ‘+ Próximo’ considera que a “pertinência” para as comunidades verifica-se na “necessidade” das pessoas desenvolverem “uma ação cada vez mais consciente, mais concertada” e mais vivida pela comunidade. Segundo Paulo Neves, com responsabilidades nas Cáritas da zona norte de Portugal, tem existido uma “consciência crescente” das instituições nas dioceses da “necessidade” de organizarem-se, que o programa é “central” da sua missão e, nesse contexto, tem havido “esforço de estar mais atendo a estes contributos” para fazê-los chegar às bases. “A lógica é ativar cada vez mais |
quem está mais próximo das pessoas, quem está no local, quem está mais em contacto com os problemas”, frisa o responsável. Pedro Salgueiro contabiliza que 16 Cáritas Diocesanas já aderiram ao ‘+ Próximo’, entre as 20 que compõem a federação nacional, umas com “grande ritmo” chegam a “muitas paróquias, outra chegam a menos, mas com muito empenho também”. Em 2016 desenvolveram-se cerca de 292 ações de animação e formação. Para o responsável operacional do programa a nível nacional, o ‘+ Próximo’ pode ser uma forma de chegar “a mais pessoas em situação de pobreza, fragilidade” e ainda há “paróquias que não têm organizada a dimensão caritativa”. “Queremos grupos o mais informais mas consistentes e com formação, técnicas que são importantes, e espírito cristão fortíssimo”, concluiu Pedro Salgueiro. |
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Cáritas aponta «aniversário amargo»
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A Cáritas Europa assinalou o primeiro ano do acordo entre a União Europeia e a Turquia relativamente à crise dos refugiados, considerando-o um “aniversário amargo” para milhares de pessoas em necessidade. “A União Europeia não pode continuar a delegar a gestão deste problema. Colocar o foco na segurança interna e na dissuasão não é solução. É preciso um novo modelo e parar de criminalizar a migração. Temos de salvaguardar o direito a cada pessoa de viver a sua vida com dignidade, na linha dos valores europeus”, realça o secretário-geral do organismo católico. Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, Jorge Nuño Mayer recorda as inúmeras pessoas que hoje batem à porta da Europa, em busca de uma realidade diferente, mais segura e acolhedora, que já não conseguem encontrar nos seus países. Porque são provenientes de nações que estão em guerra, como a Síria ou o Iraque, porque sofrem a perseguição étnica e religiosa no Médio Oriente ou na Ásia, ou porque vivem na pobreza e na opressão, sobretudo no continente africano.
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Milhares de pessoas e famílias, que chegadas à Europa estão agora “entregues a si próprias e a condições desumanas e degradantes na Grécia”, o que “tem levado inevitavelmente a que outros optem por rotas alternativas, e mais perigosas, em busca de proteção na UE”, aponta o secretário-geral da Cáritas Europa. O tratado entre a União Europeia e a Turquia foi firmado a 18 de março de 2016, com o objetivo de controlar o fluxo de entrada de refugiados e migrantes na Europa, sobretudo através da Grécia. No texto do acordo está estabelecido que todas as pessoas que cheguem ilegalmente a território grego serão recolocadas na Turquia, com os custos a serem assumidos pela UE. A burocracia e a indefinição que tem envolvido este processo levou no entanto a que muitos refugiados e migrantes estejam agora como que a viver “num limbo na Grécia”, sem saberem quando irão seguir o seu destino. É o caso de uma família iraquiana, constituída pelo pai, a mãe e três filhos pequenos, que chegaram |
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à ilha grega de Lesbos via Turquia. De acordo com a Cáritas Europa, “ficar no Iraque – eles viviam lá sem água nem eletricidade – era demasiado perigoso pelos problemas com o Estado Islâmico”. Eles atravessaram a pé as montanhas até solo turco onde permaneceram durante dois meses. Agora, depois de terem sido recolocados na Turquia, “estão no campo de refugiados de refugiados de Kara Tepe, na esperança de seguirem para a Alemanha onde |
têm alguns familiares”. “Apesar de todas estas dificuldades e provações, o pai desta família permanece otimista, e quer encontrar trabalho para tomar controlo sobre a sua vida e poder colocar os seus filhos na escola outra vez”, conta Irene Loukidou, a assistente social da Cáritas que está a acompanhar esta situação. Para a organização católica, é fundamental que a União Europeia e os seus Estados-membros se comprometam “a encontrar soluções de longo prazo para estas pessoas”.
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Cáritas assinalou sexto ano
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A Caritas Internationalis promoveu uma campanha de sensibilização relacionada com a guerra na Síria e o sexto aniversário do conflito, assinalado esta quarta-feira, dia 15 de março. Numa iniciativa inserida no projeto |
‘A Paz é Possível’, que conta com o apoio do Papa Francisco e de todas as Cáritas espalhadas pelo mundo, o organismo católico apelou à oração pela paz e pelo povo sírio. E chama a atenção – através de um conjunto de imagens – para a necessidade de |
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de refugiados e deslocados. As imagens em questão congregam agentes e funcionários de diversas delegações da Cáritas, provenientes de países como a Itália, o Bangladesh, a Argélia, a Escócia e o Chipre. “Unindo os nossos corações, os nossos rostos e as letras de diferentes alfabetos, queremos e acreditamos que a paz é possível na Síria e em todo o território do Médio Oriente”, pode ler-se.
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Iniciada a 15 de março de 2011, a guerra na Síria opõe o governo do presidente Bashar Al-Assad a forças rebeldes contrárias ao regime e já provocou cerca de 400 mil mortos e quase cinco milhões de refugiados. Além disso, o conflito praticamente deixou todo o território em ruinas e obrigou mais de 6 milhões de pessoas a abandonarem as suas casas e terras e a viverem como deslocadas no seu próprio país. |
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Ao lado dos refugiados |
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Os portugueses estão ao lado dos refugiados que chegam à Grécia depois de arriscar a vida em travessia “terríveis”, nas quais chegaram a pensar que iam morrer. O jornalista Henrique Matos esteve em reportagem junto dos refugiados que chegam à Grécia, em busca de paz e de um futuro melhor. Um trabalho feito com a ajuda da Cáritas Portuguesa para dar a conhecer o que é que motivou os refugiados a deixarem o seu país, os perigos que enfrentaram ao longo do seu |
percurso, o acolhimento que estão a ter na Grécia, e também os seus anseios e sonhos para o futuro. Na base deste trabalho esteve o acompanhamento a uma equipa da Cáritas Portuguesa, liderada pelo presidente daquele organismo católico, Eugénio Fonseca, e que teve como objetivo verificar e apoiar os projetos solidários dedicados aos refugiados, que estão em andamento na Ilha de Lesbos e em outros locais da nação grega. A organização católica está cada vez |
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mais envolvida no trabalho junto dos refugiados, no apoio humanitário de emergência e na criação de condições de “maior integração” destas famílias. Em parceria com a Cáritas da Grécia e com a Cáritas da Suíça, está em curso um projeto que visa permitir a famílias refugiadas vulneráveis terem apoio social e alojamento, enquanto aguardam pelo processo de asilo, repatriamento ou outras opções. Filipa Abecassis, da Unidade Internacional da Cáritas Portuguesa, refere que a instituição católica também já apoiou refugiados no Líbano, através das congéneres destes países. Nesta área, a Cáritas Portuguesa “só trabalha com as Cáritas dos países, para garantir que os projetos são executados”, salienta. Esta ajuda aos refugiados começou no final de 2015 “com a distribuição de kits de alimentação” e “cuidados de saúde primária” no Líbano, disse Filipa Abecassis. A instituição católica portuguesa também já apoiou projetos no Síria com distribuição de “roupas quentes para crianças”. Na Grécia, a Cáritas Portuguesa em parceria com a sua congénere helénica está a trabalhar no |
acolhimento “de uma comunidade inteira de Yazidis (120 pessoas)”. Na visita ao prédio, Filipa Abecassis sublinha estas habitações “têm todas as condições, com refeitório comum e uma sala para convívio” e as “pessoas estão felizes”. A instituição grega criou um centro social para “prestar apoio a refugiados, imigrantes e à comunidade local mais vulnerável”, relatou. Através destas iniciativas, a Cáritas Portuguesa está “cada vez mais empenhada na relação com os doadores e seus parceiros internacionais”, disse. |
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Cáritas Portuguesa Online |
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Sob o lema “Família Construtora da Paz”, vivemos entre 12 e 19 de março a semana nacional da Cáritas. Este ano a proposta passa por “envolver todos os portugueses no Peditório Público” que irá ser realizado por milhares de voluntários que “vão estar em diversas cidades de norte a sul o país, em muitas superfícies comerciais e em todas as dioceses portuguesas”. Além desta ação podemos participar nesta iniciativa através de três formas distintas. A primeira passa por “conhecer o programa das iniciativas da tua diocese e participar”, para isso o sítio online será a melhor forma de o conseguir. A segunda somos desafiados a divulgar essas ações “junto dos amigos e contactos pessoais e profissionais”. Por último, basta pegarmos no nosso smartphone e tirar “uma selfie com um voluntário e partilha-la nas redes socais”. Ao digitarmos o endereço www.caritas.pt somos informados sobre as ações de solidariedade que estão a decorrer, bem como as principais notícias das atividades |
que ocorreram ou que irão ser implementadas. Na opção “caritas portuguesa”, podemos conhecer um pouco mais sobre a Cáritas nacional, objetivos, história, corpos sociais e ainda conhecer a ação da Cáritas em Portugal. Nomeadamente é possível saber que a sua rede é constituída por 20 Cáritas diocesanas e por grupos locais de atuação de proximidade, com a colaboração de profissionais e voluntários. Caso queira saber tudo sobre as campanhas de solidariedade em Portugal e no mundo, que se “destinam a ajudar os mais pobres que sofrem, quer por desastres naturais ou catástrofes humanas”, basta clicar em “campanhas”. No item “projetos”, obtemos mais dados sobre os programas que são desenvolvidos nos mais variados locais, junto dos mais carenciados, na luta contra a exclusão, na formação de agentes, na sensibilização para o desenvolvimento. Tudo isto são “temas que se cruzam nestes projetos, sempre em parcerias com atores locais, privados ou públicos”. |
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Esta instituição católica apoia e colabora nas diversas iniciativas promovidas pelas mais distintas associações/agentes da sociedade. Seja na cooperação com as instituições de apoio aos imigrantes bem como na assistência em situações de emergência. Por outro lado assume ainda a responsabilidade de facilitar a formação de todos os que praticam e animam a pastoral da caridade e ainda, promove e suporta parcerias de voluntariado. Para conhecer tudo isto e muito mais basta aceder a “políticas sociais”. Por último, sugerimos que passe pelo espaço “colaborar”, onde fica |
a conhecer formas de cooperação com esta organização católica e ainda na “editorial caritas”, onde encontrará publicações de referência “em português que na sua maioria são livros de pequena tiragem e não sustentáveis no canal livreiro”. Fica então lançado o repto para que visite o sítio e colabore com esta instituição porque em “cada diocese o valor angariado nesta ação reverte para o trabalho de resposta às necessidades das pessoas e famílias locais que encontram na Cáritas resposta às suas necessidades”. Fernando Cassola Marques |
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Livro de Aura Miguel dá a conhecer aos portugueses «o Papa que aí vem»
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A jornalista Aura Miguel, da Rádio Renascença, apresentou em Lisboa o livro ‘Conversas em altos voos’, baseado num entrevista ao Papa Francisco, que vai visitar o Santuário de Fátima nos dias 12 e 13 de maio. Em declarações à Agência ECCLESIA, Aura Miguel realçou que a ideia |
da publicação deste livro foi “dar a conhecer” aos portugueses “o Papa que aí vem, com a sua faceta de normalidade e de proximidade”. Caraterísticas que ficaram bem patentes no contacto que a vaticanista portuguesa teve com Francisco e na história que rodeia a |
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obtenção da entrevista. Ao longo de mais de 30 anos, Aura Miguel já acompanhou cerca de 90 viagens internacionais de diferentes Papas - João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Foi numa dessas deslocações de avião, ao Sri Lanka e às Filipinas, em janeiro de 2015, que a jornalista solicitou a conversa mais pessoal com Francisco, que seria concretizada oito meses depois, em setembro. Durante a apresentação da sua obra, a jornalista recordou a “maneira desarmante” como o Papa aceitou o desafio, com uma comunicação que “não passou nunca por nenhum secretário, nenhum porta-voz”. “Se ele pudesse era assim com toda a gente, estava junto de toda a gente, e eu creio que essa é a experiência que ele vai viver cá. Mas também nós somos chamados a que ele experimente um acolhimento como gosta”, apontou Aura Miguel, que não arriscou prognósticos acerca da passagem de Francisco por Portugal. “Este Papa é imprevisível e Fátima é um poço de riqueza, com uma atualidade impressionante 100 anos depois. Por isso penso que depois da visita de Francisco haverá muita coisa |
para falar”, observou. Inspirado também nos encontros e nas várias conferências de imprensa realizadas a bordo do avião papal, o livro ‘Conversas em altos voos’ destaca não só a linha acessível e humana que tem caraterizado o pontificado de Francisco, mas também a sua ligação à Virgem Maria, a Fátima, e à sua visão sobre Portugal. Nessa entrevista, o Papa salienta que o Santuário de Fátima faz de Portugal um país “privilegiado” e refere que “nunca conheceu um português mau”. “Eu perguntei-lhe se ele já tinha vindo a Portugal, ele diz que não, que só veio cá uma vez de passagem mas conheceu portugueses e que ficou com muito boa ideia dos portugueses”, recordou a vaticanista. Ao longo do diálogo com a jornalista portuguesa, Francisco aborda vários assuntos, como o contexto atual da Igreja Católica; a relação da Igreja com o mundo, com os jovens, as desigualdades económicas e sociais, a situação da Europa, a crise dos refugiados, e também os desafios ambientais que pairam sobre o planeta. |
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II Concílio do Vaticano: O plano de atualização de D. David de Sousa no Funchal |
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Quando se realizou o II Concílio do Vaticano (1962-65), o bispo da Diocese do Funchal (Ilha da Madeira) era D. David de Sousa. O prelado que esteve naquele território eclesial de 1957 a 1965 fez diversas reformas na diocese madeirense O período do seu pontificado é assinalado pelo grande acontecimento do século XX, o II Concílio do Vaticano, e pelas diversas “reformas” na diocese do Funchal, nomeadamente os seminários, as paróquias, a catequese, a boa imprensa e o ensino católico. O magistério e o pontificado de D. Frei David de Sousa enquanto bispo do Funchal é francamente marcado por estas preocupações pastorais. O seminário e as vocações são o fator que mede a vitalidade de uma diocese. O Seminário é de facto o «coração da diocese». A revitalização dos seminários e obra das vocações não constituiu um problema para a diocese, ou seja, não houve impedimento por parte do clero e dos fiéis. No entanto, o prelado viu-se obrigado a “esvaziar as pequenas economias da diocese e do Cabido e a solicitar a colaboração de todas as paróquias da diocese”, refere Vítor de Sousa na tese «D. Frei David de Sousa, bispo do Funchal (1957-1965) - Igreja e sociedade madeirense na segunda metade do século XX» D. David de Sousa encontrou uma diocese com várias lacunas em relação aos seminários e vocações. O |
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principal problema da diocese, segundo o prelado, estava identificado. Esta identificação ficou a dever-se, em grande parte, a uma visita apostólica realizada à diocese no ano de 1956. Nessa ocasião o visitador apostólico, no seu relatório, comunicou à Santa Sé a situação dos seminários e vocações na diocese funchalense. Por sua vez, a Santa Sé, através da Sagrada Congregação dos seminários e das universidades, comunicou ao bispo diocesano a urgência de uma reforma da pastoral das vocações e seminários. Estas indicações da Santa Sé são uma das heranças que D. Frei David de Sousa vai receber quando é nomeado bispo do Funchal. As indicações dadas pela Santa Sé são precisas quanto ao que fazer para resolver o problema da obra das vocações e seminário. Sobre este tema das vocações é relevante recordar que o prelado precedente tivera um pontificado demasiado longo e que nos últimos anos perdera “imaginação” pastoral, ou seja, estava já desgastado devido à doença e à idade avançada. As orientações dadas pela Santa Sé estão de certo modo |
presentes na carta pastoral sobre os seminários, pela qual D. Frei David anuncia a atualização dos seminários e obra das vocações na diocese do Funchal. |
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Março 2017 |
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Dia 18 de Março*Aveiro - Costa Nova - Encontro diocesano de Pastoral Litúrgica
*Guarda - Seminário da Guarda - Reunião do Conselho Pastoral da Diocese da Guarda sobre o 3º capítulo do «Instrumentum laboris» preparatório da assembleia diocesana.
*Lisboa – Carnaxide - Caminhada pela paz integrada na Semana da Cáritas
*Lisboa - Convento de São Domingos - Conferência sobre «Religião e Europa na era mediática - da submissão ao messianismo, equívocos e contextos» por Joaquim Franco e promovida pelo Instituto São Tomás de Aquino.
*Bragança - Hotel Turismo São Lázaro - Jantar solidário da Cáritas diocesana de Bragança-Miranda para ajudar as famílias carenciadas.
*Lisboa - Centro Cultural de Belém - Exibição do projeto artístico «Tropário
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para uma pastora de ovelhas mansas», uma iniciativa integrada nas comemorações do Centenário das Aparições
*Évora - Praying Chalenge Quaresma promovido pelo Departamento da Pastoral Juvenil de Évora
Dia 19 de Março*Algarve - Encerramento do questionário online «Avaliar Rumo ao Futuro» feito pela Diocese do Algarve
*Porto – Sé - «Te Deum» pelo 4º aniversário do Pontificado Papa Francisco.
Dia 20 de Março*Lisboa - Capela do Rato - Sessão do curso «grandes correntes da ética ocidental» na Capela do Rato
*Porto - Centro Paroquial de Freamunde - Sessão do ciclo «A Alegria do Amor no Cinema»
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*Viseu - Seminário de Viseu - No Seminário Maior de Viseu realiza-se a semana bíblica com o tema «No ano favorável, discípulos responsáveis – Pescadores de homens». (20 a 23) Dia 21 de Março*Lisboa – CENJOR - Sessão do seminário «O que vem o Papa Francisco fazer a Fátima?» orientado por António Marujo
*Vaticano - Santa Sé - Missa festiva, presidida pelo Papa Francisco, em recordação ao martírio do beato Óscar Romero, acompanhado por todos os Bispos de El Salvador, em visita ad Limina.
Dia 22 de Março*Fátima - Centro Pastoral Paulo VI - Primeiras jornadas de comunicação social no contexto do Centenário das Aparições e da visita do Papa Francisco
Dia 23 de Março*Vaticano - Início da «Clericus Cup» patrocinado pela Santa Sé e a Conferência Episcopal Italiana.
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*Lisboa – CENJOR - Sessão do seminário «O que vem o Papa Francisco fazer a Fátima?» orientado por António Marujo.
*Fátima - Processo de acreditação de jornalistas para a visita do Papa Francisco ao Santuário de Fátima (23 a 30 de abril) |
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Este sábado, no Centro Cultural de Belém, pelas 21h00, é apresentado o projeto artístico “Tropário para uma pastora de ovelhas mansas”, uma iniciativa integrada nas comemorações do Centenário das Aparições.. A iniciativa visita também a cidade do Porto a 26 de março, na Casa da Música.
Na segunda feira, no Porto, tem início um ciclo de cinema inspirado na exortação apostólica do Papa “Amoris Laetitia”. A iniciativa parte do Centro de Cultura Católica do Porto e da Pastoral Familiar da Vigararia de Paços de Ferreira que promovem, de março a julho, um ciclo de cinema sobre este este tema. O primeiro filme projetado é «A família Bélier», de Éric Lartigau (França, 2014), no dia 20 de março, pelas 21:00, no Centro Paroquial de Freamunde.
‘O que vem o Papa Francisco fazer a Fátima?’ dá tema a dois seminários que começam terça feira, dia 21, em Lisboa, no Cenjor - Centro de Formação de Jornalistas. A formação no contexto da visita do Papa Francisco à Cova da Iria, pelo Centenário das Aparições de Fátima, decorre nos dias 21, 23, 28 e 30 de março, entre as 09h00 e as 13h00.
Na quarta feira, o Santuário de Fátima promove as primeiras Jornadas de Comunicação Social. A Sala de Imprensa do Santuário afirma que esta iniciativa pretende enquadrar os jornalistas nos “aspetos essenciais do fenómeno e da mensagem de Fátima”, aproveitando as comemorações do Ano Jubilar. |
Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h30 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
Domingo: 10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Entrevista de Aura Miguel
Segunda-feira: 12h00 - Informação religiosa
Diariamente 18h30 - Terço
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![]() RTP2, 13h00Domingo, 19 de março, 13h30 - Dia Cáritas: Projetos de todos os dias nas Cáritas diocesanas.
Segunda-feira, dia 20, 15h00 - Entrevista ao padre Samuel Guedes sobre Sílvia Cardoso, 100 anos depois de se ter dedicado ao "apostolado cristão".
Terça-feira, dia 21, 15h00 - Informação e entrevista ao padre Tiago Neto, sobre a Quaresma no ambiente da catequese.
Quarta-feira, dia 22 de março, 15h00 - Informação e entrevista a Luís Lobo Xavier sobre o projeto ACEGE NEXT.
Quinta-feira, dia 16, 15h00 - Informação e entrevista de comentário à atualidade.
Sexta-feira, dia 17, 15h00 - Análise à liturgia de domingo pela irmã Luísa Almendra e o padre Nélio Pita.
Antena 1 Domingo, 19 de março - Experiência do jornalista da Ecclesia Henrique Martos em Lesbos, com a Cáritas Portuguesa e os projetos desenvolvidos na Grécia de ajuda aos refugiados. Segunda a Sexta, 20 a 24 de março - Projetos desenvolvidos pelas Cáritas nacional e diocesanas: Peditório nacional; Idosos visitadores; Programa «+ Próximo»; Projeto «Explica-me»; Projeto «Criarte». |
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Visita do Papa com hino de José Tolentino Mendonça e João Gil
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O Santuário de Fátima divulgou o hino para a visita do Papa nos dias 12 e 13 de maio, com letra de José Tolentino Mendonça e música de João Gil, e o videoclipe, produzido Agência ECCLESIA. Com o título ‘Deus em mim’, o hino é apresentado num videoclipe que tem a realização de Luís Costa, da Agência ECCLESIA, e interpretado pelo grupo ‘Vocal Emotion’, no ambiente de Fátima. O padre e poeta José Tolentino |
Mendonça manifestou a sua satisfação por construir uma letra para o hino da visita do Papa, onde quis expressar “uma das experiências mais vitais” que Fátima proporciona, a condição de peregrino. Para o vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, o “grande património de Fátima” reside na possibilidade que todas as pessoas têm de descobrir a sua condição de peregrinos. “Nos caminhos de Fátima descobrimos que a nossa |
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humanidade passa a valer mais”, sublinhou o padre José Tolentino Mendonça. Interpretado pelo grupo ‘Vocal Emotion’, o hino para a visita do Papa “recolhe inspirações da música pop mais recente, dando uma ideia muito interessante da presença da Igreja no mundo”. Ainda no domingo, o Santuário de Fátima lançou o site da viagem do Papa à Cova da Iria, de 12 a 13 de maio, apresentando informações para peregrinos e dados biográficos de Francisco. O Papa vai chegar à Base Área de Monte Real, onde Paulo VI (1967) e João Paulo II (1991) também aterraram para rumar a Fátima, seguindo para o santuário nacional de helicóptero. Carmo Rodeia, diretora de comunicação e porta-voz do Santuário de Fátima, explica à Agência ECCLESIA que a instituição católica quer propor |
um “conjunto de subsídios”, particularmente destinados aos peregrinos, num “ano jubilar” que assinala o Centenário das Aparições. A página papa2017.fatima.pt apresenta a imagem que ilustra o cartaz desta visita, no Centenário das Aparições, oferecendo aos visitantes menus com dados para quem se pretende deslocar à Cova da Iria, na peregrinação internacional de maio, a pé, de carro ou integrado num grupo, prevendo ainda casos de necessidades especiais. |
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Fátima ao longo de 100 anosEmbaixada de Portugal junto da Santa Sé acolheu encontro comemorativo |
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O cardeal Angelo Sodano, que em maio de 2000 foi responsável pela divulgação da terceira parte do chamado “segredo” de Fátima, sublinhou esta quarta-feira em Roma a dimensão de “esperança” nas Aparições da Cova da Iria. “Há uma mensagem de esperança que chega até nós da celebração do centenário das aparições de Maria Santíssima em Fátima. Numerosas e graves podem ser as provações da vida e as tragédias do mundo, mas maior ainda é o amor de Deus por nós”, escreve o antigo secretário de Estado do Vaticano, numa intervenção divulgada pelo jornal ‘L’Osservatore Romano’. D. Angelo Sodano refere que, do Santuário de Fátima, a Virgem Maria deixa uma mensagem de confiança na força divina. O decano do Colégio Cardinalício interveio esta tarde num evento na Embaixada de Portugal junto de Santa Sé, em Roma, numa conferência sobre a mensagem de Fátima, tendo em vista a visita do Papa Francisco à Cova da Iria (12-13 |
de maio) por ocasião do Centenário das Aparições. O cardeal Sodano deixa votos de o centenário das aparições marianas de 1917, na Cova da Iria, ajudem a “refletir sobre o significado para a Igreja e para o mundo deste acontecimento extraordinário”. “A memória dos acontecimentos de Fátima pode fazer-nos compreender melhor a presença providencial de Deus noas acontecimentos humanos”, sustenta. No mesmo encontro, o bispo de Leiria-Fátima apresentou uma conferência sobre o Centenário das Aparições da Cova da Iria aos membros do corpo |
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diplomático acreditado na Santa Sé. “Provavelmente, só hoje, depois de quase um século, estamos em posição de compreender mais profundamente a verdade, a riqueza e toda a extensão desta mensagem”, disse D. António Marto, sobre a atualidade da Mensagem de Fátima. O responsável aludiu aos acontecimentos de 1917 como um “programa espiritual e pastoral para a evangelização, desta vez na companhia e sob a proteção do Coração Imaculado de Maria”. O prelado sublinhou que os anúncios e os pedidos da Virgem Maria aos Três Pastorinhos permanecem válidos e sustentou que “a sombra brilhante de Fátima” abrange o século XX, “talvez o século mais cruel e sangrento da história”. Neste quadro trágico, a Virgem Maria aparece em Fátima “como uma visão de paz e uma luz de esperança para a Igreja e para o mundo”, referiu D. António Marto, numa intervenção |
divulgada pela página do Santuário de Fátima. O bispo de Leiria-Fátima destacou alguns dos aspetos da Mensagem de Fátima e a sua relevância para os dias de hoje, como a “afirmação da primazia de Deus”, uma das caraterísticas essenciais. “Fazer regressar o ato de adoração a Deus ao centro da vida da Igreja e do mundo, em contraste com o ambiente de perseguição e, hoje, de ateísmo da indiferença religiosa”, acrescentou.
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Ano A – 3.º Domingo da Quaresma |
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Visitar a Fonte, a Água, a Vida! |
Neste terceiro Domingo da Quaresma, deixemo-nos levar pela Palavra da Esperança! A primeira leitura mostra como Deus acompanhou a caminhada dos hebreus pelo deserto do Sinai, atendendo às suas necessidades nos momentos de crise; um povo que caminha na esperança fundada em Deus. A segunda leitura vem reafirmar o fundamento da esperança, que nunca engana, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado e pela oblação plena de Cristo na Cruz. O Evangelho apresenta o encantador diálogo de Jesus com a samaritana, afirmando-se como a única água viva que mata as nossas sedes, o único salvador do mundo. Essa água viva de que Jesus fala faz-nos pensar no Batismo. Para cada um de nós, esse foi o começo de uma caminhada com Jesus. Nessa altura acolhemos em nós o Espírito que transforma, que renova, que faz de nós filhos de Deus e que nos leva ao encontro da vida plena e definitiva. Há que renovar esse compromisso assumido como realidade que marca a nossa vida, os nossos gestos, valores e opções. O abandono do cântaro pela samaritana, e por cada um de nós, significa o romper com todos os esquemas de procura de felicidade egoísta, para abraçar a verdadeira e única proposta de vida plena, abrindo o coração ao Espírito que Jesus nos oferece e exige que retomemos caminhos de vida nova. Se de facto encontramos Cristo que nos traz a água que mata a sede de felicidade, não podemos ficar fechados nessa descoberta. Há que partir, sair das sacristias, ir às pessoas e testemunhar, com entusiasmo e coerência, essa vida nova que encontramos em Jesus. |
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Deixemo-nos levar pela Palavra da Esperança! É tempo de visitar de novo a Fonte, a Água, a Vida: ir à fonte de água viva; beber a água da fonte viva; saciar a vida na água da fonte... Quantos desafios à esperança! Quantas vezes seguimos vagos apelos mas não nos deixamos convocar pela fonte pura! Quantas vezes miramos a nossa vida em ribeiras secas mas não renovamos o fundo do nosso ser na água cristalina! Quantas vezes nos comprometemos em vidas estéreis mas não nos deixamos seduzir pela vida abundante! Quantos desafios à esperança renovada! |
É tempo de visitar de novo a Fonte, a Água, a Vida! Como vai a nossa vida? Andamos em dinamismos de esperança? Andamos mergulhados na fonte fecunda ou somos levados por fontanários secos? Bebemos da fonte da água viva ou estagnamos nos poços de águas mortas? Estamos centrados na vida plena ou movemo-nos em existências efémeras? Quantos desafios à esperança renovadora! É tempo de visitar de novo a Fonte, a Água, a Vida! Que assim seja ao longo desta terceira semana da Quaresma! Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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A guerra esquecida na República Democrática do CongoViolência sem fim |
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Nos últimos meses uma violência absurda instalou-se por todo o lado como uma epidemia. O presidente não quer abandonar o poder e as ruas encheram-se de tiros, morte e medo. Algumas igrejas têm sido vandalizadas, seminários destruídos e até uma irmã foi assassinada. Contra toda esta crueldade, os Cristãos têm apenas uma arma: a oração. Eles podem contar consigo?
Sábado, dia 18 de Fevereiro. Homens armados invadiram o seminário maior de Malole, em Katanga, na República Democrática do Congo, e perante o pânico generalizado de todos os que se encontravam no edifício, arrombaram portas e foram destruindo tudo à sua passagem, roubando e queimando. O seminário ficou praticamente destruído. No mesmo dia, foi profanada a Igreja de São Domingos de Limete, em Kinshasa. Derrubaram o sacrário, saquearam o altar, partiram os bancos e incendiaram parte do edifício. No domingo seguinte, o Papa apontou o dedo a esta onda de violência e perseguição à Igreja na República Democrática do Congo. O Santo |
Padre pediu o fim dos combates e denunciou até o uso de crianças-soldado por parte de grupos armados. Esta é uma história antiga. Há mais de vinte anos que este país é cenário de guerras, de violências e sofrimento. Nos últimos tempos, porém, tudo parece ter-se agravado, numa violência crescente com notícias muito alarmantes de ataques a aldeias e povoados. Na verdade, a destruição de igrejas e conventos, agressão a sacerdotes e irmãs e até o assassinato de religiosas, tudo isto passou a fazer parte do dia-a-dia na vida dos cristãos na República Democrática do Congo.
Luta pelo poderDe facto, a República Democrática do Congo está a viver um perigoso impasse político depois de o presidente Joseph Kabila, no poder desde o assassinato do pai, em 2001, ter mostrado vontade de continuar, mesmo depois de terminado o seu mandato no final do ano passado. Com o país dividido, com a violência nas ruas, foi necessário fazer a ponte entre Governo e oposição. Para o |
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Cardeal Laurent Pasinya, os ataques que se têm registado contra a Igreja na República Democrática do Congo são um “alarmante” sinal de insegurança. E todos temem que esta onda de violência não tenha fim. Este ano, a Campanha da Quaresma da Fundação AIS está focada em África. Tem como objectivo primordial dar a conhecer o trabalho de sacerdotes e de religiosas, por vezes em condições absolutamente terríveis, junto das populações mais carenciadas. De facto, a presença de comunidades religiosas tem-se revelado essencial na promoção da paz e no combate à espiral de violência, medo e morte
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neste continente, como tem acontecido na República Democrática do Congo. Mas as próprias comunidades religiosas estão na mira de bandidos e de grupos armados. Ninguém está a salvo. No meio de toda esta anarquia, as irmãs e os sacerdotes dão-nos um extraordinário exemplo de coragem e abnegação. Contra a violência mais absurda, eles têm apenas uma arma: o Terço. A Igreja, na República Democrática do Congo, pede as nossas orações. Será que a morte da Irmã Marie Claire foi em vão? Paulo Aido |
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Obrigado, P. Henrique Cheepens |
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Tony Neves |
Há homens que marcam e o P. Henrique é um deles. Eu estudava Teologia em Lisboa no fim dos anos oitenta. Saiu-me na sorte fazer trabalho pastoral na Paróquia da Cruz Quebrada, cujo pároco era o P. António Colimão. A Paróquia tinha duas grandes periferias: o vale do rio Jamor, junto ao Estádio Nacional, com refugiados timorenses, apoiados pelo P. Apolinário Guterres; o Alto de Santa Catarina, com um enorme e problemático bairro de lata, habitado por uma maioria de caboverdianos, apoiados pelo P. Afonso Cunha. Foi no centro da paróquia e, sobretudo, no Alto de Santa Catarina que tentei dar o melhor de mim entre 1985 e 1988. Não muito longe do bairro estava outro bairro de lata com fama mais arrasadora: a Pedreira do Húngaros. Ali viviam, numa barraca no meio do bairro, os Padres dos Sagrados Corações, holandeses. O responsável da Comunidade era o P. Henrique Scheepens, homem de uma enorme coragem e radical opção pelos mais pobres. Muitas vezes lá ia com os jovens do Alto, outras tantas apenas para me encontrar com os padres ou celebrar no bairro a convite deles. Fui para Angola e, no regresso, soube da destruição do bairro e realojamento dos seus habitantes. Perguntei pelos padres, sobretudo pelo P. Henrique, e disseram-me que tinha mudado de bairro, mas não de compromisso. Assim, instalou-se na comunidade que animava as paróquias da Charneca e das Galinheiras, mudando-se mais tarde para Unhos e Catujal. Sempre do lado |
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dos mais excluídos e pobres, sensível às periferias e margens da cidade de Lisboa. A vida dá muitas voltas e, em 2012, vou reencontra-lo com frequência nas reuniões de Superiores Maiores, em Fátima. Já quebrado pela idade e doença, em nada mudava o discurso e a sua convicção missionária de testemunhar o amor de Deus junto dos mais pobres e abandonados das nossas sociedades. Era uma alegria partilhar dois dedos de conversa e recordar os velhos tempos dos bairros de lata, pobreza de que nem eu nem ele tínhamos saudades. Mas as pessoas, essas sim, ficaram e ficam nos nossos corações e são o melhor do mundo. Soube pelo novo Superior do P. Henrique que ele, por doença grave, teve de regressar à Holanda para cuidados continuados. Foi uma enorme tristeza para mim. Fiquei |
agora mais chocado com a notícia da sua morte, na sua terra natal mas muito longe do povo por quem deu a vida. Obrigado P. Henrique pela força e coragem do seu testemunho, pela pobreza com que viveu e pela fé que transmitiu com as suas escolha de opção clara pelos pobres. A sua ousadia de percorrer periferia e margens serão para mim, sempre, um ponto de referência obrigatório. |
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