04 - Editorial

  Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Canonização dos Pastorinhos

18 - Nacional

24 - Internacional

30 - Opinião

     José Luis Gonçalves

32 - Semana de...

     Carlos Borges

34 - Dossier

    Populorum Progressio

 

58 - Multimédia

60 - Estante

62 - Concílio Vaticano II

64- Agenda

66 - Por estes dias

68 - Programação Religiosa

69 - Minuto Positivo

70 - Liturgia

72 - Fátima 2017

76 - Fundação AIS

78 - LusoFonias

Foto de capa: Fatima.pt

Foto da contracapa:  DR

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
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Opinião

 

 

 

Papa aprova canonização dos Pastorinhos

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Programa do Papa em Fátima

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Populorum Progressio, 50 anos

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Pedro Vaz Patto| Manuel Siva| Acácio Catarino | João José Fernandes | José Luis Gonçalves | Octávio Carmo | Carlos Borges | Fernando Cassola Marques | Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves

 

Os Santos da minha infância

  Octávio Carmo   

  Agência ECCLESIA   

 
 

 

 

Perdoar-me-ão o tom menos institucional e mais pessoal deste texto. A próxima canonização dos pequenos Francisco e Jacinta, as “crianças de Fátima” como foram apresentadas pelo Vaticano, é a canonização dos santos da minha infância, das figuras que desde cedo associei à ‘Covadiria’, assim mesmo, tudo junto, quando ainda sem saber falar português, na Venezuela, as Aparições faziam de nós, verdadeiramente, um só povo na mesma fé.

Os futuros santos portugueses morreram com aproximadamente uma década de vida (mais uns meses, menos uns meses) e só esse facto foi suficiente para abrir um debate no interior da Igreja Católica: poderia uma tão breve passagem sobre a terra ser apresentada aos fiéis de todo o mundo como exemplo de santidade? A resposta definitiva chega agora, confirmando aquilo que sabemos destes Pastorinhos, de poucas falas e muita oração, atenção a Deus e sacrifício pelo próximo.

Os inúmeros sofrimentos que tiveram de suportar nunca os fizeram perder de vista o “futuro de Deus”, que ultrapassa todos os planos e esquemas humanos. Uma fé inabalável que mesmo perante a iminência da morte não se deixou sacudir.

Sim, Francisco e Jacinta Marto são filhos do seu tempo e a forma como viveram a fé foi condicionada pelo contexto social, cultural e religioso do início do século XX em Portugal. A sua apresentação como modelos de santidade, 100 anos depois das Aparições de Fátima, vai procurar mostrar aquilo que, da sua vida, pode continuar

 

 

 

 a inspirar quem hoje procura sem cessar um sentido, um destino, uma convicção interior mais forte do que as respostas transitórias da contemporaneidade. Um tempo em que, mais do que certezas, são precisas convicções, palavras que mudem a vida e se transformem em ações.

 

Fátima é um lugar onde se toma a sério o sofrimento, o próprio, o de Deus e o do próximo. É um lugar onde se pode ir chorar sem perder a esperança, na oração e no encontro. Com a inspiração da fé que iluminou a vida dos pequenos Francisco e Jacinta, até ao fim. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

Terrorismo voltou a atacar coração da Europa, desta vez em Londres 

 

 

 

 

- “Fátima, este ano, é inquestionável e, portanto, aproveitámos também o momento do centenário das Aparições de Fátima e a vinda do Papa como, aqui, um pretexto para pormos Portugal no mapa como destino de turismo religioso”.  Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, TSF, 9.03.2017                                                                              

- “Estou convencido que Portugal será membro da união monetária, da zona do euro, enquanto ela existir, porque só se enlouquecesse é que saía da zona do euro. Há políticos que olham para a zona do euro e dizem que ela é a bruxa má, quando deviam agradecer as taxas de juro que neste momento pagam, em resultado da política seguida pelo BCE”. Aníbal Cavaco Silva, ex. presidente da República Portuguesa, Público, 19.03.2017

 

- “Numa Europa a sério, o sr. Dijsselbloem já estava demitido. É inaceitável que uma pessoa que tem um comportamento como ele teve, uma visão xenófoba, racista e sexista sobre parte dos países da União Europeia possa exercer funções de presidência de um organismo como o Eurogrupo”. António Costa, primeiro-ministro português, Porto, 22.03.2017

 

- “É uma alegria muito grande para mim, quer como bispo de Fátima, que é mundial, é universal, mas também como bispo da diocese de Leiria-Fátima, uma vez que os pastorinhos são originários daqui. Agora falta só a etapa decisiva, e que cabe ao Papa Francisco, que é escolher a data e o lugar da celebração da canonização”. D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, sobre o anúncio da aprovação do processo de canonização dos beatos Francisco e Jacinta, 23.03.2017 

 

CANONIZAÇÃO DOS PASTORINHOS

Papa aprova milagre que abre caminho à canonização de Francisco e Jacinta Marto

 

O Papa Francisco aprovou esta quinta-feira o milagre necessário para a canonização dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, videntes de Fátima, anunciou a sala de imprensa da Santa Sé. A canonização de Francisco (1908-1919) e Jacinta Marto (1910-1920), beatificados a 13 de maio de 2000 pelo Papa João Paulo II, em Fátima, 

 

 

dependia do reconhecimento de um milagre atribuído à sua intercessão.

A data e local para a cerimónia de canonização vão ser decididos num próximo consistório (reunião de cardeais), no Vaticano, marcado para 20 de abril.

A divulgação do decreto que reconhece um milagre atribuído 

 

 

 

à intercessão dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, "crianças de Fátima", foi feita esta tarde, após uma reunião do Papa com o cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.

A canonização é a confirmação, por parte da Igreja, que um fiel católico é digno de culto público universal (no caso dos beatos, o culto é diocesano) e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

Francisco e Jacinta Marto, irmãos pastorinhos que, segundo o testemunho reconhecido pela Igreja Católica, presenciaram as aparições da Virgem Maria na Cova da Iria e arredores, entre maio e outubro de 1917, são os mais jovens beatos não-mártires da história da Igreja Católica.

Os trâmites processuais para o reconhecimento de um milagre ,

 

por parte do Papa, acontecem segundo normas estabelecidas em 1983. A Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé) promove uma consulta médica sobre a alegada cura, para saber se a mesma é inexplicável à luz da ciência atual, feita por peritos; o caso é depois submetido à avaliação de consultores teológicos e de uma sessão de cardeais e bispos.

A aprovação final depende do Papa, que detém a competência exclusiva de reconhecer uma cura como verdadeiro milagre.

A Igreja celebra a 20 de fevereiro a festa litúrgica dos beatos Francisco e Jacinta Marto, dois dos três pastorinhos videntes de Nossa Senhora, em 1917; a data coincide com a da morte da beata Jacinta Marto.

 

 

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) congratulou-se com a aprovação pelo Papa Francisco do milagre necessário para a canonização dos Beatos Francisco Marto e Jacinta Marto, no ano do Centenário das Aparições. “Aguardamos agora com serena expetativa a marcação da data e local para a respetiva celebração, na qual Jacinta e Francisco serão propostos como modelo de santidade para toda a Igreja”, explica a CEP, em nota enviada à Agência ECCLESIA.

O secretário e porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa destaca que se trata de uma “feliz coincidência” a aprovação do milagre no Centenário das Aparições de Nossa Senhora do Rosário aos pastorinhos em Fátima. O padre Manuel Barbosa recorda que os bispos portugueses salientam que “a fama de santidade de Francisco e de Jacinta cedo se espalhou pelo mundo inteiro”, sendo as primeiras crianças beatificadas não-mártires, na recente Carta Pastoral para o Centenário.

 

 

CANONIZAÇÃO DOS PASTORINHOS

Centenário não estaria completo sem a canonização

O bispo da Diocese de Leiria-Fátima manifestou a sua “enorme satisfação” com a aprovação pelo Papa Francisco do milagre necessário para a canonização dos Beatos Francisco Marto e Jacinta Marto, no ano do Centenário das Aparições. D. António Marto disse, em conferência de imprensa, que a decisão “não foi uma surpresa, propriamente dita”, mas admitiu que “não esperava que fosse tão rápido”.

“O centenário não estaria completo sem a canonização”, sustentou, considerando que esta coincidência é “providencial”.

O responsável admite que a canonização possa acontecer a 13 de maio, durante a viagem do Papa a Fátima, embora a escolha da data e do local para a celebração seja da responsabilidade de Francisco. “Estamos a tempo, nada é impossível”, sublinhou D. António Marto.

“Se for Fátima, muito bem; se for Roma, muito bem também”, acrescentou.

O prelado fala numa Uma “alegria muito grande” para a Diocese de Leiria-Fátima e para o Santuário da Cova da Iria, bem como “para 

 

Portugal inteiro, pela repercussão que tem esta notícia”. “As crianças já têm culto universal”, acrescentou.

Já o padre Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima, mostrou o seu “grande regozijo” com este decreto, que “abre portas” para a canonização dos beatos. Para o sacerdote, este anúncio é “uma das melhores e das mais aguardadas notícias no Centenário das Aparições”.

O reitor do Santuário de Fátima considera “particularmente relevante” celebrar a canonização no contexto do Centenário das Aparições vem sublinhar “uma mensagem que mantém toda a atualidade”.

A postuladora da Causa de Canonização dos Pastorinhos recordou aos jornalistas que as crianças portuguesas vão ser os “mais jovens santos” na história da Igreja Católica, considerando ser uma coincidência “providencial” que esta celebração aconteça neste ano de centenário. A irmã Ângela Coelho confirmou que o milagre em causa diz respeito à cura de uma criança brasileira, mas escusou-se a dar mais pormenores.

Em 2016, o Vaticano atualizou as normas da consulta médica, que 

 

 

 

 

 

é levada a cabo por sete peritos, prevendo uma maioria favorável de dois terços para que o processo possa avançar; todas as partes envolvidas 

 

 

 

nesta consulta estão obrigadas a guardar segredo, “sobretudo se o miraculado for menor”.

 

“Abre-se assim o caminho para a sua canonização, depois de João Paulo II os ter proclamado beatos a 13 de maio de 2000, celebrando a Missa no santuário mariano erigido no lugar onde os dois jovens (juntamente com a prima Lúcia de Jesus Rosa dos Santos, da qual no passado mês de fevereiro se encerrou o processo diocesano de beatificação) aconteceram as aparições da Virgem, ocorridas de 13 de maio a 13 de outubro de 1917”

L’Osservatore Romano, 24 de março de 2017

 

 

CANONIZAÇÃO DOS PASTORINHOS

Fátima2017: «É normal que o Papa aproveite ida a Fátima para canonizar Francisco e Jacinta» - D. José Saraiva Martins

O prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, D. José Saraiva Martins, saudou hoje a decisão do Papa Francisco em aprovar o milagre que abre a porta à canonização de Francisco e Jacinta Marto.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o cardeal português

 

que deu início ao processo de canonização dos dois pastorinhos de Fátima considerou este momento “uma graça de Deus” e “um grande acontecimento para a Igreja Católica portuguesa, e para todo o mundo”.

“Vem sublinhar com força e coragem 

 

 

 

a dimensão universal da mensagem de Fátima, que 100 anos depois continua a ter uma atualidade extraordinária”, salientou.  

A canonização de Francisco (1908-1919) e Jacinta Marto (1910-1920), beatificados a 13 de maio de 2000 pelo Papa João Paulo II, dependia do reconhecimento de um milagre atribuído à sua intercessão.

A data e local para a cerimónia de canonização vão ser decididos num próximo consistório (reunião de cardeais), no Vaticano, marcado para 20 de abril.

Para D. José Saraiva Martins, “não será nada de extraordinário” se a data decidida for o dia 13 de maio e o local a Cova da Iria, uma vez que o Papa estará em Portugal para participar na comemoração do Centenário das Aparições.

“Eu acho que é normal que o Papa aproveite a sua ida a Fátima para presidir à canonização dos dois pastorinhos, é o lugar mais indicado”, admite o prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, que durante 10 anos assumiu a coordenação deste dicastério da Santa Sé.

O cardeal de 85 anos frisa no entanto que “o princípio assente é que as canonizações fazem-se em Roma e as beatificações nas Igrejas locais”, como atesta a própria celebração da  

 

beatificação de Francisco e Jacinta, presidida pelo Papa João Paulo II em Fátima a 13 de maio de 2000.

“Fui eu que comecei com esta prática, antes as beatificações e canonizações eram todas feitas em Roma”, recorda D. José Saraiva Martins.

O prelado português, que esteve à frente da Congregação para as Causas dos Santos entre 1998 e 2008, vai estar em Fátima nos dias 12 e 13 de maio, integrado na comitiva que acompanhará o Papa Francisco na viagem a Portugal.

D. José Saraiva Martins mostra-se ansioso por esse momento, que irá também servir para marcar a relevância da mensagem de Fátima no mundo e “sobretudo para o Homem de hoje”.

“A mensagem de Fátima é um apelo à esperança e à conversão, e o que falta hoje ao Homem é esperança e conversão, converter-se a Deus e aos irmãos. E depois é uma mensagem de alegria, uma das normas fundamentais da fé cristã”, complementa.

notícia da aprovação do processo de canonização de Francisco e Jacinta Marto, duas das testemunhas das Aparições de Nossa Senhora em Fátima, em 1917, foi dada hoje pela sala de imprensa da Santa Sé depois de uma audiência entre o Papa Francisco e o atual prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, o cardeal Angelo Amato.

 

 

 

CANONIZAÇÃO DOS PASTORINHOS

As candeias de Deus

A canonização dos beatos Francisco e Jacinta Marto representa o último degrau rumo à santidade das crianças que São João Paulo II apelidou como “duas candeias” oferecidas por Deus à humanidade. A frase do Papa polaco marcou a cerimónia de beatificação dos dois pastorinhos de Fátima, que teve lugar a 13 de maio de 2000, no Santuário de Fátima.

“A Igreja quer, com este rito, colocar sobre o candelabro estas duas candeias que Deus acendeu para alumiar a humanidade nas suas horas sombrias e inquietas”, afirmava então João Paulo II.

Karol Wojtyla realçava ainda a importância daquele momento para uma “multidão imensa de peregrinos” e fazia votos que os dois pastorinhos se assumissem como “uma luz amiga a iluminar Portugal inteiro”.

O processo de canonização de Francisco e Jacinta Marto começou a 30 de abril de 1952, por iniciativa do então bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, e com a abertura da fase diocesana. Na base desta iniciativa esteve a vida de duas crianças (dois irmãos) que juntamente com uma prima, Lúcia, ficaram conhecidas como as testemunhas

 

 das Aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria, em 1917.

O anúncio da aprovação da canonização tem um significado ainda mais especial para o Santuário de Fátima por dois motivos: porque nos dias 12 e 13 de maio vai ser assinalado o Centenário das Aparições, e porque essa festa contará com a participação do Papa Francisco.

Os beatos Francisco e Jacinta nasceram em Aljustrel, na freguesia de Fátima, o primeiro a 11 de junho de 1908 e a irmã a 11de março de 1910. Ainda com tenra idade começaram a trabalhar no pastoreio do rebanho dos pais, na zona da Cova da Iria, e foi nesse local que juntamente com a prima Lúcia testemunharam seis aparições de Nossa Senhora, num período entre maio e outubro de 1917.

Na biografia publicada pelo Santuário de Fátima, Francisco é apresentado como uma criança que “queria dar alegria a um Deus que estava triste com os agravos ao Seu coração”. Por isso “vivia intensamente a oração contemplativa” e “passava horas seguidas em oração em frente ao sacrário, na Igreja Paroquial de Fátima”.

 

 

 

Já Jacinta, “tímida mas serena”, é descrita nas memórias da prima Lúcia como alguém que apesar de muito nova era já muito tocada pelo sofrimento dos outros, muito sensível às dificuldades das pessoas. “Jacinta afligia-se com o sofrimento dos pecadores” e tinha o seu coração “cheio de compaixão por eles e de devoção ao Imaculado Coração de Maria”, recorda o Santuário.

Os futuros santos, que estão sepultados na Basílica de Nossa  

 

Senhora do Rosário de Fátima,

situada junto ao recinto de oração, acabaram por viver uma vida intensa mas curta.

Francisco Marto faleceu a 4 de abril de 1919 em Aljustrel, com 10 anos, vítima de um surto de gripe pneumónica que assolou Portugal nesta época. Quanto à irmã, Jacinta Marto, morreu a 20 de fevereiro de 1920, com 9 anos, mas em Lisboa, no Hospital Dona Estefânia, onde estava internada devido à mesma doença.

 

 

Já Jacinta, “tímida mas serena”, é descrita nas memórias da prima Lúcia como alguém que apesar de muito nova era já muito tocada pelo sofrimento dos outros, muito sensível às dificuldades das pessoas. “Jacinta afligia-se com o sofrimento dos pecadores” e tinha o seu coração “cheio de compaixão por eles e de devoção ao Imaculado Coração de Maria”, recorda o Santuário.

Os futuros santos, que estão sepultados na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, situada junto ao recinto de oração, acabaram por viver uma vida intensa mas curta.

Francisco Marto faleceu a 4 de abril de 1919 em Aljustrel, com 10 anos, vítima de um surto de gripe pneumónica que assolou Portugal nesta época. Quanto à irmã, Jacinta Marto, morreu a 20 de fevereiro de 1920, com 9 anos, mas em Lisboa, no Hospital Dona Estefânia, onde estava internada devido à mesma doença.

CANONIZAÇÃO DOS PASTORINHOS

Postuladora confessa alegria
e espera data para canonização

 

A postuladora da causa de canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto mostrou-se muito feliz com o reconhecimento do milagre atribuído à intercessão dos beatos, faltando apenas a marcação da data da celebração, que compete ao Papa Francisco. “O Santo Padre, se o entender, terminado hoje o estudo,

 

 

está em condições, se entender, fazer a canonização a 13 de maio de 2017, ou outra data durante este ano”, afirmou à Agência ECCLESIA a irmã Ângela Coelho, postuladora da causa de canonização dos pastorinhos.

“O reconhecimento do milagre significa a confirmação de que o evento sucedido por intercessão 

 

 

dos pastorinhos, é um milagre, não tem explicação científica e deve-se à intercessão de Francisco e Jacinta”, acrescentou.

A responsável pelo processo afirma ser “um passo definitivo em ordem à canonização” cuja data e local “será o santo padre a estabelecer em consistório com os cardeais”.

A Irmã Ângela Coelho dá conta dos preparativos para a celebração de canonização, independentemente da data: “Estamos a preparar-nos para aquilo que o Papa vai decidir”.

A acontecer a 13 de maio, a canonização será “o coroar da escola de santidade que é Fátima, apresentando à Igreja universal os pastorinhos Francisco e Jacinta como modelo de santidade”.

Em 2000 João Paulo II chamou a Fátima, uma escola de santidade quando beatificou os pastorinhos, 

 

recorda a religiosa da Aliança de Santa Maria, apontando a possibilidade de se “fazer mais festa” se Francisco decidir marcar a canonização para o dia 13 de maio. “Seria mais um motivo para fazer festa. Se o santo padre assim decidir fazer no 13 de maio, na minha opinião, vem acentuar a dimensão do potencial de santificação que tem a mensagem de Fátima”, sublinha.

A responsável pelo processo de canonização afirma a sua alegria e a de todos quantos trabalharam no processo: “Recebo esta notícia com uma alegria imensa, a maior nesta missão que o Senhor me confiou. Não estou sozinha, trabalho com muita gente. Recebo com muita alegria, com o desejo de agradecer a santidade dos pastorinhos, pelos frutos que a igreja tem recebido neste 100 anos porque sinto que é um dom para a Igreja”.

 

Portugal vai ter novo santo entre mártires do Brasil

O Papa autorizou a canonização dos chamados “protomártires do Brasil”, mortos nas perseguições anticatólicas, do século XVII, por tropas holandesas, entre os quais está o sacerdote português Ambrósio Francisco Ferro. Os martírios no atual território da Arquidiocese de Natal, então sob jurisdição portuguesa, tiveram lugar a 16 de julho de 1645 e 3 de outubro de 1645, custando a vida aos padres André de Soveral e Ambrósio Francesco Ferro, além do leigo Mateus Moreira e outros 27 companheiros.

Os fiéis católicos foram beatificados por João Paulo II, no Vaticano, a 5 de março de 2000, que os apresentou como “as primícias do trabalho missionário, os protomártires do Brasil”. No local do massacre foi erguido o ‘Monumento dos Mártires’.

 


 

Programa oficial da viagem
do Papa a Fátima

 

O Vaticano divulgou o programa oficial da “peregrinação” do Papa Francisco a Portugal, nos dias 12 e 13 de maio, por ocasião do Centenário das Aparições.  A viagem vai começar às 14h00 de Roma (menos uma em Lisboa), no aeroporto de Fiumicino, seguindo o voo papal para a Base Aérea de Monte Real, onde tem chegada previstas para as 16h20 locais.

Ainda em Monte Real decorre a cerimónia de boas-vindas e, às

 

 16h35, um encontro privado com o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa. Às 16h55, Francisco vai fazer uma visita à Capela da Base Aérea, onde rezaram Paulo VI (1967) e João Paulo II (1991).

A deslocação para o Estádio de Fátima, em helicóptero, tem início previsto para as 17h15 e uma duração de 20 minutos, antecedendo a deslocação para o Santuário de Fátima, em viatura aberta.

 

 

 

O primeiro momento da agenda do Papa no Santuário será a visita à Capelinha das Aparições, às 18h15, para um momento de oração, recolhendo depois à Casa de Nossa Senhora do Carmo. O Papa Francisco vai dirigir uma saudação aos peregrinos, pelas 21h30, aquando da bênção das velas, na Capelinha das Aparições, seguindo-se a recitação do Rosário.

O programa de dia 13 de maio, sábado, começa às 09h10, num encontro com o primeiro-ministro português, António Costa, na Casa de Nossa Senhora do Carmo. Pelas 09h40, o Papa vai fazer uma visita à Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, onde estão sepultados os Pastorinhos de Fátima.

A Missa da peregrinação internacional aniversária de maio, no Centenário das Aparições, tem início previsto para as 10h00, no recinto de oração do Santuário; durante a celebração, o Papa Francisco vai proferir a sua única homilia em Fátima e dirigir uma saudação aos doentes. No total, estão previstas quatro intervenções do Papa, na Cova da Iria.

Às 12h30 vai decorrer o almoço com os bispos de Portugal, na Casa Nossa Senhora do Carmo.

 

A cerimónia de despedida está marcada para a Base Aérea de Monte Real, às 14h45, de onde parte o voo papal, às 15h00, em direção ao Aeroporto de Roma/Ciampino, com chegada prevista para as 19h05 locais. No total, o Papa Francisco vai passar 22 horas e 40 minutos em solo português.

A viagem foi anunciada pelo Vaticano em dezembro, tendo sido apresentada como uma "peregrinação". "Por ocasião do Centenário das Aparições da Bem-Aventurada Virgem Maria na Cova da Iria, e acolhendo o convite do presidente da República e dos bispos portugueses, Sua Santidade o Papa Francisco irá em peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima de 12 a 13 de maio de 2017", referia uma nota da Santa Sé.

As aparições na Cova da Iria têm sido uma referência de intervenções e gestos do Papa: Francisco pediu aos bispos portugueses que consagrassem o seu pontificado a Nossa Senhora de Fátima, o que aconteceu em 13 de maio de 2013, dois meses após a eleição do sucessor de Bento XVI. A 12 de outubro de 2013, o Papa Francisco recebeu solenemente no Vaticano a imagem original de Nossa Senhora de Fátima. 

 

 

Papa desafia jovens portugueses

 

O diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil destacou o convite do Papa Francisco aos jovens “entrarem na vida de Maria, no seguimento de Jesus”, na mensagem para a Jornada Mundial da Juventude, dia 9 de abril nas dioceses. “A mensagem fala-nos sobre o papel de Maria e na missão dos jovens convida a entrarem profundamente na vida de Maria, no seguimento de Jesus”, disse o padre Eduardo Novo à Agência ECCLESIA.

O Papa Francisco enviou uma mensagem aos jovens desafiando-os a deixar a sua marca no mundo e na Igreja, dando como exemplo a Virgem Maria. O documento foi publicado para reflexão e vivência da próxima 

 

 

Jornada Mundial da Juventude, que este ano acontece a nível diocesano com o tema ‘O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas’, no Domingo de Ramos.

“Como a jovem de Nazaré, vocês podem melhorar o mundo, para deixar um sinal que marque a história”, refere o pontífice argentino numa videomensagem a âmbito da celebração, este ano dia 9 de abril.

O diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil da Igreja Católica em Portugal realça que o Papa ao dar o exemplo e testemunho de Fátima sente-se “como peregrino da esperança e da paz”, como refere o tema da sua viagem ao santuário da Cova da iria, a 12 e 13 de maio.

 

 

 

Eutanásia não é um ato médico

A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) afirmou em Conselho Nacional a sua “absoluta oposição à prática da Eutanásia”, num contributo para o debate sobre o tema, defendendo o valor da vida humana e o papel do médico. “Reafirmamos, pois, com convicção e fortaleza, que toda a vida merece acolhimento, respeito e proteção. Que toda a vida tem dignidade. Que nenhuma circunstância a tornará indigna. Muito menos a doença ou o sofrimento”, lê-se num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

Os médicos católicos explicam que querem estar ao serviço da vida e dos doentes e referem que conhecem a “importância da confiança” na relação médico-doente e no sistema de saúde.

“A possibilidade da Eutanásia fere de morte esta confiança”, alerta a associação que manifesta a “veemente oposição” à legalização da Eutanásia e “à violação ou alteração do Código Deontológico”.

A AMCP apresenta 10 razões que justificam o reafirmar da sua “absoluta oposição à prática da Eutanásia” que “não é um ato médico”. “Os princípios da medicina excluem a prática da eutanásia, da distanásia e do suicídio assistido. 

 

 

Não se pode instrumentalizar a medicina com objetivos que são alheios à sua atividade, à sua prática, à sua Ética e à Lei Fundamental”, pode ler-se.

A Associação dos Médicos Católicos Portugueses assinala que “não é possível” ser médico sem passar pelo confronto “com o sofrimento e com a morte” mas os médicos não são “donos da vida dos doentes”, como não são donos da sua morte.

“É possível aliviar a dor física intensa e a angústia. Os medicamentos hoje disponíveis tornam possível o bem-estar, sem dor”, observam.

O documento foi aprovado por “unanimidade” no último Conselho Nacional da AMCP, a 18 de março, em Fátima, tendo como pano de fundo a próxima apresentação na Assembleia da República de dois projetos de lei que pretendem legalizar a prática da Eutanásia.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Revista «O Meu Papa» chega a Portugal

 

 

 

Nova PAULUS Livraria no Fundão

 

 

Papa desafia jovens a deixar marca no mundo e evoca Fátima

 

O Papa Francisco enviou uma mensagem aos jovens, desafiando-os a deixar a sua marca no mundo e na Igreja, dando como exemplo a Virgem Maria, no centenário de Fátima. “Como a jovem de Nazaré, vocês podem melhorar o mundo, para deixar um sinal que marque a 

 

 

história”, refere, numa videomensagem a respeito da celebração da próxima Jornada Mundial da Juventude, que este ano acontece a nível diocesano, no dia 9 de abril (Domingo de Ramos).

Francisco disse aos jovens que a Igreja e a sociedade “precisam deles”, 

 

 

 

 

da sua “coragem”, dos seus “sonhos e ideais”, para derrubar os “muros” de quem está imóvel. “[Vocês] abrem caminhos que nos levam para um mundo melhor, mais justo, menos cruel e mais humano”, referiu.

O Papa convida os jovens católicos a cultivar uma relação de “familiaridade e amizade” com a Virgem Maria, “como uma mãe”. A videomensagem acompanha o tradicional texto para a celebração da Jornada Mundial da Juventude, este ano com o tema ‘O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas’

Este documento evoca o Centenário das Aparições, em Fátima: "Convido-vos a recordar dois aniversários importantes em 2017: os trezentos anos do achado da imagem de Nossa Senhora Aparecida, no Brasil; e o centenário das aparições de Fátima, em Portugal, onde, com a ajuda de Deus, irei em peregrinação no próximo mês de maio".

Francisco sublinha que a Virgem Maria não é uma “jovem-sofá”, mas deixa-se desafiar por Deus, porque a fé é o “coração” da sua história. “O seu cântico [Magnificat] ajuda-nos a compreender a misericórdia do 

 

Senhor como motor da história, tanto a história pessoal de cada um de nós como a da humanidade inteira”, escreve.

O Papa recorda que a próxima edição internacional das Jornadas Mundiais da Juventude vai decorrer no Panamá, em 2019, antecedida pelo Sínodo dos Bispos de 2018, sobre o tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’.

A mensagem observa que uma “verdadeira experiência de Igreja” não é como um “flashmob” em que se marca um encontro e depois cada segue o seu caminho. “A Igreja traz consigo uma longa tradição, que se transmite de geração em geração, enriquecendo-se ao mesmo tempo com a experiência de cada indivíduo. Também a vossa história encontra o seu lugar dentro da história da Igreja”, acrescenta.

Francisco alerta ainda os jovens para a “falsa imagem da realidade” transmitida pelos ‘reality show’. “Sede protagonistas da vossa história, decidi o vosso futuro”, apela.

O Papa conclui com uma oração à Virgem Maria, para que ajude todos a “cantar as maravilhas que o Senhor realiza”. 

 

 

Papa e presidente do Ruanda
recordaram genocídio

O Papa Francisco recebeu em audiência o presidente do Ruanda, Paul Kagame, com quem abordou o genocídio dos tutsi (1994). “O Papa manifestou a sua profunda dor, a da Santa Sé e a da Igreja pelo genocídio contra os tutsi”, refere um comunicado divulgado pelo Vaticano o encontro.

Francisco manifestou solidariedade às vítimas e a todos os que continuam a sofrer as consequências dos “acontecimentos trágicos” acontecidos no país africano. “Na linha do gesto levado a cabo por São João Paulo II durante o Grande Jubileu do ano 2000, [o Papa] renovou o 

 

pedido de perdão ao Deus pelos pecados e faltas da Igreja e dos seus membros, entre os quais sacerdotes, religiosos e religiosas que cederam ao ódio e à violência, atraiçoando a sua missão evangélica”, pode ler-se na nota oficial.

O Papa manifestou a esperança de que este “humilde” reconhecimento das falhas cometidas, “que desfiguraram o rosto da Igreja”, possam ajudar a “purificar a memória” e promover “um futuro de paz” no Ruanda.

Paul Kagame reuniu-se ainda com o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.

 

 

 

Papa alerta para tragédia humana
dos refugiados

A Federação Internacional das Universidades Católicas (FIUC) vai promover esta sexta-feira em Roma um seminário sobre a atual crise de migrantes e refugiados. De acordo com um comunicado enviado à Agência ECCLESIA, a iniciativa vai decorrer na Universidade Gregoriana, na capital italiana, com o contributo de “vários peritos académicos, políticos e representantes de organizações não-governamentais” ligadas ao desenvolvimento.

Durante a audiência pública desta quarta-feira com os peregrinos, na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco abordou a questão dos refugiados e migrantes, considerando-a um dos maiores desafios deste tempo. “Não esqueçamos que este problema é a maior tragédia depois da Segunda Guerra Mundial”, apontou o Papa argentino.

A FIUC destaca o “empenho” que a Santa Sé e o Papa têm tido, no sentido de dar “voz” a uma realidade que afeta já “65 milhões de pessoas no mundo”. Isto quando há cerca de 10 anos o número de deslocados não chegava aos 20 milhões (19,4 milhões de refugiados em 2005).

 

 

“As estatísticas triplicaram”, graças também ao crescimento dos “conflitos” no mundo, o que “realça a urgência desta situação e coloca a crise migratória e o respeito pelos direitos humanos no centro dos desafios deste século XXI”, realça aquele organismo.

Com o referido seminário, intitulado ‘Migrantes e Refugiados’, a FIUC quer lançar as bases de um debate mais “alargado” que terá lugar entre os dias 1 e 4 de novembro também em Roma, e consolidar uma “rede de pesquisa e ação” neste campo.

A conferência internacional de novembro vai abordar não só a situação dos ‘refugiados e migrantes no mundo globalizado’ mas também ‘o papel e a responsabilidade das universidades’. A FIUC realça que “o mundo académico está cada vez mais mobilizado” para este desafio.

 

 

 

“As estatísticas triplicaram”, graças também ao crescimento dos “conflitos” no mundo, o que “realça a urgência desta situação e coloca a crise migratória e o respeito pelos direitos humanos no centro dos desafios deste século XXI”, realça aquele organismo.

Com o referido seminário, intitulado ‘Migrantes e Refugiados’, a FIUC quer lançar as bases de um debate mais “alargado” que terá lugar entre os dias 1 e 4 de novembro também em Roma, e consolidar uma “rede de pesquisa e ação” neste campo.

A conferência internacional de novembro vai abordar não só a situação dos ‘refugiados e migrantes no mundo globalizado’ mas também ‘o papel e a responsabilidade das universidades’. A FIUC realça que “o mundo académico está cada vez mais mobilizado” para este desafio.

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Papa lamenta «vidas perdidas» no ataque terrorista em Londres

 

 

 

Papa associa-se a celebração do Dia Mundial da Água 

 

 

Os limites da informação parcial e os danos que podem causar

  José Luís Gonçalves    
  Escola Superior  
  de 
 Educação   
  de Paula Frassinetti
   

 

A recente emissão do programa «Sexta às 9» da RTP 1 conseguiu gerar uma onda de indignação na opinião pública ao acusar a Cáritas de Lisboa de, alegadamente, só canalizar uma parte insignificante das suas receitas para ações e projetos de solidariedade. Tendo o assunto sido entretanto devidamente esclarecido pelos responsáveis – já incapazes de, no entanto, reverterem os danos de imagem entretanto causados -, eis que uma outra emissão do programa, com o título “Crianças maltratadas em instituições do Estado”, consegue atingir o bom nome de um conjunto de instituições sociais e estatais, assim como dos seus profissionais. Pondo em causa todo o funcionamento do sistema de proteção de crianças e jovens a partir de alguns casos concretos de encaminhamentos infelizes e/ou incompetentes, este programa mereceu o repúdio generalizado de IPSS e de Associações Profissionais, bem como do próprio Presidente da Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens.

Não estando em causa o dever de denúncia jornalística que tenha por objetivo proteger crianças e jovens, assim como a obrigação dos profissionais de reportarem às autoridades abusos que atentem contra a dignidade e os direitos daqueles, os autores do programa não podem ignorar o impacto emocional e o alarme social que estes relatos parciais causam na opinião pública não defendendo, justamente, o sistema na sua 

 

 

 

totalidade. Estando profissional e academicamente comprometido com as causas da área socioeducativa, tendo exercido funções de Juiz Social em tribunais de Família e Menores numa comarca, conhecendo por dentro o funcionamento do sistema de promoção e proteção e a rede de instituições e de técnicos que o sustentam, só posso testemunhar a abnegação, a competência e o entusiasmo de todos na missão que lhes está confiada. Com certeza que existem falhas, desvios e insucessos que merecem ser corrigidos, sobre supervisão constante e com formação permanente dos envolvidos, mas os resultados alcançados nas últimas décadas e reconhecidos internacionalmente fazem de Portugal um exemplo a seguir em algumas das matérias mais sensíveis nesta área.

Incomoda, por isso, o padrão comunicacional do programa: destacar situações alegadamente anómalas e generalizá-las; identificar culpados, mas evitar o contraditório; deixar a suspeição no ar e chamar a tudo isto jornalismo de investigação. Para o programa “Crianças maltratadas em instituições do Estado”, até foram entrevistados responsáveis de instituições que relataram excelentes exemplos de acolhimento e     

 

 

proteção de crianças e jovens, mas estes testemunhos não mereceram sequer uns parcos minutos no programa. Será que a inclusão ou a exclusão destas entrevistas do alinhamento do programa recaem na esfera exclusiva da autonomia editorial dos jornalistas? Ora, um programa que deseja prestar serviço público, mas que difunde informação sem fundamentos consistentes ou os equilíbrios devidos, arrisca-se a por em causa a sua credibilidade editorial.

 

 

Fátima no turbilhão de informação 

  Carlos Borges   
  Agência ECCLESIA   

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

“Cantemos, alegres, a uma só voz: Francisco e Jacinta rogai por nós” – não, não comecei a cantar o hino dos pastorinhos quando foi publicada, pela sala de imprensa da Santa Sé, a informação que o Papa Francisco aprovou a canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. A música, ou melhor este verso, ficou a ecoar quando alguém o usou como comentário a essa boa nova que era esperada especialmente neste ano centenário das aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria.

Arrisco a dizer que há um sentimento de alegria, que não é geral, mas está generalizado hoje em Portugal, e em várias outras partes do planeta afinal Fátima “altar do mundo” não é um chavão como vê-se pelas devoções em todos os continentes.

Agora, arrisco mais uma vez, essa boa parte da população nacional, e mundial, está a contar os dias à espera da próxima reunião de cardeais, o consistório, marcado para 20 de abril, no Vaticano, de onde vai sair o dia, hora e local da canonização dos irmãos Francisco e Jacinta Marto.

A boa notícia chega numa tímida primavera chuvosa e quando no mundo as intempéries causam destruição, abundam os conflitos que obrigam a movimentos migratórios e a paz já abalada e fragilizada na Europa, fico-me pelo Velho Continente, foi mais uma vez afetada, exatamente um ano depois do atentado em Bruxelas e quando ainda se limpam lágrimas dessa ferida.

A informação da canonização deu ainda mais destaque às muitas notícias que se produzem sobre 

 


 

Fátima, em especial neste centenário, e que esta semana já tinha sido capa de publicações e abertura de noticiários pela divulgação do programa da visita do Papa peregrino que vai estar menos de 24h no santuário da Cova da Iria.

É como diz a sabedoria popular quantidade não é qualidade, afinal o Papa Paulo VI, da encíclica ‘Populorum Progressio’ esteve em Fátima apenas por ocasião do 50.º aniversário das aparições marianas e teve para além da homilia na Missa do 13 de maio mais seis intervenções.

Já agora, recordo que o pontífice argentino convida-nos a dedicar 24 horas, hoje e amanhã, para o Senhor. A iniciativa papal ’24 horas para o Senhor’ pretende ajudar a preparar

 

 

o tempo pascal, com momentos de oração e de confissão, de anúncio do Evangelho e de vigília.

“A oração cristã nasce sempre como escuta. Isto vale quer no judaísmo quer no cristianismo. Deus é antes de tudo escutado. O extraordinário da nossa fé é um Deus que nos fala, e por isso o primeiro passo da oração cristã é colocar-se à escuta. Da escuta nasce a fé, nasce o conhecimento de Deus, nasce a relação com Ele. Da escuta nascem as palavras que lhe podemos repetir” - Prior da comunidade monástica italiana de Bose, Enzo Bianchi, em entrevista ao jornal do Vaticano ‘L'Osservatore Romano’, traduzida pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

 

 

 

Os 50 anos da ‘Populorum Progressio’, do Papa Paulo VI, são assinalados nesta edição com reflexões de especialistas portugueses e uma leitura sobre a influência deste documento nos textos do Papa Francisco. Num momento em que se celebram também os 60 anos do Tratado de Roma, revisitar o documento magisterial que previu a globalização e procurou sensibilizar os mais ricos para os dramas dos pobres.

De Paulo VI fica, entre muitas propostas e reflexões, a utopia de “um grande Fundo mundial”, sustentado por uma parte da verba das despesas militares, para ir em auxílio dos “mais deserdados”. Será que ainda vamos a tempo?

 

 

 

 

 

 

 

 

Apelos da Populorum Progressio

Católicos

Exortamos primeiramente todos os nossos filhos. Nos países em via de desenvolvimento, assim como em todos os outros, os leigos devem assumir como tarefa própria a renovação da ordem temporal. Se o papel da hierarquia consiste em ensinar e interpretar autenticamente os princípios morais que se hão de seguir neste domínio, pertence aos leigos, pelas suas livres iniciativas e sem esperar passivamente ordens e diretrizes, imbuir de espírito cristão a mentalidade e os costumes, as leis e as estruturas da sua comunidade de vida. São necessárias modificações e são indispensáveis reformas profundas: devem eles esforçar-se decididamente por insuflar nestas o espírito evangélico. Aos nossos filhos católicos que pertencem aos países mais favorecidos, pedimos o contributo da sua competência e da sua participação ativa nas organizações oficiais ou privadas, civis ou religiosas, empenhadas em vencer as dificuldades das nações em fase de desenvolvimento. Hão de ter, sem dúvida, muito a peito o ser contados entre os primeiros de quantos trabalham por estabelecer, na  

 

realidade dos fatos, uma moral internacional de justiça e de eqüidade.

 

Cristãos e crentes

Não duvidamos de que todos os cristãos, irmãos nossos, hão de querer aumentar o seu esforço comum e organizado, com o fïm de ajudarem o mundo a triunfar do egoísmo, do orgulho e das rivalidades, a ultrapassar as ambições e injustiças, a permitir a todos o acesso a uma vida mais humana, onde cada um seja amado e ajudado como próximo, como irmão. E, comovido ainda pelo nosso inesquecível encontro, em Bombaim, com os nossos irmãos não-cristãos, de novo os convidamos a trabalharem, de todo o coração e com toda a sua inteligência, para que todos os filhos dos homens possam levar uma vida digna de filhos de Deus.

Homens de boa vontade

Finalmente, voltamo-nos para todos os homens de boa vontade, conscientes de que o caminho da paz passa pelo desenvolvimento. Delegados às instituições internacionais, homens de Estados, publicistas, educadores, todos, cada um no seu campo sois os construtores de um mundo novo. Suplicamos a Deus todo-poderoso que 

 

 

 

esclareça a vossa inteligência e fortifique a vossa coragem para despertardes a opinião pública e conduzirdes os povos. Educadores, compete a vós estimular, desde a infância, o amor para com os povos que vivem na miséria. Publicistas, a vós pertence pôr diante dos nossos olhos os esforços realizados, no sentido da ajuda mútua entre os povos, assim como o espetáculo das misérias que os homens tendem a esquecer para tranquilizar a consciência: que ao menos os ricos saibam que os pobres estão à sua porta e esperam os sobejos dos festins.

 

Homens de Estado

Homens de Estado, incumbe-vos mobilizar as vossas comunidades para uma solidariedade mundial mais eficaz e, sobretudo, levá-las a aceitar os impostos necessários sobre o luxo e o supérfluo, a fim de promoverem o desenvolvimento e salvarem a paz. Delegados às organizações internacionais, de vós depende que perigosas e estéreis oposições de forças deem lugar à colaboração amiga, pacífica e desinteressada, a favor de um desenvolvimento solidário da humanidade, onde todos os homens possam realizar-se.

 

Sábios

Se é verdade que o mundo sofre por 

 

 

falta de convicções, nós convocamos os pensadores e os sábios, católicos, cristãos, os que honram a Deus, os que estão sedentos de absoluto, de justiça e de verdade: todos os homens de boa vontade. Seguindo o exemplo de Cristo, ousamos pedir-vos instantemente: "buscai e encontrareis", abri os caminhos que levam pelo auxílio mútuo a um aprofundamento do saber, a ter um coração grande, a uma vida mais fraterna numa comunidade humana verdadeiramente universal.

 

Mãos à obra, todas à uma

Vós todos que ouvistes o apelo dos povos na aflição, vós que vos empenhais em responder-lhes, vós sois os apóstolos do bom e verdadeiro desenvolvimento, que não consiste na riqueza egoísta e amada por si mesma, mas na economia ao serviço do homem, no pão cotidiano distribuído a todos como fonte de fraternidade e sinal da Providência.

De todo o coração, nós vos abençoamos e chamamos todos os homens de boa vontade a unirem-se a vós fraternalmente. Porque, se o desenvolvimento é o novo nome da paz, quem não deseja trabalhar para ele com todas as forças? Sim, a todos convidamos nós a responder ao nosso grito de angústia, em nome do Senhor.

 

(26.03.1967)

PAULUS PP. VI

 

 

António Bagão Félix tem primeira edição com «gosto patrimonial do cheiro e cor já ocre»

O antigo presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, António Bagão Félix, afirma que a ‘Populorum Progressio’ teve para si um impacto “muito grande” e foi das que mais o interessou porque “era estudante de economia e católico”.

“Eu tinha 18 anos quando saiu, estava no 2.º ano da faculdade em Lisboa. Não havia praticamente máquinas de fotocopias ou muito pouco, não havia internet, mas havia estas edições”, explica o economista com a sua primeira edição da encíclica ‘Populorum Progressio’ em português.

À Agência ECCLESIA, na entrevista que vai ser transmitido esta segunda-feira (27 março) na RTP2 a partir das 15h00, António Bagão Félix destaca que o documento do Papa Paulo VI tem “o gosto patrimonial do cheiro e cor já ocre da passagem do tempo”.

“Achei muito curioso que com os 18 anos tenho tudo sublinhado”, disse, recordando a sua reação quando revisitou a publicação para o programa.

O ex-ministro das Finanças e da 

 

Segurança Social, em 1967, há 50 anos, era estudante de economia, ainda hoje gosta de estudar todos os dias, explicou que para além dessa condição e de ser católico, a ‘Populorum Progressio’ interessou-o também o tema do desenvolvimento dos povos era atual no seio das Nações Unidas, da política internacional.

“O Papa Paulo VI teve a coragem de o colocar de uma maneira absolutamente clara, aliás no seguimento da Doutrina Social da Igreja que não é terceira via entre capitalismo e coletivismo mas faz parte da Teologia Moral. Isso está muito explicito nesta encíclica”, desenvolvimento.

O antigo presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz considera que a proposta papal, por exemplo, para o regime português de António Salazar “era bastante fraturante”.

António Bagão Félix contextualiza que, com mais ou menos dificuldades, “com injustiças também muito notórias”, os países europeus, como França. Itália, Alemanha, descolonizaram, 

 

 

 

 

a bom gosto ou a mau gosto, ou contrafeitos”, e Portugal para além do Estado Português da India que tinha sido incluído na União Indiana estava em guerra em África com os movimentos autonomistas nas colónias ultramarinas.

Neste contexto, assinala que o Papa Paulo VI logo no principio da encíclica ‘Populorum Progressio’ faz a “clara distinção” entre colonização, “necessária no devir histórico”, e colonialismo, “doença da colonização”.

Segundo o entrevistado a encíclica publicada em 1967 assinalava um 

 

tempo de “grande transformação no mundo”, particularmente em África com a independência de antigas colónias de vários países europeus e vai ao encontro de uma palavra-chave, “curiosamente”, desenvolvida cerca de 50 anos depois por uma segunda ‘Populorum Pogressio’, a ‘Caritas In Veritate’, do agora Papa emérito Bento XVI.

Etimologicamente “desenvolvimento”, observa, é o contrário de envolvimento, “é des-envolvimento”, é libertação porque se está envolvido “numa malha, agrilhoados e desenvolver é retirar essas marcas”.

 

 

 

 

 

 

“Através dos títulos percebemos a profunda atualidade que está enraizada nesta encíclica”, realça.

Para António Bagão Félix aquando a publicação deste documento “não havia sequer” a noção do que hoje “anda nas bocas do mundo”, a globalização que, “ao contrário do que muito gente pensa não é o aumento das trocas comerciais”, mas a “erosão” da noção de tempo e de espaço

 

 

nas relações económicas, culturais, mediáticas.

Em 1967 não havia essa noção mas existia um ponto que “é muito caro” à Doutrina Social da Igreja: “A destinação universal dos bens e da opção preferencial pelos últimos, os pobres, os mais desfavorecidos, no sentido não só económico mas a tal ideia de desenvolvimento.”

A encíclica ‘Populorum Progressio’ - 

 

 

 

 

 

 

O desenvolvimento dos povos – faz 50 anos este domingo, tem data de 26 de março de 1967, nesse ano Domingo de Páscoa.

“Paulo VI foi visionário até do ponto de vista mais económico, da ciência 

 

económica”, refere António Bagão Félix, em entrevista à Agência ECCLESIA, que vai ser transmitida esta segunda-feira, na RTP2, a partir das 15h00.

 

 

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Desenvolvimento integral

Celebramos o cinquentenário da publicação da encíclica Populorum Progressio. Esta efeméride tem um significado particular para as comissões Justiça e Paz, pois  nesta encíclica foi anunciada a criação da estrutura que veio a dar origem ao Pontifício Conselho da Justiça e da Paz (hoje componente do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral) e, subsequentemente, às comissões Justiça e Paz nacionais e diocesanas.

O que dizer da relevância e atualidade da Populorum Progressio?

Eu destacaria, antes de mais, a noção que ela apresenta de desenvolvimento humano integral (precisamente, o nome do referido dicastério). E que explicita como o desenvolvimento de todos os homens e do homem todo. Trata-se de ir de encontro à aspiração de realizar, conhecer e possuir mais, para ser mais (6) . O crescimento eonómico é positivo apenas quando é instrumento para ser mais. O desenvolvimento, pessoal e comunitário, é um dever que corresponde aos desígnios de Deus. E supõe a abertura ao Absoluto, porque «o homem pode organizar a 

 

terra sem Deus, mas sem Deus só a pode organizar contra o homem» (42).

Esta noção de desenvolvimento foi retomada e aprofundada em documentos posteriores, como a Caritas in Veritate, de Bento XVI, e a Laudato Sì, de Francisco.

Hoje, continua a ser evidente como o crescimento económico não gera, por si só, o desenvolvimento humano integral. É mais nítida, hoje, a noção de que deste faz parte (como salienta com ênfase a Laudato Sì) o equilíbrio ecológico. Mas também é bom relembrar hoje o valor do desenvolvimento humano, contra um certo ecologismo radical que parece pô-lo em causa.

Confiar cegamente nas regras do mercado (instrumento que tem as suas  virtualidades) não conduz ao desenvolvimento de todos os homens e gera desigualdades e injustiças. Isso era evidente há cinquenta anos e hoje (quando as desigualdades se acentuaram como nunca, apesar da diminuição da pobreza absoluta) continua a sê-lo. A Populorum Progressio reafirmou o princípio do destino universal  dos bens, ao qual devem subordinar-se

 

 

 

os direitos de propriedade e de comércio livre. Por isso, «o supérfluo dos países ricos deve pôr-se ao serviço dos países pobres» e «a regra que existia outrora em favor dos mais próximos, deve aplicar-se hoje à totalidade dos necessitados do mundo inteiro» (49).

Paulo VI resistiu, há cinquenta anos, às influências das teses da redução  demográfica sem limites éticos, o que se revela hoje plenamente justificado, numa época de “inverno demográfico” e quando até o governo chinês começa a aperceber-se dos 

 

malefícios da sua política do filho único.

Atual é a referência ao diálogo de civilizações:  «Entre as civilizações, como entre as pessoas, o diálogo sincero torna-se criador de fraternidade» (73).

E atual, no tempo de uma “guerra mundial aos pedaços”, a ideia marcante da encíclica: «o desenvolvimento é o novo nome da paz» (76).

 

Pedro Vaz Patto 

Comisão Nacional Justica e Paz

 

 

 

O desenvolvimento integral:
um benefício e um dever

Passaram 50 anos sobre a data de publicação da Encíclica Populorum Progressio (PP). De então para cá, assistimos a mudanças profundas na sociedade, na economia, na tecnologia, na cultura; progredimos na corrida espacial; conhecemos ameaças e riscos inesperados; surgiram novos desafios no domínio da geo-estratégica política; etc.. Contudo, não obstante mudanças tão vastas e profundas, ao revisitar a PP hoje, descobrimos que é manifesta a sua relevância e actualidade. Deixo, pois, o convite a que, individualmente e, melhor ainda, em pequenos círculos de reflexão, se aproveite a celebração do 50º aniversário da sua publicação para uma leitura atenta e responsabilizante.

No curto apontamento que me foi pedido deixo apenas três notas soltas com o propósito de suscitar um maior desejo de aprofundar esta encíclica de Paulo VI, escrita, como é sabido, em grande sintonia com a doutrina consagrada no Concílio Vaticano II.

O conceito de desenvolvimento

Em primeiro lugar, merece realce o conceito de desenvolvimento integral: O desenvolvimento não se 

 

 

reduz a um simples crescimento económico. Para ser autêntico, deve ser integral, quer dizer, promover todos os homens e o homem todo. (…) O que conta para nós, é o homem, cada homem, cada grupo de homens, até se chegar à humanidade inteira.

Subjacente a este conceito de desenvolvimento integral estão duas traves mestras: o reconhecimento da centralidade da pessoa humana (o homem todo) e a convicção de que a humanidade inteira é o sujeito destinatário do desenvolvimento. (…) 

 

 

 

O desenvolvimento integral do ser humano não pode realizar-se sem o desenvolvimento solidário da Humanidade.

 

O contributo dos cristãos e das comunidades eclesiais

A vocação cristã de presença no mundo deve concretizar-se em iniciativas colectivas inovadoras e inspiradas no Evangelho que se dirijam à procura de um desenvolvimento integral, que hoje adjectivamos também de humano e sustentável.

As comunidades eclesiais, religiosas e paroquiais, devem cuidar, seriamente, deste desafio, a começar por uma séria revisão dos modos de gestão das obras sociais em que já estão envolvidas. Em particular, os espaços eclesiais devem ser um lugar em que se faz ouvir a voz dos pobres e se presta atenção ao seu clamor.

 

Os novos desafios

A transposição da doutrina da Populorum Progressio para os dias de hoje leva-nos a identificar novos desafios. Entre eles, destaco: o modelo económico e financeiro que, privilegiando o lucro a qualquer preço, gera exclusão e potencia danos ecológicos irreparáveis (esta economia mata, denuncia o Papa Francisco), o rumo da ciência e da técnica cujos 

 

progressos não se dirigem prioritariamente, como seria devido, para a satisfação de necessidades reais, sobretudo dos mais carenciados e vulneráveis, e subverte valores fundamentais; as desigualdades de riqueza e de rendimento que se acumulam a ritmo vertiginoso e atingem níveis tais que estão a pôr em risco a coesão social e a democracia; os múltiplos contornos da crise de sustentabilidade ecológica; a problemática do acolhimento de migrantes e refugiados; as intoleráveis situações de guerra aos pedaços, de terrorismos vários e de escalada de armamento, etc..

Termino com sábias palavras de Paulo VI. Escritas há 50 anos continuam oportunas e responsabilizantes: (…) cada homem é membro da sociedade: pertence à humanidade inteira. Não é apenas tal ou tal homem; são todos os homens, que são chamados a este pleno desenvolvimento.

(…) Herdeiros das gerações passadas e beneficiários do trabalho dos nossos contemporâneos, temos obrigações para com todos, e não podemos desinteressar-nos dos que virão depois de nós aumentar o círculo da família humana. A solidariedade universal é para nós não só um facto e um benefício, mas também um dever.

 

Manuela Silva

 

 

Uma Encíclica ignorada?

A encíclica «Populorum Progressio» (PP), publicada  em 1967, acha-se bem marcada pela inovação conciliar, em especial pela Constituição «Gaudium et Spes». Foi amplamente difundida, profundamente estudada e teve continuidade e atualizações pontifícias em duas outras encíclicas, publicadas no seu 20º. aniversário e no 42º.: a «Sollicitudo Rei Socialis» (SRS), de João Paulo II, em 1987; e a «Cáritas in Veritate» (CV), em 2009, de Bento XVI. Também o Papa Francisco deu sequência à PP, nomeadamente através da exortação apostólica «Evangelii Gaudium» (EG), 2013, e da encíclica «Laudato Si`» (LS), (2015).

Apesar desta repercussão da PP, talvez se possa afirmar que a sua mensagem fundamental não foi assumida pela generalidade dos cristãos: na verdade, ela convidava à assunção e à prática do desenvolvimento integral (cf., em especial, os nºs. 14 e 42-44); e considerava indispensável o papel dos leigos  na «renovação da ordem temporal» (81; cf. EG, 102). A assunção e a prática do desenvolvimento integral torna imperioso que a ação socioeclesial não se limite à assistência e 

 

 

à prestação de serviços sociais,  mas integre também a vertente económica e todas as outras dimensões do desenvolvimento (20-21). Por sua vez, o papel dos cristãos leigos, na «renovação da ordem temporal», torna imperioso que eles a assumam como «tarefa própria»,  mediante «livres iniciativas e sem esperar passivamente ordens e diretrizes (...)» da «hierarquia» (81).

Desde a publicação da PP, tal como antes, os leigos não deixaram de se comprometer, individualmente e em grupo, a favor do desenvolvimento, nas suas atividades pessoais, familiares, profissionais, culturais, sociais, políticas e outras, mas parece que, em geral, se esqueceram de: (a) Assumir e animar, no interior da Igreja, as responsabilidades pelo desenvolvimento integral, em pluralismo, diálogo e comunhão (39, 73 e 75); (b) Participar ativamente no desenvolvimento local, atribuindo prioridade às situações de carência mais grave (14, 17, 21, 29 e 66-69); (c) Articular o desenvolvimento local, o regional, o nacional e o mundial (14, 17, 48, 64,72-73 e 78-80); (d) Contribuir para a transformação do sistema capitalista (26, 29,  30-32 

 

 

 

 

e 81; cf. SRS, 35-37, CV, 35-39 e 66, EG, 53 e 59, e LS, 105-114); (d) Preservar a dimensão transcendente, eterna, do desenvolvimento integral (16, 20, 21 e 42).

No nº. 14 da PP é citado o padre dominicano L.-J. Lebret, que se caracterizou, além do mais, por uma perceção invulgar da laicalidade inserida na «ordem temporal». Ele próprio liderou e participou em 

 

programas de desenvolvimento, em vários países, e legou-nos uma herança de teorização e práticas, largamente participadas; abriu caminhos que nos interpelam e estimulam a que procuremos atualizá-los e complementá-los em cada dia e situação.

Acácio F. Catarino

 

 

 

 

O Desenvolvimento Integral como Condição da Paz: 50 anos da Encíclica Populorum Progressio

 

A Populorum Progressio (PP) surge duas décadas depois da conclusão da segunda guerra mundial; da fundação das Nações Unidas (1945); da aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). 

 

 

Porém, o mundo estava dividido: estrutura bipolar que separa dois blocos ideológicos, e processo de descolonização que revela já a desigualdade económica promovida por um comércio internacional 

 

 

 

 

 

que privilegiava os países industrializados em detrimento dos países produtores de matérias-primas. Neste cenário, Paulo VI assume que a Igreja pretende oferecer o que «possui como próprio: uma visão global do homem e da humanidade» (PP 13). É nesta linha que Paulo VI aborda a questão social na sua dimensão internacional, propondo um desenvolvimento integral e solidário como concretização do princípio do Bem Comum. Seguindo a tradição aristotélico-tomista, o “Bem Comum” é entendido como o fim da comunidade e é, antes de mais, “autêntico bem”, correlativo à natureza humana e a todos os membros da comunidade. É “bem” porque enriquece a todos os seres humanos ao facilitar o seu desenvolvimento integral; é “comum” porque esse bem pode e deve ser procurado por todos, constituindo-se numa espécie de “produto social” destinado a ser participado por todos e não apenas por alguns. Volvidos 50 anos, como cristãos ou como cidadãos de boa vontade, somos interpelados a orientar a nossa ação, não em função do crescimento do produto interno bruto (PIB) mas em função deste “produto social”, justamente devido a todos os seres humanos.

 

Em relação aos seus antecessores, a grande novidade de Paulo VI é o alargamento da responsabilidade dos poderes públicos da esfera nacional para a esfera internacional. Paulo VI sublinha a importância dos acordos e convenções internacionais (PP 61, 77), mas vai mais longe, insistindo na construção de uma nova ordem política mundial. A cooperação internacional «exige instituições que a preparem, a coordenem, a orientem até que constitua uma ordem jurídica universalmente reconhecida (…) quem não vê a necessidade de alcançar progressivamente a instauração de uma autoridade mundial, que possa atuar eficazmente no terreno jurídico e no da política?» (PP 78).

Cinquenta anos volvidos, ao problema da paz e do risco de conflitos nucleares (veja-se, por ex. a península coreana), da pobreza e desigualdade, somam-se os riscos ambientais e das alterações climáticas, os migrantes e refugiados, o terrorismo, as violações dos mais elementares direitos humanos. Nenhum destes problemas encontra uma solução satisfatória na ação individual dos cidadãos ou dos estados, renovando assim a necessidade de instituições internacionais capazes de facilitar a governabilidade e o bem comum

 

 

 

à escala global. Daqui deriva a urgência de reforma das Nações Unidas e a sua democratização.

O conceito de desenvolvimento humano integral seria retomado pelos sucessivos Papas, em especial no ano de 2009, pelo Papa Bento XVI, na encíclica Caritas in Veritate (CV). No nº 8 desta encíclica refere que a sua intenção é a de homenagear, retomar e atualizar os ensinamentos 

 

da Populorum Progressio de Paulo VI sobre o desenvolvimento humano integral. Falando da caridade, Bento XVI alerta-nos que esta «não é só o princípio das micro-relações, como as amizades, a família, o pequeno grupo, mas também as macro-relações, como as relações sociais, económicas e políticas» (CV 2).

A esta luz, parece-me que a resposta à pergunta de Paulo VI: Se o 

insira a foto aqui

 

 

desenvolvimento é o novo nome da paz, quem não deseja trabalhar para ele com todas as forças?” talvez possamos responder que não trabalha na promoção da paz quem se remete a uma caridade particular, de micro-relações, ignorando a necessidade de atuar, com justiça, sobre as condições sociais, económicas e políticas.

 

João José Fernandes

Director Executivo

Oikos – Cooperação e Desenvolvimento

 

 

 

 

Papa Francisco, herdeiro da Populorum Progressio

Francisco, primeiro Papa da América Latina, tem assumido nos seus textos a grande influência que o Papa Paulo VI exerceu na sua vida. Deixamos algumas citações da ‘Populorum Progressio’ no atual pontificado, que mostram a importância dada pelo Papa argentino ao documento de 1967:

Laudato Si

“Convém recordar sempre que o ser humano é «capaz de, por si próprio, ser o agente responsável do seu bem-estar material, progresso moral e desenvolvimento espiritual». O trabalho deveria ser o âmbito deste multiforme desenvolvimento pessoal, onde estão em jogo muitas dimensões da vida: a criatividade, a projetação do futuro, o desenvolvimento das capacidades, a exercitação dos valores, a comunicação com os outros, uma atitude de adoração.

 

Evangelii Gaudium

O Reino, que se antecipa e cresce entre nós, abrange tudo, como nos recorda aquele princípio de discernimento que Paulo VI propunha a propósito do verdadeiro 

 

desenvolvimento: «Todos os homens e o homem todo».

Para falarmos adequadamente dos nossos direitos, é preciso alongar mais o olhar e abrir os ouvidos ao clamor dos outros povos ou de outras regiões do próprio país. Precisamos de crescer numa solidariedade que «permita a todos os povos tornarem-se artífices do seu destino».

E a paz também «não se reduz a uma ausência de guerra, fruto do equilíbrio sempre precário das forças. Constrói-se, dia a dia, na busca duma ordem querida por Deus, que traz consigo uma justiça mais perfeita entre os homens». Enfim, uma paz que não surja como fruto do desenvolvimento integral de todos, não terá futuro e será sempre semente de novos conflitos e variadas formas de violência.

 

Dia Mundial da Paz 2015

Paulo VI afirmara que «não há verdadeiro humanismo senão o aberto ao Absoluto, reconhecendo uma vocação que exprime a ideia exata do que é a vida humana». A indiferença para com o próximo assume 

 

 

 

 

diferentes fisionomias. Há quem esteja bem informado, ouça o rádio, leia os jornais ou veja programas de televisão, mas fá-lo de maneira entorpecida, quase numa condição de rendição: estas pessoas conhecem vagamente os dramas que afligem a humanidade, mas não se sentem envolvidas, não vivem a compaixão. Este é o comportamento de quem sabe, mas mantém o olhar, o pensamento e a ação voltados para si mesmo.

 

Dia Mundial da Paz 2014

É fácil compreender que a 

 

fraternidade é fundamento e caminho para a paz. As Encíclicas sociais dos meus Predecessores oferecem uma ajuda valiosa neste sentido. Basta ver as definições de paz da Populorum progressio, de Paulo VI, ou da Sollicitudo rei socialis, de João Paulo II. Da primeira, apreendemos que o desenvolvimento integral dos povos é o novo nome da paz e, da segunda, que a paz é opus solidaritatis, fruto da solidariedade.

Paulo VI afirma que tanto as pessoas como as nações se devem encontrar num espírito de fraternidade.

 

 

 

 

 

Dia Mundial das Migrações 2013

O Papa Paulo VI descrevia com estas palavras as aspirações dos homens de hoje: «ser liberado da pobreza, ter garantido de um modo seguro o próprio sustento, a saúde, o emprego estável, ter uma maior participação nas responsabilidades, fora de qualquer opressão e ao protegido de condições que ofendem a dignidade humana; poder desfrutar de uma educação melhor; em uma palavra, 

 

fazer conhecer e ter mais, para ser mais "(Encíclica Populorum Progressio, 26 de março de 1967, n. 6).

O nosso coração quer um “mais” que não seja simplesmente conhecer mais ou ter mais, mas que seja essencialmente um ser mais. Não se pode reduzir o desenvolvimento a um mero crescimento económico, alcançado, muitas vezes, sem tem em conta os mais fracos e indefesos.

 

 

 

 

 

 

Mensagem por ocasião da conferência sobre o impacto humanitário das armas nucleares, 2014

A paz deve ser construída sobre a justiça, o desenvolvimento socioeconómico, a liberdade, o respeito pelos direitos humanos fundamentais, a participação de todos nos assuntos públicos e a construção da confiança entre os povos. 

O Papa Paulo VI sintetizou tudo isto na sua Encíclica Populorum progressio: «O desenvolvimento é o novo nome da paz» (n. 76). É nossa responsabilidade tomar medidas concretas que promovam a paz e a segurança, permanecendo, porém, sempre atentos ao limite constituído por abordagens a curto prazo de problemas de segurança nacional e internacional.

 

Visita ao Conselho da Europa

Estrasburgo, 25 de novembro de 2014

O Beato Paulo VI definiu a Igreja «perita em humanidade». No mundo, à imitação de Cristo, ela – apesar dos pecados dos seus filhos – nada mais procura que servir e dar testemunho da verdade. Nada mais, à exceção deste espírito, nos guia no apoio dado ao caminho da humanidade.

 

Discurso aos membros do corpo diplomático

13 de janeiro de 2014

O Papa Paulo VI observava que «a paz não se reduz a uma ausência de guerra, fruto do equilíbrio sempre precário das forças. Constrói-se, dia a dia, na busca duma ordem querida por Deus, que traz consigo uma justiça mais perfeita entre os homens»  (Paulo VI, Cart enc. Populorum progressio, 26 de março de 1967, 76: AAS 59 (1967), 294-295). Este é o espírito que anima a ação da Igreja em todo o mundo, através dos sacerdotes, missionários, fiéis-leigos que, com grande espírito de dedicação, se prodigalizam, para além do mais, em múltiplas obras de carácter educativo, sanitário e assistencial, ao serviço dos pobres, doentes, órfãos e quem quer que precise de ajuda e conforto.

 

 

Encíclica esquecida

Se é verdade que Paulo VI é um Papa distante no tempo e de facto esquecido, o mesmo é válido para um dos seus documentos mais característicos, a encíclica Populorum progressio sobre o desenvolvimento dos povos. Publicado há meio século, o texto tem a data de 26 de março de 1967, dia de Páscoa, e suscitou no mundo um enorme clamor, igualável só aos contrastes que teria feito surgir um ano e meio depois a Humanae vitae para o controle natural dos nascimentos. E não foi ocasional que precisamente sobre estes dois documentos tenha voltado Montini com acentuações particulares no solene balanço do pontificado proferido a 29 de junho de 1978, quando «o decurso natural da nossa vida chega ao ocaso», disse o Pontífice que falecera quarenta dias mais tarde quase de repente.

 

Naquele discurso Paulo VI declarou que as suas duas encíclicas pretendiam defender a vida humana «ameaçada, perturbada ou até suprimida»: escolha definida pelo Papa imprescindível no quadro do seu ensinamento para servir a verdade. Logo que o concílio se concluiu, 

 

 

precisamente uma nova tomada de consciência das exigências da mensagem evangélica impõe que a Igreja «se coloque ao serviço dos homens» escreve de facto o Pontífice no início do texto, preparado graças a diversas colaborações mas que resulta indiscutivelmente pessoal na inspiração, em muitas acentuações e na própria linguagem, apaixonada e sugestiva.

 

Como acontece com frequência na tradição cristã, antigo e novo misturam-se na Populorum progressio, texto na sua raiz evangélico e que sabe unir com eficácia num olhar clarividente a experiência pessoal de Montini, contributos do pensamento contemporâneo, o ensinamento social dos Papas e a visão de antigos autores cristãos. «A terra é dada a todos, e não apenas aos ricos» exclama Ambrósio, o santo bispo de Milão citado na encíclica, que explica imediatamente que o direito de propriedade nunca deve danificar a utilidade comum, precisamente «segundo a doutrina tradicional dos padres da Igreja e dos grandes teólogos».

 

 

 

 

O texto papal, concebido e amadurecido no início dos anos sessenta, vê com lucidez que a questão social não é só questão moral, mas tem uma «dimensão mundial». Montini refere-se explicitamente às viagens feitas à América Latina e à África como cardeal e à Terra Santa, à Índia e a Nova Iorque, à sede das Nações Unidas, como sucessor de Pedro que escolheu o nome de Paulo para explicar uma das afirmações mais incisivas da encíclica – «Os povos da fome interpelam hoje de maneira dramática os povos da opulência» – e para se declarar «advogado dos povos pobres».

 

 

 

Passou meio século depois da publicação da Populorum progressio e em linhas gerais a visão de Montini permanece válida na sua diagnose dramática e radical: «O mundo está doente. O seu mal reside menos na delapidação dos recursos ou no seu açambarcamento por parte de alguns do que na falta de fraternidade entre os homens e entre os povos». Como repete hoje incansavelmente o seu sucessor – mesmo incompreendido por muitos – que de Paulo VI está a restituir a memória.

 

g.m.v

‘L’Osservatore Romano’,

23 de março de 2017

 

 

 

 

Fernando Pessoa Online

http://www.multipessoa.net/

 

Sabia que o Dia Mundial da Poesia foi criado na 30ª Conferência Geral da UNESCO, decorria o ano de 1999 e que esta celebração pretende celebrar a diversidade do diálogo, a livre criação de ideias através das palavras, da criatividade e da inovação?

Pois bem, como forma de assinalar esta data sugiro uma visita atenta ao portal Multipessoa. Este projeto surgiu como consequência natural de um cd-rom co-editado pela Texto Editora e pela Casa Fernando Pessoa, dirigido por Leonor Areal, e que foi lançado no ano de 1997.

Este espaço virtual é destinado a todo o género de leitores (do simples curioso ao investigador) e possui como principais objetivos, divulgar a obra de Fernando Pessoa (tornando-a acessível a qualquer leitor), ser um instrumento didático (facilitando e apoiando o estudo da obra deste grande escritor) e servir como ferramenta de investigação (através do motor de pesquisa complexo de toda a obra).

Ao digitarmos o endereço www.multipessoa.net encontramos dois ambientes em pleno 

 

funcionamento. O Labirinto que é a “componente educacional de iniciação à obra de F.P., acompanhada de imagens e leituras orais de 120 poemas” e ainda o Arquivo Pessoa, que é uma “base de dados da maior parte da obra pessoana”. Posteriormente está prevista a inclusão de mais 3 espaços virtuais, com fortes componentes interativas, nomeadamente:

I) “a secção Pessoana que consiste num ficheiro de textos de crítica literária sobre Pessoa, construído como uma wikipédia (secção a desenvolver, mas já criada no cd-rom)”;

II) “excertos de Vídeo do Arquivo da RTP sobre Fernando Pessoa (já editados no cd-rom)”;

III) “a secção de Jogos literários, componente lúdico-didática (a desenvolver, mas já presente no cd-rom)”;

Todo este projeto virtual encontra-se “estruturado em vários níveis de complexidade”, tornando-se assim numa excelente aplicação que poderá ser utilizada “por públicos diversos, em ambiente doméstico, escolar ou universitário. Pode ainda ser utilizado individual ou coletivamente, 

 

 

 

 

 

em sala de aula, sendo acompanhado de um Manual de Apoio ao Professor.”

Por último, permitam-me transcrever uma reflexão interessante que é abordada neste sítio e que se relaciona com o uso da internet na área cultural: “Veio a edição eletrónica substituir as edições impressas? Não o cremos. A edição 

 

 

digital vem sobretudo complementar as edições em livro, tendo como vantagem principal a possibilidade de pesquisa automática da informação” e a interatividade que proporciona aos utilizadores”.

 

Fernando Cassola Marques

 

 

 

 

Fátima, mensagem de Misericórdia

 

Está nas livrarias portuguesas a obra ‘Fátima – Mensagem de misericórdia e esperança para o mundo’, do bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto. Este lançamento é da responsabilidade da Universidade Católica Portuguesa, que em comunicado enviado à Agência ECCLESIA realça o objetivo de 

 

 

assinalar “o centenário das Aparições de Fátima”.

Um momento de festa que vai ser assinalado no Santuário de Fátima nos dias 12 e 13 de maio com a participação do Papa Francisco, que já disse que virá como peregrino para rezar com os portugueses junto 

 

 

 

 

 

de Nossa Senhora. “O que há de particular na mensagem de Fátima que justifique a atenção que suscita, a atração que exerce, o amplo eco mundial que alcançou?”, é esta a questão que D. António Marto procura responder.

Para o vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, o padre José Tolentino Mendonça, trata-se de uma obra “imprescindível para quem queira entender Fátima”.

O sacerdote é responsável também pela coordenação da coleção ‘Argumento’, onde o livro em causa está inserido. Já a jornalista e escritora Maria João Avilez, salienta a forma “admirável” como a obra de D. António Marto ajuda a “olhar 

 

para Fátima” e a “pensar nela”.

De acordo com a comunicadora, será “porventura o mais luminoso e desafiante” texto “sobre esta história centenária” que tem como base a Cova da Iria, “fenómeno de mistério, revelação e advertência, luz e consolação”.

D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima desde 2006, é doutorado em Teologia pela Universidade Pontifícia Gregoriana, tendo sido diretor-adjunto da Faculdade de Teologia do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa. Antes de ser assumir os destinos da sua atual diocese, foi também bispo auxiliar de Braga e bispo de Viseu.

 

 

A obra «Voluntariado católico com misericórdia» da autoria do padre Aires Gameiro vai ser apresentada, dia 30 de março, às 18h30, no Chiado Café Literário, em Lisboa. Eugénio José da Cruz Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, e Susana Queiroga, do Instituto São João de Deus são os apresentadores desta obra que tem a chancela «Editora Chiado», lê-se na nota enviada à Agência ECCLESIA. O padre Aires Gameiro é sacerdote da Ordem Hospitaleira de São João de Deus e doutorado em Teologia Pastoral da Saúde e tem muitos livros escritos sobre várias temáticas.

 

 

 

II Concílio do Vaticano: O ecumenismo
do cónego Geraldes Freire

 

O II Concílio do Vaticano (1962-65) ainda não tinha dado os primeiros passos e o termo «ecumenismo» raramente era pronunciado. Todavia, de 1957 a 1959, o cónego José Geraldes Freire desempenhou as funções de capelão militar no Quartel de Santa Margarida. Aí, segundo as suas próprias palavras, «recebeu lições de respeito pelas hierarquias, de camaradagem e de espirito de sacrifício, de cumprimento abnegado do dever».

Numa época em que mal se falava de ecumenismo, este sacerdote natural da Diocese de Portalegre – Castelo Branco encontrou naquele quartel militar um subordinado que era pastor da Igreja Baptista e o com o qual “manteve cordeais relações durante bastante tempo, atitude pouco comum naquela época e já reveladora do seu espírito tolerante”, escreveu João Ribeirinho Leal na revista «Humanitas»; Vol L (1958).

Esta figura da Igreja e professor catedrático jubilado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra faleceu este mês de março, na cidade do Mondego. Nasceu a 14 de maio de 1928, em S. Miguel d'Acha, e foi ordenado presbítero a 15 de agosto de 1951 na catedral de Portalegre.

O padre José Geraldes Freire foi nomeado professor do Seminário Maior de Portalegre em 1955 e, a partir de 28 de setembro de 1963, é “autorizado a exercer o cargo de Professor de Clássicas na Universidade”.

Com apenas 21 anos de idade tornou-se secretário de D. António Ferreira Gomes, na altura bispo de Portalegre – Castelo Branco. O prelado esteve naquela diocese 

 

 

 

 

 

portuguesa de 1948 a 1952. O próprio cónego Geraldes Freire escreveu na obra «D. António Ferreira Gomes – Escritos Pastorais de Portalegre (1948-1952)», editada pela Fundação SPES, que “guardo recordações imorredouras de uma convivência próxima, que me permitiu ouvir muitas das suas alocuções e conversas, enfim, conhecer o pensamento de D. António, expresso quer de modo renovado, quer de modo recorrente, mas sempre com abordagens novas”.

Conhecedor das “brilhantes qualidades intelectuais do novo sacerdote”, D. António Ferreira Gomes designou-o também como redator principal do órgão diocesano «O Distrito de Portalegre». Beneficiando da “notável ação e do forte dinamismo” do novo seu redator «O Distrito de Portalegre» renovou-se, “aumentou significativamente as suas tiragens”, transformou-se num verdadeiro jornal de opinião ao serviço da diocese e de acordo com a “orientação do espírito lúcido e da superior inteligência de D. António Ferreira Gomes, seu assíduo 

 

 

colaborador”, lê-se no testemunho João Ribeirinho Leal. A rúbrica «Notas e Factos» da autoria de Geraldes Freire fizeram e ficaram na história.

Uma obra que fica para a posteridade deste ilustre sacerdote é: «Resistência Católica ao Salazarismo – Marcelismo».

 

 

 

 

Março 2017

Dia 25 março

*Itália – Milão - O Papa Francisco visita a Diocese de Milão

 

*Fátima - Assembleia geral da CNIS

 

*Aveiro – CUFC - Celebração dos 30 anos do CUFC com celebração presidida por D. António Moiteiro, bispo de Aveiro, e lançamento de monumento.

 

*Lisboa - Paróquia de Linda-a-Velha - Jornada coral de Música Sacra promovida pela Escola Diocesana de Música Sacra em colaboração com a Escola de Música Nossa Senhora do Cabo e a Paróquia de Linda-a-Velha.

 

*Macedo de Cavaleiros - Celebração do quarto aniversário do Serviço Diocesano da Pastoral do Turismo de Bragança-Miranda com o percurso pedestre «Caminhando com Maria» entre Podence, a partir “da tradição tão transmontana do careto”, e o Santuário da Senhora do Campo, em Macedo de Cavaleiros.

 

*Lisboa - Museu do Oriente - Encontro «A Coragem de Fazer a Diferença» 

 

promovido pela ACEGE NexT, comunidade que pretende representar as gerações mais novas de associados e futuros associados da ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores).

 

*Évora - auditório dos Salesianos - A arquidiocese de Évora organiza umas jornadas socio-caritativas e encontro dos centros sociais e paroquiais.

 

*Coimbra - Sé Velha - Celebração do Dia Mundial CVX e comemoração «50 anos dos Princípios Gerais da CVX» e lançamento da AN2017.

 

*Lisboa - Convento de São Domingos - Conferência sobre «É possível testemunhar a fé sem espírito nem métodos de cruzada?» por Paulo Mendes Pinto e K. Faranaz e promovida pelo Instituto São Tomás de Aquino.

 

*Santarém - Museu Diocesano - O Museu Diocesano de Santarém promove um jantar temático «Uma ementa para a Última Ceia» integrado na programação cultural da instituição.

 

 

 

 

*Aveiro - Junta de Freguesia de Cacia - Tertúlia «Humanizar na floresta dos nossos medos» com o padre João Gonçalves e promovida pela LOC/MTC.

 

*Bragança – Sé - A Diocese de Bragança-Miranda vai homenagear numa sessão pública Luís Vassalo Rosa, o arquiteto responsável pelo projeto e obra da catedral.

 

*Lisboa - Paróquia de Alfragide - A Paróquia de Alfragide promove uma conferência com a presença Adelino Ascenso, um padre católico conhecedor dos países orientais e, em especial, da realidade japonesa, e tem como mote o filme «Silêncio» de Martin Scorsese.

 

*Fátima - Seminário do Verbo Divino - XII Encontro Nacional da APARF (Associação Portuguesa Amigos de Raoul Follereau) com o tema «30 anos - Prevenir para Erradicar». (25 e 26)

 

*Beja - Santiago do Cacém - Sessão do festival «Terras sem Sombra» em Santiago do Cacém (25 e 26)

 

 

Dia 26 de março

*Braga - Caminhada quaresmal a Sistelo promovida pela Pastoral Universitária

 

*Lisboa - Lançamento da obra «Peregrinação - Testemunhos que nos unem» de Leonor Xavier com apresentação de José Tolentino Mendonça

 

*Lisboa - Externato da Luz - Assembleia Diocesana de Catequistas

 

*Batalha - Lateral Sul do Mosteiro - O Rancho Folclórico «Rosas do Lena» (Batalha) promove encontro de grupos que entoam «Cânticos de Quaresma»

 

*Beja – Sé - Apresentação do livro com CD «Com Maria», com  a presença do maestro padre António Cartageno e a participação do Coro do Carmo de Beja e do Coro da Catedral de Lisboa.

 

*Porto - Casa da Música - Exibição do projeto artístico «Tropário para uma pastora de ovelhas mansas», uma iniciativa integrada nas comemorações do Centenário das Aparições.

 

Dia 27 de março

*Coimbra - Castanheira de Pera - Encontro interescolas da Diocese de Coimbra da disciplina de EMRC

 

*Lisboa - Capela do Rato - Sessão do curso «grandes correntes da ética ocidental» na Capela do Rato

 
 

 

 

   

 

O Papa Francisco vai receber hoje, no Vaticano, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia para assinalar 60 anos do Tratado de Roma.

 

 

A Diocese de Leiria-Fátima vai apresentar esta sexta-feira, no Seminário de Leiria, um novo serviço de Apoio à Maternidade em Dificuldade, integrado nos setores da pastoral social, da saúde e da família.

 

 

A Federação Internacional das Universidades Católicas (FIUC) vai promover esta sexta-feira em Roma um seminário sobre a atual crise de migrantes e refugiados.

 

 

Entre hoje e amanhã, as dioceses católicas de todo o mundo são convidadas a reservar «24 horas para o Senhor», promovendo a oração e o sacramento da Reconciliação.

 

 

Também até sábado, Fátima acolhe o Conselho nacional da Pastoral Juvenil.

 

 

O dia 25 de março é ocupado pelo Papa Francisco a visitar a Arquidiocese de Milão, num programa que inclui um almoço com presos

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h30

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo:

10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Entrevista de Aura Miguel

 

Segunda-feira:

12h00 - Informação religiosa

 

Diariamente

18h30 - Terço

 

 

 
RTP2, 13h00

Domingo, 19 de março, 13h30 - Dia Cáritas:  Projetos de todos os dias nas Cáritas diocesanas.

 

Segunda-feira, dia 20, 15h00 

Entrevista ao padre Samuel Guedes sobre Sílvia Cardoso, 100 anos depois de se ter dedicado ao "apostolado cristão".

 

Terça-feira, dia 21, 15h00  - Informação e entrevista ao padre Tiago Neto, sobre a Quaresma no ambiente da catequese.

 

Quarta-feira, dia 22 de março, 15h00 - Informação e entrevista a Luís Lobo Xavier sobre o projeto ACEGE NEXT.

 

Quinta-feira, dia 16, 15h00 - Informação e entrevista de comentário à atualidade.

 

Sexta-feira, dia 17, 15h00  -  Análise à liturgia de domingo pela irmã Luísa Almendra e o padre Nélio Pita.

 

Antena 1

Domingo, 26 de março – 13ª edição do Festival Terras Sem Sombra

Segunda a Sexta-feira, 27 a 31 de março – Propostas culturais e turísticas nas dioceses de Bragança-Miranda, Angra, Beja, no Santuário de Fátima e no Fundão, com a livraria Paulus.

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano A – 4.º Domingo da Quaresma

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Viver como filhos da luz
 
 

Palavra de Deus deste quarto domingo da Quaresma define a experiência cristã como “viver na luz”.

No Evangelho, Jesus apresenta-Se como a luz do mundo. Na segunda leitura, Paulo propõe aos cristãos de Éfeso que escolham a luz, recusando viver nas trevas, à margem de Deus. A primeira leitura não se refere diretamente ao tema da luz. No entanto, a escolha de David para rei de Israel e a sua unção é um ótimo pretexto para refletirmos sobre a unção que recebemos no dia do nosso Batismo e que nos constituiu testemunhas da luz de Deus no mundo.

Mas voltemos ao Evangelho, no episódio do cego de nascença que apresenta Cristo como luz do mundo. «Tu acreditas no Filho do homem?», pergunta Jesus. O cego respondeu-Lhe: «Senhor, quem é Ele, para que eu acredite?» Disse-lhe Jesus: «Já O viste: é Quem está a falar contigo». O homem prostrou-se diante de Jesus e exclamou: «Eu creio, Senhor».

A afirmação de fé que o cego faz com alegria e a adesão incondicional a Jesus e à sua proposta libertadora deveriam ser modelo para todos nós. O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecê-l'O como o único Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva-nos a viver como filhos da luz.

Em tempo de Quaresma, a Palavra de Deus convida-nos a um processo de renovação que nos leve a deixar tudo o que nos escraviza, aliena e oprime, a deixar tudo o que não deixa brilhar em nós a luz de Deus e impede a nossa plena realização.

Para que a celebração da ressurreição na manhã de 

 

 

 

 

Páscoa seja plena de significado, é preciso realizarmos esta caminhada quaresmal e renascermos como homens novos que vivem na luz e dela dão testemunho. Há, certamente, um longo e constante caminho a percorrer para que tal aconteça.

Receber a luz que Cristo oferece é também acender a luz da esperança no mundo, eliminando as trevas que geram sofrimento, injustiça, mentira e alienação. Há que fazer com que a luz de Cristo, que os padrinhos nos passaram em testemunho no dia em que fomos batizados, continue a 

 

brilhar em nós e a iluminar o mundo.

Voltemos ao convite de São Paulo para vivermos na luz, porque somos filhos da luz. Em concreto, tal significa praticar as obras de Deus: a bondade, a justiça e a verdade. Para isso, a atitude é ainda proposta na segunda leitura: «Desperta, tu que dormes; levanta-te do meio dos mortos e Cristo brilhará sobre ti». Que assim seja nesta quarta semana da Quaresma!

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

 

conversão do bispo a Fátima

 

O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, disse esta quarta-feira, nas I Jornadas de Comunicação Social do Santuário de Fátima, que o horizonte da mensagem da Cova da Iria “ultrapassa as fronteiras portuguesas”. Ao falar sobre ‘Fátima hoje: a atualidade da mensagem de Fátima’, D. António Marto recordou que foi “cético em relação ao fenómeno”, mas converteu-se à Mensagem de Fátima.

 

 

Nos tempos de criança recebeu a imagem de Fátima, todavia na altura do maio de 68 o atual bispo de Leiria-Fátima olhava “com certo desdém para a piedade popular”, disse à Agência ECCLESIA. A viragem deu-se quando foi convidado para fazer, na década de noventa, uma conferência no Santuário de Fátima e para se preparar teve de “ler as memórias da Irmã Lúcia”, referiu.

 

 

 

 

 

Gostou tanto do livro que o leu “três vezes” e encontrou as “linhas hermenêuticas” da Mensagem de Fátima, frisou D. António Marto.

Para o bispo de Leiria-Fátima, a mensagem da Cova da Iria é a “porta-voz do clamor das vítimas” das correntes filosóficas do século XX, tal como as duas guerras mundiais. “É uma palavra profética para o nosso tempo”, salientou o responsável diocesano.

A Mensagem de Fátima é “um apelo constante” para que o peregrino abra “o seu coração” e “a graça e a misericórdia” são os conceitos que sintetizam a mensagem de Nossa Senhora de Fátima aos Pastorinhos.

A conferência do bispo de Leiria-Fátima estava integrada no painel sobre os eixos teológicos da Mensagem de Fátima nas I Jornadas de Comunicação Social do Santuário de Fátima que decorreram no Centro Pastoral Paulo VI.

 

Francisco já habituou todos a surpresas

O reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, considera 

 

que apesar do programa da visita do Papa Francisco à Cova da Iria “estar fechado”, ele tem “uma grande criatividade e liberdade na gestão dos processos”. “Há sempre possibilidade de novidades tratando-se do Papa Francisco”, disse à Agência ECCLESIA.

O programa oficial foi divulgado, “mas existe sempre um espaço de liberdade que o Papa terá para fazer alterações momentâneas”, afirmou o sacerdote.

A visita do Papa Francisco integra-se nas comemorações do centenário das aparições de Fátima e ele “quis vir como peregrino por sua opção”, sendo uma “visita curta não há possibilidade de programar outros encontros”, realçou o padre Carlos Cabecinhas.

No painel sobre os ‘Eixos Teológicos da Mensagem de Fátima’, moderado pelo diretor da Agência ECCLESIA, Paulo Rocha, o padre Carlos Cabecinhas abordou o tema ‘Fátima e a Igreja’ e disse que a espiritualidade de Fátima inspira “ao desafio” e que toda a “peregrinação autêntica é um caminho de conversão”.des especiais.

 

 

 

Língua Gestual Portuguesa nas celebrações do Papa em Fátima

A diretora de comunicação do Santuário de Fátima disse que as celebrações presididas pelo Papa Francisco a 12 e 13 de maio vão contar, “pela primeira vez”, com tradução em Língua Gestual Portuguesa. Carmo Rodeia disse aos jornalistas presentes em Fátima que esta decisão quer ser um sinal de “respeito” pela população com deficiência que vai acompanhar a visita pontifícia, no Centenário das Aparições.

O grupo de intérpretes de língua gestual portuguesa que colabora com o Santuário de Fátima é composto por 12 elementos que semanalmente, ao domingo, interpretam em língua gestual portuguesa a missa das 15h00, na Basílica da Santíssima Trindade.

Em dezembro, o Papa Francisco desejou um “Santo Natal”, em língua gestual num vídeo em que pediu que rezassem por ele, publicado na rede social Twitter.

A diretora de comunicação do Santuário de Fátima adiantou que, até ao momento, estão inscritas 550 peregrinações com 80 mil peregrinos estrangeiros. 

 

A visita do Papa vai ter transmissão em direto através da página oficial da visita do Papa, com ligação a vários Santuários do mundo, como Lourdes, Aparecida e Guadalupe, além de capelas dedicadas a Nossa Senhora de Fátima.

A presença de Francisco vai poder ser acompanhada por ecrãs gigantes colocados ao longo do recinto.

 

Comunicação após o centenário é um desafio para o Santuário

O chefe de redação da Agência ECCLESIA e o editor de Lusofonia e Internacional da Agência Lusa debateram na primeira Jornada de Comunicação Social do Santuário de Fátima o tema ‘comunicar Fátima’, colocando o desafio no “pós-centenário”.

Para Octávio Carmo, a Igreja Católica enfrenta o desafio de “conquistar o espaço mediático”, nomeadamente fora do decurso de grandes eventos religiosos, como a presença do Papa num santuário. “A conquista do 

 

 

 

 

espaço mediático exige trabalho”, disse o vaticanista da Agência ECCLESIA.

Paulo Agostinho, da Agência Lusa, considera que os coordenadores da comunicação na Igreja Católica, nomeadamente no Santuário de Fátima, “não precisam de se preocupar” com comunicar o Papa Francisco no santuário, mas mostrar o que se repete há cem anos na Cova da Iria. 

O editor da Lusa considera que 

 

“Fátima não tem noção da sua pegada mediática no mundo”, nomeadamente pela capacidade que o santuário teve de colocar o tema religião nos “órgãos de comunicação social laicos”. “Neste momento, Fátima funciona pelo critério de composição e integração no espaço mediático”, defendeu Paulo Agostinho, desafiando os comunicadores a “redefinir a imagética de Fátima” para lhe dar mais relevo nos meios de comunicação social.

 

 

 

Zanzibar: a guerra silenciosa contra os cristãos

“Sou padre, morrerei aqui!”

É raro o dia em que não se verifica algum incidente com a minoritária comunidade cristã em Zanzibar. Nos últimos anos, a tensão tem vindo a crescer, com ataques a Igrejas, assassinato de sacerdotes, ameaças a irmãs, intimidação de catequistas… Grupos radicais islâmicos desejam expulsar os cristãos deste arquipélago da Tanzânia e ninguém se sente em segurança.

 

O Padre Cosmas Shayo foi das últimas pessoas a despedir-se do Padre Evaristo Mushi. Foi um sábado, dia 16 de Fevereiro de 2013. Há datas que nunca mais se esquecem. “Estávamos sentados, eu, o Bispo, D. Thomas, e o Padre Mushi, a jantar e a falar, e quando terminámos a refeição ficámos a conversar. Despedimo-nos por volta das 22 horas.” Foi a última vez que estiveram juntos. No dia seguinte, de manhã, o Padre Evaristo dirigiu-se para catedral de Zanzibar para celebrar a Missa. Foi seguido por dois homens numa motocicleta. Quando chegou perto da catedral, uma terceira pessoa aproximou-se e saudou-o. Era uma armadilha. Um dos assaltantes puxou de uma pistola e 

 

disparou à queima-roupa. Os fiéis que estavam no templo escutaram o estampido seco, mas estavam longe de imaginar toda a tragédia. O Padre Thomas Assenga mal soube do ataque, correu para o hospital para lhe dar a extrema-unção. Chegou tarde de mais. “Ele já tinha morrido… Era um homem bom, generoso e as pessoas gostavam dele. Era um sacerdote santo e dedicado ao seu trabalho.”

Um homem bom e generoso. Apesar disso, foi assassinado. Porquê? A verdade é que, a cada dia que passa, cresce o receio entre a minoritária comunidade cristã em Zanzibar. Desde há um par de anos que esta região, famosa como destino turístico, tem sido abalada por ataques com motivação religiosa. Os extremistas islâmicos parecem ter apenas um objectivo: erradicar a presença cristã da região. O assassinato do Padre Evaristo foi só um dos episódios dessa onda de violência que tem sequestrado pelo medo a comunidade cristã local. Desde então, apenas desde 2013, além do assassinato do Padre Evaristo, um outro sacerdote foi decapitado e outro ficou ferido após lhe terem atirado com ácido para 

 


 

o rosto, e uma bomba explodiu no exterior de uma igreja em Arusha, matando duas pessoas e ferindo trinta. Calcula-se que só na região de Kagera tenham sido incendiadas mais de treze igrejas.

 

Vírus do radicalismo

O Padre Cosmas Shayo não esconde a enorme apreensão entre a comunidade cristã. O vírus do radicalismo islâmico está à solta e, na verdade, todos se sentem ameaçados. Há muito medo e tensão. Ninguém sabe o que se seguirá. “Mas sabemos que tudo está nas mãos de Deus.” O medo é terrível. Diz ainda o Padre Cosmas: “Claro, as pessoas têm 

 

 

medo. Eu próprio tinha muito medo mas disse: ‘sou Padre e este é o meu local de trabalho. Se eles quiserem matar-me, morrerei aqui!’ Mas não posso fugir e deixar o povo para trás.” O assassinato do Padre Evaristo Mushi e os atentados que, desde 2013, têm desassossegado a comunidade cristã de Zanzibar. A Igreja, neste arquipélago, é muito pobre. Precisa muito da nossa ajuda. Foi também a pensar nos cristãos de Zanzibar que a Fundação AIS lançou uma Campanha de Solidariedade nesta Quaresma. Este é um desafio que se coloca a cada um de nós. Vamos ajudá-los?

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

 

 

ESPIRITANOS, 150 ANOS EM PORTUGAL

V Jornadas de Espiritualidade Missionária

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Os Espiritanos chegaram a Portugal há 150 anos e D. António Couto, Bispo de Lamego, Biblista e Missionário da Boa Nova, falou de 150 anos de maravilhas. Mais de 460 pessoas aceitaram o desafio e responderam ‘sim’ ao convite para um tempo especial de formação, reflexão, partilha, oração e confraternização, em Família. Foram, em Fátima, as V Jornadas de Espiritualidade Missionária Espiritana.

A Irmã Ângela Coelho, da Aliança de Santa Maria e responsável pela postulação da beatificação e canonizações dos Pastorinhos de Fátima, falou à assembleia deste centenário das Aparições e da riqueza da mensagem de Fátima para os nossos tempos. Chamou a atenção para a ligação profunda entre os Espiritanos e Fátima: o Imaculado Coração de Maria!

Roma fez-se presente com o Irmão Marc Tyrant, francês, 2º assistente geral dos Espiritanos e o P. Maurice Shortall, irlandês, conselheiro geral. Ambos apresentaram à assembleia a Missão da Congregação com quase 3 mil Espiritanos espalhados pelos cinco continentes. Falaram de uma missão com alegrias e tristezas, com esperanças e angústias. Há situações muito favoráveis à Missão, mas outras de grande risco para os missionários e o povo: Argélia, Mauritânia, República Centro Africana, Sudão do Sul, Paquistão…

‘A história tem um coração a bater connosco’ foi a frase que deu tom a um momento especial 

 

 

 

pois juntou, à mesma mesa, todos os Provinciais Espiritanos ainda vivos. Cada um foi partilhando as alegrias e angústias dos seus 6 ou 9 anos de Missão como Superior Provincial, ao serviço da animação da Província Portuguesa dos Espiritanos.

Um dos grandes ausentes-presente foi o P. José Manuel Sabença, falecido em Dezembro, aos 56 anos. Estas Jornadas prestaram-lhe uma profunda e sentida homenagem, com um minuto de silêncio, com a projecção de um vídeo feito por ocasião da morte e com a partilha do que foram os seus três mandatos de Superior 

 

 

Provincial, entre 2004 e 2012.

Foram lançadas três obras: o álbum que mostra a história da Missão Espiritana em Portugal nestes 150 anos de presença, com texto de Aristides Neiva e grafismo de Victor Silva; uma colectânea da Parábolas recontadas pelo P. Adélio Torres Neiva; as ‘Instruções aos Missionários’, do P. Francisco Libermann, traduzidas e apresentadas pelo P. Agostinho Tavares.

A Eucaristia de Encerramento foi uma grande Festa da Missão. Deus continua a realizar maravilhas e é preciso coragem para as contar.