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Octávio Carmo |
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AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo Aguiar Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Um Papa igual a si próprio
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![]() Octávio Carmo Agência ECCLESIA |
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A muito aguardada visita do Papa Francisco a Fátima, por ocasião do centenário das aparições, não foi propriamente relâmpago - porque é legítimo esperar que a sua memória continue a “iluminar” o rosto de muitas pessoas durante os próximos tempos. O Santuário vestiu-se com as cores do mundo, confirmou a sua vocação universal e acolheu como peregrino um Papa que nunca precisou de deixar de ser igual a si próprio para ser acarinhado, ouvido e entendido. O meu primeiro comentário ao que estava a testemunhar na Cova da Iria foi para o silêncio: Francisco evitou que o clima de festa com que, naturalmente, foi acolhido, transformasse o recinto de oração num ‘Papódromo’. O silêncio na Capelinha das Aparições recentrou toda a multidão no essencial, do ponto de vista católico, à margem dos shows e da procura de exibicionismo mediático. Uma lição. Tal como Bento XVI, em 2010, o Papa Francisco quis trazer a Fátima uma reflexão sobre o papel da Virgem Maria na vida da Igreja, da devoção popular, da transformação que a festa da fé na Cova da Iria deve gerar em cada pessoa. A emoção de viver, pela primeira vez, uma peregrinação neste santuário português foi complementada por discursos simples, diretos, que não apareceram como corpos estranhos no que têm sido as preocupações do atual pontificado. Nem o contrário se esperava. Entre o silêncio e os discursos, houve também |
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espaço para caminhar. Com surpresa, viu-se Francisco descer do papamóvel e, como tantos peregrinos, seguir a pé o percurso para a Capelinha das Aparições. Um gesto simbólico, próprio de alguém que defende uma Igreja a caminho, viajante, ao encontro de quem está longe. Do abraço à criança miraculada ao lenço branco na mão, para o Adeus à imagem de Nossa Senhora, muitas serão as imagens que ficam na história da sexta visita de um Papa à Cova da Iria. O certo é que o centenário encerra um ciclo próprio na dinâmica do Santuário e desafia a Igreja Católica em Portugal a olhar para o futuro, para o novo centenário que agora começa, procurando novas
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formas de transmitir a mensagem ali deixada, evitando que Fátima seja manipulável por interesses comerciais, da indústria do entretenimento ou de um certo sincretismo religioso. Por ser igual a si próprio, Francisco deixou em Fátima um apelo à recuperação da essencialidade da proposta católica na Cova da Iria, depurando-a de todos os elementos que não são próprios de um santuário nem da devoção mariana. Um desafio para todos na Igreja Católica em Portugal, para que Fátima não seja um lugar onde se espera, mas do qual se parte, ao encontro de todos, em particular “dos que mais precisarem”, como ali se ensina. |
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"O Governo já o disse e o PS reitera essa tendência de que há uma carga fiscal excessiva no país, quer sobre as empresas, quer sobre as pessoas. Preservando o equilíbrio orçamental e a necessidade de afetação de recursos a outras áreas de investimento, deve caminhar-se no sentido do alívio fiscal e fazê-lo da forma mais intensa possível" Carlos César, presidente do PS, Lisboa, 18.05.2017
"Não queiram persistir em dizer aos portugueses que o que de bom acontece neste período de tempo é mérito vosso, e que os graves problemas que a realidade da saúde evidencia são sempre culpa do passado e em nada vos dizem respeito. Para o CDS, é tempo de o governo assumir responsabilidades" Isabel Galriça Neto, deputada do CDS-PP, Lisboa, 18.05.2017
“Nós temos em comum o sermos povos realistas, mas românticos. Os azulejos e o fado são exemplo disso mesmo" Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, em visita de Estado à Croácia, Zagreb, 18.05.2017
"Esperamos que os deputados de todos os partidos, de todas as bancadas, possam dar a resposta democrática que se exige. É uma questão de princípio não aceitar que o PS possa ter a pretensão de condicionar tudo e todos na sociedade portuguesa e chegar mesmo ao condicionamento interpartidário" Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, a respeito da eleição para o Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa, Lisboa, 18.05.2017 |
Comunicar a esperança e a confiança
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D. Pio Alves, Graça Franco e Júlio Isidro vão apresentar a mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais no próximo dia 22 de maio, no auditório da Rádio Renascença, em Lisboa, às 16h00. A sessão de apresentação da mensagem do Papa, que tem por |
tema “Comunicar a esperança e a confiança no nosso tempo”, é promovida pelo Secretariado Nacional das Comunicações Socais, órgão executivo da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais. O encontro começa com uma |
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saudação do diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Socais e presidente do Conselho de Gerência da Renascença Multimédia, padre Américo Aguiar, a que se segue a apresentação do documento do Papa por D. Pio Alves, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Socais. Graça Franco, diretora de informação da Rádio Renascença, e Júlio Isidro, apresentador de televisão na RTP, fazem depois um comentário às propostas do Papa para a comunicação social na atualidade. Na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa Francisco desafiou os media e os jornalistas de todo o mundo a passar de uma lógica de “notícias más” para uma da “boa notícia”, rejeitando o sensacionalismo e a exploração
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dos dramas humanos. “Creio que há necessidade de romper o círculo vicioso da angústia e travar a espiral do medo, resultante do hábito de fixar a atenção nas ‘notícias más’ (guerras, terrorismo, escândalos e todo o tipo de falhanço nas vicissitudes humanas)”, refere o Papa na mensagem para o 51.º Dia Mundial das Comunicações Sociais. A mensagem do Papa foi publicada na festa litúrgica de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas (24 de janeiro). O Dia Mundial das Comunicações Sociais, única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II (decreto ‘Inter Mirifica’, 1963), é celebrado no domingo que antecede o Pentecostes, este ano no dia 28 de maio. |
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Aveiro promove processo para canonização da Beata Joana, princesa |
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O bispo de Aveiro anunciou que a diocese vai instituir um tribunal próprio para dar início à fase diocesana do Processo de Canonização da Beata Joana, princesa, por indicação do Vaticano. Os responsáveis vão tomar posse no dia da Igreja Diocesana, a 25 de junho, no Santuário de Shcoenstatt. D. António Moiteiro revelou os próximos passos para a proclamação oficial da santidade da Beata Joana durante a festa litúrgica da padroeira de Aveiro, a 12 de maio. “Depois de ter consultado a Congregação das Causas dos Santos, foi-nos comunicado que «importa promover um processo diocesano para recolher testemunhas e documentos sobre a vida, virtudes e continuação da fama de santidade para se alcançar a desejada Canonização»”, adianta o bispo de Aveiro, citando uma carta recebida no último dia 23 de março. Em 2015, a Diocese de Aveiro promoveu a reabertura do processo de canonização da beata, que o povo de Aveiro trata por ‘santa’ |
e que Paulo VI constituiu sua padroeira, a 5 de janeiro de 1965. Filha de el-rei D. Afonso V e da rainha D. Isabel, deixou Lisboa e a Corte em 1472 com o fim de se dedicar à vida claustral; a beata foi religiosa de clausura no Mosteiro de Jesus das dominicanas, tendo falecido em 12 de maio de 1490. D. António Moiteiro explica que abertura de um processo diocesano de canonização visa uma maior “conhecimento da vida e obra de «Santa» Joana”. |
Semana da Vida com apelos contra marginalização e ameaças a pessoas indefesas |
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A Semana da Vida que decorre até domingo, em Portugal, quer colocar no centro da reflexão as várias “ameaças à família” em especial das pessoas “indefesas” e “marginalizadas”. “As pessoas são marginalizadas e a sociedade é mais defensora da morte do que da vida”, disse à Agência ECCLESIA Manuel Marques, responsável pelo Departamento Nacional da Pastoral Familiar. O responsável foca o distanciamento entre gerações, que vota os mais velhos ao isolamento e à “exploração”. “Uma pessoa investe na sua vida profissional, faz o melhor possível e o melhor que sabe ao longo da sua vida, ao serviço dos outros. E chega a um ponto que as pessoas são rejeitadas e exploradas no final da vida”. Manuel Marques critica ainda as ameaças à vida como a eutanásia e o aborto, situação que acontece com o “beneplácito da sociedade civil”. “A sociedade devia ser tocada pelo apelo de se cuidar da vida em toda e qualquer circunstância”, frisa o responsável. |
A Semana da Vida chega às pessoas através de um guião com propostas de reflexão, extraídas da carta apostólica do Papa «A Alegria do amor», que incidem sobre o ser família, para os diferentes dias. O responsável frisa que o “encontro geracional” cria “relação, afetividade, amor, ternura e a alegria de ser família”. “Há um mundo de afeto, gratidão e graça que estreita e enriquece a família, e lhe dá forma para testemunhar na Igreja e na sociedade”. O guião sugere algumas pistas às comunidades na abordagem de temas, mas trata-se de uma orientação “mínima”, deixando às comunidades a “liberdade para as pessoas” para optarem pelas reflexões mais adequadas. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Museu Nacional de Arte Antiga apresenta obras do Vaticano em mostra inédita |
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«Portugal Católico»
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Atenção a todas as crianças
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O Papa Francisco disse este domingo no Vaticano que a canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, falecidos com 10 e 9 anos, respetivamente, é um sinal de atenção por todas as crianças. “Com a canonização de Francisco e Jacinta, quis propor a toda a Igreja o seu exemplo de adesão a Cristo e de |
testemunho evangélico. Também quis propor a toda a Igreja que tome conta das crianças”, realçou, falando a milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, para a recitação do Regina Coeli, um dia após ter concluído a sua peregrinação a Fátima. A respeito da canonização a que presidiu na Missa do dia 13 de maio, |
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o Papa sublinhou que a santidade de Francisco e Jacinta Marto “não é consequência das aparições, mas da fidelidade e do ardor com que eles corresponderam ao privilégio recebido de poder ver a Virgem Maria”. “Em Fátima, Nossa Senhora escolheu o coração inocente e a simplicidade dos pequenos Francisco, Jacinta e Lúcia como depositários da sua mensagens. Os pastorinhos acolheram-na dignamente, ao ponto de serem reconhecidos como testemunhas fiáveis das aparições e tornando-se modelos de vida cristã”, declarou. Segundo informação oficial da sala de imprensa da Santa Sé, enviada à Agência ECCLESIA, na Missa de canonização estiveram presentes cerca de 500 mil pessoas no recinto do Santuário de Fátima. O Papa evocou os encontros dos pastorinhos com a “Senhora bonita”, depois dos quais “recitavam com frequência o Rosário, faziam penitência e ofereciam sacrifícios para obter o fim da guerra e para as almas mais necessitadas da divina misericórdia”. Essa atitude de oração e penitência, |
acrescentou, é necessária ainda hoje para “implorar a graça da conversão, para implorar o fim de tantas guerras que estão por todo o lado, no mundo, e que crescem cada vez mais”. Francisco apelou ao fim de “conflitos absurdos, grandes e familiares, pequenos, que desfiguram o rosto da humanidade”. “Deixemo-nos guiar pela luz que vem de Fátima. Que o Coração Imaculado de Maria seja sempre o nosso refúgio, a nossa consolação, e o caminho que nos conduz a Cristo”, concluiu. Após a recitação do Regina Coeli, o Papa evocou a perseguição contra a minoria yazidi, no Médio Oriente, e convidou os presentes a rezar, em silêncio, pelas suas mães, cujo dia se assinalava em muitos países. |
Papa agradece viagem a Fátima |
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O Papa agradeceu no Vaticano a todos os que viveram com ele a peregrinação a Fátima, a 12 e 13 de maio, recordando em particular o “silêncio” da oração e a canonização de Francisco e Jacinta Marto. “Ontem [sábado] à tarde regressei da peregrinação a Fátima – vamos saudar Nossa Senhora de Fátima - e a nossa oração mariana de hoje assume um significado particular, carregado de memória e de profecia, porque olha para a história com os olhos da fé”, disse, provocando uma salva de palmas de milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro. Antes da tradicional recitação da oração do Regina Coeli, que no tempo pascal substitui o ângelus, Francisco passou em revista os vários momentos das mais de 23 horas que acabou de passar em território português. Em Fátima, sublinhou o Papa, há um “rio” de oração que “corre há 100 anos” para pedir a proteção da Virgem Maria sobre o mundo. “Agradeço ao Senhor por me te dado a oportunidade de deslocar-me aos pés da Virgem Maria como peregrino de esperança e de paz”, declarou. O Papa elogiou o “silêncio orante |
de todos os peregrinos” que o acompanharam desde o início, no seu recolhimento, diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima na Capelinha das Aparições. “Criou-se um clima de recolhimento e contemplativo, no qual se viveram vários momentos de oração”, referiu. Francisco deixou uma referência à presença de “muitos doentes”, que considerou “protagonistas da vida litúrgica e pastoral de Fátima, como de qualquer santuário mariano”. O Papa agradeceu “de coração”, pela sua viagem, “aos bispos, o bispo de Leiria-Fátima, às autoridades do Estado, o presidente da República, e a todos os que ofereceram a sua colaboração”. Este sábado, ao deixar Portugal, Francisco enviou uma mensagem a Marcelo Rebelo de Sousa, na qual manifestava “profunda gratidão” ao povo português pelo seu “caloroso acolhimento e hospitalidade”. |
Papa critica cultura do descarte na investigação com embriões humanos |
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O Papa Francisco alertou no Vaticano para a destruição de embriões humanos na investigação científica, ao receber doentes de Huntington, familiares, médicos e outros profissionais da saúde de várias partes do mundo. “Alguns ramos da investigação utilizam embriões humanos, causando inevitavelmente a sua destruição. Sabemos que nenhuma finalidade, por mais nobre que seja - como a previsão de uma utilidade para a ciência, para outros seres humanos ou para a sociedade -, pode justificar a destruição de embriões humanos”, defendeu, no discurso que proferiu na sala Paulo VI, esta quinta-feira. Francisco alertou para “a cultura do descarte” no mundo da investigação científica e deixou apelos para que utilizem outros recursos disponíveis. A Doença de Huntington é uma doença neurológica hereditária caracterizada por causar movimentos corporais anormais e falta de coordenação, afetando várias capacidades mentais e alguns aspetos da personalidade. “Durante muito tempo o medo e as dificuldades que caracterizaram a vida dos doentes de Huntington criaram em volta |
deles desentendimentos, barreiras e marginalizações. Em muitos casos os doentes e seus familiares viveram o drama da vergonha, do isolamento e do abandono”, lamentou o Papa. Francisco desejou que estas pessoas não tenham de voltar a “esconder-se” e passou longos minutos a cumprimentar, um a uma, centenas de participantes neste encontro. A intervenção pediu o fim dos “muros do estigma e da marginalização” em relação a esta doença. “Que a vida de cada um de vós possa ser testemunho vivo da esperança que Cristo nos doou. Através do sofrimento passa também a estrada fecunda do bem que podemos percorrer juntos”, concluiu. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Papa recorda «guerras fratricidas» em África no seu vídeo mensal
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Os pastorinhos
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José Luís Gonçalves |
A recente canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, por ocasião da peregrinação do Papa Francisco ao Santuário de Fátima, irá merecer as mais diversas abordagens e análises sociológicas, culturais ou eclesiais nos próximos tempos. Numa perspetiva socioantropológica, porém, não se pode escamotear a precariedade da condição do ser criança à época dos acontecimentos e de que os pastorinhos também são representantes: subnutrição, trabalho forçado, escolarização tardia. Desde então, as condições de vida das crianças melhoraram a olhos vistos, mas não ao ponto de ignorarmos o muito que ainda há para fazer: - Quase 25 milhões de crianças na União Europeia encontram-se em risco de pobreza ou exclusão social, isto é, uma em cada quatro crianças. Em Portugal, e desde 2007, as crianças apresentam-se como o grupo etário com maior vulnerabilidade à pobreza, com uma taxa de risco de pobreza superior a 20%. Somente em 2016 é que esta barreira desceu para 18,8%, o que, mesmo assim, afeta 487 mil crianças, ou seja, quase uma em cada cinco crianças. - Durante o ano de 2014, foram comunicadas às Comissões de Proteção quase 74 mil situações de perigo que motivaram a sua intervenção, com incidência em problemáticas ligadas ao bem-estar e ao desenvolvimento da criança, designadamente quando estava em causa o direito à educação, a negligência, situações de perigo e de maus tratos físicos.
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- A principal entidade sinalizadora das situações de perigo das crianças e jovens é a escola, uma vez que, entre as causas mais frequentes de intervenção das CPCJ, estão casos de abandono, absentismo e insucesso escolar na faixa etária dos 15 ou mais anos. - Dependendo dos estudos, estima-se que entre 10 a 20% das crianças tenham um ou mais problemas de saúde mental, com prevalência de perturbações emocionais e do comportamento na infância e adolescência. De entre as crianças que apresentam perturbações |
psiquiátricas, apenas 1/5 recebe tratamento apropriado. Muitos outros dados podiam ilustrar o quanto a Igreja precisa de assumir a sua quota parte de responsabilidade face à condição da criança e ao seu desenvolvimento humano integral em todas as esferas de vida. Se, porém, daqui para a frente, a veneração dos pastorinhos se enclausurar em manifestações pseudoespirituais vazias de crianças de rosto e nome e não representar, sobretudo, um compromisso ‘rumo às periferias do mundo e da existência’ da criança, então, talvez o significado evangélico deste 13 de maio de 2017 permaneça oculto. |
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A semana dos cinco «F’s» |
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Carlos Borges |
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Foi uma semana cheia, mais propriamente, um 13 de maio de 2017 inesquecível. Certamente, e com as devidas diferenças, como foi este mesmo dia mas há 100 anos para os irmãos Francisco e Jacinta Marta e a sua prima Lúcia quando apareceu Nossa Senhora na Cova da Iria. Se não estivesse a pensar em assuntos mais mediáticos o título desta «Semana de…» podia originar confusão e levar-me até à cidade mais alta de Portugal. A Guarda. Arrisco em pensar que aos leitores também. Os, por cá, famosos cinco “F’s”, normalmente, remetem para a cidade que fica a 1056 metros de altitude e que é «forte; farta; fria; fiel». E ainda «formosa». Mas vamos aos outros, aqueles que tornaram para muitos inesquecível o dia 13 de maio de 2017. Começamos o dia com Fátima e Francisco, ai vão dois “F’s”. O Papa no Santuário de Fátima canonizou os irmãos pastorinhos. Como referido pela comunicação social foi a primeira vez que uma canonização se realizou em território nacional. A ansiedade e emoção que o momento pedia brotou em palmas na esplanada de oração. Foi a segunda vez que tive oportunidade de “acompanhar” uma visita do Papa Francisco. Mesmo à distância consegui vê-lo mais perto agora do que em Cracóvia. A Agência ECCLESIA tem uma edição especial sobre esta visita, espreitem. O dia continuou e Francisco foi embora para dar lugar no espaço mediático nacional ao futebol. Mais uma alegria, para mim, claro, e muitos |
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outros que partilham a “chama imensa”. É verdade, sou do Benfica e “Isso me envaidece". Tetracampeões, sim, outros já o tinham mas não é isso que nos motiva e para o ano queremos mais. E no meio da festa encarnada, enquanto na Agência ECCLESIA, ainda eram publicadas notícias sobre o que o Papa Francisco disse na viagem de regresso, eis que ao futebol associa-se o Festival da Eurovisão. É verdade, vencemos o Festival Eurovisão da Canção com um Salvador que parecia o ainda saudoso D. Sebastião. O último “F” fica para as outras publicações, foi proferido num português vernáculo pelo novo herói nacional. Ontem à tarde, em Fátima, o grande cantautor Sebastião Antunes e a Sara Vidal cantaram “sei que a vida não nos dá tudo”. No dia 13 de maio de 2017 a vida não deu tudo mas para muitos, nas pequenas coisas, deve ter andado lá perto. Há poucas semanas com tantos “F’s” = Fátima e (Papa) Francisco; Futebol (SLB), Festival e mais qualquer coisinha porque no final de contas |
parece que também o estado da nação se vai recomendado.
PS: Viram as capas dos jornais no dia seguinte? A do ‘Público’ estava excelente mas esta (imagem) retrata o pódio do 13 de maio de 2017.
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A viagem de menos de 24 horas do Papa Francisco a Fátima deixou impressões duradouras, que estão no centro desta edição do Semanário ECCLESIA, com comentários e mensagens de todos os bispos diocesanos, de responsáveis políticos e de comentadores menos ligados à Igreja Católica. Tudo para traçar um olhar o mais completo possível sobre o que fica desta histórica visita pontifícia, no 13 de maio, com a canonização de Francisco e Jacinta Marto. |
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Algarve |
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O bispo do Algarve espera que as palavras do Papa em Fátima “encontrem eco” entre quem decide a concretização da paz. “Que bom seria se a mensagem que o Papa deixa em Fátima, mas que é dirigida para todo o mundo, pudesse encontrar eco no coração daqueles que têm a missão de decidir se esta paz é mesmo para concretizar ou se é uma paz adiada”, afirmou D. Manuel Quintas. O prelado lembra a situação dos refugiados que chegam à Europa e não encontram “união” para os receber. “É de facto uma guerra mundial aos pedaços, para usar a expressão do Papa Francisco”, resumiu o prelado que acompanha com emoção a chegada ao Santuário de Fátima de tantos peregrinos. “Tive oportunidade de acolher os peregrinos que vieram do Sul e é muita emoção que estas pessoas trazem no coração, sentem um sonho realizado e estou certo que o fruto que levam deste esforço, sacrifício e fé transformada em passos da vida quotidiana, com obstáculos e desafios, será o conforto, uma força enorme e uma capacidade renovada de testemunhar esta fé”, desenvolve.
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O bispo do Algarve dava conta de uma emoção cujas palavras não alcançam. “A alegria que se vê nesta gente a guardar um lugar para ver o Papa aqui passar. Penso que estar um pouco com ele, naquele instante, é deixa-se contagiar pela novidade do Espírito, pelo dom de Deus. Foi algo que vi quando pela primeira vez olhei o Papa Francisco”. D. Manuel Quintas aludiu ainda à “profundidade” da celebração da Peregrinação internacional aniversária. “Todos ansiamos que ele vá semear no coração, o apelo à paz, dê serenidade sabendo que saímos daqui mais fortalecidos em valores humanos e mais fortalecidos nos testemunhos que somos chamados a dar”. |
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Angra |
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O bispo de Angra enalteceu a devoção que o povo açoriano na diáspora demonstra por Nossa Senhora de Fátima, levando a mensagem mariana a outros ambientes, “sem qualquer preconceito”. Em entrevista à Agência ECCLESIA, D. João Lavrador salientou que “a relação que o povo açoriano tem com Nossa Senhora”, já de si muito forte “a partir das ilhas dos Açores”, fica “ainda mais sensível e visível” uma vez “na diáspora”. O prelado já esteve recentemente em várias paróquias e comunidades açorianas nos Estados Unidos da América, nomeadamente na Califórnia, e estará em breve na região de Providence. E o que constatou é que o açoriano “leva sempre Nossa Senhora de Fátima no seu coração e depois a torna presente, sem qualquer preconceito, nas comunidades onde realmente se localiza e aonde faz a sua vida”. Para a vinda do Papa Francisco e a comemoração do Centenário de Fátima, nos dias 12 e 13 de maio, vieram até à Cova da Iria centenas de açorianos. D. João Lavrador não esquece aqueles que não puderam estar a a |
acompanhar as celebrações, mas que estão próximos em espírito e na oração com o Papa e todas as comunidades católicas presentes na Cova da Iria. “A maioria do povo açoriano está na diáspora e merece da nossa parte o mesmo carinho, a mesma atenção e também as mesmas bênçãos de Deus que aqueles que estão no território açoriano”, frisa aquele responsável.
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O primeiro-ministro português, António Costa, esteve reunido em audiência privada com o Papa Francisco, em Fátima, e confessou a emoção pela possibilidade de se “encontrar uma personalidade tão inspiradora para o mundo”. Em entrevista aos jornalistas, depois do encontro, António Costa frisou que o Papa argentino é hoje uma figura fundamental “seguramente para os crentes mas também para aqueles que acreditam nos valores fundamentais da humanidade”. Para aquele responsável político, Francisco tem pautado o seu pontificado pelo desafio ao “regresso aos valores, à promoção do humanismo, da paz, da solidariedade, do combate à pobreza e às desigualdades”.
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Aveiro
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O bispo de Aveiro diz que foi um Papa "sintonizado" com a mensagem de Fátima que esteve no Centenário das Aparições e na canonização de Francisco e Jacinta Marto, nos dias 12 e 13 de maio. D. António Moiteiro enalteceu um discurso “muito forte” do Papa argentino, à volta “da paz e do amor aos mais pobres”. |
Algo “que encaixa perfeitamente com a dimensão da mensagem de Fátima com os pastorinhos, na preocupação com a conversão dos pecadores”, considerou. Por outro lado, o bispo de Aveiro entende que as intervenções de Francisco apelaram também à “esperança” e a uma vida cristã |
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feita “com alegria, com otimismo”, o que é essencial na sociedade atual. “Quando se é pessoa de esperança olha-se o mundo com os olhos de Deus e o coração das pessoas com o coração de Deus”, e quando a vida de Igreja é vivida em pleno não fica fechada “em si mesma”, mas procura estar sempre “em saída”, realçou D. António Moiteiro, que considera este também um repto para os responsáveis da Igreja Católica no país. “Para também anunciarmos este evangelho da esperança e da alegria aos outros”, completou. O bispo de Aveiro considerou também muito significativo o facto de a visita do Papa ter incluído a canonização de Francisco e Jacinta Marto, dois novos santos portugueses. Isto enquanto “apelo” a cada pessoa, a cada católico “caminhar cada vez mais na santidade, centro e apelo da vida cristã”, sustentou. D. António Moiteiro adiantou depois alguns pormenores do almoço dos bispos portugueses com o Papa, no |
final da sua visita ao Santuário de Fátima. Um momento marcado pela “informalidade” de Francisco, que chegou mesmo a “pedir desculpa” aos bispos por serem “os últimos a ser saudados por ele”. “No momento da fotografia ele disse que nem tínhamos tido tempo de conversar, que teria de ficar para outra vez, pediu desculpa por não ter tido mais tempo para nós. Isto é muito significativo de um Papa que está muito atento aos pastores que aqui em Portugal procuram construir também o Reino de Deus“, concluiu. |
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Beja |
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O bispo de Beja diz que o Papa deixou em Fátima uma “palavra incisiva”, sobre a vivência da fé, ao dizer que Nossa Senhora não é uma “santinha a quem se recorre para obter favores a baixo preço”. Para D. João Marcos, Francisco tocou num “problema muito sério” que a Igreja Católica tem de refletir. “Hoje, a Virgem Maria ou está no trono dourado da Teologia, ou está no andor da religiosidade natural que dá voltas e mais voltas. É preciso dar-lhe o lugar que é dela na Igreja”, sustentou o prelado em entrevista à Agência ECCLESIA. E o lugar de Maria, segundo o bispo de Beja, tem de ser o de “mestra”, pois ela configura-se como “o melhor |
compêndio que existe” para a vivência da fé. “Se virmos o que Deusfez na Virgem Maria, sabemos o que temos de fazer em vez de cada um andar a inventar a sua forma própria de fazer Igreja, que é tempo perdido“, considerou o responsável católico. D. João Marcos classificou a presença
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do Papa em Fátima, nos dias 12 e 13 de maio, como uma lufada de ar fresco para as comunidades católicas do país, que “apontou para o essencial”. “Foram dias inesquecíveis para mim e para os meus diocesanos. Já falei com alguns e algumas e todos são unânimes em dizer isso, são momentos que ficam marcados na história de cada um de nós”, adiantou. Nas cerimónias estiveram muitos peregrinos provenientes do Baixo Alentejo, que se deslocaram ao Santuário de Fátima como “todos |
os anos” fazem. “Peregrinar é uma experiência espiritual, uma experiência de Deus e um percurso de entreajuda muito bom”, realça D. João Marcos, que percorreu a pé o caminho até à Cova da Iria “várias vezes como pároco”.
“Quando aparece a imagem de Nossa Senhora é certo e sabido que temos multidões”, mas o que é essencial é “ajudar as pessoas a passar de uma religiosidade natural à fé cristã”, e o Papa poderá ter dado um novo impulso, reforçou o bispo de Beja.
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Braga |
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A Arquidiocese de Braga quis oferecer ao Papa uma pintura da Nossa Senhora do Sameiro ilustrada numa telha que representa, simbolicamente, “todos” os lares portugueses com desejos de “paz, concórdia, onde o mínimo para viver não falte”. “É interessante a interpretação da artista que com uma telha quer pensar em todos os lares portugueses e que exista pão, vida digna e, ao mesmo tempo, harmonia, concórdia e paz”, disse D. Jorge Ortiga à Agência ECCLESIA. O arcebispo primaz afirmou que a oferta para o Papa Francisco foi “muito espontânea, muito natural” e a artista - Fátima Mendes, pintora de cerâmica especializada em azulejaria barroca - pintou na telha uma imagem de Nossa Senhora do Sameiro. “Braga não pode deixar de pensar na Nossa Senhora do Sameiro”, acrescentou, sobre a prenda da arquidiocese. D. Jorge Ortiga sublinha o “ministério do Papa Francisco em termos de autenticidade evangélica num esforço muito grande que está fazendo pelo esforço de renovação da própria Igreja”. |
Para o arcebispo, o pontífice veio trazer “essa preocupação” que “o acompanha sempre”, naquele que foi “um dos momentos maiores” da história de Fátima “em termos de número e vivência de fé”. Em relação à canonização de Francisco e Jacinta Marto, D. Jorge Ortiga destaca a “simplicidade e espírito de radicalismo” dos dois irmãos na vivência do Evangelho, “segundo as |
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suas capacidades de harmonia com as suas idades”. “Os pastorinhos mostraram uma vida diferente daquela época, nem todos os compreendiam, em muitas coisas eram originais, particularmente na oração, na oferta de tudo o que era |
sofrimento e dor”, desenvolveu. “A alma católica dos portugueses” esteve em Fátima para ouvir o que o Papa “das surpresas, dos gestos, dos sinais” tinha para dizer, nas suas palavras, na sua simplicidade. |
Bragança-Miranda |
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O Bispo de Bragança- Miranda disse hoje que o Papa Francisco quis traduzir “mais por gestos do que por palavras” a mensagem de “esperança e de paz”, com especial incidência nas crianças. “Penso que o realce aqui vai ser para as crianças, para os direitos fundamentais e para os maus tratos, para além de toda a mensagem de luz, esperança e de paz que irradia neste santuário”, disse D. José Cordeiro. No Santuário de Fátima, Francisco aludiu às periferias. “O Papa quer traduzir aqui essa mensagem de esperança e de paz para todo o mundo chegando às periferias existenciais”, observa o prelado. O bispo de Bragança-Miranda entende a peregrinação internacional aniversária de maio como “um acontecimento especial”. “Além do peregrino especial é um acontecimento especial porque 100 anos só se celebra uma vez e com a canonização dos pastorinhos realça-se a limpidez do coração das crianças”. O prelado sublinha que o que torna os pastorinhos “especiais” não foram as aparições, mas o testemunho de vida depois de 1917. “Não por eles |
terem sido videntes mas o que a sua vida testemunha e traduz para o quotidiano das nossas vidas”. D. José Cordeiro perspetiva a visita de Francisco a Fátima para além do impacto na Igreja em Portugal. “O Papa Bento XVI disse que Fátima era o coração espiritual de Portugal, mas eu atrevo-me a dizer que vai além de Portugal por tudo o que já se sente, pela atmosfera e o ambiente é verdadeiramente o coração pulsante da Igreja universal”. O prelado acredita que a ”numerosa” presença da comunicação social torna Fátima “um altar” que leva a mensagem de Francisco “a todo o mundo”. |
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Coimbra |
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O bispo de Coimbra realçou este domingo os apelos que o Papa Francisco deixou, em Fátima, de cuidado pelos mais marginalizados e de empenho na oração. Na homilia da Missa da Festa Diocesana das Famílias a que presidiu na localidade de Febres, D. Virgílio Antunes realçou que mesmo “uma pessoa que não viva na perspetiva da fé e do Evangelho sente-se tocada pela ação humana, próxima, na caridade, no coração, do Papa Francisco”. “Os agnósticos e indiferentes destacam sempre a atenção do Papa aos mais pobres, às periferias da humanidade, é aquilo que os toca”, referiu o prelado, numa intervenção publicada pelo gabinete de comunicação da Diocese de Coimbra. Durante a sua vinda ao Santuário de Fátima, nos dias 12 e 13 de maio, o Papa argentino lembrou os “desterrados” deste tempo, os que sofrem longe da atenção da sociedade, nos mais variados meios. Francisco deixou uma mensagem particular para os doentes presentes nas celebrações da Cova da Iria, a quem considerou “tesouros da Igreja”. Um dos momentos mais marcantes |
desta viagem, inserida no Centenário das Aparições, foi a chegada do Papa à Capelinha das Aparições, em que rezou diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima durante largos minutos, perante um recinto envolto em silêncio. Em Fátima, o antigo reitor do Santuário falou à Agência ECCLESIA para realçar o ambiente de cor, de festa, mas também de oração vivido na Cova da Iria. “Acolher o Papa Francisco, este homem tão especial para a Igreja e para o mundo, no meio desta multidão em que nos sentimos todos peregrinos, |
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nos sentimos pessoas com fé e com esperança, toca-nos o coração”, referiu. Para este responsável, “a Igreja Católica em Portugal bem precisa de
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momentos fortes de espiritualidade, de Evangelho. “Não só de sensibilidade à flor da pele, mas em que vamos em profundidade de facto à celebração do mistério da fé”, salientou. |
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Évora |
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O arcebispo de Évora afirmou que o Papa Francisco teve “gestos muito significativos” em Fátima, realçando a referência a Maria como “mãe” e a mensagem da paz. D. José Alves declarou à Agência ECCLESIA que o tema da paz a que o Papa Francisco se referiu no Santuário de Fátima, nos dias 12 e 13 de maio, “é muito fatimista”. “É um valor essencial para toda a humanidade e a mensagem de Fátima é de paz. O Papa sublinhou muito esse aspeto. Fátima é um lugar onde nos reunimos para rezar pela paz no mundo, nas nações, nas famílias e nas consciências”, desenvolveu. O arcebispo de Évora recorda também a expressão do Papa, que este “repetiu mais do que uma vez”, de que os católicos têm uma mãe: “Maria é a nossa mãe, não somos órfãos.” D. José Alves observa que Maria foi “dada como mãe” por Jesus para ser, “não apenas, intercessora junto de Deus” mas “imagem da ternura de Deus, para ser modelo”. O arcebispo espera que a visita do Papa tenha “grande eco” na vida da sua diocese e contextualiza que todos os anos ali recebem a visita da |
imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima e que o povo alentejano “é muito mariano”. “Quando a imagem chega às paróquias todos se movimentam, acorrem para rezar, ajudam a compreender a alma alentejana profundamente meditativa, religiosa, cultural mas que está muito ligada a Nossa Senhora”, desenvolve. Neste contexto, considera “certo” que a visita do Papa e a canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto venha a ter “impacto muito maior” na presença da imagem, nas imagens que se guardam nas igrejas e na “grande devoção” de um povo que reza o Terço no mês de maio. “É maior o número de pessoas que frequenta a igreja, porventura, aos dias de semana a rezar o Terço, que nos fins de semana à Missa”, observou. O arcebispo de Évora realçou também “gestos muito significativos” de Francisco pela forma como “sintonizou com todo o ambiente do santuário”, com “comoção, sobretudo, na parte final quando foi o adeus a Nossa Senhora.” Outro momento foi “o silêncio” que se conseguiu criar no Santuário de Fátima e que Francisco “sentiu quando |
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chegou e esteve a rezar na Capelinha das Aparições”. “Dá uma característica muito própria ao santuário, que continua a ser um lugar de oração com um ambiente espiritual e de uma vivência profunda da fé”, acrescentou. D. José Alves revela ainda que viveu as celebrações do centenário da primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima com “grande interesse e bastante emoção”. “Para mim foram momentos muito ricos e de uma vivência espiritual muito profunda”, acrescentou. |
Os bispos portugueses tiveram oportunidade de almoçar com o Papa Francisco, antes do seu regresso à Santa Sé, e o bispo diocesano recorda uma presença “muito agradável e uma comunhão muito forte” do episcopado em volta do Papa. “Essa atitude de simplicidade, de amizade, no meio de nós, é um gesto e maneira de estar que nos marca, quebra as barreiras, distâncias e a nós como bispos nos aproxima e solidariza com a missão que lhe foi confiada”, desenvolve. |
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Funchal |
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O bispo do Funchal, D. António Carrilho, afirmou que a visita do Papa Francisco a Portugal vai “despertar” consciências. “A vinda e a palavra do Papa, na sua habitual simplicidade e coerência, despertam certamente as consciências para o fundamental cristão a que a Igreja nos chama, quando relança a mensagem de conversão e apelo à vida nova em Cristo”, refere, numa nota enviada à Agência ECCLESIA. O bispo da diocese madeirense participou, à imagem dos outros bispos portugueses, nas celebrações a que o Papa preside na sua primeira visita ao país, por ocasião do centenário das aparições, canonizando os pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. D. António Carrilho veio trazer à “grande celebração” do centenário das Aparições de Nossa Senhora aos três pastorinhos (1917) “toda a população da Madeira e Porto Santo”, unindo-se às “aspirações, problemas e necessidades de todos, crentes e não crentes”. A mensagem sublinha o sentido de “profunda comunhão eclesial e fraterna” da mensagem de Fátima, |
com apelos à fé e oração. “Fátima é sempre um espaço de silêncio e interioridade, de encontro connosco próprios e com Deus, pela escuta e atenção aos apelos da Mensagem que a Senhora do Rosário nos deixou”, prossegue o bispo do Funchal. D. António Carrilho alude ao lema da peregrinação do Papa Francisco, “como peregrino da esperança e da paz”, e à “jubilosa alegria da canonização dos pequeninos Francisco e Jacinta”. Estes acontecimentos, sustenta, fazem do último 13 de maio um momento “verdadeiramente extraordinário da vida da Igreja em Portugal e na sua dimensão universal”. A mensagem apela à oração para que se abram “caminhos de luz, de esperança e de paz para as consciências, para as famílias e para o mundo”. |
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Guarda |
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O bispo da Guarda deseja que a passagem do Papa Francisco pelo Santuário de Fátima possa “motivar” as comunidades para a importância que os “valores do Evangelho” têm dentro da Igreja e da sociedade. “Isto de vivermos a nossa missão com preocupação de ir para além das fronteiras do religioso, das que caracterizam a nossa vivência da fé, é apelo para que as nossas comunidades, e nós discípulos de Cristo, entendam que os valores do Evangelho obrigam a ir para além das fronteiras do que é especifico a uma determinada vivência de Igreja”, disse à Agência ECCLESIA. D. Manuel Felício realçou a mensagem da “esperança” que o Papa Francisco veio trazer para os “irmãos no batismo e aos irmãos em humanidade”. O bispo da Guarda sublinha que espera que a passagem do Papa por Portugal, “na sua simplicidade e proximidade”, possa “motivar” os cristãos a “levar a sério” a responsabilidade que está confiada que de que os “valores do Evangelho são importantes para dentro da Igreja e para fora da Igreja”. Para o prelado, as três situações |
vividas no mesmo acontecimento – visita do Papa, 100 anos Aparições e canonização dos pastorinhos – “marcaram profundamente” o centenário e o que se viveu na Cova da Iria durante 24 horas. “Momentos fortes e intensos, de emoção e de acolhimento à novidade que sempre é para dentro da Igreja e para fora da Igreja o Papa Francisco”, acrescentou. D. Manuel Felício começa por recordar a “expressão muito forte” de silêncio diante da imagem de Nossa Senhora, na Capelinha das Aparições, que “foi acompanhado pela vasta assistência” e depois a oração que “foi ao encontro de situações e realidades que tocam muito profundamente os portugueses e o mundo”. O bispo da Guarda recordou também a critica a uma “certa forma de religiosidade popular” mas teve a “preocupação em sublinhar” a importância de Maria para “levar ao encontro de Jesus”. D. Manuel Felício afirma que a religiosidade popular “é muito importante”, e o Papa “valorizou até com o lenço na mão” na procissão do Adeus: “É verdade que Fátima não se ficou pelos sentimentos de emoção |
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ifácil e os pastorinhos são exemplo disso”. Segundo o bispo da Guarda, para além das expressões de Francisco “fica a atitude” e a presença junto das pessoas, “com a simplicidade que o caracteriza”. O episcopado português almoçou com o Papa no sábado, durante cerca de |
40 minutos, antes do seu regresso ao Vaticano. “[O Papa Francisco] na oração inicial e final também incentivou a vivermos o ministério com dedicação e esperança na construção da paz”, revelou D. Manuel Felício, para quem um “gesto vale tudo” e este foi realizado quando cumprimentaram individualmente o Papa. |
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Lamego |
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O bispo de Lamego considera que o Papa Francisco reforçou em Fátima a importância de uma Igreja Católica centrada no “essencial”, através de uma postura “peregrina, a caminho, crente e orante”. “Seria mais fácil, mais óbvio, responder aos aplausos das pessoas, mas tudo aquilo que era secundário, ele fazia com que a multidão se apercebesse disso, e rapidamente a interrompia, com a sua oração, a sua comoção”, disse hoje D. António Couto à Agência ECCLESIA, numa análise à passagem do Papa argentino pela Cova da Iria, durante a comemoração do Centenário das Aparições. De acordo com aquele responsável católico, em todos os seus gestos, Francisco “deu volumetria à sua condição de crente e à firmeza da sua fé”, sem deixar também de “manifestar a fragilidade que brota dos seus 80 anos”, numa imagem de “humanidade dorida e sofrida”. A maneira como passou e caminhou no meio de centenas de milhares de pessoas, de forma “não segura mas segurada”, falou mais do que “muitas palavras que pudesse ter dito”, por desafiar à “confiança em Deus e na Mãe de Deus”, realça D. António |
Couto, que lembrou também as referências do Papa à paz. A uma “flor que pode desabrochar se a humanidade lhe der espaço”, completou. O bispo de Lamego revisitou depois a deslocação do agora Papa emérito Bento XVI ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida (Brasil) em 2007. Se há 10 anos, Bento XVI tinha deixado a mensagem ‘a Igreja é a nossa casa, esta é a nossa casa’, agora em Fátima o Papa Francisco usou a expressão ‘temos mãe’. “A casa que Bento XVI tinha dito que era a Igreja, Francisco agora encheu-a com a Mãe, dizendo que esta casa não está vazia, enlutada, não está à venda, abandonada, mas está cheia de afeto, de intuição, de devoção maternal”, salientou D. António Couto. Para o bispo de Lamego, desta forma “o Papa encheu o Santuário com a palavra mãe no seu verdadeiro sentido e não naquelas coisas em que o povo simples vai”. “Cada um tem a sua maneira de fazer e de dizer, mas o Papa reduziu-a mais uma vez ao essencial”, concluiu. |
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Leiria-Fátima |
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O bispo de Leiria-Fátima elogiou a “voz profética” do Papa Francisco, ao deixar uma mensagem de agradecimento pela visita do pontífice à Cova da Iria, para presidir às celebrações do 13 de maio. “Todos têm os olhos fixos no Papa Francisco como uma voz profética claramente audível no panorama mundial, cheio de perigos e medos, e capaz de abater muros de separação, de lançar pontes de encontro entre os homens e os povos, de ser a voz dos sem voz”, disse D. António Marto, no final da Missa que encerrou as celebrações da primeira viagem do Papa a Portugal. Na primeira peregrinação internacional do centenário das aparições, o bispo de Leiria-Fátima falou da “alegria imensa” de contar com a presença do Papa como “peregrino entre os peregrinos” de todo o mundo. “Como poderíamos nós celebrar este centenário sem a presença do Papa, se o afeto a ele e a oração por ele fazem parte da mensagem que garante o amparo da Mãe da Igreja à Igreja peregrina no meio das perseguições e ao seu Pastor universal?”, questionou. O vice-presidente da Conferência |
Episcopal quis manifestar a Francisco o “abraço e o afeto de todo o povo católico de Portugal”. “Obrigado pelo vosso testemunho, Santo Padre, que nos toca tão profundamente”, acrescentou. D. António Marto evocou o centenário das aparições da Virgem Maria e a “mensagem de graça, de misericórdia e de paz” que partiu de Fátima, “há cem anos, para todo o mundo por intermédio de três crianças, os pastorinhos”. E agradeceu o facto de o Papa ter trazido aos portugueses "dois novos santos, Francisco e Jacinta, duas crianças, dois pequenitos, tão queridos ao povo português". “Fátima, a Igreja e Portugal, todos os peregrinos do mundo inteiro agradecem-vos, Santo Padre, por terdes querido partilhar connosco este momento alto da celebração do centenário das aparições. Por isso queremos dizer-vos todos juntos em coro: Muito obrigado, Papa Francisco! Muito obrigado! Nunca vos esqueceremos!”, afirmou. Depois, dirigindo-se às muitas crianças presentes no Santuário de Fátima, D. António Marto desafiou-as serem "sempre meninos e meninas alegres |
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e felizes, como Francisco e Jacinta". A intervenção concluiu-se com a promessa de orações, em Fátima, pelo ministério do Papa “ao serviço da |
Igreja em saída ao encontro das periferias humanas e da paz no mundo”. |
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Lisboa
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O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou que a celebração do centenário das aparições, com o rito de canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta |
Marto pelo Papa Francisco, foi “bela e cheia de consequências para a vida da Igreja”. “Uma celebração bela e cheia de consequências para a vida da |
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Igreja”, que remete, com a mensagem de Fátima, para “o centro do Evangelho”, disse D. Manuel Clemente à Agência ECCLESIA. No final da Eucaristia presidida pelo Papa Francisco no santuário da Cova da Iria, o cardeal-patriarca observou que a Mensagem de Fátima “envolve Nossa Senhora, envolve a todos, envolve o Papa”. D. Manuel Clemente valorizou a canonização de Francisco e Jacinta Marto, referindo a celebração inédita que aconteceu no Santuário de Fátima e que alarga o culto aos novos santos a um âmbito universal, na Igreja Católica. No almoço entre os bispos de Portugal e o Papa, o presidente da Conferência Episcopal sublinhou que a visita de Francisco à Cova da Iria reforçou a ligação histórica de Fátima aos Papas, agradecendo a presença do pontífice no centenário das aparições. “Com os irmãos Bispos de Portugal, agradeço a Deus a grande graça de vos ter connosco na celebração do centenário das Aparições de Nossa Senhora do Rosário de Fátima”, disse D. Manuel Clemente, na Casa de Nossa Senhora do Carmo. O presidente da CEP sustentou |
que, com a presença de Francisco, a “união de Fátima e da sua Mensagem com o Papa e o seu ministério ganham especial relevo e urgência”. D. Manuel Clemente observou que esta ligação vem desde 1917, quando os Pastorinhos começaram a rezar “pelo Santo Padre e as suas intenções”. “Assim sucedeu até hoje e assim continuará a ser, com um sentido reforçado pela Vossa presença aqui, Santo Padre”, referiu. O cardeal-patriarca de Lisboa passou em revista a ligação histórica entre os Papas e Fátima, com relevo para o ciclo de viagens pontifícias, iniciado há 50 anos. “De Paulo VI a Francisco a presença é pessoal e patente, realçando este nexo essencial da Mensagem”, precisou. Para o presidente da CEP, o atual Papa está também ligado a Fátima pelo tema da misericórdia, do “do amor aos outros” e da “reparação do mal através do sacrifício pelo bem de todos”. “Em Fátima continuaremos sempre a rezar por Vossa Santidade”, concluiu. |
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Portalegre-Castelo Branco |
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Estamos a viver o Centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima com a presença do Papa Francisco e a canonização dos Pastorinhos, Francisco e Jacinta Marto. Em todo o mundo católico é um momento de júbilo e de sentida Ação de Graças a Deus Pai, por Maria. Fátima é hoje um verdadeiro altar do mundo onde, por Maria, se chega a Cristo Senhor. Gente das mais variadas origens, línguas e culturas aqui marca presença. Se as pessoas manifestam paz e serenidade interior, também não escondem as incontidas lágrimas, lágrimas simultaneamente sofridas e cheias de alegria por terem chegado e se sentirem acolhidas no colo silencioso da Senhora e Mãe. Entre a imagem da Senhora e os peregrinos, trocam-se olhares de ternura e de esperança, aquela esperança de quem sente as dificuldades da vida mas se sente amado por Deus que, como Maria há cem anos, continua a dizer-nos: “Não tenhais medo! Eu não vos faço mal!”. A Mensagem de Fátima situa-se na |
linha do Evangelho, se assim não fora não seria duradoura nem credível. Apela à conversão, à penitência, à oração com referência especial ao terço diário, à caridade por meio do abandono do pecado, à solidariedade que está na base da reparação, à vida sacramental sobretudo através dos Sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação, à união hierárquica. Torna presente a escatologia, falando do Céu, do Inferno e do Purgatório, põe em relevo o Coração Imaculado de Maria e dá o sentido à penitência e à oração. É uma escola de fé comprometida e de crescimento na santidade, tendo na vida dos Pastorinhos um exemplo e um estímulo. D. Antonino Dias |
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Porto |
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O bispo do Porto disse que Fátima é um “lugar incontornável da vida da Igreja” em Portugal e no mundo. “A alegria com que nós acolhemos é sempre a alegria desta Igreja universal que não tem limites nem fronteiras”, afirmou D. António Francisco dos Santos. O bispo do Porto disse que o Papa Francisco “continua o itinerário de peregrinação que os outros Papas têm feito a Fátima” e contextualiza que se realiza pelo Centenário das Aparições de Nossa Senhora. “Fátima é um lugar incontornável da vida da igreja seja em Portugal, seja no mundo”, realçou, assinalando que todos que vão ao santuário regressam “às fontes de alegria” que “ajudam a transformar o mundo”. D. António Francisco dos Santos elogiou a “mensagem e desejo manifesto” de ser peregrino na esperança e na paz. “O Papa Francisco diz-nos quais são os objetivos desta peregrinação. É ver a presença da Senhora mais brilhante que o sol e sentir que esse brilho e luz tem de |
irradiar a partir do pontífice, tem de irradiar através da Igreja”, desenvolveu. “E também brilhar na humanidade, sobretudo, através dos mais pobres, humildes, do mais simples, dos doentes e vai encontrar aqui este rosto deste belo mosaico de cores, culturas, nações e povos e extratos sociais”, acrescentou. Para o bispo do Porto, o coração do catolicismo mundial e a deslocação que o Papa procura fazer “está sempre onde há pessoas para acolher o Evangelho” e o concretizarem e realizarem na vida.
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Santarém |
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O bispo de Santarém disse que o Papa Francisco “congregou muita gente”, “comovida” por uma visita que “marca o ano e uma data histórica” em Fátima. “Só vejo que há uma devoção. Têm muitos problemas e esperam que o Papa traga uma bênção, não sei explicar o que lá vai dentro, sei que há muita gente e |
comovida à espera do Papa”, disse D. Manuel Pelino à Agência ECCLESIA. Segundo o bispo de Santarém as pessoas “amam Fátima, amam Nossa Senhora” que é “o visual do amor de Deus”. O entrevistado realçou a presença “muito importante de jovens” para quem o Papa representa “um |
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contacto com Deus, uma presença do divino, uma concretização do Evangelho”. Para D. Manuel Pelino a visita do Papa Francisco ao Santuário de Fátima e a canonização dos beatos videntes Francisco e Jacinta Marto “marca o ano e marca uma data histórica” que parecia que se tinham “esquecido de 1917” mas, “agora, torna-se mais vivo”.
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A canonização das primeiras crianças não-mártires da Igreja Católica, “que são reconhecidas como heróis de santidade”, também mobiliza a adesão dos peregrinos. “Não se estava habituado, a dignidade e a capacidade da infância de viver a fé na plenitude própria da idade deles é também linda”, concluiu o bispo de Santarém. |
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Setúbal
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O bispo de Setúbal afirmou que “todas as coisas felizes têm o seu cansaço” e o Centenário das Aparições vivido com o Papa Francisco “marca as pessoas” e “dá experiência eclesial muito interessante”. “Uma Igreja viva que não vive só do passado mas que sabe celebrar o passado e criar marcos novos para viver hoje e para proclamar a Igreja que queremos para amanhã”, disse D. José Ornelas |
para quem a presença do Papa “dá bem essa direção”. Em declarações à Agência ECCLESIA, o bispo de Setúbal comentou que o cansaço desta visita pontifícia faz parte do valor que se dá também a estas coisas e é por isso que a gente se deixa ficar em vigília. “Todos estes grupos que continuaram em vigília durante noite fazem-no com alegria de quem vive um momento |
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muito importante para a nossa Igreja e que como expressão daquilo em que acreditam, daquilo em que lutam, daquilo que propõem como ideal do Evangelho e que aqui transparece em Fátima muito bem”, desenvolveu. Para D. José Ornelas o santuário mariano da Cova da Iria é um lugar em Portugal “incontornável” daquilo que significa “a presença da Igreja, a presença do Evangelho” em território nacional. “Não é o único, não é o primeiro, mas é um local muito importante de viver a nossa fé, de exprimi-la, de anunciá-la ao mundo
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com a presença que não fomos nós que escolhemos, foi Maria que escolheu para vir celebrar connosco”, concluiu o bispo de Setúbal. |
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Num sistema comunicador onde vigora a lógica de que uma notícia boa não desperta a atenção, e, por conseguinte, não é uma notícia, onde o drama do sofrimento e o mistério do mal facilmente são elevados a espetáculo, podemos ser tentados a anestesiar a consciência ou cair no desespero Papa Francisco |
Viana do Castelo |
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O bispo de Viana do Castelo considera a canonização de Francisco e Jacinta Marto, pelo Papa Francisco em Fátima, uma “graça sobre graças” na comemoração do Centenário das Aparições. “Uma graça que, ao longo de um século, tem atraído a Fátima |
tantos milhões de pessoas em busca da força e da luz que só Deus, pela sua graça, lhes pode dar”, refere, numa nota enviada à Agência ECCLESIA.D. Anacleto Oliveira entende que a canonização dos pastorinhos em Fátima era “a graça” que, de
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certo modo, “faltava na celebração do centenário das aparições de Nossa Senhora do Rosário” na Cova da Iria. “É uma graça porque se deve, como condição para a canonização, à intervenção de Deus na cura milagrosa de uma criança, assim reconhecida pelo Papa Francisco”, observa.O bispo de Viana anuncia que a diocese vai acolher a imagem peregrina de Nossa Senhora “com a fé e o júbilo de quem se sente realmente agradecido”, nos dias 20 e 21 de maio para o encontro intergeracional ‘Campus Laetitiae’. A visita, “uma semana depois da canonização dos pastorinhos”, vai |
“ajudar a saborear a alegria” de viverem “ao serviço do amor”, como Maria “a cheia de graça e serva do Senhor”. Na nota sobre a canonização dos dois pastorinhos videntes, o bispo de Viana do Castelo recorda que Fátima acontece pela “graça da manifestação da Mãe de Deus” com um “insistente convite à conversão a Deus no seu amor misericordioso”. No documento, D. Anacleto Oliveira assinala também que é uma graça que os pastorinhos “encarnaram nas suas vidas” e tornaram-se “modelos na vivência da mensagem recebida”. |
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Vila Real
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O bispo de Vila Real disse que a visita do Papa Francisco tem de ser aproveitado pastoralmente “para modificar, para mudar, para converter os corações” porque Nossa Senhora apareceu para “chamar à fidelidade e obediência de Jesus”. “Um encontro com o Papa é sempre determinante”, afirmou D. Amândio Tomás à Agência ECCLESIA. Para bispo de Vila Real este encontro |
na Cova da Iria “proporcionará linhas orientadoras de transformação pastoral” para “atingir o máximo das pessoas levando aos homens o Evangelho de Jesus”, como a visita Ad Limina do episcopado português ao Vaticano, em 2015, quando Francisco “deu linhas diretivas”. D. Amândio Tomás explicou que a expectativa do encontro com o pontífice argentino, “que está na |
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sequência das outras visitas dos Papas anteriores”, é de “alegria e muita esperança”. Para o prelado, Fátima está a viver “um acontecimento extraordinaríssimo”, por isso, tem de ser aproveitado pastoralmente “para modificar, mudar, converter os corações”. “Foi para isso que Nossa Senhora apareceu. Não apareceu para se mostrar apareceu para converter as pessoas, chamar à fidelidade e obediência de Jesus Cristo”, desenvolveu, realçando que “a mensagem de Fátima tem o objetivo de aplicar o Evangelho”. Para além de presidir à celebração do Centenário das Aparições de Nossa Senhora, o Papa Francisco vai canonizar os pastorinhos Francisco e Jacinta Marta, este sábado, que são “modelos impressionantes de crianças”. “Levar ao altar duas crianças pequeninas, tão corajosas, que foram exemplo de virtudes e determinação e aceitação de Deus nas suas vidas será empolgante para |
as crianças, para os jovens, para a Igreja toda”, acrescentou, alertando para a sociedade atual de “esbanjamento, de omnipotência” que se desinteressa pelos fracos, os velhos, as crianças. |
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Viseu |
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O bispo de Viseu diz que a visita do Papa Francisco a Fátima, por ocasião do Centenário das Aparições, marcou sobretudo pela força que quis transmitir à Igreja Católica em Portugal. D. Ilídio Leandro lembrou a intervenção do Papa argentino na eucaristia em que canonizou Francisco e Jacinta Marto, e em que utilizou a expressão “temos mãe”. Uma mensagem que “faz apelo a que olhemos com muita confiança o presente e o futuro” e que “transpareceu em todas as palavras, em todos os silêncios que o Papa fez com os peregrinos em Fátima”, acrescentou o bispo. |
de Fátima, perante centenas de milhares de peregrinos no mais absoluto silêncio. Outro momento especial, da presença do Papa argentino, foi durante a noite de sexta-feira, antes da bênção das velas e da oração do Rosário, em que chegou de papamóvel e cumpriu os últimos metros a pé, até à Capelinha das Aparições. Para D. Ilídio Leandro, a presença de Francisco no Santuário foi caraterizada sobretudo pela “simplicidade”, mesmo no cumprimento individual feito aos bispos das várias dioceses. “Um gesto que ele quis fazer a cada um de nós”, realçou o bispo de Viseu para quem o Papa transporta consigo “uma ternura que encanta e aproxima todas as pessoas”. |
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Ordinariato Castrense |
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O bispo das Forças Armadas e de Segurança assumiu o papel de anfitrião nesta visita do Papa, dado que o voo vindo de Roma aterrou na Base Aérea de Monte Real. Logo no final do primeiro dia da peregrinação, D. Manuel Linda sublinhava que nos gestos de Francisco ficava patente a “necessidade de calor humano”. “O Papa Francisco precisa de receber mas, fundamentalmente, de exprimir calor humano em relação aos fiéis”, disse à Agência ECCLESIA. O prelado português mostrou surpresa por ver tantas crianças na base aérea e, inclusivamente o Papa, confidenciou não ver tantas crianças em Roma, como as que encontrou em Monte Real. “Era mesmo o Papa que fazia o gesto para as crianças irem ter com ele, mas, inibidas, elas hesitavam”, recorda D. Manuel Linda. As palavras foram mais parcas no percurso em que acompanhou Francisco, precisamente para “deixar o contacto com as pessoas que se encontravam” no percurso. D. Manuel Linda deu conta da “alegria” de Francisco ao ouvir ainda os cadetes da Academia da Força |
Aérea a cantar na Base Aérea. O bispo das Forças Armadas e de Segurança falou também da “surpresa” que foi Francisco ter saído do papamóvel a meio do recinto do Santuário, em direção à Capelinha das Aparições, para caminhar junto das pessoas. “Nunca pensei que o fizesse, até pelas suas condições de saúde. Mas este sinal mostra o ser peregrino, mas é também uma presença junto do povo, a necessidade do toque de que ele é especialista”. Para o bispo do Ordinariato Castrense receber o Papa em Portugal significa “regressar às fontes”. “É estar com Pedro, é participar do mesmo ser de Igreja, sendo o Papa referência de humanidade e de fé”. D. Manuel Linda espera que após a “digestão” desta visita, a Igreja em Portugal não fique igual. “Agora estamos no turbilhão das ideias, quando tudo acalmar temos de digerir, quer a nível da Assembleia Plenária da CEP, quer individualmente, em grupo ou nas Comissões”. |
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OPUS DEI
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O centenário das aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria e a peregrinação do Papa a Fátima despertam de novo em nós, de uma maneira especial, aquele vibrante desejo de S. Josemaria: Omnes cum Petro ad Iesum per Mariam! Acompanhemos o Papa Francisco com a proximidade que a oração dá: deixemos nas mãos da nossa Mãe as grandes intenções de paz e de conversão que Ela comunicou nas suas aparições. Confiemos-lhe também a unidade da Igreja e dos cristãos, para que - todos com Pedro! -, semeemos |
paz e alegria no mundo. À intercessão dos santos Francisco e Jacinta, confiamos aqueles que sofrem as consequências físicas e espirituais da violência, da guerra, da falta de liberdade, da discriminação, da solidão, da pobreza. Nossa Senhora recomendou o Terço, em Fátima. Rezemo-lo com o amor e a confiança de filhos que recorrem ao coração da Mãe. A oração será fecunda se a paz e a fraternidade, que as mensagens de Nossa Senhora inspiram, se tornarem mais presentes no amor atento, |
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aberto, sensível, para com aqueles que Deus põe ao nosso lado. A caridade não é uma aprendizagem fria. Meditemos com calma nisto: na nossa casa, no trabalho, na relação com todos, apesar das nossas |
limitações e da nossa impaciência, podem os outros reconhecer em nós um reflexo do olhar maternal de Santa Maria? D. Fernando Ocáriz, prelado do Opus Dei |
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Visita do Papa
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O presidente da República afirmou que a visita do Papa Francisco a Portugal “ultrapassou todas as expectativas”, agradecendo a todos os portugueses. Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que de início os projetos eram “bem mais limitados” do que o Papa ficar cá durante 22 horas e que foi graças a “aliados especiais”, nomeadamente |
o núncio apostólico, que foi possível “esticar a presença do Papa em Portugal para o dia 12. O presidente da República incluiu “crentes e não-crentes” no agradecimento pelo acolhimento ao Papa Francisco, lembrando os responsáveis da Igreja Católica, o bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, D. Manuel Clemente, presidente da |
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Conferência Episcopal Portuguesa, e o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas. Rebelo de Sousa revelou que o Papa Francisco valorizou o “calor humano” manifestado por todos os portugueses, por ser um “calor ponderado, moderado, sentido”. O Papa “rejuvenesceu”, sublinhou o
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presidente da República, lembrando a fadiga que mostrava à chegada. “As últimas palavras que trocámos foi para dar-lhe força e ele a dar-me força. A tarefa dele é mais importante, porque há tantos conflitos em que ele está empenhado”, referiu Rebelo de Sousa. “Nada do que é importante no mundo lhe escapa”, concluiu. |
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O núncio apostólico em Lisboa disse à Agência ECCLESIA que a visita do Papa Francisco a Portugal é “um grande dom de Deus” e pode ser uma ocasião de renovação para a Igreja. D. Rino Passigato sublinhou que Deus “promete a paz” e oferece-a como dom a quem for “capaz de a receber”. Para o núncio apostólico em Lisboa, a 19ª viagem internacional do Papa pode ser “potencialmente” um fator de renovação da Igreja Católica em Portugal. |
Um verdadeiro programa de globalização![]() |
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O professor universitário Viriato Soromenho-Marques diz que o Papa Francisco mostrou mais uma vez, em Fátima, a sua capacidade de abordar “as grandes questões do nosso tempo”. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o comentador e cronista destaca a intervenção na Missa da canonização de Francisco e Jacinta Marto, no dia 13 de maio, em que |
o Papa argentino lembrou que qualquer “vida só pode sobreviver graças à generosidade de outra vida”. E pediu “esperança e paz”, sobretudo “para os doentes e pessoas com deficiência, os presos e desempregos, os pobres e abandonados”. Para Viriato Soromenho-Marques, estes e outros apelos deixados pelo Papa ao longo das cerimónias do |
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Centenário de Fátima constituíram “um verdadeiro programa de globalização” para a humanidade, numa altura em que ela está em “desagregação”. Um “sintoma disso é a crise europeia, da capacidade dos países colaborarem uns com os outros”, realça o professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que dá como exemplo a saída do Reino Unido da União Europeia e a atual posição geopolítica dos Estados Unidos da América. “Países que fizeram impérios globais, como os EUA e o RU, neste momento estão a demitir-se, a reformar-se, quando a História continua e não podemos fazer outra coisa do que reconstruir a globalização na base da justiça”, refere o professor. Nesta linha, Viriato Soromenho-Marques sustenta que o que o Papa propôs em Fátima foi “pensar a globalização” no “inverso do que se faz agora”. Ou seja, “a partir das periferias para o centro”, colocando o foco na situação “das classes sociais mais pobres”, em vez da prioridade que sempre se dá aos “que estão bem instalados no mundo”.
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ausência de arrogância moral, alguém que pede que rezem por ele e que está permanentemente a recordar que é um homem, que é pecador”, o que “cria proximidade”. Viriato Soromenho-Marques puxa depois o filme atrás, quanto ao debate acerca do acontecimento de Fátima. Segundo o professor de Filosofia, também aqui sucedeu algo de “muito interessante” que foi a possibilidade de assistir a um “debate muito sereno” centrado nas “diferentes interpretações da historicidade de Fátima, sobre o fenómeno”, seja ele de “uma aparição, uma visão”. “Isto mostra que as pessoas hoje gozam de uma liberdade que já vinha de trás mas que este Papa sem dúvida nenhuma instalou, esperemos que duradouramente”, conclui Viriato Soromenho-Marques. |
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Um Papa com coragem para ser exemplo
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A jornalista Bárbara Reis, do jornal ‘Público’, afirma que “é importante um bom Papa”, sejam as pessoas ateias ou católicas, e Francisco “é um líder muito impressionante” que “dá o exemplo da frugalidade”. “O Papa Francisco é um líder muito impressionante, desde o início que é muito interessante observar e confesso que com algum espanto porque conhecia pouco”, disse em entrevista à Agência ECCLESIA, após a visita do Papa a Portugal. Bárbara Reis, que recorda não ser “especialista” na temática religiosa, diz que para si “é muito impressionante” |
no Papa Francisco “a sua coragem para ser o exemplo, em algumas coisas muito importantes”, o que é “muito inspirador”, para qualquer pessoa que “observe o que se passa no mundo”. “Tantas vezes se diz: «Ele é Papa, claro que tem de dar o exemplo». Isso não é verdade, nem na história dos Papas, nem na história dos líderes do mundo”, desenvolve. Num período da história em que a palavra populista faz parte das conversas, a jornalista afirma que Francisco não o foi ao optar por viver na Casa de Santa Marta ao invés do palácio apostólico. “Populismo é |
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outra coisa, é a Marine Le Pen e o Donald Trump”, exemplifica, porque no Papa há uma “consistência, que é uma vida inteira”. “O Papa tem 80 anos e só com muito cinismo se pode considerar que esse gesto é populista”, observa. A jornalista revela que “o exemplo da frugalidade” de Francisco é do que “mais” a “impressiona” e considera “interessante” com o paradoxo de líderes fazerem “campanhas com base no aumento de consumo, no crescimento da economia”. “Não é pouco, porque há excesso de consumo que leva aos problemas ambientais que são genuínos no Papa. O desperdício é tema muito forte no Papa”, realça, destacando a mensagem “até ecológica e de sustentabilidade” muito interessante que Francisco passar aos milhões e milhões de pessoas que o ouvem. “É importante que tenhamos um bom Papa sejamos ateus ou católicos”, afirma Bárbara Reis. Para a entrevistada, “um pequeno gesto” como a escolha do sítio onde ficou a viver “pode inspirar outros” e, se todos os líderes têm de dar o exemplo, Francisco mostra que “tem |
de dar o exemplo” e está “a pedir mais à sua instituição, à Igreja Católica”. Barbara Reis considera que existe “uma certa arrogância intelectual, entre católicos ou ateus,” em relação a discursos muito simples, “como se falar de uma forma simples fosse fácil” e o exemplo do Papa em falar de maneira clara para que todos entendem é interessante. “Até nisso é muito eficaz. É um talento, é um saber muito particular conseguir transmitir mensagens muito fortes, muito inspiradoras, de uma forma tão acessível e tão simples”, desenvolveu. Sobre a viagem do Papa Francisco ao Santuário de Fátima, nos dias 12 e 13 de maio, a jornalista diz que “não ficou nenhuma mensagem particularmente marcante”, para além da canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. Talvez porque veio como peregrino”, acrescentou Barbara Reis, assinalando que houve um lado “muito comovente” para os crentes com “todos pequenos gestos de proximidade”, o acenar com o lenço branco, e “algumas frases bonitas sobre a religiosidade”. |
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Um Cristianismo mais interessante
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O jornalista Daniel Oliveira disse que o Papa Francisco é hoje uma voz ouvida por todos porque representa “muito mais a Igreja do perdão do que do castigo, da solidariedade do que do pecado”. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o comentador e político salienta que este centrar do foco da Igreja Católica nas “questões sociais”, no seguimento do qual o Papa argentino tem colocado muitas vezes “o dedo nas injustiças do mundo”, representa um motivo de “enorme esperança” para todos, inclusive “para os não crentes”. “Tornou o cristianismo muito mais interessante”, admite Daniel Oliveira, que se assume como não-crente. Na sua análise, o cronista destaca o facto de o Papa argentino, em vez de apontar “diferenças”, procurar descobrir caminhos em conjunto, de “solidariedade”. Uma figura que ao longo do seu pontificado, nos últimos quatro anos, tem procurado trazer “mudança” à Igreja Católica e que além disso não se fica pelas palavras mas coloca-as em prática. “Não acho que este Papa seja |
populista, ele percebeu o lugar que ocupa e a mensagem que tem que passar. E em todas as mensagens o exemplo é sempre das coisas mais poderosas que existem”, refere Daniel Oliveira. Daí que, nos dias 12 e 13 de maio, Francisco tenha estado em Fátima como “peregrino” ou que, em termos globais, ao longo do seu pontificado, ele tenha revelado sempre uma “enorme exigência” na aplicação da mensagem cristã, sem medo de encontrar “resistência”, analisa. O jornalista recorda a forma como Francisco tem procurado lembrar constantemente “os padres, e não só”, que a “mensagem cristã” muitas vezes tem de primar pela “revolta” e ser mesmo “revolucionária”, na defesa dos mais necessitados. Ou quando, dirigindo-se à sociedade, mais uma vez pelo exemplo, “sem ter de o dizer”, o Papa argentino consegue “expor de forma evidente, a contradição de líderes políticos que são crentes e trabalham a favor da ganância”, e os “que não se preocupam nem trabalham para os mais pobres |
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e para aqueles que os elegeram”. Segundo Daniel Oliveira, a todo o momento este Papa lembra que estas pessoas, enquanto católicas, “têm exigências sociais”, porque fazem parte de uma Igreja Católica que tem |
a capacidade e a missão de chegar aos “que estão no fim da linha social”. “Sempre que Francisco tem que fazer a escolha entre os pobres e o poder, a sua escolha é muito clara”, sustenta. |
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Santuário de Cristo Rei |
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No (passado) dia 17 de Maio o Santuário de Cristo Rei comemorou mais um ano de vida. Pela importância e relevo que este monumento possui, esta semana sugiro um olhar sobre a presença virtual deste espaço sagrado na internet. Ao digitarmos o endereço www.cristorei.pt surge um ambiente sóbrio, agradável e com a imagem do Ressuscitado em destaque e sempre presente. Na página inicial, temos ao dispor as principais novidades com destaques para eventos passados. Dispomos também de um vídeo magnificamente bem produzido, com uma vista aérea de todo o meio envolvente, que é o ex-libris para quem entra neste espaço. Na opção “História” encontramos todo o desenrolar que envolveu a implantação desse magnífico santuário, no saudoso dia “17 de Maio de 1959 (Dia de Pentecostes) perante a imagem de Nª Srª de Fátima, com a participação de todo o Episcopado Português”. Em “O Santuário” aparece-nos um conjunto de dados bastante interessantes. Podemos, desde |
logo, conhecer os diversos espaços que compõem este templo. Nomeadamente a Capela de Nossa Senhora da Paz, da autoria do arquiteto António Lino e a sala Beato João XXIII, onde se destacam os oito quadros a óleo alusivos à encíclica “Pacem in Terris”. No item “projetos futuros” podemos descobrir fabulosos projetos que estão na calha, sempre com o objetivo de “criar as condições necessárias para que cada peregrino/visitante, sinta neste local, aquela Paz interior de que nos fala o Evangelho de Jesus. No item “espiritualidade”, descobrimos um pouco mais sobre a devoção ao coração de Cristo Redentor, e a devoção, especialmente promovida pelo Papa Pio XI, ao Cristo Rei. Desde o contexto histórico, às raízes bíblicas, não esquecendo a simbologia e as festividades e claro, a veneração ao Coração de Jesus pelos Papas. Existe também uma área especialmente pensada para todas as pessoas que visitam este santuário, apresentando a melhor maneira de “(re)descobrir a grandeza do amor de Deus nas suas vidas”, bastando. Para isso clique em “Apoio aos |
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Peregrinos”. Por último em galeria de imagens e vídeos podemos, através de uma forma mais visual e gráfica, aceder ao acervo histórico de muitos acontecimentos que foram vividos e registados quer em fotografia, quer em vídeo. Aqui fica a proposta de navegação |
digital onde podemos descobrir um pouco mais este fantástico Santuário Nacional do Sagrado Coração de Jesus e quem sabe, aproximarmo-nos mais deste espaço de oração e aprofundamento espiritual.
Fernando Cassola Marques |
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II Concílio do Vaticano: Esforços para renovar os horizontes de cultura |
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Na terceira sessão do II Concílio do Vaticano (1962-65), os padres conciliares entraram em debates mais acalorados com os temas do diálogo entre a igreja e a cultura. Após o período do renascimento, desenvolveu-se uma civilização com laivos de laicismo que nem sempre foi compreendido pela Igreja. A cultura é uma questão capital para o catolicismo e inúmeros foram os cristãos que se regozijaram com Paulo VI quando a colocou no “centro das suas preocupações” (In: Henri Fesquet; «O Diário do Concílio»; 2º Volume, Publicações Europa-América; Pág. 261). A intervenção do cardeal Lercaro, arcebispo de Bolonha (Itália), sobre esta temática foi particularmente notada. Quando abordou o célebre «esquema 13», o prelado italiano disse aos padres conciliares: “Este parágrafo sobre a cultura é o centro de todo o esquema 13 porque exprime a natureza das relações entre a Igreja e o mundo. Por outro lado, a Revelação pode auxiliar a investigação cultural e, inversamente, a cultura pode auxiliar a Igreja a aprofundar a sua mensagem”. No seu discurso, o cardeal Lercaro sublinha que “não basta dizer que a Igreja estima a cultura e que confia no progresso científico, artístico e técnico”. E acrescenta: “A pobreza evangélica não é sinónimo de pobreza cultural. A Igreja deve fazer todos os esforços para renovar os horizontes de cultura”. Ao olhar para o panorama dos seminários, o padre conciliar realça que a função da Igreja é ser presente à cultura como um fermento. Por isso pede uma reexaminação de “todo o ciclo do ensino nos seminários,
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que se tornou absolutamente inadequado. Sem esta mudança não será possível criar um diálogo em profundidade com o homem de hoje”. No debate conciliar, ocorrido no mês de novembro de 1964, e mesma linha do cardeal Lercaro, o bispo coadjutor de Estrasburgo (França), monsenhor Elchinger, revelou que os valores da cultura “não parecem ser suficientemente tomados a sério pela Igreja. Uma opinião pública bastante abrangente considera que a Igreja católica, apesar dos serviços prestados outrora à cultura, dá hoje prova de espírito estreito neste campo”. A relação da Igreja com a cultura “é dominada por atitudes de medo, de reflexos apologéticos de defesa; que se instala à margem da ascensão cultural dos tempos modernos”. (In: Henri Fesquet; «O Diário do Concílio»; 2º Volume, Publicações Europa-América; Pág. 261). Por sua vez, o cardeal holandês, Bernard Jan Alfrink, faz uma intervenção que ficou na história conciliar quando falou da atitude da igreja para com o comunismo. O arcebispo de Utreque salienta |
que “as ideias ateias e marxistas espalham-se por toda a parte” e que “são evidentemente incompatíveis com o cristianismo”. No entanto o cardeal holandês alerta para o “dever de caridade”. “Um grande número de homens adere ao partido comunista, não por causa da sua doutrina filosófica, mas por desespero e razões de justiça social”. |
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A celebração do centenário das Aparições de Fátima com a presença do Papa Francisco e a canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto é um acontecimento a revisitar, nos próximos dias e nas próximas gerações. A ECCLESIA decidiu lançar uma edição especial da sua revista, em papel, com o objetivo de fazer memória de 24 horas com o Papa Francisco pela força das imagens, pelo prolongamento de um ambiente de luz nas páginas que se seguem e pela centralidade que, em todos os momentos, foi dado à imagem de Nossa Senhora de Fátima e aos pastorinhos canonizados, Francisco e Jacinta. Também à Irmã Lúcia, a vidente falecida 2005, recorrentemente referida para recordar a Mensagem de Fátima. A revista apresenta ainda as várias intervenções do Papa Francisco, as dos bispos que o saudaram, uma síntese da conferência de imprensa no voo de regresso a Roma e a reflexão do próprio pontífice, um dia depois da viagem, em Roma, durante a recitação do Regina Coeli.
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Maio 2017 |
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Dia 19*Porto - Porto Business School - Sessão do ciclo sobre religião e economia no Projeto «Palavras no Tempo»
*Vila Real – Sé - Concerto «Tríptico a Nossa Senhora de Fátima» pelo organista Giampaolo Di Rosa.
*Braga - Iniciativa «Noite UP´S - Uma direta com Deus» com início em Caldas das Taipas (Guimarães) até ao Santuário do Nossa Senhora do Sameiro promovida pelo Grupo de Peregrinos da Arquidiocese de Braga. (19 e 20)
*Lamego – Nespereira - Jornada da Juventude da Diocese de Lamego «Alegria, Fé, Natureza». (19 e 20)
*Viana do Castelo - Festa de Santa Cruz e Andores Floridos em Alvarães (19 a 21)
*França – Lourdes - Peregrinação militar ao Santuário de Lourdes (19 a 21)
*Ilha de São Miguel - Ponta Delgada - Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres (19 a 25) |
*Lisboa - Museu Nacional de Arte Antiga - Exposição «Madonna» no Museu Nacional de Arte Antiga (19 a 10 de setembro)
Dia 20
*Lisboa - Lumiar (Monjas Dominicanas) - Conferência sobre «O desenho visível e invisível da vida» por Emília Leitão
*Guarda - Assembleia da Diocese da Guarda no âmbito de um processo de reorganização pastoral.
*Funchal - Parque de Santa Catarina - Celebração da jornada diocesana da Família
*Algarve - Assembleia plenária do Conselho de Pastoral da Diocese do Algarve
*Bragança - Dia da Família com o tema «A Família aprende com Maria»
*Roma - Ação de graças pela canonização dos pastorinhos de Fátima em Roma.
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*Guarda - Museu de Arte Sacra - da Guarda promove uma ação de formação sobre a preservação e salvaguarda dos bens da Igreja.
*Lisboa - Bênção dos universitários, presidida por D. Nuno Brás.
*Braga - Santuário do Sameiro - Peregrinação das crianças da catequese da infância (1º ao 6º ano) ao Santuário do Sameiro
*Aveiro - Salão da Junta de Freguesia de Aguada de Baixo - Lançamento do livro «Celebrar a vida na beleza de Deus» do padre Manuel Armando com apresentação de Amaro Neves e Armor Pires Mota.
*Évora - Campo Maior (Igreja do convento) - Conferência sobre «Tu és a honra do nosso povo. A relação do Papa com Maria Imaculada» por Aura Miguel.
*Coimbra - Sé Nova - Bênção das grávidas
*Viana do Castelo - Quinta de São Lourenço (Darque) - Encontro diocesano entre jovens e adultos, movimentos e espiritualidades intitulado «Campus Laetitiae» (20 e 21)
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*Viana do castelo - Visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima à Diocese de Viana do Castelo (20 e 21)
Dia 21*Viseu - Dia Diocesano da Família promovido pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar.
*Aveiro - Bênção de finalistas da Universidade de Aveiro
*Bragança – Vinhais - A Diocese de Bragança-Miranda assinala o Dia Mundial da Diversidade Cultural com uma peça de teatro «Variações sobre o Teorema de Clinto e as Vantagens de uma Espiga ao Sol», em Vinhais.
*Fátima - Entrega da Imagem peregrina de Fátima a uma representação luxemburguesa.
*Guarda – Fundão - O Dia da Família na Diocese da Guarda vai celebrar-se no Seminário do Fundão, e tem como tema «Com Maria cuidar da alegria da vida».
*Setúbal - Auditório da Paróquia de Nossa Senhora da Anunciada - Espetáculo solidário para ajudar a combater a pobreza infantil promovido pela Cáritas Diocesana de Setúbal |
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Entre hoje e amanhã decorre a iniciativa «Noite UP´S - Uma direta com Deus», com início em Caldas das Taipas (Guimarães) até ao Santuário do Nossa Senhora do Sameiro, promovida pelo Grupo de Peregrinos da Arquidiocese de Braga.
O Departamento Diocesano da Pastoral de Jovens de Lamego vai dinamizar a sua jornada da juventude entre sexta-feira e sábado, em Nespereira, na Zona Pastoral de Cinfães.
A Freguesia de Alvarães, na Diocese de Viana do Castelo, promove a Festa de Santa Cruz e Andores Floridos entre 19 e 21 de maio, apresentando arte feita com pétalas de flores.
O Papa Francisco associou-se à peregrinação militar a Lourdes que vai juntar 12 mil pessoas de 40 países no santuário francês de 19 a 21 de maio, para rezar pela paz.
O bispo de Fall River (Estados Unidos da América), D. Edgar da Cunha, vai presidir às festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres que se realizam em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, de 19 a 25 de maio. |
Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h30 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
Domingo: 10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Entrevista de Aura Miguel
Segunda-feira: 12h00 - Informação religiosa
Diariamente 18h30 - Terço
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![]() RTP2, 13h00Domingo, 21 maio, 13h30 - O Papa que todos escutam - Consequências das mensagens do Papa em Portugal
Segunda-feira, dia 22, 15h00 - Entrevista sobre o Dia Mundial das Comunicações Sociais com Paulo Rocha, diretor da Agência Ecclesia, e Paulo Santos, diretor da Mediagate.
Terça-feira, dia 23 15h00 - Informação e entrevista ao Nuno Lopes, sobre o Congresso de Cuidados Continuados e Paliativos do Instituto S. joão de Deus.
Quarta-feira, dia 24, 15h00 - Informação e entrevista a Eugénia Costa Quaresma sobre Fátima nas comunidades portuguesas.
Quinta-feira, dia 25, 15h00 - Informação e entrevista de análise à atualidade.
Sexta-feira, dia 26, 15h00 - Entrevista de análise à liturgia de domingo com o cónego António Rego e o padre Armindo Vaz.
Antena 1
Domingo, 21 de maio - A minha viagem com o Papa Francisco. Octávio Carmo.
Segunda a Sexta-feira, 22 a 26 de maio - Após a visita do Papa a Portugal.
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Ano A – 5.º Domingo da Páscoa |
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“Não vos deixarei órfãos” |
“Não vos deixarei órfãos”. Esta promessa de Jesus pode ser uma boa síntese do tema da liturgia da Palavra deste 6.º Domingo da Páscoa. Tal diz respeito a cada um de nós e à comunidade, sempre transformados pelo Espírito. O Evangelho apresenta-nos parte do testamento de Jesus aos discípulos, inquietos e assustados. Promete o Paráclito, o Espírito, que conduzirá a comunidade cristã em direção à verdade, a uma comunhão cada vez mais íntima com Jesus e com o Pai. A segunda leitura exorta os crentes, confrontados com a hostilidade do mundo, a terem confiança, a darem testemunho sereno da sua fé, a mostrarem o seu amor a todos os homens, mesmo aos perseguidores. Tudo e sempre ao modo de Cristo. A primeira leitura mostra a comunidade cristã a dar testemunho da Boa Nova de Jesus e a ser uma presença libertadora na vida dos homens. A ação evangelizadora de Filipe diante das contrariedades só pode acontecer na força do Espírito. Apesar dos riscos corridos em Jerusalém, Filipe não desistiu, não sentiu que já tinha feito o possível, não se acomodou. Partiu para outras paragens a dar testemunho de Jesus. É o mesmo entusiasmo que nos anima, quando temos de dar testemunho do Evangelho de Jesus? Mesmo nas perseguições, dificuldades, propostas contrárias aos valores cristãos que há em nós, na nossa Igreja, no mundo que habitamos? O caminho que Jesus propõe aos seus discípulos, o caminho do amor, do serviço e do dom da vida parece, à luz dos critérios com que a maior parte das pessoas avaliam estas coisas, um caminho de fracasso, que não conduz nem à riqueza, nem ao poder, nem ao êxito |
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social, nem ao bem estar material; afinal, tudo o que parece dar verdadeiro sabor à vida das pessoas do nosso tempo. Jesus garante-nos que é no caminho do amor que encontramos a vida nova e definitiva. Na minha leitura da vida e dos seus valores, o que é que prevalece: o pessimismo de alguém que se sente fraco, indefeso, e que vai passar ao lado das grandes experiências que fazem felizes os grandes do mundo, ou a esperança de alguém que se identifica com Jesus e sabe que é n'Ele que se encontra a felicidade plena e a vida definitiva? «Não vos deixarei órfãos. Eu estou |
no Pai, vós estais em Mim e Eu em vós. Quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele». São palavras do Evangelho sem meias-tintas, aliás como é sempre a Palavra de Deus. Das duas uma: ou nos deixamos levar pelo Espírito de Cristo, ou partimos para outras ondas, órfãos da sua presença. Se somos em Cristo, não temos alternativa. Sempre com profundo sentido de liberdade, que nos vem do Espírito do amor de Deus derramado nos nossos corações.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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No centenário das Aparições, a Fundação AIS também está em festaMilagres de amor |
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Todos os dias, em muitas regiões do mundo, acontecem verdadeiros milagres. Milagres que são a expressão do que a humanidade tem de melhor: o amor gratuito que nos aproxima de Deus quando nos aproxima do outro. A solidariedade é isso. A Fundação AIS é isso também. E não é por acaso que neste ano do Centenário das Aparições, a Ajuda à Igreja que Sofre está também em festa…
Há cem anos, a 13 de maio, os Pastorinhos tiveram uma experiência que mudou por completo as suas vidas e mudou, e de que maneira, a vida de milhões de pessoas em tantos países do mundo. As Aparições de Nossa Senhora a Francisco, Jacinta e Lúcia são expressão do amor incondicional do Céu por todos nós. De maio a Outubro, Nossa Senhora lembrou que todos temos o dever de lutar pela paz rezando. E que a paz é muito mais do que a ausência da guerra, pois só é possível verdadeiramente com corações de misericórdia, com corações sossegados. E lembrou que a Igreja iria continuar a viver o sofrimento da perseguição, o ódio da intolerância, |
a violência absoluta. Desde há cem anos que tem sido assim. Mas neste ano do Centenário das Aparições, assinala-se também os setenta anos da criação da Ajuda à Igreja que Sofre e os cinquenta anos da consagração da Obra a Nossa Senhora de Fátima. Como lembrou recentemente o presidente executivo internacional da Fundação AIS, Johannes Heereman, “desde o início, esta obra de caridade foi um milagre”. Sempre que alguém perdoa, acontece um milagre de amor. Sempre que alguém estende a mão, acontece algo de extraordinário. A caridade é isso também. E é sempre gratuita. A Fundação AIS – que nasceu nos escombros da II Guerra Mundial, quando era urgente ajudar milhares de cristãos que viam a sua liberdade sufocada nos países de Leste – está intimamente ligada a Fátima, à Mensagem de Nossa Senhora, ao apelo à paz, à reconciliação e à urgência da solidariedade para com a Igreja perseguida. Foi uma ousadia, o que fez o padre Werenfried van Straaten. Muitos desses cristãos perseguidos no final da guerra eram alemães. Eram os antigos inimigos. Pediam ajuda e houve centenas, milhares de mãos que se estenderam |
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para eles. Esta obra de caridade pastoral cresceu e estendeu as suas atividades não só para os países da chamada “Cortina de Ferro” bem como para Ásia, África e América Latina. Onde a Igreja é pobre, necessitada, ou onde os cristãos são perseguidos, aí está a Fundação AIS.
Consagração
Desde há setenta anos, que a Fundação AIS procura secar as lágrimas de Deus na terra. A consagração da Fundação AIS a Nossa Senhora de Fátima aconteceu a 14 de setembro de 1967, há 50 anos. Na altura, o padre Werenfried van Straaten – o fundador da AIS – compreendeu que esta iniciativa era uma resposta concreta à mensagem de Fátima. A rebelião total contra Deus que culminou com a revolução de outubro na Rússia, precisamente em 1917, e que desencadeou uma perseguição inimaginável contra a Igreja, ainda prossegue hoje em dia. Em alguns países, os cristãos são presos e torturados apenas por terem algum exemplar da Bíblia. Em alguns países, são forçados a viver a sua |
fé na clandestinidade. São expulsos de suas casas, forçados a fugir. A Fundação AIS apoia atualmente cerca de 6 mil projetos em mais de 140 países. Cada um desses projetos é expressão concreta da solidariedade dos seus benfeitores. Todos os dias, em muitas regiões do mundo, acontecem verdadeiros milagres de amor. Milagres que são a expressão do que a humanidade tem de melhor: o amor gratuito que nos aproxima de Deus quando nos aproxima do outro. A solidariedade é isso. A Fundação AIS é isso. Paulo Aido |
Francisco, o Peregrino da Paz |
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Tony Neves |
Chegou aclamado em festa, rezou em silêncio, falou da paz e da justiça, canonizou a Jacinta e o Francisco, fez apelos a um mundo mais fraterno, despediu-se da multidão e fez a viagem de regresso a Roma. O Papa Francisco presidiu à celebração do Centenário das Aparições em Fátima, evento que congregou muitos milhares de pessoas, idos a pé, de bicicleta, de carro, de autocarro, naqueles 12 e 13 de Maio em que todos os caminhos de Portugal iam dar à Cova da Iria. Dias antes, o Papa foi ao Egipto dizer que não se podem justificar com o nome de Deus guerras e violência. Francisco foi ao Cairo pedir mais formação aos jovens sobre o diálogo e denunciar o martírio de tantos cristãos, vítimas de atentados e perseguições. A visita seguinte estava já no roteiro papal: Fátima!
O Papa Francisco visitou Fátima como peregrino da esperança e da paz. O que ele disse vai continuar a falar alto e calar fundo no coração de quantos o quiseram ouvir. Destaco algumas das frases que ficam para a nossa história: ‘Percorreremos todas as rotas, seremos peregrinos de todos os caminhos, derrubaremos todos os muros e venceremos todas as fronteiras, saindo em direção a todas as periferias, aí revelando a justiça e a paz de Deus. Seremos, na alegria do Evangelho, a Igreja vestida de branco, da alvura branqueada no sangue do Cordeiro derramado ainda em todas as guerras que destroem o mundo em que vivemos’ – visita à Capelinha das Aparições. |
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‘Que Ela, Mãe doce e solícita de todos os necessitados, lhes obtenha a bênção do Senhor! Sobre cada um dos deserdados e infelizes a quem roubaram o presente, dos excluídos e abandonados a quem negam o futuro, dos órfãos e injustiçados a quem não se permite ter um passado, desça a bênção de Deus encarnada em Jesus Cristo’. ‘Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho. Nela vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentirem importantes’ – antes da Recitação do Rosário. ‘Temos Mãe! Uma ‘Senhora tão bonita’ – comentavam entre si os videntes a caminho de casa, há cem anos atrás’. Para o Papa, ‘no crer e sentir de muitos peregrinos, senão mesmo de todos, Fátima é sobretudo este manto de luz que nos cobre’. Citando uma visão de Jacinta, disse o Papa: ‘Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente, a chorar com fome, e não tem nada |
para comer?’ – referiu o Papa na homilia da Missa, após canonização de Jacinta e Francisco Marto. ‘Na sua paixão, Cristo tomou sobre si todos os nossos sofrimentos. Jesus sabe o que significa o sofrimento, compreende-nos, consola-nos e dá-nos força, como fez a S. Francisco e a S. Jacinta, aos santos de todos os tempos e lugares’. (…). ‘Vivei a vossa vida como um dom e dizei a Nossa Senhora, como os Pastorinhos, que vos quereis oferecer a Deus de todo o coração’ – na saudação aos doentes. A multidão reunida em Fátima, despediu-se em apoteose do Papa Francisco que percorreu o recinto saudando e abençoando o povo peregrino. Na hora de partir, Francisco lança um desafio à Igreja: ela só brilha quando é ‘missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor’. Regressou a Roma com ar cansado, mas feliz. Deixou Fátima com apelos claros a um compromisso por mais justiça, paz, amor e alegria, os valores do reino de Deus que se torna urgente viver com coerência e intensidade. |
‘Que Ela, Mãe doce e solícita de todos os necessitados, lhes obtenha a bênção do Senhor! Sobre cada um dos deserdados e infelizes a quem roubaram o presente, dos excluídos e abandonados a quem negam o futuro, dos órfãos e injustiçados a quem não se permite ter um passado, desça a bênção de Deus encarnada em Jesus Cristo’. ‘Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho. Nela vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentirem importantes’ – antes da Recitação do Rosário.
‘Temos Mãe! Uma ‘Senhora tão bonita’ – comentavam entre si os videntes a caminho de casa, há cem anos atrás’. Para o Papa, ‘no crer e sentir de muitos peregrinos, senão mesmo de todos, Fátima é sobretudo este manto de luz que nos cobre’. Citando uma visão de Jacinta, disse o Papa: ‘Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente, a chorar com fome, e não tem nada para comer?’ – referiu o Papa na homilia da Missa, após canonização de Jacinta e Francisco Marto.
‘Na sua paixão, Cristo tomou sobre si todos os nossos sofrimentos. Jesus sabe o que significa o sofrimento, compreende-nos, consola-nos e dá-nos força, como fez a S. Francisco e a S. Jacinta, aos santos de todos os tempos e lugares’. (…). ‘Vivei a vossa vida como um dom e dizei a Nossa Senhora, como os Pastorinhos, que vos quereis oferecer a Deus de todo o coração’ – na saudação aos doentes.
A multidão reunida em Fátima, despediu-se em apoteose do Papa Francisco que percorreu o recinto saudando e abençoando o povo peregrino.
Na hora de partir, Francisco lança um desafio à Igreja: ela só brilha quando é ‘missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor’.
Regressou a Roma com ar cansado, mas feliz. Deixou Fátima com apelos claros a um compromisso por mais justiça, paz, amor e alegria, os valores do reino de Deus que se torna urgente viver com coerência e intensidade.
Tony Neves
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