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Sandra Costa Saldanha D. José Cordeiro Octávio Carmo D. Ilídio Leandro Jornada Mundial da Juventude |
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Foto da capa: News.va
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O melhor possível |
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Sandra Costa Saldanha |
Numa busca constante de equilíbrio, cada um, à sua maneira, procura viver o melhor possível. Muitos dirão que não têm a vida que gostariam. Muitos sabem que têm a vida que escolhem, mesmo que submersa num sem número de condicionantes, ou circunstâncias adversas. Escolher, por si, evidencia essa autonomia, o livre arbítrio. Evocando esse princípio leibniziano do “melhor” - moral e dinâmico (para lá da causa mecânica), assente na vontade de Deus, justa |
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e boa - acreditar em tal concepção, do “melhor dos mundos possíveis”, não é pois tarefa fácil. E menos ainda nos dias que correm, em que os obstáculos são, quantas vezes (e apenas), um argumento mais a somar ao desalento. Em tempos de pessimismo mais ou menos global, num país pouco dado a manifestações de felicidade, os optimistas parecem, como nunca, escassear. Sucumbem esses guerreiros da esperança, empreendedores, dinâmicos e positivos, que apreciam o |
que fazem, e que o fazem com um brilho nos olhos. Uma paixão que legitimam em resultados e nas suas próprias vidas. Não escamoteando adversidades, vivem genuinamente mais felizes. Num tempo em que tantos se rendem às dificuldades, encarar incondicionalmente a vida parece-me, pois, aquela pequena parte a que nos devemos resignar, aquela que verdadeiramente podemos escolher, no “melhor dos mundos possíveis”.
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Rui Costa vence
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“A saudade é a síntese da esperança e da memória” Ruy Ventura à Ecclesia
"O papa Francisco não tem nenhuma relação directa com os pecados dos governantes brasileiros, a não ser perdoá-los, se houver confissão. O papa não me parece a melhor pessoa para reclamar. Não tem culpa nos vinte centavos, na eventual corrupção dos políticos, no fato de os deputados trabalharem ou não. O papa é representante de fé e deve nos unir" Prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes
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“O país precisa de um PS que aceite o convite do senhor Presidente da República para lançarmos as bases concretas e realistas do nosso futuro”.
Apelo da embaixadora da África do sul em Portugal
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Igreja empenhada
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O diretor da Obra Nacional da Pastoral do Turismo (ONPT), da Igreja Católica, considera que esta deve ajudar a promover as “potencialidades singulares” deste setor e sublinhar a dimensão espiritual no período de descanso. “O turismo, em Portugal, é um setor de atividade económica e social que muito pode ajudar, na hora presente, ao desenvolvimento do país. Esta oportunidade pressupõe o empenhamento de todos, nomeadamente da Igreja, com aquilo que lhe é específico”, escreve o padre Carlos Godinho, numa mensagem enviada à Agência ECCLESIA. Segundo este responsável, às comunidades católicas compete apresentar uma proposta de “autêntica vivência espiritual” e uma “disponibilização qualitativa do património cultural religioso”, para “promover todas as formas de um descanso autêntico, revigorador da pessoa na sua integridade”. “A Igreja é |
inequivocamente chamada a prestar singular contributo para o desenvolvimento de um turismo englobante e de qualidade. Se este requer aptidão específica de todos os grupos da sociedade, não a requer menos à Igreja”, prossegue. No artigo orientador para a época balnear de 2013, o diretor da ONPT apela à “valorização do acolhimento”, um “grande valor humano e cristão”. “Lugar particular, nesta atenção, terão ainda as famílias, podendo encontrar nas diversas comunidades cristãs de acolhimento um apoio espiritual e humano às suas vivências, promovendo-se assim um tempo de lazer que seja igualmente de fortalecimento das relações de todos os seus membros”, assinala. O responsável sustenta que o contributo da Igreja a favor de um “turismo de qualidade e de autêntico serviço à pessoa” é uma forma de participação na “prossecução de um autêntico bem comum”, |
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recordando ainda a importância económica deste setor. “No contexto socioeconómico em que Portugal atualmente se encontra, todas as possibilidades de promoção do desenvolvimento económico, gerando mais receitas e aumento de emprego, são uma verdadeira bênção”, refere o |
sacerdote da Diocese de Coimbra. Para o diretor da ONPT, compete ainda à Igreja “atender aos que trabalham no setor do turismo”, requerendo para eles as condições “dignas de trabalho e a justa remuneração”, atendendo particularmente às condições laborais em tempos de maior afluxo de turistas. |
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Ação Católica Rural promete intervenção |
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A Ação Católica Rural (ACR) assumiu a necessidade de uma “intervenção social”, perante o atual cenário em Portugal, para “minorar o sofrimento e angústia” das pessoas e famílias atingidas pela crise. Os 210 delegados e participantes na 7ª assembleia nacional, que decorreu em Braga, “tomaram consciência das duras condições de vida que afetam a maioria dos portugueses e das suas inelutáveis consequências no crescimento do desemprego, da pobreza e da degradação económica e moral”, refere a nota conclusiva dos trabalhos, enviada à Agência ECCLESIA. A ACR reuniu-se este sábado no auditório da Escola Profissional Amar Terra Verde, em Vila Verde, Braga, e reafirmou “a sua determinação em prosseguir a missão eclesial e social do movimento”, aprovando linhas de força para o triénio 2013-2016 sob o lema ‘O futuro é agora: semeia, cuida, partilha!’. Os participantes destacaram a importância do “estudo |
e aplicação da Doutrina Social da Igreja” e apontaram como prioridade o “rejuvenescimento do movimento”. "A originalidade do movimento consiste na evangelização das pessoas e dos ambientes, por via de ações e da realização de projetos, em revisão de vida, para o conhecimento das realidades, reflexão evangélica e consequente intervenção", pode ler-se. A assembleia nacional convidou os membros da ACR a “ultrapassar a fronteira visível da Igreja indo ao encontro das periferias para interagir, com os agentes da sociedade civil”. |
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D. Manuel Clemente
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O patriarca de Lisboa encontrou-se com os jovens da diocese que vão participar na próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ), para lhes falar de um momento “determinante” nas suas caminhadas de fé. “Confrontamo-nos positivamente com outros cristãos movidos pela mesma fé, com a mesma certeza de que é uma aventura linda que Deus começou connosco há dois mil anos e é muito importante, muito marcante e até determinante”, disse D. Manuel Clemente. Em declarações à Agência ECCLESIA, o novo patriarca referiu que os participantes devem “aproveitar” esta oportunidade, “que não acontece sempre e que alarga a experiência eclesial”. Os 65 jovens reuniram-se no Seminário dos Olivais, para conhecerem a experiência do seu patriarca que já participou em três Jornadas Mundiais da Juventude – 1991; 2002 e 2011. A maior parte dos fiéis, segundo D. Manuel Clemente, vive a sua experiência de Igreja “com os |
grupos, as comunidades e as famílias” e as JMJ são uma oportunidade para perceber a vasta realidade que envolve a Igreja. Para os jovens, estas experiências de fé, como outros encontros semelhantes, são locais propícios para descobrirem “outra extensão e profundidade” de servir a Igreja e, “em muitas ocasiões, também despertam vocações religiosas, sacerdotais e laicais”. Deste encontro mundial no Brasil, a expectativa é que os jovens regressem com uma fé mais robusta porque “é a fé de Jesus que realiza estas jornadas como tudo aquilo que é bom, positivo e bonito”, assinala o patriarca. |
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Tudo é graça |
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D. José Cordeiro, Bispo de Bragança-Miranda |
Bernanos no Diário de um pároco de aldeia escreveu: «o que é importam a Deus o prestígio, a dignidade, a ciência, se tudo isto não passa de um sudário de seda sobre um cadáver putrefacto?». E conclui sabiamente o seu livro dizendo: «tudo é graça». A expressão pode parecer ingénua, mas para que acredita vê que vivemos um tempo de graça, uma nova oportunidade para a fé e para o Evangelho. O Papa Francisco usa com muita frequência nos encontros pessoais esta mesma expressão: «tudo é graça» e tem uma ideia plural da realidade, recordando-nos que «quem crê, vê e nunca está sozinho» e que a modernidade e os contextos atuais não são inimigos da fé. Aos Papas Francisco e Bento XVI agradecemos a graça da encíclica Lumen Fidei (=LF). Esta carta é breve e articula-se em quatro capítulos e em sessenta números, que podemos enquadrar nas quatro dimensões da Igreja: koinonia, diaconia, liturgia e martiria. O estilo é catequético e coloquial, sem deixar de ser profundamente bíblico, patrístico, teológico e conforme o estilo do Magistério Pontifício. De facto, os quatro capítulos que se fundamentam na escritura mostram a graça da fé: 1. Acreditámos no amor (cf. 1Jo 4,16) dos nns 8-22 - koinonia; 2. Se não acreditardes não compreendereis (cf. Is 7,9) dos nns. 23-36 - diaconia; 3. Transmito-vos aquilo que recebi (cf. 1Cor 15,3) dos nns. 37-49 - liturgia; 4. Deus prepara para eles uma cidade |
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(cf. Heb 11,16) dos nns. 50-57 - martiria. A encíclica conclui-se com uma feliz oração a Maria, mãe da nossa fé, antecedida do elogio de Isabel «feliz daquela que acreditou» (cf. Lc 1,45) dos nns. 58-60. No terceiro capítulo dedicado especialmente à Igreja em oração, a liturgia, onde a Igreja nossa mãe transmite a luz da fé e nos ensina a falar a linguagem da fé: «da mesma forma que a luz do círio, na liturgia de páscoa, acende muitas outras velas. A fé transmite-se por assim dizer sob a forma de contacto, de pessoa a pessoa, como uma chama se acende noutra chama» (LF 37). A liturgia vive dos sacramentos que são sacramentos da fé, conferindo igualmente à Igreja a natureza sacramental da fé. A sua máxima expressão realiza-se na celebração da Eucaristia em dois eixos: o eixo da história, como acto de memória e actualização do mistério no “Hodie” da liturgia; e o eixo que conduz do mundo visível ao invisível, para ver a profundidade do real (cf. LF 44). A tentativa de exprimir em formas visíveis o mistério de Deus atravessa |
toda a história da humanidade e toda a sagrada escritura. Toda a liturgia é, principalmente, celebração sacramental, que realiza, sobremaneira, na Eucaristia, a união entre o visível e o invisível, isto é, o único mistério de Deus, que outro não é senão o próprio Jesus Cristo, como escreve Agostinho: «Não há outro sacramento ‘mistério’ de Deus senão Jesus Cristo». Ao dizermos que a Eucaristia, é o sacramento do mistério, queremos salientar a realização sacramental dos mistérios de Cristo na celebração litúrgica, ou melhor, como explica S. Leão Magno no célebre sermão da Ascensão do Senhor, ao falar do mysterium em perspectiva litúrgica, afirmando que no ato de partir Cristo permanece, porque: «o que no nosso Redentor era visível, passou para os seus sacramentos». O Papa Francisco toca no mesmo capítulo terceiro em «quatro elementos que resumem o tesouro de memória que a Igreja transmite: a confissão de fé, a celebração dos sacramentos, o caminho do decálogo, a oração» (cf. LF 46). A fé é um bem comum: «Sem um |
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amor fiável, nada poderia manter verdadeiramente unidos os homens: a unidade entre eles seria concebível apenas enquanto fundada sobre a utilidade, a conjugação dos interesses, o medo, mas não sobre a beleza de viverem juntos, nem sobre a alegria que a simples presença do outro pode gerar. A fé faz compreender a arquitectura das relações humanas, porque identifica o seu fundamento último e destino definitivo em Deus, no seu amor, e assim ilumina a arte da sua construção, tornando-se um serviço ao bem comum. Por isso, a fé é um bem para todos, um bem comum: a sua luz não ilumina apenas o âmbito da Igreja nem serve somente para construir uma cidade eterna no além, mas ajuda também a construir as nossas sociedades de modo que caminhem para um futuro de esperança» (LF 51). O Papa Francisco exorta-nos veemente: «Não deixemos que nos roubem a esperança, nem permitamos que esta seja anulada por soluções e propostas imediatas que nos bloqueiam no caminho, que “fragmentam” o tempo transformando- o em espaço. O tempo |
é sempre superior ao espaço: o espaço cristaliza os processos, ao passo que o tempo projecta para o futuro e impele a caminhar na esperança» (LF 57). A Maria, mãe da graça, pedimos com o Sucessor de Pedro: «Ajudai, ó Mãe a nossa fé (…) ensinai-nos a ver com os olhos de Jesus, para que seja a luz no nosso caminho» (LF 60). «A fé não é um refúgio para gente sem coragem, mas a dilatação da vida: faz descobrir uma grande chamada — a vocação ao amor — e assegura que este amor é fiável, que vale a pena entregar se a ele, porque o seu fundamento se encontra na fidelidade de Deus, que é mais forte do que toda a nossa fragilidade» (LF 53). |
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Ignorar a ignorância |
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Octávio Carmo, Agência Ecclesia |
Acontece muitas vezes nesta profissão questionarmos os critérios que levam determinado facto a ser transformado em notícia, com direito a grandes destaques, ignorando outros que se tomam por bem mais relevantes e são deixados de lado. Esta semana tivemos mais um exemplo, com a propalada “absolvição” de pecados através do Twitter, supostamente uma iniciativa do Papa Francisco. Indulgências e penitência são, de facto, temas delicados e exigem alguma fundamentação e sentido crítico, quando se escreve sobre eles. Infelizmente – apesar de muita desta informação estar já disponível com alguns cliques na internet -, a opção pelo sensacionalismo (para não dizer pior) faz com que vários meios de comunicação se limitem a copiar material divulgado por agências internacionais: é quase irresistível falar do que não se sabe, desde que seja bombástico. Saber o que fazer perante uma notícia errada, para mais sobre uma matéria que já tinha sido explicada e divulgada anteriormente por nós, não é fácil. Na verdade, por vezes, o melhor é mesmo ignorar a ignorância.
Sem grande surpresa, também, começam a chegar do Brasil as habituais notícias que antecedem qualquer visita do Papa: protestos organizados, contestação aos custos, questionamento sobre o envolvimento das autoridades que, |
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na verdade, convidaram o líder da Igreja Católica a visitar o seu país. Acredito que, tal como no passado, bastará a chegada de Francisco – ainda por cima o primeiro Papa sul-americano na sua primeira viagem internacional – para contrariar uma lógica jornalística que se entretém a hipervalorizar as minorias e acaba por esquecer o acontecimento principal, que neste caso vai reunir dois milhões de pessoas. Só o número merece um olhar atento, independentemente das convicções religiosas de cada um…
Sou fã de ciclismo e há vários anos que acompanho com atenção a Volta à França, um verdadeiro regalo para os |
olhos, em termos de transmissão televisiva, mesmo para quem não gosta do desporto, pela possibilidade de ver paisagens e monumentos notáveis. Este ano, a vitória de Rui Costa numa etapa levou a uma súbita onda de indignação pela pouca atenção que esta modalidade tem merecido por parte da imprensa e foram muitos, incluindo o Governo, que fizeram questão de saudar o ciclista português. A cultura desportiva não se alimenta apenas de vitórias, mas implica uma mudança de hábitos, investimento e, admito, uma alteração das regras jornalísticas para que o futebol não continue a secar tudo à volta.
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Preparar e celebrar a JMJ em Portugal
D. Ilídio Leandro, bispo de Viseu e membro da Comissão Episcopal do Laicado e Família, considera que as Jornadas Mundiais da Juventude no Rio de Janeiro têm tudo para ser um acontecimento católico marcante para os jovens portugueses.
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Agência ECCLESIA (AE) – Portugal vai levar cerca de 600 jovens às Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), no Brasil. O que é que pensa deste número? D. Ilídio Leandro (IL) – Acho que este número é um sinal de que os jovens portugueses têm nas JMJ uma forma de viver a sua fé, de referenciarem a sua fé também em encontros de multidão. E eu digo isto comparando as jornadas de Madrid, onde estiveram cerca de 13 mil, e o Rio de Janeiro onde vão estar cerca de 500, 600 jovens, naturalmente compreendendo a distância e o momento atual |
da sociedade portuguesa também, e sabendo que os que não vão, irão vivê-la cá mas sintonizados e em ligação. Cá em Portugal está a organizar-se um grande acampamento aqui em Viseu, outro no Porto e outros noutros sítios, e portanto é uma afirmação de que os jovens precisam destes encontros, destes acontecimentos, e respondem sim quando naturalmente é de acordo com a oportunidade que têm.
AE – Não há o perigo de serem apenas balões de oxigénio em que a juventude se junta e prepara para as jornadas e depois acabou? IL – É um perigo, pode acontecer. Talvez tivesse passado por essa leitura quando em 1997 fui a primeira vez a uma JMJ a Paris. A partir daí já fui a várias, e na primeira ia talvez com esse pensamento, era responsável aqui da diocese. As jornadas marcam muito os jovens, claro que há uns tantos que porventura passam ao lado e depois não se embrenham, não entram dentro da preparação nem na vivência posterior. |
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Porém, o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil cá em Portugal, os responsáveis diocesanos, os movimentos, os grupos de jovens, penso que têm feito um trabalho muito meritório. Quero prestar homenagem a todos aqueles que em Portugal trabalham com a juventude, porque fazem um trabalho muito bom no sentido das JMJ serem não apenas um evento mas um acontecimento que está a acontecer desde o final de uma jornada até à outra, para naturalmente se refletirem os objetivos, os valores que ficaram da primeira, através dos lemas que são lançados.Por isso, eu quero acreditar que há muitos jovens em Portugal, e muitos casais e adultos que devem muito da sua iniciação cristã, e mesmo do seu aprofundamento na vida da Igreja às JMJ.
AE – Foi diretor da Pastoral Juvenil. Nota muitas diferenças desde esse tempo, do final dos anos 90 do século XX até agora? IL – Naturalmente que era mais fácil nessa altura passar mensagem. Havia |
ainda, talvez da maior parte das dioceses, um certo ambiente de transmissão da fé que também envolvia a família, e que por um maior número de jovens também existente em cada comunidade, mais facilmente era possível envolver e entusiasmar esses grupos de jovens. Eu acredito que hoje é mais difícil, por isso faço também este apelo a um acompanhamento muito pessoal e muito de grupos – e grupos pequenos – que os responsáveis da juventude, nos diversos setores, precisam de fazer. Hoje é mais difícil motivar os jovens, hoje eles vivem também em menor número, com menos envolvimento, portanto com grupos mais pequenos, e é mais fácil perderem-se, dispersarem-se, até com tantas alternativas existentes.
AE – A proposta da sociedade talvez seja mais forte, mais apelativa. Como é que a Igreja consegue tornar também a sua proposta apelativa? IL – Claro que hoje os meios que temos ao alcance, as redes sociais e toda a dinâmica da comunicação são também uma chance para
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a Igreja. Naturalmente que são fatores de dispersão e de alternativas a tudo aquilo que sejam valores humanos e cristãos, mas as crises e dificuldades são também oportunidade. A utilização desses meios, e hoje os animadores dos jovens estão muito envolvidos em todas essas formas de comunicação, é também uma oportunidade positiva que têm. E depois muito o testemunho – penso que hoje há animadores muito bons, nas dioceses e nos diversos movimentos, há animadores que |
fazem um trabalho notável e depois quando se passa de um regime quase de cristandade para grupos de jovens mais pequenos, para jovens mais dispersos, em franjas muito pequenas, é sobretudo o testemunho e o acompanhamento pessoal. E hoje os animadores estão muito bem preparados para isso.
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AE – E o carisma do Papa Francisco também irá ajudar a isso. IL – Claro, com certeza.
AE – Ficou surpreendido com a eleição dele e depois com este estado de graça? IL – Fiquei surpreendido porque falava-se nessa altura que seria eleito alguém mais novo, e depois quando foi anunciado eu não o conhecia. A partir daí, a surpresa tem sido permanente, diária, nos seus gestos, nas suas palavras, na sua forma de olhar a Igreja e a sociedade, com uma relação à Vaticano II, nunca de condenação, de apontar defeitos, suscitar críticas, mas um olhar de Portanto, este Papa veio dar à Igreja uma ideia de profetismo que naturalmente lhe estava a faltar. |
amor, de ternura, de compaixão, muito ao jeito de Jesus Cristo. Penso que o Papa Francisco veio dar um novo élan à Igreja e também, mesmo aqueles que olhavam para a Igreja de fora, centrar no essencial que a Igreja é e não em tantas formas de, por vezes, olhar sobretudo os podres da Igreja.
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AE – Passará a ser um ídolo para os jovens? IL – Não é difícil, os jovens captam muito bem os valores profundos das pessoas que se dão, que se entregam, e o Papa Francisco, penso que na continuidade de João Paulo II |
passando por Bento XVI, que amou os jovens muito à sua maneira mas com um coração grande, penso que o Papa Francisco vem pôr a relação dos jovens com o Papa no ponto mais alto. |
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Jornada Mundial da Juventude |
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A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) é um grande acontecimento religioso e cultural que, a cada três anos, reúne jovens de todo o mundo durante uma semana. O objetivo é partilhar com os jovens de hoje a mensagem de Cristo, e criar um ambiente aberto e de convivência para refletir em conjunto sobre as questões fundamentais da existência. É o acontecimento mais internacional e numeroso que a Igreja Católica organiza em todo o mundo. O Papa convoca os jovens do planeta, escolhe o local do próximo encontro e o tema da JMJ. Orienta também o modo de o preparar e realizar, e preside à celebração, na presença dos bispos de todo o mundo. Os objetivos prioritários da JMJ são a evangelização, a comunhão eclesial com o Papa e a peregrinação na fé. O espírito da Jornada Mundial da Juventude começou em Roma durante o Jubileu de 1983-1984, o chamado Ano Santo da Redenção. Entre as celebrações dedicadas à juventude, |
o mais importante aconteceu na véspera do Domingo de Ramos, no dia 15 de abril. Mais de 300 mil jovens, vindos de todo o mundo (e acolhidos por cerca de 6.000 famílias romanas) participaram no Jubileu Internacional da Juventude. A 22 abril de 1984, o Papa João Paulo II ofereceu aos jovens uma cruz de madeira, simbolizando “o amor do Senhor Jesus para com a humanidade” e para proclamar que “só em Cristo morto e ressuscitado, está a salvação e a redenção. “ A ONU proclamou 1985 Ano Internacional da Juventude. A Igreja Católica organizou um novo encontro internacional no Domingo de Ramos, em 31 de março, com outros 350 mil jovens reunidos na Praça de São Pedro. Depois do sucesso da convocatória, em dezembro desse ano, o Papa instituiu a Jornada Mundial da Juventude. Em 23 de março de 1986, Domingo de Ramos, teve lugar em Roma a primeira Jornada Mundial da Juventude com o lema ‘Sempre prontos a dar |
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resposta a qualquer um que vos peça a razão da esperança’, tirado da primeira Carta de São Pedro (3,15). Foi o primeiro de uma série de encontros com jovens, que ajudou a dar ao papa o título de “O Papa dos jovens”. Nela, convocou os jovens para a próxima JMJ em Buenos Aires, primeira Jornada Mundial da Juventude de caráter internacional. A JMJ realiza-se, anualmente, em cada diocese do mundo no Domingo de |
Ramos, com uma cerimónia principal no Vaticano, desde 1986. E alternando com um grande encontro internacional a cada três anos numa grande cidade. Esses encontros internacionais de vários dias, recebem o nome de Jornada Mundial da Juventude. | |
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Programa celebrativo para milhões |
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A próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ), na cidade do Rio de Janeiro, vai reunir milhões jovens no maior evento do género promovido pela Igreja Católica, que leva o Papa ao Brasil. A iniciativa está a ser antecedida por uma ‘Semana Missionária’ para promover o intercâmbio religioso, a cooperação social e cultural entre os grupos de peregrinos e comunidades de acolhimento. No sábado vai decorrer a missa de envio para a JMJ 2013, presidida pelos bispos das dioceses brasileiras, marcando o momento em que participantes e voluntários se dirigem ao Rio de Janeiro, para participar no encontro com o Papa, que chega ao país lusófono no próximo dia 22. A missa inaugural, na Praia Copacabana, será presidida pelo arcebispo da sede da JMJ Rio2013, D. Orani João Tempesta, às 19h00 locais (mais quatro em Lisboa), meia hora depois da cerimónia de abertura, seguida por um discurso do presidente do Conselho Pontifício para os Leigos, cardeal Stanislaw Rylko. |
Nos dias 24, 25 e 26 vão ter lugar as catequeses pela manhã em cerca de 30 línguas, com intervenções de bispos de vários países, incluindo oito de Portugal, em volta do tema ‘Ide e fazei discípulos de todos os povos’; nos locais de catequese, será distribuído o pequeno-almoço. A programação inclui uma ‘Feira Vocacional’, apresentando “a diversidade e riqueza dos carismas das Congregações, Movimentos e Comunidades Religiosas”. O ‘Festival da Juventude’, por sua vez, promove centenas de eventos, entre espetáculos, vigílias, exposições, recitais, filmes, peças de teatro e danças em diferentes áreas do Rio de Janeiro. O Papa Francisco vai ser acolhido pelos jovens na mesma praia, a 25 de julho, numa cerimónia de boas-vindas com início marcado para as 18h00. No dia seguinte, decorre o último dos chamados “atos centrais” da JMJ na Praia de Copacabana, com uma Via-Sacra presidida pelo Papa, a partir das 18h00. O centro das celebrações muda no |
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sábado em mais de 40 quilómetros, com os peregrinos a rumarem para a localidade de Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, que acolhe os atos conclusivos da JMJ, para os quais se espera a participação de mais de dois milhões de pessoas. A vigília de oração nessa noite, com início às 19h00, “será um grande momento de louvor, adoração e testemunhos” no chamado ‘Campus Fidei’, adiantam os organizadores. Após a saída do Papa, os jovens mantêm-se em oração até à meia-noite, podendo continuar a rezar |
e meditar nas várias tendas que estarão espalhadas pelo local. A missa final, a partir das 10h00 de domingo, é antecedida por três horas de apresentações musicais e oração das Laudes, preparando a chegada do Papa. Depois da celebração, Francisco anunciará a cidade que vai sediar a próxima JMJ. |
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Elenco das JMJ
1985 - Roma: Praça de São Pedro, Domingo de Ramos (31 abril) Encontro mundial de jovens no Ano Internacional da Juventude.
1986 – I Jornada Mundial da Juventude Tema: «Sempre dispostos a dar resposta a quem vos peça razão da nossa esperança» (1Pe 3,15)
1987 - II Jornada Mundial da Juventude Tema: «Conhecemos e acreditamos no amor que Deus nos tem» (1Jo 4,16) Celebração (internacional): Buenos Aires (Argentina) (11-12 abril)
1988 - III Jornada Mundial da Juventude Tema: «Fazei o que Ele vos disser» (Jo 2,5) Celebração diocesana no Domingo de Ramos (sempre que não haja celebração internacional)
1989 - IV Jornada Mundial da Juventude Tema: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14,6) Celebração (internacional): Santiago da Compostela (Espanha) (15-20 agosto)
1990 - V Jornada Mundial da Juventude Tema: «Eu sou a videira, vós os ramos» (Jo 15,5)
1991 - VI Jornada Mundial da Juventude Tema: «Recebestes um espírito de filhos» (Rm 8,15) Celebração (internacional): Czestochowa (Polónia) (10-15 agosto) |
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1992 - VII Jornada Mundial da Juventude Tema: «Ide por todo mundo e proclamai o Evangelho» (Mc 16,15)
1993 - VIII Jornada Mundial da Juventude Tema: «Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância» (Jo 10,10) Celebração (internacional): Denver (USA) (10-15 agosto)
1994 - IX Jornada Mundial da Juventude Tema (1994 e 1995): «Como o Pai me enviou, também eu vos envio» (Jo 20,21)
1995 - X Jornada Mundial da Juventude Celebração (internacional): Manila (Filipinas) (10-15 janeiro 1995)
1996 - XI Jornada Mundial da Juventude Tema: «Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna» (Jo 6,68)
1997 - XII Jornada Mundial da Juventude Tema: «Mestre onde vives? Vinde e vereis» (Jo 1,38-39) Celebração (internacional): Paris (França) (19-24 agosto)
1998 - XIII Jornada Mundial da Juventude Tema: «O Espírito Santo vos ensinará tudo» (Jo 14,26)
1999 - XIV Jornada Mundial da Juventude Tema: «O Pai vos ama» (Jo 16,27)
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2000 - XV Jornada Mundial da Juventude - Jubileu dos Jovens Tema: «O Verbo se fez carne e habitou entre nós» (Jo 1,14) Celebração (internacional): Roma (15-20 agosto)
2001 - XVI Jornada Mundial da Juventude Tema: «Se algum de vós quiser vir e seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz cada dia, e me siga» (Lc 9,23)
2002 - XVII Jornada Mundial da Juventude Tema: «Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo» (MT 5, 13-14) Celebração (internacional): Toronto, Canadá (23-28 julho)
2003 - XVIII Jornada Mundial da Juventude Tema: «Eis a tua Mãe» (Jo 19, 17)
2004 - XIX Jornada Mundial da Juventude Tema: «Queremos ver Jesus» (Jo 12, 21)
2005 - XX Jornada Mundial da Juventude Tema: «Viemos adorá-lo» (Mt 2,2) Celebração (internacional): Colónia, Alemanha (16-21 agosto)
2006 – XXI Jornada Mundial da Juventude Tema: «A tua palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho» (Sl 118 [119], 105)
2007 – XXII Jornada Mundial da Juventude Tema: «Que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei» (Jo 13, 34)
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2008 – XXIII Jornada Mundial da Juventude Tema: «Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas» (Act 1, 8). Celebração (internacional): Sidney, Austrália (15-21 julho)
2009– XXIX Jornada Mundial da Juventude Tema: «Pusemos a nossa esperança em Deus vivo» (1 Tm 4, 10)
2010– XXV Jornada Mundial da Juventude Tema: “Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?” (Mc 10, 17)
2011 - XXVI Jornada Mundial da Juventude Tema: «Enraizados e edificados n’Ele... firmes na fé» (cf. Cl 2, 7) Celebração (internacional): Madrid, Espanha (16-21 agosto)
2012 – XXVII Jornada Mundial da Juventude Tema: «Alegrai-vos sempre no Senhor!»(Fl 4, 4)
2013 – XXVIII Jornada Mundial da Juventude Tema: «Ide e fazei discípulos entre as nações!» (cf. Mt 28,19) Celebração (internacional): Rio de Janeiro, Brasil (23-28 de julho) |
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Programa do Papa Francisco |
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A JMJ de dois Papas |
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Desenhada por Bento XVI e vivida por Francisco, a JMJ Rio2013 é considerada uma Jornada de dois Papas. Essa é a segunda vez que isso acontece, após 2005, quando o Papa João Paulo II preparou e convocou os jovens, tendo Bento XVI presidido ao encontro. Desta feita, foi o Papa emérito quem escolheu a cidade sede e o tema ‘Ide e fazei discípulos entre as nações’, deixando ainda como legado a mensagem para esta JMJ, na qual desafiou os jovens a participarem no esforço evangelizador da Igreja Católica e a serem portadores da esperança de Deus junto dos colegas e no meio das “dificuldades do mundo contemporâneo”. Bento XVI sublinhou que atualmente “não poucos jovens duvidam profundamente que a vida seja um bem, e não veem com clareza o próprio caminho”. “A luz da fé ilumina esta escuridão, fazendo compreender que toda a existência tem um valor inestimável, porque é fruto de Deus”, |
salientou, que chama a atenção para as possibilidades de testemunho abertas pelos “novos meios de comunicação”, como o facebook e o twitter.
Cabe “aos jovens, que se encontram quase espontaneamente em sintonia” com aquelas ferramentas, “a evangelização deste continente digital”, sustentou o Papa emérito, reforçando um repto que já havia deixado em 2009, durante a celebração do Dia Mundial das Comunicações Sociais. Sobre este ponto, Bento XVI alertou os jovens para a importância de usarem “com sabedoria” o meio digital, “levando em conta também os perigos que ele traz consigo, particularmente o risco da dependência, de confundir o mundo real com o virtual, de substituir o encontro e o diálogo direto com as pessoas por contatos na rede”. “O progresso técnico deu oportunidades inéditas de interação entre os homens e entre os povos, mas a globalização destas relações
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só será positiva e fará crescer o mundo em humanidade se estiver fundada não sobre o materialismo mas sobre o amor, a única realidade capaz de encher o coração de cada um e unir as pessoas”, destacou. Bento XVI deixou votos de que a aos |
iniciativa do Rio de Janeiro permita jovens crescerem em conjunto na adesão à “grande exortação missionária que Cristo deixou para toda a Igreja e que permanece atual dois mil anos depois”. |
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Portugueses acompanham
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Os responsáveis do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ) estão no Rio de Janeiro a preparar o acolhimento aos peregrinos portugueses que vão participar na próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ). “As primeiras JMJ faladas em português estão a ser vividas como um novo amanhecer. Um caminho que se faz e vive. O dinamismo vai crescendo a toda a hora”, refere Bruno Leite, do DNPJ, à Agência ECCLESIA. O responsável fala numa “alegria contagiante nas ruas”, por onde estão a passar os símbolos das JMJ, reunindo à sua volta alguns do cerca de 600 portugueses que já chegaram. Os participantes que se encontram no Brasil celebram a Semana Missionária, ou pré-jornada, que tem como objetivo possibilitar que todos os jovens conheçam um pouco mais das Igrejas locais, através da troca de experiências (participando de diversas campanhas e projetos de solidariedade), do enriquecimento |
da fé (com momentos de oração e meditação, aprofundando o encontro pessoal com Jesus Cristo) e o intercâmbio cultural. O trabalho pastoral, nestas pré-jornadas vai ser nas paróquias de Santa Teresinha, Bom Sucesso e Santuário da Penha. “As jornadas estão vivas e as recentes manifestações não agitam. O povo está na rua para viver a sua fé e partilha com os outros, e é aí que o amor se nota”, assinala Bruno Leite. Um grupo de 14 jovens da Diocese de Leiria-Fátima partiu na terça-feira para o Brasil. Em entrevista à Agência ECCLESIA, Tomás Costa, de 23 anos, destacou a “grande expetativa” que o evento está a gerar entre a comitiva portuguesa. O jovem leiriense, estreante neste tipo de jornadas, espera ter a oportunidade de “conhecer novas pessoas” e de regressar a Portugal com “um coração novo”, mais aberto aos outros. |
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© João Cláudio/DNPJ/OMP
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Para Maria, de 19 anos, um dos grandes pontos de interesse no certame é permitir aos jovens irem ao encontro do Papa Francisco e celebrarem a sua fé em conjunto com pessoas “de todo o mundo”, com diferentes mentalidades e culturas. “Cá em Portugal as pessoas estão muito habituadas a viverem a fé sozinhas, os portugueses não são um |
povo tão expressivo”, realça a jovem, destacando a mensagem de “esperança” e a “vivacidade” que sempre caraterizam os encontros mundiais de jovens católicos. João Jordão, de 28 anos, diz que as jornadas têm a riqueza de mostrar milhões de jovens unidos à volta da “mesma fé” e que são guiados por “valores e objetivos”. |
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Esta é... a Juventude do Papa! |
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Henrique Matos, Jornalista |
O título remete para um dos slogans mais gastos das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ). Porém, em cada edição, ele volta a ser gritado pelos jovens. Ora, se as Jornadas se realizam com um intervalo de dois ou três anos, é fácil perceber que as gerações já se renovaram várias vezes desde 1986, o ano em que João Paulo II iniciava em Roma esta sequência de encontros. Vamos agora no terceiro Papa da história das Jornadas e os jovens, sempre diferentes, garantem ser a juventude do Papa. A razão é que, na verdade, há algo que não muda e quem vai a estes mega encontros, já o descobriu. Os jovens viajam para cada JMJ animados por uma "novidade" de dois mil anos. Está escrita em manuscritos gregos muito antigos mas que foram traduzidos e são conhecidos como Evangelhos. A juventude do Papa até já os transporta em formato digital no bolso de trás das calças. Estive em Madrid em 2011, foram as minhas primeiras JMJ. Já me passaram pelas mãos várias edições mas, fazer jornalismo com os olhos dos outros é um trabalho insípido, muito diferente de estarmos ali e sentirmos a vibração, os sons, os gritos ou mesmo os 40 graus de Quatro Vientos. As multidões já me eram familiares, as bandeiras dos países e as t-shirts coloridas, o que me pareceu novo é que, vindos de terras e culturas distantes e diferentes, não aparentavam confusão, não |
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evidenciavam barreiras ou choques de culturas. Eram milhares mas percebia-se uma comunicação eficaz entre eles. Sem vocábulos ou gramática, corria uma sintonia de gestos e sorrisos. Ao contrário dos grandes eventos, estes jovens não aguardavam pacientes pela chegada do artista... é que o espetáculo e a festa começam quando aterra o primeiro avião, quando chega o primeiro autocarro e se cruzam as primeiras delegações. Todas carregam uma mochila que não pesa, a carga da alegria. Recordo o calor de Madrid em Agosto, as filas, as contínuas viagens de metro... para onde se fosse, lá estavam jovens com uma alegria contagiante. Será que tudo se resumia à candura dos verdes anos? Penso que não, estou certo que a razão se fundamentava em algo muito sólido, que não muda à mercê das modas e que é exigente. É por isso que desperta a paixão. Alguns comentam as JMJ como o esforço desesperado da Igreja para |
chegar aos jovens. Entendo que não há esforço e muito menos desespero, é apenas uma proposta que a Igreja faz porque a isso é obrigada, trata-se simplesmente de ser fiel aos seus princípios. Não é uma angariação de adeptos, há muitos que trabalham nisso de forma profissional e os resultados são sempre medíocres se comparados com a mobilização de umas JMJ. Na minha experiência de Madrid, dei-me também conta que o mundo não é tão negativo como nós, os jornalistas, tantas vezes o apresentamos. Vi naqueles rostos e naquele espírito, um imenso capital de esperança. Afinal são eles os principais visados pelo desemprego, pela falta de oportunidades mas, movidos por essa "novidade", carregam a energia necessária para dar a volta por cima. Não há dúvida que esta é certamente a Juventude do Papa, mas é mais, é esse o património de esperança tão necessário nestes tempos sombrios.
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Vaticano sem receio de manifestações
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O porta-voz do Vaticano disse ter “total confiança” nas autoridades brasileiras e descartou qualquer receio perante eventuais manifestações populares durante a próxima viagem do Papa ao Rio de Janeiro. “Temos total confiança, como sempre, na capacidade de gerir bem e com a autoridade as situações, por parte das autoridades, pelo que vamos com total serenidade, sabendo que estas manifestações não têm nada de específico relativamente ao Papa e à Igreja”, disse o padre Federico Lombardi, em conferência de imprensa. O diretor da sala de imprensa apresentava o programa da primeira viagem internacional de Francisco, que entre os dias 22 e 28 deste mês vai estar no Brasil, com passagem pelo Santuário de Aparecida e estadia no Rio de Janeiro, onde participa na Jornada Mundial da Juventude.
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“Naturalmente, sabemos que há esta situação nas últimas semanas, nos últimos tempos, também com agitação, com manifestações”, disse o padre Lombardi. O sacerdote jesuíta admitiu que muitos se questionam sobre a possibilidade destes protestos se repetirem durante a viagem papal. “Veremos”, referiu. Francisco não quis um papamóvel blindado para os encontros com a multidão, pelo que no Rio de Janeiro estão um jipe branco aberto, utilizado normalmente na praça de São Pedro, e outro verde, como reserva. O porta-voz do Vaticano recordou por outro lado que Francisco foi convidado pelos bispos organizadores da JMJ pela presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que esteve no Vaticano para se encontrar com o Papa. A sede da JMJ foi escolhida em Madrid, há dois anos, na última |
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edição deste evento, então sob a presidência de Bento XVI. “O Papa Francisco assume a herança de Bento XVI”, tal como tinha acontecido em 2005, quando o agora Papa emérito visitou Colónia (Alemanha), para participar na JMJ, destacou o padre Lombardi. A mudança de pontificado levou a que o programa tivesse novos elementos, como a peregrinação a Aparecida (São Paulo), a participação na reunião da comissão de coordenação da |
conferência geral do episcopado latino-americano (Celam), o encontro com jovens detidos, as visitas à favela de Varginha e a um hospital onde são tratadas dependências de álcool e drogas. “A peregrinação a Aparecida foi muito desejada pelo Papa”, destacou o diretor da sala de imprensa da Santa Sé. Francisco é o terceiro Papa a visitar o Brasil: João Paulo II realizou três viagens e uma escala, Bento XVI visitou o país em 2007. |
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Cáritas Internacional desafia jovens |
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A Cáritas Internacional quer envolver os jovens de todo o mundo numa campanha dedicada ao ‘Direito à Alimentação’ e contra as “injustiças globais que perpetuam a fome e a pobreza”. Numa mensagem difundida através da internet, o presidente do organismo católico desafia concretamente aqueles que vão participar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) do Rio de Janeiro, entre 23 e 28 de julho, a refletirem em conjunto sobre aquelas temáticas e a promoverem depois o debate “na família, na paróquia e nas redes sociais”. “É possível aceitar como justo que mil milhões de pessoas no mundo passem fome quando existem recursos suficientes para alimentar todos?”, questiona o cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga. Aquele responsável católico recorda o lema das jornadas deste ano, ‘fazei discípulos entre todas as nações’ e pede aos mais novos que “investiguem as razões que justificam haver fome no mundo”, |
que verifiquem “o que podem fazer para mudar isso” e que “contactem com outros jovens para discutir e partilhar aquilo que aprenderam”. O cardeal hondurenho reconhece que “os desafios” da juventude de hoje “são enormes”, que “podem não necessariamente” envolver a “fome física” mas outros problemas como “a fome de postos de trabalho, de esperança, de estabilidade”. No entanto, sublinha o presidente da Cáritas Internacional, as dificuldades não devem levar os jovens a abstraírem-se dos problemas do mundo, porque todos fazem parte da “solução”. |
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Papa apela à defesa da vida |
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O Papa Francisco enviou uma mensagem aos católicos da Irlanda, Escócia, Inglaterra e País de Gales na qual apelou à defesa da vida humana desde a "conceção" à “morte natural” e ao respeito por todos. “Também os mais fracos e mais vulneráveis, os doentes, os idosos, os que estão por nascer e os pobres, são obras-primas da criação de Deus, feitos à sua imagem, destinados a viver para sempre e merecedores da máxima reverência e respeito”, refere, no texto divulgado hoje pela Rádio Vaticano. O Papa associa-se à jornada pela vida promovida pelos católicos nas ilhas britânicas para sublinhar o “valor inestimável da vida humana”, para a qual pede “sempre a proteção que lhe é devida”. Já na rede social Twitter, Francisco tinha deixado uma mensagem sobre estes temas aos seus mais de sete milhões de seguidores: |
“Para um cristão, a vida não é resultado de puro acaso, mas fruto de uma chamada e de um amor pessoal”. A iniciativa dos bispos britânicos e irlandeses pretende “favorecer um clima de compaixão e atenção que apoie a vida mesmo nos momentos e circunstâncias mais difíceis”. A jornada foi celebrada na Escócia no último domingo de maio; em Inglaterra e Gales é assinalada no próximo dia 28 e na Irlanda será vivida no primeiro domingo de outubro. |
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Xingu - a expedição |
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Brasil, 1943. A dois anos do final do primeiro período de governo de Getúlio Vargas, é criada a Marcha para o Oeste, uma iniciativa que visava equilibrar o desenvolvimento do país através do incentivo à ocupação populacional do puco conhecido centro-oeste do Brasil conseguida a partir dos excendentes populacionais da região centro-sul. A longo prazo, a marcha previa extender-se à região da Amazónia. Como parte desta marcha, é criada a Expedição Roncador-Xingu que desbravará, identificando e catalogando, regiões e populações a fim de verificar as respetivas condições e formas de (re)povoamento e ‘re-educação’. Três irmãos, Orlando, Leonardo e Cláudio Villas-Boas candidatam-se a participar mas são inicialmente rejeitados por estarem bem além do padrão pouco alfabetizado de sertanejo que se pretendia para o efeito. Firmes no seu propósito, os três irmãos regressarão de aspeto simples, submisso e analfabeto para finalmente integrarem a expedição. |
Começando por executar os trabalhos pesados que cabiam aos seus pares, os irmãos depressa se destacam pela sua cultura, sabedoria, ímpeto e carisma, acabando não apenas por liderar a expedição mas sobretudo por transformar o seu caráter: consigo, o princípio de enculturação dos povos indígenas por subjugação a um certo conceito de progresso será preterido em favor do pleno respeito e preservação da sua cultura, com integração dos aspetos estritamente benéficos para os autóctones e os novos povoadores. Assim nasce e é preservado, ao longo dos trinta e cinco anos de Villas Boas no Brasil Central, o Parque Indígena do Xingu. Extraordinário processo com o seu quê de aventura que, após inspirar José de Mauro de Vasconcellos a acompanhá-lo e a escrever ‘Arraia de Fogo’ (1955) entusiasmou o bem conhecido realizador brasileiro Fernando Meirelles (‘Cidade de Deus’, ‘Cidade dos Homens’ e ‘O Fiel Jardineiro’) a produzir o filme que agora estreia. |
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Relato apaixonado e apaixonante da criação do parque nacional, ‘Xingu – a Expedição’ é a homenagem cinematográfica ao espírito venturoso que esteve na sua génese, dirigida com mão segura e evidente sensibilidade por Cao Hamburger, o realizador aclamado pela sua longa metragem, ‘O ano em que os meus pais saíram de férias’ (2006), com uma nomeação ao Urso de Ouro em Berlim e o Grande Prémio Cinema Brazil (nomeado em praticamente todas as categorias possíveis e arrecadado para melhor filme, argumento e direção artística). Com uma justa combinação de narração e ação, entre drama e aventura, de atualidade e imagens de arquivo, o filme conta com um bom argumento e uma belíssima direção fotográfica. |
No momento em que se abeiram as Jornadas Mundiais da Juventude, uma excelente proposta para conhecer uma parte significativa da história do Brasil, pensar a sua génese e pertinentemente refletir sobre valores sociais, culturais, ecológicos, permanentemente ameaçados pela voragem de um certo conceito de progresso. Sobre eles e sobre a coragem que a todos nos é exigida para os preservar. Margarida Ataíde
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Entre 19 e 21 de julho decorre o maior e melhor evento de música de mensagem cristã em Portugal. De regresso ao local de origem, o Festival Jota este ano está de malas e bagagens no Paul, concelho da Covilhã. Assim, esta semana, propomos que visite o sítio daquele que já “é uma marca na pastoral juvenil e na música de inspiração cristã” nacional. Da responsabilidade do departamento da Pastoral Juvenil da Guarda este evento conta com mais de cinquenta atividades, onde o ponto forte são as atuações musicais dos diversos grupos presentes. Ao entrarmos neste espaço virtual, percebemos claramente que todo |
o sítio está graficamente muito bem enquadrado, passando uma imagem bastante jovem, agradável e muito bem enquadrada com o público-alvo a que se destina. Logo na página inicial além das notícias sempre atualizadas, que pretendem evidenciar a importância deste encontro juvenil, temos ainda ligações para as principais redes sociais (facebook, twitter e youtube). Além da natural ficha de inscrição, cartaz com o programa, espaços de alojamento e os contactos, podemos clicar em “atividades”, onde temos uma descrição dos vários eventos que farão parte do cartaz para os três dias (concertos, workshops, equitação, caminhadas, bodycombat, |
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musicoterapia, jogos tradicionais, entre outras atividades diversas). No item “entrevistas express”, encontramos algumas conversas onde os artistas convidados para o festival (Banda Jota, Claudine Pinheiro, Ooberfuse, Laetare, Terceira Margem, Somos Um, Fray Nacho, Luciano San, The Sun) levantam um bocadinho o véu sobre a sua participação neste evento católico. Em “vídeos”, dispomos de três espaços bastante distintos: o primeiro onde podemos assistir a alguns video-clips das músicas que irão ser ouvidas em terras serranas, em “outros”, spots promocionais que vão sendo transmitidos nos média e no terceiro, um arquivo de todos os vídeos que passaram nos meios |
de comunicação relacionados com o festival. Existe ainda a possibilidade de consultar os espaços virtuais das cinco primeiras edições deste megaevento de música cristã, na opção “edições anteriores”. Por último, destacamos que este ano já pode acompanhar as novidades do “jota” no tablet ou no smartphone, através do aplicativo android criado para o efeito. Aqui fica então a sugestão, naveguem até ao espaço deste festival para que fiquem a conhecer um pouco mais acerca de tudo aquilo que está preparado para ser vivido com muita animação, juventude, festa e fé. Fernando Cassola Marques |
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O Caso de Barbacena: Um Pároco de Aldeia entre a Monarquia e a República |
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Propriedade de terras e funções sociais constituem dois aspectos que envolvem profundamente as formas de organização e as vivências das populações, sendo que o registo da dimensão religiosa subjaz no emaranhado destas relações, marcando o quotidiano em torno de problemas mais imediatos como sejam o da posse, o da pertença, o da identidade e o da percepção da justiça. Se o religioso se projecta e se manifesta nos níveis das crenças e no das práticas relacionais com a transcendência, estas dimensões reflectem-se e materializam-se na vivência das comunidades, entrelaçadas nas questões económicas, sociais e políticas. Numa sociedade como a portuguesa, o conjunto destas interacções conferiu, em distintas épocas, uma particular relevância mediadora ao clero no seu duplo exercício espiritual e social. O «caso de Barbacena» que é documentado neste dossier,
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resultante da investigação no acervo arquivístico da família Sérvulo Correia e cotejado com o Arquivo Professor António Lino Neto, proporciona um conjunto de filões para a compreensão da história da sociedade portuguesa no percurso da transição da Monarquia Constitucional para a República. (Nota: A autora escreve segundo a anterior ortografia)
Autor: Margarida Sérvulo Correia Edição: Centro de Estudos de História Religiosa (UCP) Pág.: 448
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O Clero Catedralício Português e os Equilíbrios Sociais do Poder (1564-1670) |
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Ao longo dos séculos XVI e XVII, ainda que a Coroa e os bispos tenham visto a sua autoridade reforçada, os cabidos mantiveram?se como um corpo privilegiado, sobretudo graças ao prestígio que lhes advinha do capital religioso e simbólico de que eram detentores. Aos cabidos continuou a estar garantida uma margem de autonomia face a quem os queria submetidos e subordinados. Tal provocou inúmeros jogos e lutas de poder no quadro de uma sociedade marcada por uma grande variedade de privilégios e diferentes jurisdições. Uma autêntica fragmentação de poder distribuído, ainda que assimetricamente, por diversos corpos sociais. Entre eles os cabidos, instituições eclesiásticas locais, mas que surgiam como “cabeças do clero” nas lutas em que enfrentavam os avanços quer do poder episcopal, quer da própria Coroa. Ao contrário da maior parte dos estudos disponíveis sobre o clero católico, procurou?se introduzir |
estes atores em debates historiográficos dos quais têm estado praticamente à margem, nomeadamente aquele que se tem debruçado sobre o poder na Época Moderna.
Autor: Hugo Ribeiro da Silva Edição: Centro de Estudos de História Religiosa (UCP) Pág.: 292 |
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Giorgio La Pira: Um profeta da Europa
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Quando o actual bispo emérito do Funchal, D. Teodoro de Faria, era estudante em Roma (Itália), na década de cinquenta do século passado, umas das figuras que “fascinava os jovens e provocava reacções a favor e contra na opinião pública” era o presidente da Câmara de Florença (Itália), Giorgio La Pira. Segundo o bispo emérito do Funchal, Giorgio La Pira, antes do II Concílio do Vaticano, “é um combatente que fomenta e cria pontes entre crentes de outras religiões, em nome da sua fé”. Nascido em Janeiro de 1904, Giorgio La Pira foi um activista católico e político italiano que não se cansou de advertir para a “urgência de uma moralidade política, a degradação em que ele se encontrava tinha o seu fundamento na falta de formação dessa mesma classe à qual se confiou o bem comum”. (Cf. D. Teodoro de Faria, In: Jornal da Madeira, 07 de Julho de 2013, Pág. 9). A experiência de Giorgio La Pira (1904-1977) como síndaco da cidade de Florença nos anos 50 do século passado merece uma “especial referência” nos dias actuais quando se fala da “intervenção política dos cristãos”. Mais do que a tentação de conceber e aplicar um “programa fechado”, La Pira considerou sempre “como fundamental partir das pessoas concretas e da salvaguarda da sua dignidade para a concretização das políticas necessárias”. (Cf. Guilherme d´Oliveira Martins, In: Voz da Verdade, 18 de Setembro de 2011, Pág 15) |
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Como presidente da referida câmara italiana, Giorgio La Pira dedicou-se de alma e corpo ao serviço dos mais pobres e desprezados da sociedade. “Imaginou e realizou, num tempo de difíceis condições económicas, um plano para a distribuição gratuita de leite nas escolas, assim como um outro plano de aluguer de casas para remediar a onda de desalojados”, escreveu D. Teodoro de Faria. Para muitos, La Pira é “considerado um profeta da Europa, cujo pensamento continua actual”. Para o italiano, a acção política realiza-se com “empenho competente”, dirigido para o bem comum, partindo do serviço e da tutela dos menos privilegiados. “Ele redescobriu a alma profunda da política que é a procura do bem comum e a resposta à esperança da gente pobre”, lê-se no artigo do bispo emérito do Funchal. Quando se lê a constituição pastoral do II Concílio do Vaticano, «Gaudium et Spes», percebe-se que essa é a tónica fundamental ligada à compreensão |
dos sinais dos tempos, como ponto de encontro entre a criação divina e o mundo dos homens. Dignidade e compromisso são duas palavras que têm de estar ligadas e que exigem correr riscos, “lançar o arado à terra, trabalhar e sujar as mãos”, sublinhou Guilherme d´Oliveira Martins. A dignidade coloca a pessoa humana no centro da política e da economia. O compromisso põe a experiência e o exemplo no cerne da acção cívica. Nesse sentido, o político italiano colocou no topo das prioridades o ser e o agir em prol da coesão e da justiça, do respeito mútuo e da paz. Morreu em Florença, no convento de São Marcos (dos padres dominicanos), onde viveu muitos anos em grande pobreza e rezando pela paz, desarmamento, diálogo entre cristãos, judeus e muçulmanos. “Poucos leigos atingiram como ele um nível tão alto de vida espiritual e de «laicidade consagrada»”, finalizou o D. Teodoro de Faria.
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Ano C – 16º Domingo do Tempo Comum |
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Na escuta da Palavra, acolher bem e melhor servir |
Hospitalidade, acolhimento, serviço. São as atitudes propostas nas leituras deste 16.º domingo do tempo comum, que só fazem pleno sentido a partir de um verdadeiro encontro com Jesus e da escuta da Palavra de Deus. Recebemos hoje três exemplos destas atitudes: o patriarca Abraão, modelo do homem que está atento a quem passa, que partilha tudo o que tem com o irmão que se atravessa no seu caminho e que encontra no hóspede que entra na sua tenda a figura do próprio Deus; o apóstolo Paulo, para quem Cristo, na sua vida, palavras e propostas, é a referência fundamental à volta da qual se constrói toda a vida; Maria, a indicar que acolher Deus na sua casa não é tanto embarcar num ativismo desenfreado, mas sentar-se aos pés de Jesus, para O escutar e acolher. Esta página de Evangelho sobre Maria e Marta serviu, muitas vezes, para rebaixar a vida ativa, simbolizada por Marta, e ressaltar a vida contemplativa, simbolizada por Maria. Esta distinção não estava no espírito de Jesus nem do evangelista Lucas. Recordemos as palavras de Jesus: “Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada”. Com esta afirmação, Jesus não despreza o trabalho de Marta. Ele quer chamar a atenção para uma “hierarquia |
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de valores”: “O homem não vive só de pão, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus”. O pão para o corpo é indispensável, a Palavra de Deus é ainda mais vital para aquele que quer encontrar o verdadeiro sentido da sua vida. A autenticidade da nossa contemplação verifica-se pela qualidade do nosso empenho na construção de relações fraternas, para amar como Deus nos ama. Colocar-nos na escuta da Palavra de Deus reenvia-nos à nossa vida quotidiana. É à luz de Jesus que poderemos colocar-nos na escuta verdadeira dos outros e no seu acolhimento. Reservar tempo para escutar a Palavra, para nos retirarmos no segredo do nosso coração e para rezar, não é perder tempo. É enraizar a nossa ação no único terreno capaz de a vivificar verdadeiramente, para que ela dê fruto na vida eterna. |
Ao longo desta semana, vamos acolher e servir, sempre na escuta da Palavra (nunca é demais repetir!), aos pés de Jesus e no seu Coração. Não é preciso opor Marta e Maria, mas uni-las, vivificar o serviço de uma pela escuta atenta da outra.Este tempo de verão pode ser propício para recentrar os andamentos da nossa vida no essencial encontro com Cristo, do qual decorrem as atitudes de acolher bem e melhor servir. Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h30
RTP2, 18h00
Terça-feira, dia 23 - Informação e rubrica sobre o Concílio Vaticano II com padre Tony Neves;
Quarta-feira, dia 23 - Informação e rubrica sobre a Jornada Mundial da Juventude;
Quinta-feira, dia 25 - Jornada Mundial da Juventude.
Sexta-feira, dia 26 - Apresentação da liturgia dominical pelo padre Rosbon Cruz e Juan Ambrosio.
Antena 1 Domingo, dia 14 de julho, 06h00 - Testemunnhos e dados de 2013 do Voluntariado Missionário. Patricia Fonseca, Bruno Leite e Rita Lopes falam do voluntariado com marca cristã.
Segunda a sexta-feira, dias 15 a 19 de julho, 22h45 - Olhares e expetativas de voluntários e da organização portuguesa para a participação na Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, Brasil. |
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O Festival de música de inspiração cristã regressa a Paul, na Covilhã, a terra que o viu nascer. A 6ª edição do Jota realiza-se de 19 a 21 de julho e para além da música estão programadas muitas outras atividades.
Do dia 19 ao dia 25 na Praia da Torreira, na Barra, a Diocese de Aveiro promove a “Tenda de Deus”. Este espaço pretende que no período de verão e de férias os veraneantes não se esqueçam de Deus mas, também, tenham tempo para rezar.
O Fórum Cultural Vallis Longus, em Valongo, acolhe os Mam´África, no dia 20, às 21h30. O grupo promove um espetáculo de solidariedade que pretende ajudar o banco de leite de São Tomé e Príncipe.
No dia 22, o Papa Francisco chega ao Rio de Janeiro, Brasil, para participar na Jornada Mundial da Juventude, o maior encontro de jovens católicos do mundo, que começa a 23 e prolonga-se até dia 28 de Julho.
«Uma casa aberta a todos» é o título de um livro e ao mesmo tempo o auditório da FNAC, no Chiado, em Lisboa. Dia 23, às 19h00, Henrique Monteiro apresenta este livro, da autoria de Paulo Rocha, com entrevistas realizadas a D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa. |
Aplicações PastoraisVoluntários JMJ Rio2013
Segundo a GaudiumPress Brasil, esta aplicação traz informações gerais da JMJ e possibilita o contato do voluntário com o Centro de Gestão Integrada de Riscos (CGIR) da Jornada, para notificação de ocorrências. Para facilitar o trabalho do voluntário, a aplicação contém informações sobre a agenda, guia da cidade do Rio de Janeiro, locais de eventos, serviços públicos e transporte. Basta realizar o login neste endereço: www.voluntarios.rio2013.com. Esta aplicação só terá interesse para os jovens portugueses que serão voluntários na Jornada.
Links Bento Oliveira |
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China: A história de Pedro, seminarista da Igreja Clandestina“Não tenho medo” |
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É um jovem chinês. Está a estudar teologia num país europeu e não pode sequer dizer o seu nome. Pertence à Igreja Clandestina, fiel a Roma. No próximo ano deverá ser ordenado sacerdote e pretende regressar a casa, para se juntar a todos os que dão testemunho de Cristo apesar da perseguição das autoridades. Vamos chamar-lhe Pedro, apenas. Poucas pessoas saberão melhor o que é viver a fé clandestinamente do que Pedro. São cinco irmãos. Na China o Governo impôs a lei do filho único. Os pais foram forçados, por isso, a sair de casa, a separar os irmãos, para não serem apanhados pelas autoridades. A família dividiu-se. Das recordações mais antigas, porém, está a imagem de todos, pais e irmãos, a rezar. Foi assim que tudo começou. Foi a profunda fé dos pais, as orações aprendidas desde criança, que fizeram crescer em Pedro a vontade de ser sacerdote e de oferecer a sua vida a Cristo. Pedro esteve em Portugal, a convite da |
Fundação AIS, para dar o seu testemunho do que é pertencer a uma comunidade religiosa perseguida, ter de rezar às escondidas, do risco da prisão, de viver em campos de reeducação, os “laogai”, onde são encarcerados os que se opõem ao regime. |
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da sua vocação. “Não tenho medo. Se tiver de ser mártir, estou preparado e aceitarei isso como se fosse uma honra. Se acontecer, será uma graça que o Senhor me concede”.
Servir a IgrejaSão muitos os exemplos que conhece de homens e mulheres que foram perseguidos, presos e mortos por causa da sua fé. Como é o caso do bispo da diocese vizinha à sua, que jápassou mais de quarenta anos na prisão.Pedro fala do futuro com uma certeza que só pode ser inspirada no coração. |
Os padres da Igreja Clandestina, por serem poucos, especialmente nas zonas rurais, têm a responsabilidade de cuidar às vezes de sessenta povoações. É um trabalho imenso, sem dias de descanso, arriscado, sempre sob a ameaça da prisão, da tortura, por vezes até da morte. Mas é isto, apenas isto, que Pedro deseja. Servir a Igreja, servir o Papa é o sonho da vida deste jovem seminarista. A nós, pede-nos orações, o vigor da nossa fé, a certeza de que Deus ouvirá as nossas preces. Nada mais.
Saiba mais em: www.fundacao-ais.pt |
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Lusofonias
O que leva as pessoas
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Tony Neves
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A Caritas e o Banco Alimentar contra a Fome, em Portugal, surpreendem-nos sempre nos seus relatórios porque apresentam aumento de donativos por parte das pessoas que são convidadas a partilhar o que têm com os mais pobres. A surpresa maior vem do facto do país atravessar uma crise profunda. A maioria das pessoas está a passar mal e quase todos perderam rendimentos. A tentação normal seria de fechar os cordões à bolsa e evocar a crise para reduzir atitudes solidárias. É isso, regra geral, que fazem o Estado e as empresas, mas as pessoas individuais, a começar pelas que têm menos, tentam aumentar a sua participação no combate à miséria dos mais excluídos da sociedade. Este é, talvez, o sinal mais elevado de humanidade que as pessoas estão a dar. Muitas questões percorrem a minha cabeça ao olhar para estes números de solidariedade. Por um lado, ouso acreditar que boa parte das pessoas tem bom coração e é sensível aos dramas que afectam outros humanos e, por isso, quer dar do pouco que ainda lhe sobra. Por outro lado, joga um papel decisivo a imagem que as instituições têm na praça pública. As duas instituições referidas são imagem de marca de seriedade que leva as pessoas a |
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confiar os seus donativos. Com trabalho feito e reconhecido em todo o país (e até fora dele), a Caritas e o Banco Alimentar contra a Fome semeiam comida, casa, medicamentos, roupa e todo o tipo de apoios de primeira necessidade a pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza. O trabalho é bem feito, os resultados são verificáveis, o povo confia…e partilha. Esta situação permite tirar algumas conclusões úteis á sociedade e à forma como ele é organizada e gerida. Quando notamos que meio mundo tenta fugir aos impostos, estaremos a insinuar que não confiamos nos governos e na forma como eles gerem o dinheiro das nossas contribuições? |
Que será preciso fazer para aumentar a credibilidade das nossas instituições governamentais?
A grande conclusão a que posso chegar é que as pessoas, na sua maioria, querem um mundo humano e fraterno e estão dispostas a dar a sua colaboração para este objetivo. Mas ninguém suporta ser enganado ou ver mecanismos de corrupção a tomar conta da riqueza que herdamos ou vamos gerando com o suor do nosso rosto. Como o fez o Papa Francisco na sua visita a Lampedusa, lanço um apelo a que todos sejamos solidários, hospitaleiros e aceitemos o desafio de estar ao serviço dos outros, sobretudo dos mais pobres. |
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“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.” |
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“Hoje, não poucos jovens duvidam profundamente que a vida seja um bem, e não veem com clareza o próprio caminho. De um modo geral, diante das dificuldades do mundo contemporâneo, muitos se perguntam: E eu, que posso fazer? A luz da fé ilumina esta escuridão, fazendo-nos compreender que toda existência tem um valor inestimável, porque é fruto do amor de Deus. Ele ama mesmo quem se distanciou ou esqueceu d’Ele: tem paciência e espera; mais que isso, deu o seu Filho, morto e ressuscitado, para nos libertar radicalmente do mal”.
(Da Mensagem de Bento XVI, para a XXVIII Jornada Mundial da Juventude) |