04 - Editorial:

       Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

12 - Opinião

        D. Manuel Linda

16 - A semana de

        Lígia Silveira

18-Dossier

        D. Ilídio Leandro

 

 

40 - Internacional

42- Cinema

44 - Multimedia

46 - Estante

48- Vaticano II

50 -  Agenda

52 - Liturgia

54 - Programação Religiosa

55 - Por estes dias

56 - Apostolado da Oração

58 - Fundação AIS

62 - Luso Fonias

 

Foto da capa: News.va
Foto da contracapa:  Agência Ecclesia

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
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Opinião 

 

 

 

Cáritas: Rede social

para combater desemprego

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Papa Francisco no Brasil

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Papa solidário com vítimas
de acidente ferroviário na Galiza

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D. Manuel Linda |Henrique Matos|Padre Tony Neves

 

 

Calhambeque, bi-bi

Paulo Rocha, Agência Ecclesia

 

A viagem apostólica do Papa ao Brasil está a superar todas as expectativas. Os locais que visita, os percursos que faz e os discursos e homilias que profere depressa dão origem a postais cheios de simbolismos. São muitas, de facto, as imagens marcantes destes dias e mais ainda os slogans que se podem construir com as suas palavras.

E tudo começou nos primeiros momentos, em terras de brasileiras.

Já se sabia que o Papa não queria um carro blindado e que rejeitara operações de segurança com custos elevados. Mas poucos imaginariam que Francisco se deslocasse, pelas ruas da cidade, num carro utilitário, aparentemente frágil para ultrapassar multidões que invadiam todos os trajetos.

Foi um sinal, em estreita coerência com as atitudes e os desafios que o Papa argentino tem deixado na História do seu pontificado, em sintonia com as mensagens pronunciadas no Brasil e para serem ouvidas em qualquer canto do mundo. Entre muitas que o explicam, recordo a que foi dita na favela da Varginha, no Rio de Janeiro.

"Queria lançar um apelo a todos os que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social:

 

 

 

 

Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo!"

O Papa pede a quem tem mais recursos e às autoridades públicas para promoverem a justiça e combaterem as desigualdades.

São muitas, felizmente, as iniciativas e projetos que permitem repartir os recursos disponíveis com justiça e por todos. Há mesmo muitas mulheres e homens que ajudam, que retiram do que precisam para chegar aos que apresentam necessidades.

Mas, a história da caridade conta-se muitas vezes como a oferta do que sobra. E surgem noutras tantas como

 

 

 

uma emergência, a concretizar com rapidez não por causa das necessidades de quem recebe, mas porque o “fora de prazo” motiva doações e o selo de “descontinuado” leva muitos produtos a quem apenas procura o que precisa para sobreviver.

Entre os que reivindicam ajuda também se multiplicam histórias contadas com o supérfluo, com percursos de vida que deixam o essencial para segundo plano.

Este equilíbrio não está atingido. E o utilitário do Papa pode ter a utilidade de ensinar a consegui-lo.

O carro simples a transportar o Papa pelas ruas de uma cidade cosmopolita é uma imagem que não pode permanecer no engraçado da situação para observar ao som da cantiga do Roberto Carlos (sem qualquer depreciação pelo modelo em causa). A opção de Francisco desafia-nos a mudanças de paradigmas. Exige que cada cidadão aprenda a se apropriar apenas do que é necessário para a dignidade da pessoa humana, a própria e a dos seus, na saúde, na alimentação, na educação, na relação social. E cada um terá o que precisa!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Papa Francisco visitou a casa de uma família, na favela da Varginha, Rio de Janeiro - créditos: noticias.uol.com.br 

 

 

 

 

 

 

 

 

“É essencial que os dois partidos que integram a coligação estejam sintonizados, de forma duradoura e inequívoca, para concluir, com êxito, o Programa de Assistência Financeira e o País regressar aos mercados, por forma a assegurar o normal financiamento do Estado e da economia”. Aníbal Cavaco Silva, presidente da República Portuguesa, num discurso ao país na sequência das demissões no Governo (21.07.13)

 

“O entusiasmo juvenil por todos os cantos demonstra o rosto do jovem cristão, que procura unir o testemunho de uma vida autenticamente cristã com as consequências sociais do Evangelho”. D. Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, na missa de abertura da 28.ª edição das Jornadas Mundiais da Juventude (23.07.13)


 


 

 

 

 

 

 

“Nenhuma sociedade pode desperdiçar um capital tão rico que são os saberes e as competências de meio milhão de pessoas e que estão inativos”. Maria do Rosário Carneiro, durante a apresentação da plataforma online “Rede de Competências”, direcionada para desempregados com mais de 45 anos (23.07.13)

 

 

“São tantos os ‘mercadores de morte´ que seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo o custo! A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem”. Papa Francisco durante a visita ao Hospital de São Francisco, no Rio de Janeiro, valência direcionada para o tratamento de toxicodependentes e alcoólicos (24.07.13)

 

 

Cáritas: Rede social
para combater desemprego

Um projeto mediado pela Cáritas Portuguesa vai permitir a pessoas desempregadas com mais de 45 anos procurarem trabalho e contactarem com empresas, através de uma “plataforma online” que deverá estar disponível a partir de novembro.

Em declarações concedidas à Agência ECCLESIA, o presidente do organismo católico sublinha que na base desta iniciativa está a necessidade de apoiar pessoas que encontram-se hoje num beco sem saída: por um lado “são consideradas para o mercado de trabalho muito envelhecidas” e por outro “são novas para poderem ser aposentadas”.

Ao acederem a esta ferramenta, elas vão ter oportunidade de demonstrar a sua “vontade em colocarem competências” e experiências “adquiridas ao longo de tantos anos” ao serviço de potenciais empregadores, tanto no plano nacional como internacional.

“É um instrumento que pode atravessar fronteiras, e

 

eventualmente se as pessoas aqui não puderem ter trabalho garantido, quem sabe se o poderão ter em outras paragens”, realça Eugénio da Fonseca.

A “Rede de Competências” – nome atribuído ao projeto – surgiu no seguimento do trabalho desenvolvido pela Cáritas Portuguesa durante o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre as Gerações, que a União Europeia promoveu em 2012.

Para a organização católica, era essencial que os frutos do evento não ficassem limitados a um espaço de 12 meses mas que tivessem repercussões práticas e claras para o futuro, especialmente numa altura em que o desemprego em Portugal, concretamente o desemprego de longa duração, atinge uma parte considerável da população.

De acordo com as estatísticas de emprego referentes ao último trimestre de 2012, existem neste momento em Portugal pelo menos “500 mil desempregados com

 

 

 

 

 

 

mais de 45 anos ou pessoas reformadas ou inativas mas com vontade de trabalhar”, aponta Maria do Rosário Carneiro.

“Nenhuma sociedade pode desperdiçar um capital tão rico que são os saberes e as competências de meio milhão de pessoas e que estão inativos”, sustenta a coordenadora da “Rede de Competências”.

A antiga deputada da Assembleia da República destaca ainda

 

a importância desta plataforma online para a “comunicação entre pessoas que procuram trabalho”, já que “pela permuta de experiências podem entre si encontrar alternativas de realização e concretização de uma atividade”.

Em suma, o projeto promove “de uma forma muito positiva e concreta, um direito fundamental, que é o direito ao trabalho, à realização pessoal”, conclui.

 

 

Festival Jota 2013 superou expectativas

O festival de música de inspiração cristã, que decorreu entre sexta-feira e domingo, na vila de Paul, Diocese da Guarda, “superou todas as expectativas”, revela o comunicado enviado à Agência ECCLESIA pela organização.

O Santuário de Nossa Senhora das Dores, no Paul, foi o local escolhido para a 6ª edição do Festival Jota 2013, que assim regressou às origens. Os promotores sublinham a “alegria reinante” e, também a “adesão às diversas atividades e excelentes concertos”.

Segundo o diretor artístico, o padre Jorge Castela, a vila e os seus habitantes “foram excelentes no acolhimento”. Os “pontos altos” do cartaz foram, na noite de sexta-feira os italianos ‘The Sun’, e, na noite de sábado, a ‘Banda Jota’, que é a anfitriã deste festival e tocava em casa.

O padre Jorge Castela destaca, ainda, o concerto intimista, na capela do Santuário, com os ‘Laetare’, e o dueto de Claudine Pinheiro e

 

 

 

com o espanhol Fray Nacho.

No final da eucaristia de encerramento, presidida por D. Manuel Felício, bispo da Diocese da Guarda, foram anunciados os vencedores do espaço revelação para bandas amadoras - “teu palco” – e o local da próxima edição do Jota, a sétima.

A banda ‘Goodstones’, de Setúbal, foi a vencedora deste espaço e “no próximo ano abrirá o palco principal do Festival”, revelou o diretor artístico que anunciou Carvalhais, Concelho de São Pedro do Sul, Diocese de Viseu, para a edição do Festival Jota de 2014, nos dias 25, 26 e 27 de julho.

 

 

 

Bragança: Orientações pastorais para intervenções no património

O bispo de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, promulgou um regulamento, por três anos, que estabelece as intervenções no património cultural, da autoria da Comissão Diocesana de Arte Sacra e dos Bens Culturais.

O documento, com 25 artigos, aclara que por património cultural se entendem os lugares de culto e outros edifícios ou monumentos, os móveis, as relíquias, os livros e documentos e demais objetos com valor histórico, artístico, litúrgico ou devocional, “pertencentes à Diocese ou às Paróquias, Santuários, Casas ou instituições tuteladas pela Autoridade Diocesana”.

Na dúvida, os responsáveis devem consultar, “por escrito”, o bispo diocesano.

Todos estes bens devem constar de um inventário, elaborado pelas suas entidades proprietárias e/ou detentoras, que, por sua vez, deve estar nos inventários gerais de bens móveis e imóveis.

 

 

 

Qualquer intervenção de construção a restauro e de “beneficiação” a empréstimo só poderá ser realizada depois do pedido “por escrito” ao bispo que responderá em conforme a Comissão Diocesana, explica o artigo quarto das disposições gerais.

Nas obras de raiz e nas que impliquem alterações, nos “edifícios e monumentos”, é necessário definir um programa-base, cujo modelo a referida comissão dispõe, um estudo prévio, e um projeto de execução.

 

 

Elogio da Política

Manuel Linda, Bispo auxiliar de Braga

 

Vêm aí as autárquicas. Pela proximidade efectiva com as populações, são, entre todos os actos eleitorais, aquele que gera mais amores e desamores, proximidades e divisões. Desta vez, os habituais ingredientes são condimentados pela novidade da reforma administrativa e consequente mexida com os bairrismos e autonomismos. Por tudo isto, vale a pena uma reflexão, ainda que incipiente.

O Ocidente adoptou a noção aristotélica da política como interesse pelo social, como compromisso para com a comum cidade dos homens. E isso diz muito aos cristãos, «mandatados» para a edificação de uma “nova terra e novos céus” e corresponsabilizados perante o seu “próximo”. Nunca o “dar a Deus o que é de Deus” excluiu o “dar a César o que é de César”. O que fez, foi evitar confusões entre estes dois âmbitos, como acontecia no passado e alguns ainda teimam em recuperar no presente.

Mas há muitas formas de fazer política e de se comprometer com ela. Desde as associações cívicas às ONG’s. Sem ignorar, porém, que a forma privilegiada é a via partidária. No actual momento histórico, de facto, os partidos constituem os instrumentos mais habituais para o exercício da «caridade política», entendida como preocupação afincada pelo bem comum. Se são, assim, tão importantes, convém não esquecer algumas implicações. Vejamos.

 

 

 

Em primeiríssimo lugar, uma mente crente só pode aderir a partidos que defendam acerrimamente a chamada «constelação de valores» ou «quadrilátero social» de que falava João XXII, antítese de todas as ditaduras: verdade, liberdade, justiça e amor/caridade. O recente Magistério da Igreja ajuntou-lhe mais dois, de absoluta urgência: a defesa da vida humana em todas as fases da sua existência e a protecção da família heterossexual.

Depois, há que dar-se conta de que nenhum partido corresponde integralmente às exigências da fé. Por isso, a mesma fé pode conduzir a distintas escolhas. A adesão aos partidos deve ser à base de pressupostos críticos –confrontar o seu programa com o Evangelho- e não por motivos ideológicos.

A noção de «bem comum», objectivo

 

 último da política, deve incluir não apenas as coisas materiais, mas também a abertura e orientação para as realidades do espírito, nas quais se insere a dimensão meta-temporal.

Finalmente, porque ainda não chegamos àquele estádio em que a opção por famílias partidárias não separe as pessoas nem gere animosidades, o clero e os religiosos são chamados a abster-se, directa e indirectamente, de militar em partidos e de os favorecer ou obstaculizar. Mas devem cumprir, religiosamente, a obrigação de anunciar os princípios e propor os critérios da Doutrina Social da Igreja.

A Conferência Episcopal da América Latina, quando reuniu em Puebla, definiu a política como “uma forma de dar culto ao Deus vivo”. Tal a consideração por esta actividade humana. Então, dignifiquemo-la!
 

 

A Jornada da esperança

Lígia Silveira, Agência Ecclesia

 

O ser humano tem a natural necessidade de estar em relação e sentir proximidade. Não está em causa serem outros a decidir por nós, mas antes a sensação de confirmação de que os passos que damos fazem sentido. É isso que grandes acontecimentos como a Jornada Mundial da Juventude podem proporcionar. A certeza de que não estamos sozinhos.

Recuo 16 anos para recordar a minha experiência na Jornada Mundial da Juventude. Estava no início de um caminho que fui descobrindo fazer sentido, de uma Igreja feita por jovens que diziam ter lugar e querer contribuir para uma sociedade mais atuante.

«Mestre, onde moras? Vem e vê», foi o convite que me fizeram para em 1997 ir a Paris, a um encontro entre os jovens de todo o mundo e o Papa João Paulo II. Estava longe de perceber que a semana seria depois crucial para o meu olhar sobre a Igreja.

Hoje não recordo particulares palavras de João Paulo II em Champ-de-Mars na eucaristia inaugural ou o momento de oração na vigília de Longchamp, onde um mar de gente se perdia de vista, pontuado por milhares de bandeiras ao vento.

Recordo a noção de pertencer a uma Igreja maior que a minha paróquia ou o meu movimento. A sensação de que não estava sozinha na fé que sentia e que tantos jovens, que eu não conhecia e não conheci, estavam em sintonia comigo em Paris. E isso aqueceu o meu coração.

 

 

 

Nesses dias pertencemos a um mundo que parece não ter fronteiras, porque todos fazem parte do mesmo trajeto, do mesmo horizonte. Olhares e sorrisos - todos convergem para o mesmo ponto, todos se ajudam no caminho.

Nesses dias de agosto participei numa Igreja que acolhe: seja as pessoas se cruzam na rua, as que cantam juntas no metro, batem palmas e fazem a festa por instantes que seja; participei numa Igreja que abriu as portas da sua casa, durante quatro noites, para acolher sete raparigas portuguesas.

São estas memórias que recordo

 

nestes dias em que, à distância, acompanho os jovens no Rio de Janeiro, onde percebo o entusiasmo de se levantar uma bandeira, reconheço o sorriso dos que caminham na rua, ou rezam na certeza de que o que sentem é partilhado.

Participar na Jornada Mundial da Juventude dá mais convicção à esperança e abre diante de nós um mar de possibilidades. São experiências que mostram que a minha fé não basta para explicar a totalidade da Igreja, porque o olhar e a presença do outro acrescentam sempre qualidade ao que sou e sinto.

 

 

Brasil: Banho de multidão de janela aberta

O avião que transportou o Papa Francisco desde Roma chegou esta segunda-feira à cidade brasileira do Rio de Janeiro pelas 15h43 locais, perante o olhar de autoridades religiosas e civis, incluindo a presidente Dilma Rouseff.

O voo papal, num Airbus A330 da Alitalia, tinha partido pelas 08h53 locais (menos uma em Lisboa), do Aeroporto de Fiumicino, Roma.

O Papa chegou ao Brasil após uma viagem de 11 horas e 9200 quilómetros e a cerimónia oficial de boas-vindas e os primeiros discursos decorreram no Palácio Guanabara, sede oficial do Governo do Estado do Rio de Janeiro, após um percurso em carro aberto pelas ruas da cidade.

A receção no aeroporto contou com a atuação de um coro de crianças, cantando 'abençoa este povo que te ama", em português, espanhol e inglês.

Francisco seguiu num veículo utilitário, com a janela aberta, para a catedral metropolitana, no centro do Rio de

 

Janeiro, onde estava o papamóvel, e foi rodeado por centenas de pessoas, ao longo da estrada, tendo mesmo chegado a ficar completamente parado no trânsito local.

Depois, um trajeto de cerca de 1,5 km levou Francisco até ao Theatro Municipal, antes de regressar ao primeiro veículo e partir de helicóptero para o encontro com as autoridades brasileiras.

“A decisão corresponde à vontade do Santo Padre de se aproximar, desde sua chegada, da população e atende, ainda, a questões logísticas ligadas ao deslocamento pela cidade”, revela uma nota oficial do Comité Organizador Local.

O Papa argentino não quis um papamóvel blindado para os encontros com a multidão, pelo que no Rio de Janeiro estão um jipe branco aberto, utilizado normalmente na Praça de São Pedro, e outro verde, como reserva.

 

 

 

 

 

 

 

 

Entre Roma e o Rio,
olhar para a geração sem trabalho

O Papa Francisco falou com os jornalistas que o acompanharam no voo entre Roma e Rio de Janeiro e alertou para as consequências da atual crise económica e do desemprego juvenil. “Corremos o risco de ter uma geração que não teve trabalho e do trabalho vem a dignidade da pessoa”, disse aos profissionais da comunicação que o acompanham, os quais cumprimentou pessoalmente.

Francisco mostrou-se preocupado com as situações de desemprego de longo prazo, sublinhando que "a crise mundial não faz coisas boas aos jovens". "Os jovens estão em crise, neste momento", prosseguiu.

O Papa retomou um dos temas que tem estado presente nas suas intervenções, desde o início do pontificado, e criticou o que denomina de “cultura do descartável”, em que se deita fora o que já não interessa.

  “Fazemo-lo muitas vezes com os mais velhos e é uma injustiça, porque os deixamos de lado, como se não tivessem nada para dar, mas pelo contrário eles transmitem-nos a sabedoria e os valores da vida, o amor pela pátria, o amor pela família, todas coisas de que temos necessidade", sustentou.

Agora, acrescentou, também toca aos jovens serem descartados. "A crise mundial penaliza os jovens de hoje, as percentagens de desemprego são altas", frisou.

Francisco disse querer levar ao Brasil um apelo em favor da “cultura da inclusão e do encontro” e destacou a importância de iniciativas como a Jornada Mundial da Juventude.

“Quando isolamos os jovens, fazemos uma injustiça. Eles pertencem a uma família, um país, uma cultura e uma fé”, referiu.

 

 

 

 

 

 

O Papa brincou com os cerca de 70 jornalistas, a quem disse não serem tão “ferozes” como previa, e admitiu a sua relutância em conceder entrevistas: “Simplesmente não consigo, é cansativo”.

 

 

“Agradeço-lhes de verdade e peço-lhes para ajudar-me e colaborar, nesta viagem, para o bem, para o bem; o bem da sociedade: o bem dos jovens e o bem dos idosos; ambos juntos, não o esqueçam”, concluiu.

 

 

Pedir licença para diálogo de amigos

O Papa revelou no seu primeiro discurso oficial a intenção de estabelecer um “diálogo de amigos” com os habitantes do Brasil, palco de manifestações populares nas últimas semanas. “Peço a todos a delicadeza da atenção e, se possível, a necessária empatia para estabelecer um diálogo de amigos. Nesta hora, os braços do Papa se alargam para abraçar a nação brasileira, na sua complexa riqueza humana, cultural e religiosa”, referiu,

 

no Palácio Guanabara, sede oficial do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

O inédito discurso em português foi proferido perante a presidente Dilma Rouseff e outros membros do Governo do Brasil, representantes do corpo diplomático e algumas centenas de convidados.

"Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo", referiu Francisco.

Segundo o Papa, para chegar

 

 

ao povo do Brasil é preciso entrar

pela porta do "seu imenso coração": "Por isso permitam-me que nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta”, afirmou, antes de pedir “licença para entrar”.

Francisco, de 76 anos, defendeu a necessidade de estar “à altura da promessa contida em cada jovem” e abrir-lhe espaço, com as “condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento”. Segurança e educação, valores “duradouros” e “um horizonte transcendente que responda à sede de felicidade autêntica” foram outros dos pedidos do Papa para as novas gerações, a fim de entregar-lhes “um mundo que corresponda à medida da vida humana”.

 

Francisco quis falar dos mais novos, frisando que a viagem tem como objetivo participar na 28ª Jornada Mundial da Juventude. “Cristo ‘bota fé’ nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa: Ide, fazei discípulos. Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível e criem um

mundo de irmãos. Também os jovens ‘botam fé’ em Cristo”, declarou, usando expressões típicas do Brasil.

Segundo o Papa, esta mensagem vai chegar também “às suas famílias, às

suas comunidades eclesiais e nacionais de origem, às sociedades nas quais estão inseridos, aos homens e às mulheres dos quais, em grande medida, depende o futuro destas novas gerações”.


 

 

 

 

Dilma Rouseff fala em luta
comum contra desigualdades

A presidente do Brasil deu esta segunda-feira as boas-vindas ao Papa Francisco e afirmou que o país lusófono e a Igreja Católica lutam contra um “inimigo comum”, a desigualdade, “em todas as suas formas”. “Estratégias de superação da crise económica, centradas só na austeridade, sem a devida atenção aos enormes custos sociais que ela acarreta, golpeiam os mais pobres e os jovens, que são pelo mundo fora as principais vítimas do desemprego.

 

Geram xenofobia, violência e desrespeito pelo outro”, alertou Dilma Rouseff.

A responsável saudou “o homem que veio do povo latino-americano”, deixando votos de que o primeiro Papa da região possa “criar uma ampla aliança global de combate à fome e à pobreza”. “Sabemos que temos diante de nós um líder religioso sensível aos anseios dos nossos povos por justiça social, por oportunidade para todos e dignidade cidadã”, declarou.

 

 

 

Para Dilma Rouseff, a 28ª Jornada Mundial da Juventude acontece num “momento muito especial”, em que os jovens saem às ruas por mais direitos, mais democracia e mais inclusão social. “Os jovens exigem respeito, ética e transparência. Querem que a política atenda aos seus interesses, aos interesses da população e não seja território dos privilégios e das regalias”, observou.

A presidente elogiou os avanços alcançados no Brasil ao longo dos últimos dez anos e disse ser “uma honra” receber Francisco, destacando o “seu sacerdócio pelos mais pobres, que se reflete até mesmo no próprio nome escolhido”. “É uma honra para o

 

 povo brasileiro recebê-lo, honra redobrada em se tratando do primeiro Papa latino-americano”, disse, batendo palmas.

Rouseff elencou “a justiça social, a solidariedade, os direitos humanos e a paz entre as nações” como valores partilhados entre o Brasil e a Igreja

Católica, deixando as boas-vindas ao Papa e a todos os participantes na JMJ.

“Sintam-se em casa nesta cidade maravilhosa que é o Rio de Janeiro e em todo o Brasil, e levem daqui como melhor lembrança o carinho do nosso povo”, concluiu.

Após os discursos, teve lugar um encontro privado entre os dois líderes.

 

 

Início de festa com milhares de jovens debaixo de chuva

Centenas de milhares de jovens reuniram-se esta terça-feira na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro, para a cerimónia inaugural da 28ª JMJ. A missa de abertura, que marcou o início oficial do evento, foi presidida pelo arcebispo local, D. Orani Tempesta, acompanhado pelo responsável do Vaticano para o evento, o presidente do Conselho Pontifício para os Leigos, cardeal Stanislaw Rylko, após várias horas de apresentações artísticas, música e momentos de oração.

"Celebro por todos aqueles que acreditam que um mundo novo é possível", disse o arcebispo brasileiro.

D. Orani Tempesta lembrou ainda os

  "jovens desempregados", sem família, sem pátria, os "jovens sem direitos" ou detidos.

Além da multidão concentrada em frente ao palco, diversos grupos acompanharam a celebração em mais de 30 ecrãs gigantes espalhados pelas ruas da proximidade. Já com os participantes reunidos na praia,

o Papa Francisco ‏deixou a sua terceira mensagem de hoje na conta ‘@Pontifex’, disponível em nove línguas: “Queridos jovens, Cristo tem confiança em vocês e lhes confia sua própria missão: 'Ide, fazei discípulos’”.

Num dia com chuva e frio, o evento começou às 15h00 (mais quatro horas

 

 

 

em Lisboa) com a apresentação de DJ católicos que animaram os peregrinos, vindos de 175 países. O “Coral Carioca JMJ”, formado por 100 artistas de música católica e ministros de música de diversas paróquias da Arquidiocese do Rio, cantou para o público.

Vários cantores e a Orquestra Sinfónica de Barra Mansa completaram os momentos musicais da cerimónia, que incluiu ainda a recitação do ‘terço missionário’, evocando os cinco continentes.

 A celebração eucarística foi antecedida pela chegada ao palco de Copacabana dos símbolos da JMJ, a cruz peregrina e o ícone da Virgem

 

Maria que estavam no Brasil desde setembro de 2011 e passaram por 250 dioceses de todos os Estados do país.

Após as apresentações, D. Orani Tempesta subiu ao palco com seminaristas, padres, bispos e cardeais, também ao som do Coral, para presidir à missa para os peregrinos presentes.

Os participantes, entre eles mais de 500 portugueses, rezaram por todos os jovens, “para que usando os novos meios de comunicação, em particular o mundo da internet” procurem “transmitir valores cristãos e testemunhá-los no continente digital”.

 

 

Construir um mundo novo

O arcebispo do Rio de Janeiro convidou os participantes na 28ª Jornada Mundial da Juventude, na cidade brasileira, a serem “protagonistas de um mundo novo”. “O entusiasmo juvenil por todos os cantos demonstra o rosto do jovem cristão, que procura unir o testemunho de uma vida autenticamente cristã com as consequências sociais do Evangelho”, disse D. Orani João Tempesta na homilia da missa de abertura da JMJ 2013, que reuniu mais de 400 mil participantes na Praia de Copacabana.

O rosto da preparação desta jornada, nos últimos dois anos, saudou os presentes e disse que o mundo

  “precisa” do seu testemunho de fé. “Somos chamados a viver profundamente a fé nesse tempo plural e de tantos questionamentos, nesta mudança de época, mas com o entusiasmo e a coerência de quem se deixa conduzir pela ação do Espírito Santo”, observou o arcebispo do Rio.

Sem fazer referência direta à recente onda de manifestações no Brasil, D. Orani Tempesta falou numa sociedade que espera que a “sua crise de valores tenha uma solução”. “Andem por esta cidade, testemunhem Jesus Cristo, comprometam-se com o mundo novo, contagiem todos com a alegria e a paz de Cristo, como sentinelas da manhã, trabalhando na renovação do mundo à

 

 

 

 

luz do plano de Deus”, pediu.

O prelado admitiu que existem “muitas barreiras e injustiças para superar”, mas pediu que os jovens católicos saibam “construir pontes” e “testemunhar a solidariedade, a partilha”.

O arcebispo local falou numa “revolução de amor” neste momento: “O outro é Cristo para nós! O outro é nosso irmão! Que isso ressoe pelo mundo! Somos chamados a viver construindo um mundo de irmãos”.

O responsável máximo pela Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro disse que a Igreja local “acolheu com grande responsabilidade” a escolha feita por Bento XVI, anunciada pelo Papa

 

emérito em Madrid, em agosto de 2011.

A jornada, no entanto, será presidida por Francisco, primeiro Papa latino-americano da história, que vai ser acolhido na mesma praia de Copacabana na quinta-feira para entrar “este Santuário Mundial da Juventude” em que se transformou esta cidade nestes dias o Rio de Janeiro, segundo D. Orani João Tempesta.

No final da missa, o cardeal Stanislaw Rylko, responsável pela organização das Jornadas Mundiais da Juventude, disse aos presentes que têm pela frente “dias inesquecíveis, dias de importantes descobertas, dias de escolhas decisivas”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Papa consagrou pontificado à Virgem Maria

O Papa consagrou esta quarta-feira o seu pontificado à Virgem Maria, no santuário nacional de Aparecida, Estado brasileiro de São Paulo, no final da primeira missa pública a que presidiu no país lusófono.

Este ato de devoção pessoal, como foi apresentado pelo Vaticano, decorreu diante da imagem da Senhora de Aparecida, encontrada por três pescadores em 1717.

   
 

 

 

 

 

 

Consagração

Ó Maria Santíssima,

pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, em vossa querida imagem de Aparecida, espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Brasil.

Eu, embora indigno de pertencer

ao numero de vossos filhos e filhas, mas cheio do desejo de participar

dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado a vossos pés,

consagro-vos o meu entendimento, para que sempre pense no amor que mereceis;

consagro-vos a minha língua para que sempre vos  louve

e propague a vossa devoção; consagro-vos o meu coração, para que, depois de Deus,

vos ame sobre todas as coisas.

Recebei-me, o Rainha incomparável,

vós que o Cristo crucificado deu-nos por Mãe, no ditoso numero de vossos filhos e filhas; acolhei-me debaixo de vossa proteção; socorrei-me em todas

as minhas necessidades, espirituais e temporais,

sobretudo na  hora de minha morte.

Abençoai-me, o celestial cooperadora, e com vossa poderosa intercessão, fortalecei-me em minha fraqueza,

a fim de que,

servindo-vos fielmente nesta vida, possa louvar-vos, amar-vos

e dar-vos graças no céu, por  toda eternidade.

Assim seja!

 

 

 

 

 

 

Mensagem de esperança para o Brasil

O Papa Francisco disse no santuário brasileiro de Aparecida (São Paulo) que os católicos devem ajudar o país a “conservar a esperança” e convidou os jovens a rejeitar “ídolos passageiros” como o dinheiro ou o poder.  “Nunca percamos a esperança! Nunca deixemos que ela se apague nos nossos corações! O ‘dragão’, o mal, faz-se presente na nossa história, mas ele não é o mais forte”, declarou.

O Papa desafiou quem tem responsabilidades na educação dos jovens a transmitir valores que façam deles “construtores de um país e de um mundo mais justo, solidário e fraterno”. Neste sentido, quis defender que as novas gerações “não precisam só de coisas”, mas “precisam sobretudo que lhes sejam propostos aqueles valores imateriais que são o coração espiritual de um povo, a memória de um povo”.

“Neste Santuário, que faz parte da memória do Brasil, podemos quase palpá-los: espiritualidade, generosidade, solidariedade,

 

perseverança, fraternidade, alegria; trata-se de valores que encontram a sua raiz mais profunda na fé cristã”, precisou.

Francisco declarou que “ Deus é o mais forte”, mesmo quando as pessoas, em particular os mais novos, “experimentam o fascínio de tantos ídolos que se colocam no lugar de Deus e parecem dar esperança: o dinheiro, o poder, o sucesso, o prazer”. “Frequentemente, uma sensação de solidão e de vazio entra no coração de muitos e conduz à busca de compensações, destes ídolos passageiros. Queridos irmãos e irmãs, sejamos luzeiros de esperança! Tenhamos uma visão positiva sobre a realidade”, acrescentou.

A homilia aludiu às situações de “desânimo” na vida das famílias e da Igreja, convidando os presentes a “deixar-se surpreender por Deus” e “viver na alegria”. “O cristão não pode ser pessimista! Não pode ter uma cara de quem parece num constante estado de luto”, advertiu.

 

 

 

 

 

 

Perante mais de 13 mil pessoas, acompanhadas por dezenas de milhares no exterior da basílica, o Papa confessou a sua “alegria” por poder estar neste santuário. “Hoje, eu quis vir aqui para suplicar à Maria, nossa Mãe, o bom êxito da Jornada Mundial da Juventude [a decorrer no Rio de Janeiro] e colocar aos seus pés a vida

 

do povo latino-americano”, explicou.

Francisco recordou que a localidade do Estado de São Paulo acolheu a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho, em 2007, na qual participou, ainda como arcebispo de Buenos Aires.

 

 

Brasil: Papa promete regressar em 2017

O Papa disse no Santuário de Aparecida que quer regressar ao Brasil em 2017, ano em que se celebra o 300.º aniversário da descoberta da imagem da padroeira do país. “Peço-vos um favor, um ‘jeitinho’: rezem por mim, rezem por mim, preciso. Que Deus vos abençoe, que Nossa Senhora de Aparecida cuide de vós e até 2017, porque vou voltar”, anunciou perante milhares de peregrinos reunidos no exterior da basílica, após a primeira missa pública da viagem.

O Papa pediu desculpas por não falar

  “brasileiro” e agradeceu de “coração” a presença dos peregrinos, que resistiram à chuva e ao frio. “Peço à Virgem, Nossa Senhora de Aparecida, que vos abençoe, que abençoe as vossas famílias, os vossos filhos, os vossos pais, que abençoe todo o país”, declarou, segurando a imagem da Senhora de Aparecida que tinha recebido como presente das mãos do cardeal Raymundo Damasceno Assis, no início da missa, dentro da basílica.

Em espanhol, o Papa deixou uma

pergunta aos presentes: “Uma mãe esquece-se dos seus filhos?”.

 

 

 

 

“Ela (Nossa Senhora) não se esquece de nós, ela gosta e cuida de nós”, disse, abençoando os peregrinos, que em várias ocasiões gritaram ‘Francisco, Francisco’.

A festa litúrgica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida é assinalada anualmente a 12 de outubro.

O Santuário de Aparecida, considerado o maior dedicado a Maria, localiza-se no Vale do Paraíba, no eixo Rio de Janeiro – São Paulo – Minas Gerais. A imagem ali venerada foi encontrada em 1717 por três pescadores, que no porto de Itaguassu viram nas suas

 

redes o corpo de uma estátua partida, na altura do pescoço e, num segundo momento, a cabeça: juntando as duas partes, viu-se que se tratava da Senhora da Conceição.

Por assim ter aparecido, o povo chamou-a de ‘Aparecida’, nome consagrado pela devoção popular, que a levou a ser proclamada rainha (1904) e padroeira do Brasil (1930), sendo o santuário declarado de âmbito nacional (1984).

João Paulo II visitou Aparecida em 1980 e Bento XVI em 2007.

 

 

Papa pede coragem contra o narcotráfico

O Papa Francisco concluiu o seu terceiro dia de visita ao Brasil no Rio de Janeiro, onde disse que a legalização das drogas é ineficaz para combater a toxicodependência e pediu “coragem” na luta contra o narcotráfico.

“São tantos os ‘mercadores de morte´ que seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo o custo! A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem”, declarou, durante uma visita ao Hospital de São Francisco, vocacionado para o tratamento de toxicodependente e alcoólicos.

O Papa afirmou que não é “deixando livre o uso das drogas”, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá “reduzir a difusão e a influência da toxicodependência”. “É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida

  comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro”, sustentou.

O discurso decorreu ao som da chuva num átrio do hospital, após um momento de oração na capela local, no qual o Papa se encontrou com médicos, enfermeiros, membros da Ordem Terceira Franciscana, doentes e seus familiares.

“Precisamos todos de aprender a abraçar quem passa necessidade, como São Francisco. Há tantas situações no Brasil e no mundo que reclamam atenção, cuidado, amor, como a luta contra a toxicodependência”, observou.

Segundo o Papa, nas sociedades atuais, no entanto, “o que prevalece é o egoísmo”.

Francisco falou do hospital como um “particular santuário do sofrimento humano” e um “lugar de luta contra a toxicodependência”, a partir do qual é necessário compreender que “não são as coisas, o ter, os ídolos do mundo a verdadeira riqueza e que estes não dão a verdadeira alegria”.

 

 

 

 

 

“Precisamos todos de olhar o outro com os olhos de amor de Cristo, aprender a abraçar quem passa necessidade, para expressar solidariedade, afeto e amor”, contrapôs.

Um dos homens que venceu a luta contra a droga, após 17 anos, e hoje trabalha na instituição, deu o seu

 

testemunho de “esperança”; outro jovem, em tratamento, falou do seu “quase fim”, sem bens nem “dignidade”, antes de ser “resgatado das trevas”.

Ambos foram abraçados pelo Papa, que foi ao seu encontro, saindo do local onde se encontrava sentado.

 

 

Dia história para favela da Varginha

O Papa Francisco visitou hoje a favela da Varginha, Rio de Janeiro, e lançou um apelo à superação das “intoleráveis desigualdades sociais e económicas” e da “cultura do descartável”. “Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo”, disse, no campo de futebol da comunidade local, perante milhares de pessoas.

Francisco dirigiu-se em particular aos que “possuem mais recursos”, às autoridades públicas e a todas as “pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social”: “Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário”.

O Papa passeou a pé pela favela e cumprimentou centenas de pessoas, que se lhe dirigiram com pequenos presentes, beijando ainda vários bebés ao colo dos seus pais, e entrou na casa de uma família, sem a presença de jornalistas ou câmaras de televisão.

Francisco deixou uma palavra especial aos jovens por causa da sua

 

“sensibilidade” perante às injustiças” e disse que eles se “desiludem” muitas vezes com notícias que falam de corrupção ou com pessoas que “em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício”.

“Nós somos irmãos, ninguém é descartável”, acrescentou.

O Papa deixou votos de que todos sejam capazes de promover uma “cultura da solidariedade” que leva a ver no outro “não um concorrente ou um número, mas um irmão”.

“Quero encorajar os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria”, prosseguiu.

Francisco justificou a escolha desta favela com a vontade de “bater em cada porta, dizer ‘bom dia’, pedir um copo de água fresca, beber um ‘cafezinho’, não um copo de cachaça, falar como a amigos de casa, ouvir o coração de cada um, dos pais, dos filhos, dos avós”, e provocou o riso dos presentes.

 

 

 

 

 

Neste contexto, Francisco destacou a importância do acolhimento e da partilha, atitudes que mostram “que a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração”. “Sei bem que quando alguém que precisa comer, bate na sua porta, vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida: como diz o ditado, sempre se pode 'colocar mais água no feijão'! Se pode

 

colocar mais água no feijão? Sempre”, observou, ao som de aplausos.

Francisco percorreu as ruas da cidade carioca num carro fechado antes de entrar na comunidade, já a bordo do papamóvel, e dirigir-se a pé até à igreja de São Jerónimo de Emiliani, para rezar em privado e abençoar o novo altar.

 

 

Portugal promoveu a LusoFesta

 

O Departamento Nacional da Pastoral Juvenil promoveu esta quarta-feira a 'LusoFesta', uma iniciativa para a delegação de Portugal na Jornada Mundial da Juventude que reuniu os jovens lusófonos presentes no Rio de Janeiro.

A 'LusoFesta' contou com a apresentação de Ricardo Pereira, ator das telenovelas da SIC e TV Globo, e com a presença dos nove bispos de Portugal que participam na JMJ, acompanhando os 500 jovens portugueses que estão no Brasil para o encontro com o Papa Francisco.

Jovens de Angola de São Tomé participaram também na ‘LusoFesta’, disse à agência ECCLESIA Bruno Leite, do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil.

A festa lusófona foi promovida para celebrar “o encontro de povos e culturas”, promover “o convívio e a festa da vida e da Fé”, em espírito de “diálogo

 

 

interinstitucional e geracional, de partilha de culturas, na diversidade da degustação de sabores”, referiu Bruno Leite. A LusoFesta começou com a Feira Vocacional, um espaço onde os participantes tiveram a ocasião de “poder contatar com diferentes congregações religiosas e celebrar o sacramento da reconciliação”.

Mais tarde, no auditório da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, decorreu o acolhimento com um lanche preparado pelas comunidades portuguesas

A 'LusoFesta' ficou também marcada pela espetáculo musical do padre Omar, reitor do Santuário do Cristo Redentor, terminando com uma oração mariana.

Dias antes, os jovens de Portugal entregaram uma imagem de Nossa Senhora de Fátima ao Santuário de Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, durante uma celebração que reuniu a delegação presente no Brasil para a Jornada Mundial da Juventude.

 

 

 

 

 

 

   

A Jornada Mundial da Juventude 2013 pode ser acompanhada em direto, online, através de uma página especial criada pela Agência ECCLESIA: http://www.ecclesia.pt/jmjrio2013/

 

Papa solidário com vítimas
de acidente ferroviário na Galiza

O Papa Francisco e a Conferência Episcopal Espanhola (CEE) manifestaram a sua solidariedade com as vítimas do acidente ferroviário que esta quarta-feira provocou pelo menos 78 mortos na Galiza, após o descarrilamento de um comboio.

"Rezo pelas vítimas do acidente de Santiago de Compostela e sinto-me muito próximo de quantos estão a sofrer nestes tristes momentos", escreveu hoje o Papa na sua conta do Twitter, em espanhol.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, revelou aos jornalistas que Francisco foi informado prontamente do incidente e que o próprio presidente da CEE, cardeal Rouco Varela, antigo arcebispo de Santiago de Compostela, lhe telefonou.

A conferência episcopal já manifestou o apoio de “toda a comunidade católica de Espanha”, mostrando-se

 

 

 

“profundamente comovida pela tragédia ocorrida em Santiago”.
O mais grave incidente do género nos últimos 70 anos em solo espanhol teve lugar na bifurcação de A Grandeira, a pouco mais de três quilómetros da estação de Santiago de Compostela.

A arquidiocese local já publicou uma nota em que apela à oração pelas famílias que sofreram as consequências do acidente ferroviário que provocou “dor e luto”, lembrando os mortos e os feridos que “lutam pela vida”.

 

 

 

 

Comissão especial para reformar
atividade económica do Vaticano

O Papa Francisco criou uma comissão especial para reformar a atividade económica e administrativa do Vaticano, que “vai reportar diretamente ao Papa” e terá como principal missão “reunir informação e cooperar com o Conselho de Cardeais no estudo dos problemas organizacionais e económicos do Vaticano, de modo a contribuir para a reforma das instituições da Santa Sé”.

No documento (quirógrafo) assinado por Francisco, está ainda estabelecido que o novo organismo vai “oferecer suporte técnico, aconselhamento especializado e desenvolver soluções estratégicas”, em ordem a um “planeamento mais cuidado da atividade económica” de todos os órgãos administrativos do Vaticano.

Em causa está a promoção de uma maior “transparência nos processos de compra e venda de bens e serviços”, bem como melhorar “a

 

 

 

administração de bens e propriedades”, garantir um tratamento adequado a todas as matérias relacionadas com a “esfera financeira” e assegurar em todos os casos uma “correta aplicação dos princípios contabilísticos”.

A Comissão é maioritariamente composta  por leigos peritos em “questões legais, financeiras e organizacionais” que já se encontram a trabalhar com o Vaticano ou com instituições económicas ligadas à Igreja Católica.

 

 

Festival de Avanca
16 anos a promover bom cinema

Nasceu em 1997 da iniciativa de um grupo de jovens paroquial e desde então anima, todos os meses de Julho, a pequena freguesia de Estarreja, inscrevendo-a numa rota cinematográfica que extravasa fronteiras geográficas.

De 24 a 29 de Julho, o festival de cinema de Avanca reúne filmes, profissionais da sétima e de outras artes em projeções, debates, workshops, conferências e outras atividades paralelas contando com a participação da Universidade de Aveiro, para além de instituições internacionais com que vem fomentando uma cultura de proximidade.

Nesta 17ª edição, Macau é uma presença forte com doze cineastas, de entre os quais os autores de ‘Macau, Love in the City’ uma longa metragem que combina diferentes narrativas para oferecer um olhar multifacetado sobre a sua atualidade. Uma presença que vem dar sequência à edição do ano passado, em que a cinematografia de Macau

  causou surpresa, estreitando laços entre duas regiões geograficamente distantes mas culturalmente muito próximas. Para além da longa referida, a sessão ‘Made Short Films’ apresenta sete curtas metragens de origem macaense.

Ainda no âmbito das curtas, desta vez nacionais, concorrem ao Prémio Estreia Mundial Curta doze trabalhos de realizadores portugueses, em registos bem diversificados.

Da Secção Oficial concorrente ao Prémio Estreia Mundial Longa farão parte cinco filmes oriundos da Bélgica, Argentina, Irão e Lituânia, havendo ainda duas secções dedicadas a outros formatos - obras feitas para televisão e vídeo num total de desasseis filmes que fazem eco da cinematografia de países tão diversos como o Canadá, Holanda, Arzebeijão, Ucrânia, Rússia ou Suíça.

Na secção Prémio Cinema, serão quase duas dezenas os filmes a contemplar nestes dias de Avanca,

 

 

 
também eles de países estrangeiros. Finalmente mas igualmente importante, o Prémio Competição Avanca, inteiramente dedicado à cinematografia nacional, observa sete longas metragens de ficção, cinco docementários e mais de uma dezena de trailers.

A iniciativa decorre no Auditório Paroquial de Avanca, no Auditório da Junta de Freguesia, na Sala Multimeios da Escola Egas Moniz e no Espaço Feira Gastronómica, com sessões ao ar livre.

 

  Uma oportunidade única no ano para conhecer a vitalidade de uma região, de uma comunidade e do cinema nacional e estrangeiro neste festival de características especiais com uma história alicerçada no espírito empreendedor de uma paróquia.

Em Avanca, Encontros Internacionais de Cinema, Vídeo, Televisão e Multimédia a não perder, até 29 de Julho!

Todas as informações em http://www.avanca.com

Margarida Ataíde

 

 

Viver as JMJ 2013 online

http://www.rio2013.com/

Tendo como lema “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”, sustentado no Evangelho segundo São Marcos, decorrem entre 23 e 28 de julho as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) na cidade maravilhosa. Assim, esta semana, sugerimos para aquelas pessoas que não puderam ir até ao Rio de Janeiro, uma visita ao sítio das JMJ 2013.

Ao digitarmos o endereço www.rio2013.com somos transportados para as cores, as imagens e os sons através de um extraordinário espaço virtual criado especificamente para este acontecimento. Na página inicial encontramos os habituais destaques, juntamente com as ligações para as principais redes sociais (facebook, twitter, flickr, youtube, google+, ask, rss) e ainda um conjunto enorme de opções, das quais somente vamos espreitar as mais relevantes.

Na opção “as jornadas”, dispomos de variadíssimas informações de âmbito mais teórico. Podemos ficar a saber a

  história das JMJ, nomeadamente que as jornadas se iniciaram no “encontro Internacional da Juventude, por ocasião do Ano Santo da Redenção que aconteceu em 1984, na Praça São Pedro, no Vaticano. Foi lá que o Papa João Paulo II entregou aos jovens a Cruz que se tornaria um dos principais símbolos da JMJ, conhecida como a Cruz da Jornada”. Por outro lado, podemos ouvir o hino oficial, os símbolos e saber quem são os patrocinadores.

Em “multimídia” podemos ver as fotos, os vídeos, os registos em áudio, os guias e os roteiros que vão sendo produzidos pelo departamento de comunicação das JMJ Rio 2013.

Outro espaço bastante informativo encontra-se em “tire as suas dúvidas”, aí pode ler as perguntas mais frequentes relativas às jornadas, ao voluntariado, ao alojamento, entre outras.

Diretamente no sítio pode adquirir todos os produtos de merchandising relacionados com o encontro que marcará a primeira viagem ao

 

 

 

 

estrangeiro do Papa Francisco, desde o início do seu pontificado. Aí pode comprar acessórios (terços, pulseiras, símbolos), peças de vestuário (t-shirts, bonés), material de papelaria (livros, adesivos) entre outros materiais.

Aqui fica então a sugestão para que

 

acompanhe este grande evento da Igreja Católica que “continua a mostrar ao mundo o testemunho de uma fé viva, transformadora e a mostrar o rosto de Cristo em cada jovem”.

 

 

Fernando Cassola Marques

 

 

Livro-entrevista
que revela patriarca de Lisboa

Henrique Monteiro, antigo diretor do jornal «Expresso», apresentou esta terça-feira o livro ‘Manuel Clemente – Uma casa aberta a todos’, onde se publicam entrevistas que mostram a personalidade “muito culta” e “multifacetada” do patriarca de Lisboa.

Para o jornalista, a obra “é fácil de ler” e “é notório” que o prelado de Lisboa quer fazer uma “ação de evangelização” no Patriarcado e “não quer repousar, na ideia antiga, que são todos católicos”.

O livro, editado pela Paulinas Editora, publica duas entrevistas a D. Manuel Clemente realizadas por Paulo Rocha, diretor da Agência ECCLESIA, no contexto da nomeação para Patriarca de Lisboa, e uma por ocasião da atribuição do Prémio Pessoa, em 2009.

Na segunda parte do livro, o gabinete editorial da Paulinas Editora fez uma recolha de textos de D. Manuel Clemente que mostram o seu pensamento

  sobre temas relevantes para a Igreja e para a sociedade.

Paulo Rocha, que durante 15 anos conduziu entrevistas com D. Manuel Clemente, confidenciou que em qualquer tema “não é difícil que ele surpreenda” porque “tem uma forma de dizer nova e traduzir o seu pensamento e os problemas que a sociedade atravessa”.

Completamente disponível para falar de “temas simples, como temas complexos”, D. Manuel Clemente tem “grande proximidade” com as pessoas, acrescenta.

O autor do livro considera que o patriarca é uma figura que tem “muitos recantos” para “explorar” e que embora, “não esteja previsto”, um segundo volume pode acontecer.

D. Manuel Clemente falou da obra como uma “surpresa” e disse sentir-se “perfeitamente” identificado com o livro: “Acho que é isto que é fundamental, que a Igreja também seja uma casa aberta para todos”,

 

 

 

 

 

 

disse o patriarca de Lisboa, para quem “Cristo não exclui nem tem fronteiras”.

Falando aos jornalistas, o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou que a recente crise política no país permitiu abrir caminhos de diálogo, apesar do falhanço das negociações do acordo de salvação nacional.

 

  “A vida continua e a política também e eu acho que a semana passada teve como ganho que representantes de três partidos (PSD, PS e CDS-PP) que representam grande parte do eleitorado português efetivamente se encontraram-se, conversaram, ouviram e ouviram muitas horas”, declarou.
 

 

José Dias: Um cristão que incarnou
os documentos conciliares

 

Quando já passaram 50 anos sobre o II Concílio do Vaticano “é entristecedor verificar que ainda há tanta gente que tem na sua cabeça uma imagem de Igreja piramidal”, escreveu José Dias da Silva (1942-2013), num blogue onde colocava as suas ideias centradas na fidelidade ao Evangelho.

Temos uma pirâmide com o “Papa no vértice recebendo ordens «do alto» e dimanando-as por aí abaixo: do papa para os bispos, dos bispos para os padres”. Esta imagem “clássica dura e perdura porque os católicos não estudam, não reflectem os documentos do Magistério, não aprofundam os seus conhecimentos, contentando-se com a sua limitada catequese de infância com dezenas de anos”, lamentava o Zé Dias (era desta forma que gostava que os amigos o tratassem)

Bastariam alguns textos para perceber que a Igreja comunhão “é a ideia central e fundamental dos documentos do Concílio” (Sínodo de 1985). “O centro, portanto, não é o Papa, mas a Eucaristia, Jesus Cristo: nada se pode antepor a Jesus Cristo nem mesmo o Papa”, escreveu.

No dia 15 de Julho, depois de um longo e grande calvário de sofrimento, faleceu, em Coimbra, José Dias da Silva que durante décadas foi “um dos principais pontos de referência dos cristãos” de norte a sul do país, escreveu o jornal «Correio de Coimbra» na edição de 18 julho.

 

 

 

 

A sua preocupação era ser coerente com a fé em Jesus, que o animava, e com aquilo que lia da Bíblia e do pensamento social da Igreja, que conhecia – atrevo-me a dizer - como poucos. Recordo uma entrevista que concedeu à Agência ECCLESIA, na Quaresma de 2007, nesse texto o Zé Dias relata a experiência da sua doença que, “aparentemente aumentou-me mais a fé”, disse.

Natural de Souto do Brejo (Pampilhosa da Serra), onde nasceu a 15 de março de 1942, Zé Dias frequentou os seminários da Figueira da Foz e de Coimbra, onde, durante oito anos, consolidou a sua formação humana e religiosa. Descobriu que a sua vocação não era o sacerdócio e licenciou-se em Físico-Química, na cidade do Mondego. Conciliou, com lucidez, a fé e a ciência. A reflexão sobre as consequências sociais e políticas do evangelho foi uma das suas grandes paixões e os seus escritos eram um manancial que ajudavam a descodificar e a viver os documentos conciliares.

Foi o responsável pelo módulo de Doutrina Social da Igreja na Escola de

 

Leigos da diocese de Coimbra, além de ter orientado e participado em dezenas de cursos e encontros. Colaborador do Instituto de Estudos Teológicos, publicou os livros «Viver o Evangelho Servindo a Pessoa e a Sociedade – Introdução à Doutrina Social da Igreja» (ed. Gráfica de Coimbra) e «Memórias de um Tempo Futuro», que reúne crónicas publicadas na revista Além-Mar, (Missionários Combonianos), e no jornal «Correio de Coimbra».

Em todos os escritos e intervenções, mesmo nas conversas pessoais que mantinha, vinha ao de cima a sua profundidade bíblica e teológica, aliada às preocupações sociais. Num dos textos que escreveu no blogue, José Dias colocava o dedo na ferida: “A fragilidade do cristianismo provém, em grande parte, do analfabetismo religioso” e “este analfabetismo dos cristãos – e aqui não falo só dos leigos – inclui a própria catequese clássica desajustada aos tempos de hoje e facilitadora de uma leitura ideológica do Evangelho, mas sobretudo refere-se à doutrina conciliar e à Doutrina Social da Igreja”.

 

 

agosto 2013

Dia 01 

* Braga - Barcelos (Arcozelo) - Capítulo provincial do Instituto das Franciscanas Missionárias de Maria.  (01 a 05)
* Fátima - Semana de férias para pais de pessoas com deficiência. (01 a 07)
* Porto - Ovar (Cortegaça) - Encontro Nacional do Movimento Missionário de Professores com o tema «Olhar o mundo à luz da fé». (01 a 07)
* Lisboa - Idanha - Jovens da pastoral universitária de Coimbra de cursos da área da saúde vão passar uma semana a cuidar dos doentes. (01 a 08)
* Guarda - Campo de férias da Juventude hospitaleira. (01 a 09)

 

* Moçambique - Itoculo - Iniciativa «Ponte para Moçambique» promovida pelos Jovens Sem Fonteiras (JSF) (01 a 31)


Dia 02

* Aveiro - Praia da Vagueira - Tenda de Deus na Praia da Vagueira.  (02 a 08)

 

Dia 03

* Évora - Acampamento do CNE com o tema «H2O Correntes de Esperança».  (03 a 09)

 

Dia 04

* Fátima - Oficina musical criativa. (04 a 07)

 

Dia 05

* Braga - Campo de férias da juventude hospitaleira. (05 a 13)

 

Dia 06

* Madeira - São Gonçalo - Campo de férias promovido pela Juventude Hospitaleira. (06 a 14)

 

Dia 07

* Braga - Amares (Lago) - AcaNuc promovido pela Junta de Núcleo de Braga do CNE com o tema «João Paulo II - Um construtor de pontes no mundo». (07 a 11)
 
 

 

 

Dia 08

* Croácia - Trogir - Encerramento do Capítulo Geral de Definidores da Ordem Dominicana.

Dia 10

* Aveiro - Dia da Cristoteca. (10 e 11)
* Fátima - Semana de férias para pais de pessoas com deficiência. (10 a 16)

 

Dia 11

* Semana Nacional de Migrações com o tema «Migrações: Peregrinação de fé e de esperança». (11 a 18)

* Vila Real - Chaves - Acampamento da Juv. Franciscana Missionária de Nossa Senhora . (11 a 18)

 

Dia 12

 * Fátima - Peregrinação do migrante e do refugiado presidida por D. Jean-Claude Hollerich, Arcebispo do Luxemburgo. (12 e 13)

Dia 15

* Coimbra - Figueira da Foz - Assembleia Nacional da JOC sobre «A fé sem obras é morta». (15 a 17)

 

Dia 16

* França - Peregrinação a Taizé da Paróquia de S. José (Coimbra). (16 a 26)

 

Dia 17

* França - Peregrinação a Taizé promovida pela Juventude Doroteia. (17 a 26)

 

Dia 18

* Braga  - Iniciativa «Vamos bailar à Senhora» integrada na peregrinação anual dos emigrantes ao Sameiro.

* Fátima - Curso geral de formação de catequistas . (18 a 25)
* Açores - (Ponta Delgada) - Campo de férias promovido pela Juventude Hospitaleira.  (18 a 26)

 

Dia 19

* Coimbra - Condeixa-a-Nova - Campo de Férias promovido pela Juventude Hospitaleira. (19 a 27)

* Fátima  - 5º Curso de Música Litúrgica para organistas, directores de coros e salmistas. (19 a 31)

 

 Dia 24

* Porto - Ermesinde - Acampamento vocacional promovido pelo Movimento Oásis.  (24 a 30)

 

Dia 25

* Fátima - Seminário do Verbo Divino - Semana Bíblica nacional com o tema «Palavra, fé e vida».  (25 a 29)


Dia 26

* Fátima - Seminário dos Missionários da Consolata - Curso de Missiologia. (26 a 31)

 


 

 

 

 

 

 

Ano C – 17º Domingo do Tempo Comum

 

 

 

 

 

 

 

 

Rezar como Jesus nos ensina
 

O tema da oração marca a liturgia da Palavra deste 17.º domingo do tempo comum. Abraão e Jesus mostram-nos a importância da oração e ensinam-nos a atitude que devemos assumir no diálogo com Deus.

A primeira leitura indica-nos que a verdadeira oração é um constante e persistente diálogo face a face: com humildade, reverência e respeito, mas também com ousadia e confiança, o homem apresenta a Deus as suas inquietações, dúvidas e anseios, e tenta perceber os projetos de Deus.

O Evangelho senta-nos no banco da escola de oração de Jesus, recordando-nos que a oração deve ser um diálogo confiante de uma criança com o seu papá.

Na segunda leitura, mesmo sem aludir diretamente ao tema da oração, São Paulo convida-nos a fazer de Cristo a referência fundamental das nossas vidas.

Olhemos em particular para o Evangelho. Jesus oferece-nos o Pai Nosso, a única oração que ensinou aos seus discípulos. É também a própria oração de Jesus.

“Senhor, ensina-nos a orar”. Como ensinar os outros a rezar, se nós próprios não rezamos? Jesus foi buscar à sua experiência a oração que ensinou aos seus discípulos. Dizemos palavras que o próprio Jesus diz connosco. A sua oração e a nossa oração são uma única e mesma súplica.

Acentuamos na oração o louvor e a ação de graças. Parece que a oração de súplica não é tão valorizada. Porém, a oração que Jesus ensina aos seus discípulos é, antes de mais, uma oração de pedido. O verbo “pedir”

 

 

 

aparece seis vezes no texto evangélico deste domingo.

Às vezes parece-nos que os nossos pedidos não são atendidos, que Deus não ouve as nossas preces. Mas Jesus dá-nos uma chave de leitura: é o Espírito Santo que o Pai nos quer dar, o Amor infinito. Trata-se de pedir, antes de mais, que este Amor infinito nos modele cada vez mais profundamente, para que aprendamos a ver como Deus nos vê, a amar como Ele nos ama.

Entrar numa aventura de amor exige paciência, e também renúncia a nós mesmos para nos abrirmos cada vez mais ao outro.

  Aí está todo o sentido da nossa vida, numa confiança total em Deus, num caminho exigente que nos conduz à Casa do Nosso Pai.

Como os discípulos e retomando também o exemplo de Abraão,

coloquemo-nos na escola da oração de Jesus, em oração constante e insistente. Procuremos reaprender o sentido e a força das palavras que Ele nos deixou. Procuremos saborear o Pai Nosso, rezando como se fosse a primeira vez.

Neste tempo de verão, não façamos pausa na atitude orante. Procuremos tempos e espaços que nos ajudem a rezar, sempre como Jesus nos ensinou.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h30

Domingo, dia 28 - Imagens e mensagens da Jornada Mundial da Juventude.

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 29 - Entrevista. Memória da primeira Jornada Mundial da Juventude fora de Roma, em Buenos Aires, em 1987, pelo diretor do DNPJ da altura, padre Adérito Barbosa.

Terça-feira, dia 30 - Jovens com o Papa Francisco no Rio de Janeiro;

Quarta-feira, dia 31 - Jovens com o Papa Francisco no Rio de Janeiro;
Quinta-feira, dia 01 - História da Comunidade Shalom no Brasil.
Sexta-feira, dia 02 - Apresentação da liturgia dominical pela irmã Luísa Almendra e cónego António Rego.
 

Antena 1

Domingo, dia 28 de julho,  06h00 - Anúncio e Missão: testemunhos das pré-jornadas no Rio de Janeiro e dos Jovens Sem Fronteiras.

 

Segunda a sexta-feira, dias 29 de julho a 2 de agosto, 22h45 - Testemunhos de voluntários antes de partirem em missão ad gentes. 

 

 

   

 


Começa esta sexta-feira, dia 26 de Julho a iniciativa "Tenda de Deus" na Praia da Barra em Aveiro.
Até dia 1 de Agosto esta iniciativa, que inclui tertúlias e momentos musicais, coloca à disposição dos turistas uma casa de oração e diálogo onde poderão também partilhar ideias e dificuldades.
 
A iniciativa Mergulha in Rio começa também na tarde do dia 26 de julho e termina no dia 28 julho, Domingo, propondo um programa com várias atividades como trabalhos de grupo, catequeses, momentos de oração e reflexão, ligações em direto ao Rio de Janeiro, um peddigrejas e uma manhã desportiva.
 
Também para acompanhar as Jornadas Mundiais da Juventude começa no Sábado, dia 27 de Julho, em Vila Nova de Gaia na Praia do Cabedelo, a Iniciativa «Rio in Douro» promovida pela Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil.
 
No Domingo, dia 28 de Junho terminam as Jornadas Mundiais da Juventude no Rio de Janeiro com uma missa em Copacabana (14:00 em Portugal), e depois com o discurso de encerramento proferido pelo Papa Francisco (22:30 em Portugal).
 
Na quarta-feira, dia 31 de Julho decorre em Lisboa, na Universidade Católica Portuguesa, a tomada de posse do novo presidente do Centro Regional do Porto, Manuel Afonso Vaz.

 

Brasil: Fundação AIS apoia Jornadas Mundiais da Juventude

Embaixadores da esperança

Centenas de jovens oriundos de países onde a Igreja mais sofre estão presentes no Rio de Janeiro graças à generosidade dos benfeitores da Fundação AIS.

Os números impressionam: Um milhão e meio de exemplares do YouCat estão a ser distribuídos, neste momento, aos jovens que, vindos de todo o mundo, estão a participar nas Jornadas Mundiais da Juventude que decorrem no Rio de Janeiro.
Trata-se de uma oferta da Fundação AIS que, uma vez mais, responde positivamente a um desejo do Santo Padre. Cada um destes livros será entregue aos jovens como uma oferta pessoal do Papa Francisco, nesta primeira deslocação ao estrangeiro depois da sua eleição. Já em Madrid, nas anteriores Jornadas Mundiais da Juventude, foram distribuídos cerca de 700 mil exemplares do YouCat. Nos livros então entregues aos jovens, o Papa Bento XVI explicou magistralmente como este livrinho,

 

que oferece a síntese da nossa fé, é de leitura obrigatória: “Este livro é cativante porque nos fala do nosso próprio destino e portanto refere-se de perto a cada um de nós”. Os livros do catecismo jovem são impressos em português, inglês, francês, italiano, espanhol e polaco.

 

Exposição multimédia

Mas a participação da Fundação AIS neste encontro magno da juventude católica vai muito para além do YouCat. No Largo do Carioca, no Rio de Janeiro, está a decorrer uma exposição multimédia integrada nos eventos culturais das jornadas. Esta exposição tem como tema “missionários somos todos!”, em que se pretende recordar que no mundo há cristãos que sofrem, que são perseguidos e que todos temos o dever de os auxiliar. Além da exposição, a Fundação AIS preparou também um espaço de acolhimento e oração, com uma capela montada

 

 

 

numa das tendas, onde estão presentes cerca de quatro dezenas de sacerdotes que transformaram este local num dos pontos oficiais para confissões durante as jornadas.
Em diversas partes do mundo, pelas dificuldades que atravessam as comunidades cristãs – por razões económicas ou por restrição à liberdade de culto – sem o apoio discreto da Fundação AIS não seria possível que alguns jovens participassem também nas Jornadas Mundiais da Juventude. É o caso de
 

algumas centenas de jovens oriundos de Bagdade, capital do Iraque, do Haiti e também de meia centena de adolescentes oriundos do Egipto. Todos eles são embaixadores da esperança para a Igreja dos seus países. Todos eles são oriundos de regiões onde, por questões políticas, de guerra ou de catástrofes naturais, a Igreja sofre e precisa de ser apoiada. Eles são também a razão de ser da Fundação AIS.

 

Saiba mais em: www.fundacao-ais.pt

 

 

Lusofonias

Sós… depois de tanta entrega!

Tony Neves

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O meu tempo de Missão em Angola mostrou-me como os ‘mais velhos’ são uma referência fundamental para as sociedades africanas. Há mesmo um provérbio que diz que ‘quando morre um velho, enterra-se uma biblioteca’. Elas e eles são a voz da experiência de vidas cheias de alegrias e de amarguras, onde aprenderam a defender-se e a proteger os mais novos. Sente-se nos mais novos uma dívida de gratidão e, ao mesmo tempo, a consciência de que quem viveu mais sabe mais da vida.

Na Europa materialista joga-se noutro campeonato. Há quem analise a situação dizendo que aqui muitos dos mais velhos aparecem como empecilhos sociais aos mais novos que querem viver á vontade sem ter que se preocupar com aqueles que já não rendem e, às vezes, até dão chatices e prejuízo financeiro. Eu não vou tão longe. Acho que as sociedades estão mal estruturadas e desequilibraram a sua capacidade de integrar, com harmonia, todos grupos etários e todas as classes sociais. Há um fosso enorme entre ricos e pobres e há também um abismo a separar a mentalidade das pessoas mais velhas da das novas gerações. Assim, é difícil construir pontes e pôr a viver na mesma cidade, sem tensões, ricos e pobres ou pôr a viver debaixo do mesmo tecto, netos e avós.

 

 

Luso Fonias

 

Creio ainda, pela experiência que vou ganhando ao percorrer o país real nas Semanas Missionárias que organizo com jovens, que há opções sociais que são arrasadoras para a unidade das famílias. A primeira tem a ver com a habitação. Quem tem pouco dinheiro é obrigado a fazer, alugar ou comprar uma casa pequena. Ali não cabem duas ou três gerações. Outra opção social e económica contestável tem a ver com a incapacidade de criação de postos de trabalho. Assim, as gerações mais ativas saem à procura de emprego e, anos mais tarde, percebe-se que os mais velhos estão sós e abandonados no interior do país, enquanto os mais jovens organizaram as suas vidas nas grandes cidades ou até no estrangeiro.

 

É bom que se ponha o dedo nesta ferida que provoca dores profundas a muitos idosos. A solidão a que ficam condenados, no momento das suas vidas em que mais precisam de carinho e apoio, é de bradar aos céus. Não quero olhar para os casos de gente que tem meios e abandona os mais velhos só porque quer ter vida mais fácil. Também existem casos tristes deste género. Mas todas as decisões que condenam á solidão os nossos mais velhos deveriam ser condenadas pela sociedade, mesmo através de mecanismos jurídicos que castigassem quem assim procede.

O dever de gratidão aos que construíram a nossa história e agora estão cansados é enorme. Eles merecem tudo.

 


 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

Apostolado Oração

enfrentar a ditadura do relativismo

Para que os pais e educadores ajudem as novas gerações a crescer com uma consciência recta e numa vida coerente. [Intenção do Santo Padre para o mês de Agosto]

 

1.   Na «feira» de valores à medida de cada um, é difícil encontrar referências capazes de julgar a rectidão de consciência – e o mesmo se diga do necessário para uma vida coerente. É possível haver acordo, por exemplo, sobre o facto de o roubo ser inaceitável para uma consciência recta. Mas se a questão for «fuga aos impostos», «salários injustos» ou «em atraso», haverá muito quem não veja como tais comportamentos possam pôr em causa a rectidão da consciência. E quanto a levar uma vida coerente? A coerência tem fraca cotação na praça pública e depende muito dos valores escolhidos por cada um. Poderá ainda haver um certo consenso em torno da necessidade de levar uma vida coerente, mas já não é suposto as referências de tal coerência serem partilhadas por todos.

 

2. Como podem os pais e educadores ajudar os mais novos a crescer com uma consciência recta e numa vida coerente? Antes de mais, é suposto viverem aquilo que pretendem transmitir aos filhos ou educandos. Ora, isso não é tarefa fácil, sobretudo porque dificilmente encontram na sociedade referências estáveis e partilhadas por muitos relativamente ao que se poderia chamar uma vida eticamente orientada segundo valores comuns. As sociedades ocidentais adoptaram o relativismo moral, moldado segundo o princípio de que, não se prejudicando o outro, tudo vale o mesmo. E aquela ressalva apenas se aplica a alguns tipos de comportamento. Vale, por exemplo, para o consumo de tabaco, em público e até em privado; mas já não se aplica quando se trata do aborto legal,

 

 

pois neste caso «o outro » – a criança não nascida – é reduzida à categoria de «não pessoa».

 

3.  Que fazer, então? Desistir pode parecer uma opção, mas os pais sabem mais e melhor. Apesar do relativismo reinante, desejam ver os filhos cultivar valores segundo os quais gostariam de os ver crescer e integrar-se na vida adulta. E há modos de vida que não desejam para os seus filhos. Por isso, empenham-se em ajudá-los a crescer evitando-os. A seu tempo, os pais sabem, serão os filhos a escolher o caminho. A questão, porém, não é o caminho que os filhos vão escolher (essa escolha é deles!); a questão é dar-lhes as “ferramentas” capazes de lhes permitir a melhor escolha.

 

4.  Consideremos, a título de exemplo, os pais e educadores cristãos. A sua tarefa é dar aos filhos “ferramentas” capazes de lhes permitirem escolhas ancoradas nos valores cristãos. Tais “ferramentas” são o Evangelho (Jesus Cristo), os mandamentos e o ensino da Igreja. Pelo exemplo e pela palavra, hão-de mostrar aos seus educandos o valor destas “ferramentas” quando chega o momento de fazer escolhas fundamentadas e com futuro.

 

Aqueles poderão escolher ignorar tais “ferramentas” e optar por outros valores. Os pais, certamente, sofrerão com tais escolhas. O mais importante, porém, é poderem dizer que fizeram tudo quanto deviam para ajudar os filhos a entender a riqueza humana e divina do seguimento de Cristo. As escolhas destes já entram noutra dimensão, a da liberdade de cada um diante da própria consciência e diante de Deus.

 

5. Outro aspecto que importa relevar é o valor universal da proposta cristã. O facto de nem todos assumirem tal proposta não anula essa universalidade. O que retira universalidade a um modo de vida é o ser “desumano”, isto é, levar as pessoas a fazerem opções de fundo incompatíveis com o respeito pela vida e dignidade dos outros humanos. É, pois, legítimo contrariar a ditadura do relativismo, afirmando sem complexos que não vale tudo a mesma coisa: as opções de vida não são indiferentes, existe o bom e o mau e a diferença entre um e outro não é, apenas, uma questão de conveniência. Educar para esta referência última significa apostar na rectidão de consciência e na coerência de vida. O que virá depois já não compete aos pais e educadores decidir.

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cristo “bota fé” nos jovens e confia-lhes o futuro da sua própria casa: “Ide e fazei discípulos”.

Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível e criem um mundo de irmãos

(Papa Francisco, à chegada ao Rio de Janeiro)