04 - Editorial:

    Sandra Costa Saldanha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

12 - Opinião

       D. José Cordeiro

14 - A semana de...

       Paulo Rocha

16- Entrevista

       Juan Ambrosio,docente da UCP
24- Dossier

       Ano da Fé

 

40- Internacional

44 - Cinema

46 - Multimédia

48 - Estante

50 - Vaticano II

52 -  Agenda

54 - Liturgia

56 - Programação Religiosa

57 - Por estes dias

58 - Fundação AIS

60 - LusoFonias

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tema do dossier da próxima edição:

Diocese de Aveiro

Foto da capa: D.R
Foto da contracapa:  Agência Ecclesia

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Margarida Duarte, Sónia Neves, Carlos Borges, Catarina Pereira
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Opinião 

 

 

 

Ano da Fé

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Cáritas lança campanha de Natal

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Apoiar os cristãos na Terra Santa

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D. José Cordeiro |Padre Tony Neves

Sandra Costa Saldanha

 

A inoperância da salvaguarda

Sandra Costa Saldanha

 

As más intervenções de conservação e restauro constituem, de longa data, um dos maiores e mais graves atentados contra o património cultural da Igreja. Domínio que se debate com diversos problemas - nem sempre sinalizados e de difícil quantificação - não é novidade que se justificam, em muitos casos, pela escassez de recursos financeiros ou pela ausência de técnicos especializados ao serviço das dioceses. Mas outras são as contrariedades. Não aquelas adiadas por imperativos económicos, mas as que efetivamente  se materializam: os procedimentos desadequados e as intervenções danosas, quantas vezes, irreversíveis.

Levadas a cabo por pessoas sem qualificação, por vezes de formação autodidata e em atos de amadorismo, se, por um lado, entroncam numa autonomia local especialmente nociva, assentam, por outro, na ausência de fiscalização e acompanhamento técnico apropriado. As orientações normativas existem (e em abundância) mas são liminarmente negligenciadas. Falha uma ação escrupulosa e consequente. Reconhecendo-se a insuficiência e fragilidade de alguns serviços, pese embora o esforço de acompanhamento noutros casos, ele é manifestamente insuficiente no panorama das 20 dioceses 

 

 

  

 

que marcam o mapa eclesiástico nacional.
Será pois neste sentido que, aspirando à implementação de uma dinâmica de atuação concertada, terá lugar em Fátima (no próximo dia 6 de dezembro) o IV Conselho Nacional para os Bens Culturais da Igreja.

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

© LUSA

 

 

Também o Papa se confessa, de 15 em 15 dias, porque o Papa também é um pecador, e o confessor ouve as coisas que eu lhe digo, aconselha-me e perdoa-me

Francisco, audiência geral - Vaticano, 20.11.2013

 

Em toda a Europa, a legitimidade de exercício dos governos está a ser afetada. Por isso, já começa a haver sinais de reações, de movimentos de extrema-direita

Adriano Moreira, entrevista à RR, 20.11.2013

 

O próximo ano não será fácil, tenho dito que vamos ter pela frente um orçamento exigente, que apela à responsabilidade de todos na sua execução. Mas os sacrifícios que afetam todos os portugueses, aos quais as forças de segurança não são naturalmente alheias, não nos podem desviar da missão de garantir a segurança de Portugal e dos portugueses

Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, na abertura do ano académico do Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança - Lisboa, 20.11.2013

 
Possíveis alterações ao Orçamento de 2014 teriam de ser analisadas no contexto da próxima revisão

Relatório da Comissão Europeia sobre a oitava e a nova avaliações ao Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal, Bruxelas, 21.11.2013

 

Com serenidade, esperaremos pelo vosso voto nas propostas que fazem a diferença na vida dos portugueses

Pedro Marques, deputado do PS, na discussão na generalidade do Orçamento do Estado para 2014 – Assembleia da República, 21.11.2013

 

É com grande satisfação que felicito a Seleção Nacional de Futebol pelo seu apuramento para a fase final do Campeonato do Mundo, que será disputada no Brasil, em 2014. Os jogadores e a equipa técnica viram recompensados os seus esforços e estão de parabéns.

Aníbal Cavaco Silva, presidente da República Portuguesa, site da Presidência, 19.11.2013

 
 
 

 

Cáritas lançou campanha de Natal

A Cáritas Portuguesa apresentou em Lisboa a 11ª edição da sua campanha anual de Natal, que visa apoiar os cidadãos mais desfavorecidos no país e as vítimas do conflito na Síria, promovendo valores de justiça e solidariedade. Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, sublinhou em conferência de imprensa, que esta não é uma “operação comercial”, mas uma iniciativa que visa “ajudar os portugueses a viver o Natal com os valores que lhe estão subjacentes”.

“Isto pretende ser um antídoto, para que as pessoas se recentrem nos valores do Natal”, declarou, perante dezenas de pessoas reunidas no auditório dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa. Entre esses valores, o responsável destacou os da “solidariedade, justiça e paz”.

O valor final recolhido nesta campanha será aplicado em duas causas distintas: 65% reverterão a favor das famílias e pessoas em “situação de carência socioeconómica”, que serão ajudadas através das 

 

Cáritas Diocesanas e paróquias portuguesas; os outros 35% reverterão para o apoio às populações atingidas pela guerra da Síria.

A Cáritas propõe a compra de velas pelo “preço simbólico” de um euro, sendo possível adquirir um ‘pack’ de quatro velas por quatro euros, que inclui no interior um presépio para pintar.

A organização católica assume o objetivo vender, na operação ‘10 Milhões de Estrelas - Um Gesto pela Paz’ deste ano um número superior às 500 mil velas de 2011 e às 450 mil de 2012.

“Este euro vai mitigar tanta carência que ainda grassa pelo nosso país”, explicou Eugénio Fonseca.

Este responsável explicou que o destino internacional deste ano foi decidido em consonância com os bispos portugueses, recordando em particular as “crianças filhas desse povo (Síria) que não conseguem viver no seu país”. “Apesar de tudo o que estamos a viver, o nosso povo é surpreendente, é de uma grande generosidade”, disse 

 

 

 

 

 

o presidente da Cáritas.

Eugénio Fonseca recordou a solidariedade dos portugueses com o povo das Filipinas e admitiu que sonha com um número próximo do “milhão de estrelas”, na campanha deste ano, no que foi acompanhado pelo coordenador nacional da operação '10 Milhões de Estrelas', Carlos Grade.

A iniciativa natalícia tem 

 

este ano o apoio da maestrina Joana Carneiro, que vai dirigir um Concerto pela Paz, no dia 14 dezembro, na Catedral de Lisboa, com o Coro de Pequenos Cantores do Conservatório de Lisboa.

A Cáritas convida os portugueses a serem “ embaixadores da paz”, num gesto de “cidadania e de atenção ao outro” que se estende às escolas.

 

 

Bispo de Viana alerta para ameaças à fé

O bispo de Viana do Castelo escreveu às comunidades católicas da diocese sobre “dois perigos” que as ameaçam, “os falsos profetas” e “as perseguições”, numa mensagem a respeito do Ano da Fé, que se conclui este domingo. D. Anacleto Oliveira alerta para as novas formas de violência nos dias de hoje que “não têm” a violência de outras épocas e lugares, mas “são até mais perigosas”.

“São as perseguições lançadas pela sociedade laicista e laicizante que rejeita os valores da vida defendidos por nós cristãos. Vejam-se as leis e a cultura a elas subjacente, que facilitam o aborto ou a dissolução e destruição da família”, destaca a mensagem, recebida hoje pela Agência ECCLESIA.

O texto parte de uma passagem do Evangelho em que Jesus apela à “perseverança” e aponta para a necessidade de manter no futuro a dinâmica deste Ano da Fé, convocado por Bento XVI, Papa emérito.

 

 

 

“Um futuro em que se mantenha viva a chama da fé que este ano nos tem iluminado e aquecido; um futuro em que permanentemente se renove o dinamismo que tem presidido a muitas das atividades e vivências em que temos procurado conhecer, celebrar, praticar e testemunhar a fé que nos gloriamos de professar”, sublinha D. Anacleto Oliveira.

A mensagem apresenta cinco propostas/respostas do Catecismo da Igreja Católica, no número 162: “A alimentar com a Palavra de Deus”; “pedir ao Senhor que no-la aumente”; “ela, a fé, seja ativa pela caridade”; “ser sustentada pela esperança” e “permanecer enraizada na fé da Igreja”.

 

 

 

 

Ano da Fé vai mais longe

O bispo da Guarda, considera que a “grande preocupação” do Ano da Fé, que passou por “colocar Deus e a Pessoa de Cristo no coração da vida pessoal e comunitária”, tem de continuar para lá de domingo.

“A grande preocupação do Ano da Fé, que termina, não a poderemos esquecer neste dia 24 de novembro. Durante este Ano da Fé fizemos por toda a Diocese algumas experiências que nos podem ser úteis para o futuro próximo”, assinala D. Manuel Felício.

Numa mensagem publicada no site da diocese, a respeito do encerramento deste ano, no domingo, o bispo destaca as assembleias arciprestais e os encontros dos cooperadores pastorais na Diocese da Guarda. “Estes cooperadores, quer pelo seu número quer pelas diferentes áreas da vida das comunidades que representam, são de facto uma esperança para renovação comunitária em que estamos empenhados”, exemplifica.

Segundo o bispo da Guarda, com o anúncio do Ano da Fé e “a 

 

 

preocupação de colocar no centro a celebração” os 50 anos do Concílio Vaticano II, a diocese “escolheu viver os próximos quatro anos em esforço” para compararem a Igreja que são com a que o Concílio propõe. “Esperamos ser possível no final deste período de quatro anos definir caminhos novos de vivência da Fé numa Igreja renovada segundo o Concílio Vaticano II”, considerou.

O prelado explicou também que esta iniciativa convocada pelo Papa emérito Bento XVI e que vai ser encerrada, este domingo, pelo Papa Francisco foi “um convite especial” para os fiéis entrarem pela porta da Fé.

 

 

Do visível ao invisível

D. José Cordeiro

Bispo de Bragança-Miranda

 

Na conclusão de um ano dedicado à Fé, a Igreja renova-se na vocação constante à Fé da Igreja e na alegria do Evangelho. Desde sempre existiu a tentativa de exprimir em formas visíveis o mistério de Deus através de toda a história da humanidade e toda a Sagrada Escritura.

Dostoiévski escreveu: «Às vezes, Deus envia-me instantes de Paz; nesses instantes, amo e sinto que sou amado. Foi num desses momentos que compus para mim mesmo um credo onde tudo é claro e sagrado. Esse credo é muito simples. Ei-lo: creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito que Cristo. E eu digo isto para mim mesmo com amor cioso; que não existe nem pode existir. Mais ainda: se alguém me provar que Cristo está fora da verdade e que esta não se encontra n’Ele, prefiro ficar com Cristo a ficar com a verdade».

Toda a liturgia é, principalmente, celebração sacramental, que realiza, sobremaneira, na Eucaristia, a união entre o visível e o invisível, isto é, o único mistério de Deus, que outro não é senão o próprio Jesus Cristo, como escreve Santo Agostinho: «Não há outro sacramento ‘mistério’ de Deus senão Jesus Cristo». Ao dizermos que a Eucaristia, é o sacramento do mistério, queremos salientar a realização sacramental dos mistérios de Cristo na celebração litúrgica, ou melhor, 

 

 

 

como explica São Leão Magno no célebre sermão da Ascensão do Senhor, ao falar do mysterium em perspetiva litúrgica, afirmando que no ato de partir Cristo permanece, porque: «o que no nosso Redentor era visível, passou para os seus sacramentos».

A visão que vês é indizível. Temos necessidade de dizer pela poesia, por imagens e pela ação. Às vezes pensamos ou até acontece mesmo de chegar ao fundo do poço. No entanto, até aqui renasce a esperança, porque do fundo do poço veem-se melhor as estrelas. Deus deu-nos olhos para ver, mas também nos deu pálpebras. Sem o outro não podemos viver.

Ver a Palavra é o enorme desafio da fé: «Na verdade, o Senhor, nosso Deus, revelou-nos a sua glória e a sua grandeza, e ouvimos a sua voz do meio do fogo. Hoje mesmo damo-nos conta de que Deus pode falar ao homem e este continuar vivo!» (Dt 5, 24)

Com o tema fundamental da hora de Jesus, o texto passa dos gregos aos crentes. Este termo é 

 

essencial na teologia Joanina e indica diversas coisas, mas, a hora derradeira da cruz é o grande mistério de todo o mistério. A hora de Jesus é a grande passagem – a Páscoa. É a grande hora do amor. É ainda a hora de ver o invisível no visível da cruz pascal. E este é o enorme risco da fé.

No nosso tempo em que a palavra «crise» parece ser a chave hermenêutica de mudanças sociais e culturais, tenhamos a ousadia da alegria do Evangelho para ver Jesus, ou seja ver o invisível. É o tempo oportuno para ousar crer: que Deus é Deus; no Pai, o amigo dos homens; no Filho, a amado do Pai; no Espírito Santo, a fonte do amor; na Igreja uma só e única; nos sacramentos; no Evangelho; na pessoa humana, como caminho da Igreja; na família, santuário da vida; na comunhão dos santos e na vida eterna.

A Igreja existe para mostrar os mistérios de Cristo, ou melhor para evangelizar no aqui e agora da história. 

 

 

Eu estou aqui… 

Paulo Rocha 

Agência ECCLESIA

 

Foi a semana de: “eu estou aqui…”!

Pessoas, instituições e todos os meios de comunicação social cruzaram os dias desta semana com uma frase que apenas se intui. Não se ouve. Poucos descobriram as parcas palavras ditas em ambiente de delírios. Apenas o gesto, repetido. O suficiente para ser a “marca” do marcador. Não apenas de um golo. Mas do que ele representa no supermediatizado meio do futebol.

Cristiano Ronaldo disse “eu estou aqui” e Portugal inteiro, meio mundo bateu palmas… E bem, muito bem! Mas não é o único a dizer: “eu estou aqui”. Há muitos mais, sem palmas, sem o “circo” mediático, mas com o mesmo valor e a mesma relevância para a História de um povo, para Portugal.

Muitos portugueses e cidadãos de todo o mundo olharam para as Filipinas, viram a fome de um povo e a devastação de uma região quiseram ajudar e disseram: “eu estou aqui!”

Respeito pelos mais velhos, dignidade de vida dos pescadores, rejeição da eutanásia, louvor a quem vive com esperança e na contemplação o “amanhã de Deus” são algumas das muitas mensagens do Papa Francisco ao longo destes dias que em todas as circunstâncias diz: “eu estou aqui!”

Malala Yousafzai, com 16 anos, não se calou no momento em que era necessário lutar pela defesa dos direitos humanos no Paquistão e recebeu esta semana

 

 

o prémio “Sakharov” atribuído pelo Parlamento Europeu onde disse: “eu estou aqui!”

A Conferência Episcopal Portuguesa publicou um documento onde escreve que o trabalho é para oferecer à pessoa dignidade e a todos o bem comum e não apenas para gerar lucro, afirmando assim: "eu estou aqui!"

A Cáritas, ao procurar novas estratégias para conseguir responder a quem precisa de ajuda, mobilizar voluntários e qualificar o trabalho  que desenvolvem em muitos

recantos, nestas e em todas as

ocasiões diz: "eu estou aqui!"

 

Muitos portugueses, participando no debate público, na construção da democracia, lutam pelos direitos laborais, por melhores condições de vida, com o recurso à greve a partir de convicções pessoais ou pela sugestão de mecanismos sindicais, dizem “eu estou aqui!”

Nos próximos dias, muitos cidadãos irão, por certo, colaborar em mais uma campanha do Banco Alimentar contra a fome... outra oportunidade de dizer: “eu estou aqui!”

É importante, é histórico dizer, dizermos: "eu estou aqui!"

Todos... Também Ronaldo, claro!

 

 

Ano da Fé na primeira pessoa

Juan Ambrosio, teólogo e professor
da Universidade Católica Portuguesa

Juan Ambrosio, teólogo e professor da Universidade Católica Portuguesa, percorreu muitos quilómetros neste Ano da Fé. Entre conferências, cursos e encontros, a reflexão foi ao encontro do interesse de muitos fiéis de várias dioceses, interessados em aprofundar a sua vivência espiritual.

 

Agência ECCLESIA (AE) - Que realidade encontrou nos locais onde esteve a falar sobre o Ano da Fé?

Juan Ambrosio (JA) - A realidade que encontrei é de gente que está verdadeiramente interessada em aprofundar a sua fé, em saber o que significa e que consequências isso pode ter. É interessante porque quando o Papa Bento XVI convocou este ano de reflexão, disse ser importante pensar a fé e as consequências sociais, e eu diria também políticas, da fé, na construção e na intervenção de um mundo diferente, numa história diferente, mas desafiou também  a que deliquássemos algum tempo a refletir sobre o próprio ato da fé. O que é isto de ter fé? O que é olhar para o mundo numa 

 

 

 

perspetiva de fé? Que mudança introduz na nossa própria existência e experiência pessoal? Pelos sítios onde fui passando havia muita preocupação em refletir sobre os conteúdos da fé, nomeadamente, o significado do credo.

Penso que se ficássemos por aqui teria sido curto. É óbvio que a fé tem a ver com conteúdos, mas quando refletimos sobre a experiência de ter fé, percebemos que implica mais do que do que acreditar em conteúdos.

Na encíclica «A luz da fé», do Papa Francisco e do Papa emérito Bento XVI, surge claramente esta expressão: “A fé brota do encontro com Deus”, ou seja, ela é essencialmente uma experiência de encontro e refletir sobre essa experiência é algo muito interessante.

À partida não era isso que acontecia, estávamos muito mais centrados na reflexão sobre os conteúdos. A mudança é, do meu ponto de vista, muito interessante. 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

AE – Em que locais esteve, ao longo deste ano?

JA - Essencialmente no centro do país. Coimbra, Leiria, também um bocadinho Santarém, Guarda e Fátima, que é um local central e há vários acontecimentos a nível nacional, com pessoas de todo o país. Andei muito em Lisboa, em várias paróquias.

 

AE - Que solicitações tinha?

JA - Essencialmente conteúdos sobre os desafios atuais à transmissão da fé, ou o Credo. Mas, relacionando-se com isto, refletiu-se sobre o Concílio do Vaticano II, cujos 50 anos se assinalam. Vemos atualmente como o Papa Francisco insiste claramente, não tanto na referência formal e especifica ao Concílio, mas percebe-se, nas suas intervenções, uma clara linha conciliar.

Eu confesso que no início do Ano tive dois ou três receios: um primeiro foi que a proposta de reflexão nos levasse a todos a dizer a fé todos da mesma maneira. Mas, depois, percebi que esse receio não era real porque há, de facto, 

 

sensibilidades diferentes, porque é verdade que a fé que temos é a mesma fé em Jesus Cristo, brota do mesmo encontro mas cada um de nós é cada um, e esse encontro é pessoal, tendo depois de se concretizar de múltiplas maneiras.

O segundo receio foi porque a celebração que tínhamos era no contexto do Ano da Fé, a celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II e, também, a celebração dos 20 anos do Catecismo da Igreja Católica. Receei que o Catecismo se sobrepusesse ao Concílio.

A verdade é que o Catecismo tem de ser interpretado à luz do Concílio, como consequência deste e, se houver algum conflito interpretativo entre os dois, tem a precedência o Concílio.

Foi muito interessante ver como há esta preocupação por ir de novo ao Concilio, por ir buscar essa primavera, essa força e essa dinâmica que é importante implementar na Igreja.

 

 

 

 

 

 

 

AE - Tendo em conta a experiência que foi tendo em vários locais em Portugal, consegue perceber que o Ano da Fé é algo a que se vai dar continuidade ou, em si, foi uma proposta que se encerra?

JA - Esse é outro receio, porque não pode acabar aqui. A reflexão sobre a experiência da fé é algo que não podemos deixar de fazer. 

 

São importantes os conteúdos e as normas, mas isso são momentos segundos, não são o momento primeiro. O momento primeiro é a experiência de encontro e isso tem de ser sempre refrescado com uma reflexão.

A experiência da fé é uma experiência de encontro pessoal e ela deve ser vivida nessa dimensão.

 

 

 

 

AE - Sente as comunidades predispostas a dar essa continuidade?

JA - De um modo geral sim. Claro que nos habituamos, neste últimos anos, a receber orientações do Vaticano para uma reflexão em torno de um tema específico e é interessante que toda a Igreja esteja unida nessa reflexão. Mas as paróquias e as dioceses devem estar atentas às suas realidades para poder desenvolver, no terreno, experiências que vão de acordo ao que acontece.

Não temos de estar à espera que nos digam o que temos de fazer, é sempre bom que todos juntos reflitamos mas também é bom que tomemos a iniciativa. Está aí um tema agora a rebentar com toda a força que é refletir a família e os problemas concretos que a família tem.

Esse será o sínodo extraordinário que já foi convocado e toda a Igreja andará à volta desse tema, mas já se vão vendo comunidades muito preocupadas com isso. Penso que há uma grande abertura para não fazer da fé uma coisa para viver para usufruto próprio, fechadas sobre si próprias 

 

as comunidade ou cristãos.

Há uma importância e uma consciência clara de que a fé tem que ter repercussões sociais. Eu não posso dizer que acredito em Jesus Cristo, que Jesus Cristo tem um projeto de realização, de salvação e felicidade para a humanidade e depois deixar que as coisas à minha volta continuem na mesma. Tem de haver uma intervenção social, e até mesmo política dos cristãos. Com política não estou a falar apenas de política partidárias, mas da participação no que é a construção da Pólis, na organização da cidade.

 

AE - Acredita que foi isso que o Ano da Fé provocou?

JA - Se refletirmos sobre a fé, e esse era o objetivo, temos de tirar obrigatoriamente uma conclusão: a fé não é para uso próprio. Claro que me aproxima de Deus, claro que me realiza pessoalmente, mas não pode ficar encerrada nessa relação “eu-tu”, ela tem que lançar-me para o mundo e, portanto, se o ano da fé foi verdadeiramente um ano de reflexão sobre a experiência da fé, essa experiência tem que ter consequências sociais e 

 

 

 

consequências na história da humanidade. E bem precisamos delas, estamos em tempos de mudanças paradigmáticas e a fé pode verdadeiramente iluminar esse exercício de mudanças paradigmáticas em que

 

 cada um tem de ser protagonista. Ou deixamos que os outros façam as coisas por nós ou nós, em quando cristãos e enquanto comunidade, assumimo-nos como tal e somos intervenientes num mundo que queremos diferente. 

 

 

 

AE - Em relação às dinâmicas da nova evangelização neste Ano da Fé, acredita que tenha havido mais criatividade e mais desassombro nas propostas?

JA - Criatividade e desassombro sim. A nova evangelização passou um bocadinho para segundo plano, não totalmente, porque está sempre na nossa mente, mas, de facto, é verdadeiramente interessante que ao refletirmos

 

 sobre fé percebamos que estas coisas da nossa evangelização não podem ser coisas só técnicas de mera criatividade.

Sse nós refrescarmos a fé, se aprofundarmos verdadeiramente o que é a experiência da fé, talvez isso vá ter repercussões sobre a própria questão da nova evangelização. A nova evangelização, do meu ponto de vista, não pode ser definida 

 

 

 

 

em apenas uma frase mas a verdade é que não pode ficar em técnicas, não pode ficar em expressões do novo ardor. Verdadeiramente penso eu, quando falamos em nova evangelização temos de pensar o que é a novidade do evangelho para cada tempo. Há uma expressão do Paulo VI, novos tempos de evangelização, da ‘Evangelii Nuntiandi’, que também é bonita mas, em bom rigor, todos os tempos são novos tempos de evangelização. A novidade aqui está na novidade que Nosso Senhor Jesus ressuscitado é em cada tempo. Perceber isso parece-me essencial e refletir sobre a fé ajuda-me a perceber isso. E nisso acho que foi um passo muito importante, perceber que se calhar, quando nós estávamos a falar da nova evangelização nestas questões da metodologia e da criatividade, estávamos a falar de coisas muto importantes mas verdadeiramente não estamos a falar do mais nuclear, do mais importante que é o encontro com o Senhor Jesus ressuscitado.

 

 

 

AE - As pessoas que encontrou nestas conferências estão preparadas para fazer esse caminho?

JA - Quando nós refletimos e iniciamos este itinerário, vimos um excelente acolhimento por parte das pessoas e isto faz sentido. A linguagem do amor humano é para mim uma das gramáticas que melhor nos ajuda a perceber o ministério de Deus e, quando encontramos duas pessoas que estão verdadeiramente apaixonadas e se amam verdadeiramente uma à outra, isso influencia todo o viver. Se há um constante refrescar dessa relação, a pessoa parece que está fresca e feliz, e se está feliz e se tem essa perspetiva, isso influencia a maneira como vive, como se relaciona, como faz as suas opções. Portanto, se passarmos isso para a experiência da fé, penso que se entende, que esta experiência da fé fundamentada neste encontro sempre renovador com aquele que é o vivo, que está ressuscitado, pode introduzir dinâmicas novas na história. Isso parece-me importante.

 

 

O que a fé cristã é, requer e oferece

Lendo a encíclica Lumen Fidei, fica-se depressa com a impressão de que ela desempenha duas funções eclesiais ao mesmo tempo: é não só atividade do magistério mas também reflexão teológica. Constitui seguramente um ato de supervisão pastoral da Igreja. Mas aparece também como um tratado condensado sobre a fé cristã.

Com efeito, a encíclica apresenta um conjunto de aspetos que ajudam a compreender a dinâmica da fé cristã. Mostra que esta se insere num processo de diálogo entre Deus e o ser humano que decorre ao longo da história. Considera que a fé é um modo de conhecimento, ou seja, um caminho de acesso à verdade. Entende que ela responde à busca humana do sentido. Defende que ela é verdadeira experiência de salvação. Sublinha a responsabilidade ética da fé, chamando a atenção para os frutos que deve dar na vida concreta. Não esquece a dimensão eclesial da fé, reconhecendo o papel da Igreja na sua continuidade ao longo 

 

dos tempos, no seu crescimento em todos os que se afirmam crentes e na sua transmissão aos múltiplos contextos humanos. A encíclica refere ainda a necessidade de a fé procurar compreender-se a si mesma, isto é, passar pela teologia. Aponta igualmente a necessidade de ela estabelecer o diálogo com a razão, abrindo a esta novos horizontes e deixando-se confrontar também por ela.

Mas a encíclica reflete aquilo que constitui a grande preocupação do magistério oficial da Igreja. Proclama a necessidade de preservar a unidade e a integridade da fé cristã. Trata-se do que permite à Igreja manter-se, ela mesma, una e igual a si própria. Foi efetivamente para isto que “o Senhor deu à Igreja o dom da sucessão apostólica” (nº 49), ou seja, da continuidade histórica do corpo dos ministros da ordem episcopal – incluindo os sucessores de Pedro – a quem incumbe o governo da Igreja.

Deve-se acrescentar, no entanto, que a encíclica aponta para o exercício duma terceira função 

 

 

 

 

 

eclesial, embora não a mencione explicitamente. Trata-se do ‘sentido da fé dos fiéis’, que não é redutível à reflexão teológica nem à atividade do magistério. Na verdade, falar da luz da fé é chamar a atenção para um modo de entender as coisas de Deus, da vida e do mundo que surge por dentro da vivência dessa mesma fé. Quer isto dizer que, independentemente do lugar 

 

que se ocupe no seio da Igreja, “quem acredita, vê” (nº 1). Com a fé, abrem-se os olhos para uma nova compreensão das coisas, tanto no percurso de cada um, como nas responsabilidades do domínio coletivo. Requer-se, pois, uma fé viva para que a luz que ela faculta brilhe nos corações e seja acessível ao mundo.

 

Padre Domingos Terra, sj

 

 

Laboratório da fé

O «Laboratório da fé» é um projeto do arciprestado de Braga, que nasceu no contexto do Ano da Fé, como forma de concretizar os objetivos diocesanos propostos para o ano pastoral iniciado em outubro de 2012: celebrar o Ano da Fé de forma digna e fecunda; intensificar a reflexão sobre a fé; confessar a fé no Senhor Ressuscitado; aprofundar os conteúdos do «Credo», a partir do Catecismo da Igreja Católica. 

O nome, que se identifica através de um logótipo onde está representada a unidade da fé e a diversidade dos itinerários de cada ser humano, inspira-se nas palavras de João Paulo II aquando do Jubileu Mundial da Juventude: «cada um de vós pode encontrar dentro si mesmo a dialética feita de perguntas e respostas. [...] Neste admirável laboratório do espírito humano, que é o laboratório da fé, sempre se encontram mutuamente Deus e o ser humano».

A principal novidade, disponível na página na internet — www.laboratoriodafe.net —, 

 

centra-se em quarenta e duas reflexões sobre o «Credo Niceno-Constantinopolitano» («Esta é a nossa fé») compostas a partir de textos bíblicos e do Catecismo da Igreja Católica. As paróquias foram desafiadas a promover a divulgação destes conteúdos através da realização semanal do «dia da fé». E foram distribuídos cem mil exemplares com as três fórmulas «oficiais» do «Credo».

A concluir o Ano da Fé, as paróquias da cidade de Braga, no sábado, dia 23, organizam uma caminhada/peregrinação intitulada «A pé com fé». O objetivo é percorrer quatro igrejas da Cidade e terminar na Sé Catedral. Em cada igreja haverá um momento dedicado aos sacramentos do batismo, confirmação, eucaristia e reconciliação. Haverá um «guião» para o percurso, que pode ser individual ou em conjunto (como acontecerá com  os vários anos de catequese). Cada paróquia terá um «cachecol» de cor diferente e com o logótipo do Ano da Fé. Foram elaborados dez mil 

 

 

 

 

 

 

 

guiões e seis mil cachecóis. 

O Ano da Fé, no arciprestado de Braga, completa-se com o toque dos sinos em todas as igrejas, às 17h30 de domingo; às 18h, numa das paróquias sob a  responsabilidade do mesmo pároco, realiza-se uma adoração acompanhada pelo canto de Vésperas. Assim se assinala o encerramento do Ano da Fé. Fica a responsabilidade de dar continuidade à vivência dos seus 

 

frutos, entre os quais se conta o «Laboratório da fé», que agora assume a dinâmica da fé celebrada (temática do novo ano pastoral em Braga). 

As novidades também podem ser acompanhadas nas redes sociais e através de uma aplicação para telemóvel.

 

Padre Marcelino Paulo Ferreira

 

 

De um preconceito vulgar a um conceito singular. O valor da vida pensado e celebrado no “Átrio dos Gentios”

A sessão portuguesa do Átrio dos Gentios foi convocada pelo Conselho Pontifício da Cultura e pela Diocese de Braga “para conversar sobre a vida nas suas revelações e nos seus mistérios e para pensar a vida e os modos de vida dos humanos, neste início do terceiro milénio: porque existimos e somos o que somos? Que caminhos nos trouxeram até aqui? O que é e o que significa esta consciência de presença no universo, esta consciência de si, este sentimento de si e do outro? O que é este instinto visceral de sobrevivência, que traz nas entranhas algo parecido com esperança e determinação para superar os fluxos de morte que de nós se abeiram e nos envolvem no quotidiano? E a fragilidade da vida? O que nos dizem as religiões e os humanismos, a ciência e a política, a filosofia e a história, o desporto e a teologia, a literatura e a espiritualidade sobre o valor e o sentido da vida de cada ser humano?

 
Num tempo em que estas questões são sistematicamente excluídas da agenda dos interesses públicos e da actualidade, insistir na ideia de que nada é demais, nenhum recurso, nenhuma ideia, para pensar a vida em geral, nas suas inumeráveis concretizações, e a vida humana em particular, é um dever cívico, um dever de humanidade… Não há mais lugar para entrincheiramentos em dogmatismos científicos ou religiosos castradores”, In Comunicado aos meios de comunicação social, 18 de Setembro de 2012.

 

Estas palavras de apresentação, então dirigidas à comunicação social, deixam perceber que o propósito deste evento não foi, em primeira instância, fazer uma apologia da fé cristã, antes, promover um encontro das fés dos portugueses, religiosas e seculares, científicas, crentes, agnósticas, ateias e religiosas. 

 

 

 

 

Convocado o Átrio dos Gentios no contexto temporal da abertura do Ano da Fé, dois outros grandes acontecimentos, em 2012, foram inspiradores: Guimarães, capital europeia da cultura e Braga, capital europeia da juventude.

Preconceitos, ambiguidades, polémicas, rivalidades geográficas, políticas, eclesiásticas e culturais, tombaram – por fragilidade  e irrelevância – naqueles dois dias, que juntaram em Guimarães e em Braga cerca de 1.800 pessoas, vindas de todo o país. As actividades transmitidas on line permitiram picos de participação e audiência de cerca de 4000 pessoas. Números são números; mas estes, nós sabemos que não são mera 

 

estatística.

Os seis workshops a decorrerem ao longo da tarde de sábado,  dia 17 de novembro, em vários lugares da cidade de Braga, não passaram à margem do espírito celebrativo e festivo que, em meu entender, foi a pedra de ara do Átrio dos Gentios. Quem não se recorda da Missa brevis, cantada na Sé catedral, pelos Cantate, na noite de sábado? E os sinos das igrejas do arciprestado de Braga que repicaram jubilosamente em uníssono? E o lançamento de livros e exposição de pintura? E a orquestra Geração Lisboa? E a fundação Orquestra Estúdio de Guimarães e o coro de Licenciatura em Música da Universidade do Minho? E as centenas de colaboradores, 

 

 

 

voluntários e profissionais, que se reinventaram para que nada do que foi idealizado se fizesse por menos? E aqueles e aquelas, pessoas singulares e instituições, mecenas e patrocinadores, que tornaram possível a construção, pedra a pedra, de um átrio das gentes e para as gentes?

Um ano é passado; Por ocasião do 1º aniversário da inauguração e da 1ª sessão portuguesa do Átrio dos Gentios tem sentido esta simples memória celebrativa. Saudado pelo então papa Bento XVI, através de uma carta que o cardeal Gianfranco Ravasi entregou no Átrio, ousamos pensar que, hoje, também o papa Francisco, como nós, aí se sentiria confortável.

Átrio dos Gentios continua a pretender verificar, de modo performativo, as condições de possibilidade do encontro de pessoas, do encontro de diferentes saberes, creres e crenças, métodos e procuras e de diferentes visões do mundo e da vida. Neste sentido, é um átrio – espaço interepistemológico que não se prende a um lugar ou a uma geografia – preparado para

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ser habitado e à espera de o ser. Continua a desafiar a imaginação, a criatividade, a capacidade de concretização e a nossa responsabilidade pelos rumos da vida e do mundo.

Isabel Varanda,

docente da UCP

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Livros e Publicações: um Balanço

Ao longo do Ano da Fé alguns livros constituíram marcos importantes: a publicação em livro das conferências do colóquio Quem foi, quem é Jesus Cristo? organizado por Anselmo Borges; publicações de qualidade nas Paulinas, de que destaco os livros Paciência com Deus de Tomás Halik, Tomados de Assombro do Cardeal Martini, e dois autores portugueses em destaque: José Frazão Correia (A Fé Vive de Afeto) e Carlos M. Antunes (Só o Pobre se faz Pão). A Paulus tem feito uma aposta louvável na publicação de trabalhos teológicos elaborados em Portugal e, dos Jesuítas, veio a Frente e Verso com três publicações de qualidade. É com pena que vemos uma editora de tradição como a Gráfica de Coimbra encontrar-se em baixa produção editoral. Os Franciscanos proporcionaram-nos duas belas traduções de Karl Rahner. Do Porto vimos o (re)nascer da Cosmorama. E tivemos as novas publicações de Fernando Ventura (VersodaKapa) e Vasco P. Magalhães (Tenacitas). Foi o ano de Francisco: através de numerosas publicações foi-nos 

 

dado a conhecer um pouco melhor da história e pensamento do actual Papa; mas esta oferta não esconde o deficit crónico de publicações de qualidade em Portugal sobre temas centrais no Cristianismo, seja de cristologia, bioética, estudos bíblicos, etc.

Este Ano da Fé deixa-me a sensação de que mais poderia ser feito a jusante, no âmbito dos hábitos de leitura. Se os portugueses oferecem, do seu tecido cultural de Povo, poetas e escritores dos mais belos do mundo, são também conhecidos por lerem pouco – e os cristãos não são excepção. Continua a ser ladainha de responsáveis eclesiais – presbíteros e leigos, ministros, catequistas e animadores – repetirem que, em virtude das múltiplas actividades, têm pouca disponibilidade para a leitura – comprometendo quer a qualidade do serviço prestado, quer a capacidade de encontrar novas respostas para os desafios pastorais. O mundo editorial será reflexo da realidade pastoral – de a(s) Igreja(s) Portuguesa(s) assentar(em) a sua pastoral 

 

 

 

 

 

mais na tradição social e familiar do que na (re)Iniciação Cristã de Adultos. Os cristãos portugueses serão maiores leitores quando melhor viverem a sua experiência crente como um caminho pessoal exigente e fascinante - e quando forem mais interrogados, pelo meio cultural, na sua esperança. 

 

Aqui, como em todos os âmbitos, percebemos como todos os anos terão de ser vividos na Fé – porque há ainda um Caminho a percorrer.

 

Rui Vasconcelos,

Livraria Fundamentos-Braga

 

 

Da fé baptismal ao Credo dos baptizados

«Ide, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado» (Mt 28, 19-20). Com este mandato termina a missão de Jesus sobre a terra, e inaugura-se a missão da Igreja. Assim enviados, os Apóstolos partiram pelo mundo, com o intuito de “fazer discípulos”, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito, e ensinando a outros o que eles tinham aprendido do Senhor.

Num primeiro momento, a prioridade era o anúncio do chamado kerigma, palavra grega que significa “proclamação pública e solene de Cristo Salvador, feita em nome de Deus, aos não cristãos”. O conteúdo central desse primeiro anúncio, kérygma ou “compêndio da fé”, tem Cristo e a sua obra como elemento central (cf. Gl 1,23; 6,10; Ef 4,5; Fl 1,27; Act 6,7; 13,18), sempre inseparável de Deus Pai.

A preocupação de “transmitir o que recebeu” leva Paulo e seus continuadores a adoptar formas de sumário da fé, precisamente com intuito 

 

catequético. Encontramos diversos ecos deste anúncio querigmático nos Actos dos Apóstolos (1,8; 4,19-20; 5,40-42) e nos escritos paulinos (1Cor 8,6; 15,3-7; Rm 1,3-4; 10,9-10; 1Tm 3,16; 6,13-14). Temos aqui já o embrião dos futuros Credos, os quais se fixarão à medida que a Igreja foi crescendo e a catequese se foi desenvolvendo. O neologismo katekeo, inventado pelos primeiros cristãos, significa “ensinar de viva voz”, ou “fazer ecoar”, e designa esse singular exercício de comunicar a fé. Toda a catequese da Igreja antiga se desenvolveu com este primeiro intuito: ensinar a “escutar” a Palavra de Deus. «Como hão de acreditar n’Aquele de quem não ouviram falar? E como hão de ouvir falar, se não houver quem lhes pregue? E como hão de pregar, se não forem enviados?» (Rm 10,14).

Depressa estas fórmulas simples de anúncio e confissão da fé deram lugar a profissões de fé estruturadas a partir da tríplice pergunta baptismal (Crês em Deus Pai, Crês em Jesus Cristo, Crês no Espírito Santo), razão pela qual os posteriores Credos manterão a mesma estrutura trinitária, já 

 

 

 

 

comprovada por S. Ireneu, nos últimos anos do século II: Tria capitula sigilli nostri: Pater-Filium-SpiritumDemonstração, 100).

Estas fórmulas de fé apontam, desde a sua génese, para três grandes objectivos: definir o conteúdo da fé dos crentes, eliminando possíveis interpretações subjectivas ou parciais; propor um núcleo 

 

referencial de objectividade, oferecendo um comum ponto de apoio e de identidade cristã; finalmente, facilitar a transmissão catequética e retenção dos dados fundamentais da fé baptismal.

Durante os três primeiros séculos parece não ter existido uma fórmula única e fixa de Credo. Em vez disso, continuava a ser 

 

 

 

 

referência fundamental a fé professada no baptismo em forma declarativa ou interrogativa. A par do credo ou profissão de fé baptismal foram-se tornando familiares, desde o século II, fórmulas da chamada “Regra da fé” ou “Regra da verdade”.  Estas regulaae fidei eram breves condensados da fé trinitária, em moldes ainda pouco rígidos e mais ou menos desenvolvidos. Entretanto, permaneceu sempre firme a convicção que estes “resumos da fé” ou “pactos de fé” (Tertuliano, De pudicitia, 9,16) têm raiz nos «apóstolos que pregaram a fé de Cristo, e sobre alguns artigos consideraram necessário expressar de forma claríssima o seu ensinamento a todos os crentes» (Orígenes, De principiis, I, prefácio, 3). Mais tarde, no séulo IV, esta convicção deu origem à lenda segundo a qual cada Apóstolo teria composto um artigo do Símbolo, que por isso mesmo consta de 12 artigos e se chama apostólico. Conforme afirma Tertuliano, «esta Regra de fé conserva-se desde o início do Evangelho (hanc regulam ab initio evangelii decucurisse)» (Adversus 

 

Praxean, I,2).

Foi a partir dessas Regula fidei, consideradas compêndios ou resumos autênticos do Evangelho, que se foram desenvolvendo os Credos ou Símbolos [da fé]. O mais antigo que conhecemos é o chamado Símbolo romano ou Símbolo dos Apóstolos, comentado por Rufino em 404. 

A par deste, conhecemos diversos Credos que, durante o século IV em que, devido à adesão em massa de novos crentes, bem como ao avolumar-se dos debates doutrinais, se sentiu a necessidade de fórmulas mais rigorosas a ser professadas por todos. O ponto culminante desta práxis foi o primeiro concílio ecuménico, celebrado em Niceia (325) para responder ao arianismo que negava a divindade do Filho de Deus. Neste contexto, foi aprovado, pela primeira vez para toda a Igeja, uma fórmula de Credo que, com pequenas mas importantes adendas fitas no concílio de Constantinopla (381), constitui o Credo que ainda hoje professamos (Credo Nicenoconstantinopolitano).

 

Padre Isidro Lamelas,

docente da UCP

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jornadas Vicariais promoveram afirmação da identidade cristã no Porto

O padre Américo Aguiar, vigário geral da Diocese do Porto, afirmou que as Jornadas Vicariais, iniciativa que assinalou o Ano da Fé, representaram um momento importante para que os participantes proclamassem “o Credo escrito nas próprias vidas”. “Acima de tudo um assumir da fé sem complexos, todos estes testemunhos estes milhares de homens e mulheres que ao longo destas semanas se foram encontrando e reencontrando. As jornadas ajudaram a não ter medo, a não ter vergonha de dizer eu sou cristão”, disse o sacerdote à Agência ECCLESIA.

O vigário geral da Diocese do Porto revelou que muitas pessoas ficaram “cativadas por este nível de funcionamento pastoral”. “Estou convencido que estes milhares de jovens diocesanos do Porto saíram das jornadas encartados para serem agentes pastorais, agentes de nova envangelização na simplicidade das suas vidas”, desenvolve.

As “Jornadas Vicariais da Fé”

 

 dividiam-se em dois dias, sábado e domingo, com momentos de encontro, partilha e oração e os responsáveis querem que nas paróquias e nas comunidades esta iniciativa “não tenha terminado naquele domingo à tarde”. Aos sábados, os participantes ouviam testemunhos de homens e mulheres, “famosos e anónimos, famílias, médicos, professores, desempregados, jovens, idosos, doentes, saudáveis”, explicou o padre Américo Aguiar, que contabiliza “eventualmente, 200 testemunhos muito importantes”.

“Cada homem e cada mulher que deu  testemunhos naquelas tardes proclamou o Credo escrito com as suas próprias vidas. Às vezes andamos à procura de Cristo em coisas muito mirabolantes, na estratosfera, e tivemos ali testemunhos de carne e osso, de homens e mulheres que foram verdadeiramente o rosto de cristo”, assinala o sacerdote, em declarações à Agência ECCLESIA.

Os sábados à noite eram 

 

 

 

 

 

dedicados a uma vigília de oração, “quase todas com exposição e adoração ao Santíssimo Sacramento” e algumas dinamizadas com orações típicas da Comunidade Ecuménica de Taizé, na França.

“No domingo, dia do Senhor, foram celebrações de multidões todas as vigararias [conjuntos de paróquias] foram capazes de ter uma grande malha humana 

 

nessas celebrações e acima de tudo foi uma festa percorrendo estes mais de 2 milhões de habitantes da diocese”, acrescenta o vigário geral.

Para o responsável, as “Jornadas Vicariais da Fé” para além de assinalarem o Ano da Fé também provaram que “o nível de trabalho mais eficaz e mais capaz é de facto o nível vicarial”.

 

 

Paz e respeito pela dignidade humana
no Médio Oriente

O Papa Francisco manifestou hoje no Vaticano uma “grande preocupação” pela situação dos cristãos no Médio Oriente, vítimas das tensões e conflitos na região, e deixou um apelo à paz e ao respeito pela dignidade humana. “A Síria, o Iraque, o Egito e outras áreas da Terra Santa deitam lágrimas, de tempos a tempos. O bispo de Roma não descansará enquanto houver homens e mulheres, de qualquer religião, atingidos na sua dignidade, privados do necessário para a sobrevivência, derrubados do futuro, obrigados à condição de deslocados e refugiados”, declarou, perante os participantes na assembleia plenária da Congregação para as Igrejas Orientais (Santa Sé).

Francisco uniu-se aos patriarcas e arcebispos maiores do Oriente para a apelar ao respeito pelo “direito de todos a uma vida digna e a professar livremente a sua própria fé”. “Não nos resignemos a pensar num Médio Oriente sem cristãos, que há dois mil anos

 

confessam o nome de Jesus”, acrescentou.

Segundo o Papa, a Igreja Católica deve rezar para obter de Deus “a reconciliação e a paz”. “A oração desarma a loucura e gera diálogo onde o conflito está aberto”, observou.

Na audiência que decorreu na Sala Clementina, Francisco falou numa “dívida” de todos os católicos com as Igrejas que vivem na Terra Santa, deixando um elogio à sua “paciência e perseverança” no ecumenismo e no diálogo inter-religioso. “O Espírito Santo guiou-as nesta missão nos caminhos difíceis da história, alimentando-as na fidelidade a Cristo, à Igreja universal e ao sucessor de Pedro, ainda que com um alto preço, não raramente até ao martírio. Toda a Igreja vos está verdadeiramente grata por isso”, disse o Papa aos presentes.

A sessão plenária abordou o magistério da Igreja sobre o Oriente cristão desde o Concílio Vaticano II e o Papa deixou a indicação de que sejam feitos

 

 

 

 

 

 

 “todos os possíveis para que os desejos conciliares encontrem realização”. “A variedade autêntica, legítima, a que é inspirada pelo Espírito, não prejudica a unidade, mas serve-a. O Concílio diz-nos que esta variedade é necessária para a unidade”, afirmou.

Antes, o Papa Francisco tinha

 

apelado a um estilo de vida “sóbrio” por parte de quem tem responsabilidades eclesiais, durante o seu primeiro encontro com patriarcas e arcebispos maiores das Igrejas Orientais Católicas. “Penso, sobretudo, nos nossos sacerdotes que necessitam de compreensão e apoio, também a nível pessoal”.

 

 

Papa elogia Ano da Família Rural

O Papa associou-se às celebrações do Ano Internacional da Família Rural, iniciativa da ONU que vai ser inaugurada na sexta-feira, deixando votos de que promova a valorização destas populações. “Ao exprimir satisfação por esta oportuna iniciativa, desejo que ela contribua para valorizar os inúmeros benefícios que a família traz ao crescimento económico, social, cultural e moral de toda a comunidade humana”, declarou, no final da audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro.

Segundo o Papa, a iniciativa da ONU deve ajudar a “sublinhar que a economia agrícola e o desenvolvimento rural encontram na família um ator respeitador da criação e atento às necessidades concretas”.

“Também no trabalho, a família é um modelo de fraternidade para viver uma experiência de unidade e de solidariedade entre todos os seus membros, com uma maior sensibilidade com os mais necessitados de cuidado ou de ajuda, travando à nascença 

 

 

eventuais conflitos sociais”, acrescentou.

A celebração tinha merecido uma referência de Francisco na sua mensagem para o Dia Mundial da Alimentação 2013 (16 de outubro), frisando que na família tem início “a educação à solidariedade e a um estilo de vida que supere a ‘cultura do descartável’ e ponha no centro realmente cada pessoa e a sua dignidade”. “Sustentar e tutelar a família a fim de que eduque para a solidariedade e para o respeito, é um passo decisivo para caminhar rumo a uma sociedade mais equilibrada e humana”, escreveu.

 

 

 

Ano da Fé levou mais de 8 milhões
de pessoas ao Vaticano

A Santa Sé apresentou as celebrações conclusivas do Ano da Fé, que se encerra este domingo, e revelou que as diversas iniciativas promovidas no Vaticano mobilizaram mais de oito milhões e meio de pessoas.

“Chega ao fim um ano dedicado completamente a reavivar a fé dos crentes, mas agora continua o desejo de manter vivo o ensinamento que recebemos nestes meses, recordando os mais de oito milhões e meio de peregrinos que este ano se deslocaram ao túmulo de São Pedro”, declarou o presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, D. Rino Fisichella.

Antes do final Ano da Fé, convocado pelo Papa emérito Bento XVI, é assinalado hoje o ‘Dia da Vida Contemplativa’, e o Papa Francisco vai encontrar-se com 500 catecúmenos, que se preparam para receber o Batismo, vindos de 47 países, este sábado.

A missa conclusiva tem início marcado para as 10h30 (menos uma em Lisboa) de domingo

 

 

e vai ser marcada pela primeira exposição das relíquias de São Pedro.

Nesta celebração vai ser ainda entregue a nova exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho) do Papa a representantes dos cinco continentes e será promovida uma recolha de fundos em favor das populações das Filipinas.

“Para o final do Ano da Fé pensamos num conjunto de vários sinais para demonstrar a continuidade da fé”, explicou D. Rino Fisichella.

O responsável quis contrariar o discurso que coloca em relevo “os fatores da crise” para sublinhar “os muitos sinais positivos de esperança”.

 

 

Histórias que contamos

Sarah Polley, atriz com vinte e oito anos de carreira e realizadora com quatro longas metragens cumpridas, passou pelos ecrãs portugueses em Fevereiro deste mesmo ano com o seu peculiar ‘Notas de Amor’.  Uma narrativa invulgar que combinava as dimensões intimista e onírica ao percorrer a busca de Margot pelo sentido do amor e da sua identidade, entre o conforto de um casamento construído sobre uma ternura cómoda, segura e repetitiva e a possibilidade de encontrar o fulgor que ali nunca existiu. Um filme claramente feminino com algo de biográfico que, de forma delicada, toca uma mulher frágil e forte dos nossos dias.

De regresso, em ‘Histórias que Contamos’ que agora estreia, Polley vai bem mais longe no compromisso de fazer do seu cinema lugar de significado, vinculando-nos corajosamente à sua autobiografia, num estranho e à vez incómodo gesto de partilha.

Todas as famílias têm a sua história e é pelo mais genuíno 

 

desejo de preservação de si mesmas, do seu património imaterial, maior prova de amor próprio e do significado que uns têm para os outros, que os mais velhos partilham partes de si com os mais novos, confiando-lhes a missão de desafiar a as leis do tempo, sedimentando uma identidade coletiva que os manterá solidamente unidos para  sempre e para sempre inscritos no relato da humanidade.  Os seus episódios, suas particularidades humanas, diferenças e semelhanças entre as demais, no seu tempo e no seu modo, matriz identitária única, tecida de cumplicidades, intimidades, propósitos e acasos, encontros e contradições, verdade e ficção, segredos  e revelações.

Assim é com ‘Histórias que Contamos’. Um documentário e um legado que inscreve na história do cinema e da humanidade a demanda duma mulher do nosso tempo em busca da sua mãe, feita de lugares, testemunhos e memórias plurais, passados mais ou menos remotos evocados 

 

 

 

 

de modo próprio que, entretecido em registos diversos, a conduz e a nós por caminhos imprevistos: as revelações sucedem-se e comportam verdades dolorosas sobre a identidade de Sarah.

Para para lá do enredo concreto que se desenvolve, há no filme 

 

uma riqueza inequívoca no tocar de uma questão fundamental:  como nos tornamos, individual e simultaneamente, escultores e esculpidos enquanto narradores e narrados de e por uma mesma história coletiva...

Margarida Ataíde

 

 

Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária online

http://www.ansr.pt/

 

No passado domingo, dia 17 de novembro, celebrou-se o Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, este ano sob o lema “Estradas seguras para todos”. Facto este que levou o papa Francisco, precisamente nesse domingo, após a recitação da oração do ângelus, a afirmar o seguinte: “Asseguro a minha oração e encorajo a prosseguir o compromisso da prevenção, para que a prudência e o respeito pelas regras são a primeira forma de tutela de si e dos outros”.

Sentindo este apelo de prevenção e promoção da segurança nas estradas, esta semana a nossa sugestão passa por uma visita atenta e cuidada ao sítio da autoridade nacional de segurança rodoviária (ANSR). A ANSR “tem por missão o planeamento e coordenação a nível nacional de apoio à política do Governo em matéria de segurança rodoviária, bem como a aplicação do direito

 

contraordenacional rodoviário”.

Ao digitarmos o endereço www.ansr.pt encontramos um espaço virtual eminentemente informativo, onde os conteúdos nos são apresentados com rigor e com uma qualidade elevada.

Na página principal além do habitual menu dispomos das principais notícias e destaques, bem como das atuais campanhas temáticas a decorrer.

Em “ANSR”, ficamos a conhecer este serviço central da administração direta do Estado dotado de autonomia administrativa, nomeadamente ao nível do seu organograma, quais são os instrumentos de gestão, os recursos humanos que a compõem e ainda quais são as suas atribuições.

Na opção “Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária” somos convidados a consultar um conjunto de documentos em formato digital que precisamente nos ajudam a enquadrar melhor este tão importante serviço.

 

 

 

 

 

Em “Campanhas de Segurança Rodoviária”, podemos consultar todas as campanhas que decorreram e ainda aceder a um conjunto de fichas sobre os mais variados temas.

No item “Segurança Rodoviária”, é-nos oferecida a possibilidade de ler a história da Segurança Rodoviária, de consultar um relevante conjunto de conselhos e boas práticas no âmbito da prevenção rodoviária, e ainda vários artigos técnicos.

Existem ainda mais opções que vão desde informações sobre 

 
contraordenações, dados de sinistralidade, código da estrada e outra legislação.

Fica então aqui lançada a sugestão de dedicarmos algum do nosso tempo a analisar cuidadosamente este sítio porque, temos de parar com a trágica dimensão da sinistralidade, que este ano já dizimou em Portugal 426 pessoas por causa de acidentes rodoviários.

 

Fernando Cassola Marques

 

 

Esperar Jesus com Maria

O livro ‘Esperar Jesus com Maria - Caminho do Advento’, de Maria Teresa Maia Gonzalez, pretende que as crianças vivam a preparação do Natal como “um tempo de espera ativa” recheado de momentos de “interação e atividades”.

“Procuramos ajudar a criança a viver este tempo de Advento não como um tempo de espera passiva mas como tempo de espera ativa e por isso está recheado de momentos de interação e atividades poderá fazer junto dos seus pais, educadores, avós, catequistas” e que “visam uma tomada de consciência de que realmente este tempo do Natal é único”, disse a autora à Agência ECCLESIA.

Para a escritora, cada vez mais o tempo do Natal “é virado para o consumo das coisas materiais” com anúncios comerciais nas televisões, lojas e as crianças vivem-no como um tempo “que se está à espera das prendas, quando a grande prenda é a visita de Jesus”. “Este livro vem sobretudo nesse grande sentido de prepararmos o coração para 

 

recebermos Jesus como Maria fez”, assinala Maria Teresa Maia Gonzalez.

A ilustradora Isabel Monteiro revela que as autoras tentaram que texto e imagem “se fundissem num objeto de preparação mais espiritual” para a celebração do Natal: “Todas as ilustrações ajudam a contar a história e como as crianças vivem muito da imagem têm a descrição associada. A imagem é um prolongamento que toca mais ao coração das crianças”.

Nas diversas atividades para cada dia do Advento, o objetivo é apelar ao espírito de partilha da criança para “que não se esqueça que há outras crianças que não têm possibilidades para viver o Natal de uma forma mais feliz, com mais magia”, revela a ilustradora que acrescenta “tentou-se com a imagem despertar a criança para esse sentido mais humanitário”.

Nesse sentido, o livro ‘Esperar Jesus com Maria – Caminho do Advento’ é também um desafio à interioridade e de desenvolvimento da 

 

 

 

 

 

 

espiritualidade num tempo de dispersão. “Às vezes fala-se só da área intelectual mas há de facto toda esta dimensão espiritual que pertence ao ser humano e que precisa de ser desenvolvida. Para isso temos ajudar a criança, temos que proporcionar-lhe este desenvolvimento e este livrinho também quer ser uma pequena contribuição nesse aspeto”, destaca Maria Teresa Maia Gonzalez.

 
O livro vai ser lançado esta sexta-feira [18h30, FNAC Centro Comercial Colombo] e insere-se na campanha anual de Natal ‘10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz’, da Cáritas Portuguesa, que na 11ª edição visa apoiar os cidadãos mais desfavorecidos de Portugal e as vítimas do conflito na Síria.
 

 

II Concílio do Vaticano:
O embrião do decreto sobre
os Meios de Comunicação Social

 

Com o aproximar do final da segunda etapa do II Concílio do Vaticano, os primeiros documentos deste acontecimento, convocado pelo Papa João XXIII, começam a sentir a aurora do dia. Se a constituição sobre a liturgia (Sacrosanctum Concilium) foi saudada pelos especialistas na matéria como um modelo daquilo que se pode esperar dum concílio, o decreto conciliar sobre os Meios de Comunicação Social provocou “uma certa desilusão, principalmente naqueles que esperavam outra coisa” (In: Boletim de Informação Pastoral; Número 28-29; Janeiro-Fevereiro de1964).

Na clausura solene da segunda sessão (04 de dezembro de 1963) do II Concílio do Vaticano foram promulgados dois documentos: Constituição «Sacrosanctum Concilium» e o decreto «Inter Mirífica». Enquanto a constituição teve 2152 votantes, destes 2147 votaram «placet»; 4 padres conciliares «non placet» e um voto nulo. Por sua vez, o decreto sobre os Meios de Comunicação Social teve 2131 votantes, destes responderam «sim» 1960 padres conciliares e «não» 164 e os restantes (7) votaram nulo.

O II Concilio do Vaticano foi o primeiro a elaborar um documento sobre os Meios de Comunicação Social. “Um texto relativamente «fraco», mas que teve o mérito de abordar o tema e de predispor algumas decisões práticas”, disse o padre José

 

 

 

Maria Pacheco Gonçalves, jornalista da Rádio Vaticano, na sessão comemorativa dos 100 anos de «A Ordem», dia 4 de maio de 2013, no Porto.

Ainda neste âmbito das análises, D. Sebastião Soares de Resende, bispo da Beira (Moçambique) e padre conciliar, escreveu, em 1966, em «A Alma do Concílio» que a elaboração e promulgação do decreto «Inter Mirífica» “foi prematura”. O prelado, natural de Milheirós de Poiares (Santa Maria da Feira) e falecido a 25 de Janeiro de 1967, realçou na obra citada que se houvesse sido prorrogada a sua publicação, “como havia proposto um grupo de alguns bispos, na véspera da sessão solene que o havia de promulgar, o decreto beneficiaria muito, quanto ao enriquecimento do conteúdo, que é omisso em alguns aspectos”.

Quanto à linguagem, D. Sebastião Soares de Resende revela que esta é “manifestamente inferior à que mais tarde se tornou característica do concílio”, como é notório nas duas constituições sobre a Igreja e o decreto sobre o apostolado dos leigos. Quanto 

 

à missão, em especial na imprensa, esta não é “suficientemente relevada” no que respeita à “formação da opinião pública e a todas as formas de diálogo com a comunidade total ou parcial”, escreveu em «A Alma do Concílio».

Na Igreja, é um “documento ímpar e marca um autêntico arranque para um posterior aprofundamento da vasta problemática dos Meios de Comunicação Social”, defendeu Paulo Rocha, em Julho de 1996, na tese de licenciatura «Meios de Comunicação Social ao Serviço da Evangelização». No trabalho de investigação defendido na Universidade Católica Portuguesa, Paulo Rocha sublinha que o decreto é “pioneiro” na Igreja no que se refere às comunicações sociais. “Não é, no entanto, um documento que contenha os grandes temas que marcaram o Concílio Vaticano II, como o do ecumenismo, da liberdade pessoal e de expressão e do diálogo”.

 

LFS

 

 

novembro 2013

Dia 22

Início do Ano Internacional da Família Rural
* Setúbal - Almada (Seminário) (21h30m) - Iniciativa «CaFé Concerto» promovido pela Pastoral Juvenil da diocese de Setúbal
* Braga - Santuário do Sameiro - Encontro do clero de encerramento do Ano da Fé com conferência sobre «Peregrinar na fé a partir da periferia» pelo padre José Antunes, svd.
* Lisboa - Centro Comercial Colombo (FNAC) (18h30m) -Lançamento do livro «Esperar Jesus com Maria - Caminho do Advento» de Maria Teresa Maia Gonzalez
* Porto - UCP (Campos da Foz) (18h30m) - Conferência sobre «Acerca de milagres: Ciência e Teologia» por Mário Simões e José Carlos Carvalho. 

 

* Braga - Vila Verde (Santuário de Nossa Senhora do Alívio) - Concerto de música sacra com o lema «Olhar-te» pelo padre Sandro Vasconcelos e orquestra. 
* Braga - Fafe (Cine Teatro de Fafe) (21h00m) - Musical de encerramento do Ano da Fé coreografado por crianças, jovens e adultos do arciprestado de Fafe.
*Açores - Angra do Heroísmo - Conselho Pastoral da diocese de Angra. (22 a 24)
* Lisboa - Convento dos Cardaes - Iniciativa «Há Natal no Convento!» para ajudar a Associação Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos. (22 a 24)
* Lisboa - Alfragide (Seminário dos Dehonianos) - Encontro Nacional da Pastoral dos Ciganos. (22 a 24)
* Lisboa - Campo Pequeno - Iniciativa «Meeting Lisboa» com a presença do Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente e organizada pelo movimento católico «Comunhão e Libertação». (22 a 24)
Campanha On-line do Banco Alimentar Contra a Fome.  (22 a 08 de dezembro)

 

 

 

Dia 23

* Coimbra - Instituto Justiça e Paz - Fórum dos Movimentos da Ação Católica para celebrar os 80 anos da Ação Católica Portuguesa e prepara o caminho em cada diocese
* Évora - Escola Salesiana - Jornada diocesana de Liturgia e Catequese
* Funchal - Sé (16h00m) - Encerramento do Ano da Fé.
* Setúbal - Almada (Igreja Nova) - Concerto «Cânticos da tarde e da manhã» por Teresa Salgueiro. 
* Coimbra - Colégio da Rainha Santa Isabel - Dia do associado do Movimento da Mensagem de Fátima. 
* Braga - Caminhada «Ter pé com fé» promovida pela zona pastoral da cidade de Braga para celebrar o encerramento do Ano da Fé. 
* Funchal - Colégio de Santa Teresinha - Jornada Diocesana do Apostolado dos Leigos.
* Vaticano - Basílica de São Pedro - O Papa Francisco preside ao rito de admissão ao catecumenato e reúne-se com os catecúmenos (em preparação para o Batismo)
* Lisboa - UCP (Auditório Cardeal Medeiros) - Conferência nacional com o tema «Diálogo e Democracia: instrumentos para a paz na Europa» 

 

promovida pela Comissão Nacional Justiça e Paz em parceria com a Faculdade de Teologia de Lisboa da Universidade Católica Portuguesa

* Porto - Cripta da Igreja de Nossa Senhora da Areosa - Concerto musical de Santa Cecília.
* Porto - Matosinhos (Centro cívico Custóias) - Conferência sobre «Ecumenismo e as Igrejas Ecuménicas» integrada no encerramento do Ano da Fé
* Bragança - Auditório do Instituto Politécnico de Bragança - II Conferência do Paço promovida pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
* Braga - Aves - Inauguração da «Constelação da Fé» integrado no encerramento do Ano da Fé.
* Leiria - Monte Real (Convento das Clarissas) - Encontro de jovens da Canção Nova sobre «O teu coração, o maior tesouro»
* Lisboa - Mosteiro dos Jerónimos (12h00m) - Celebração evocativa dos 80 anos da fome na Ucrânia «Holodomor» com o Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.
* Lisboa - Igreja da Graça (10h30m) - Celebração presidida por D. Nuno Brás com a Academia de Santa Cecília.
 

 

 

Ano C - 34.º Domingo do Tempo Comum

 

 

 

 

 

 

 

 

Pela fé, Jesus reina em nós
 

A Palavra de Deus neste último domingo do ano litúrgico, Solenidade de Cristo Rei, convida-nos a tomar consciência da realeza de Jesus, em particular no quadro que Lucas nos apresenta no Evangelho.

Aí está a famosa inscrição, que define Jesus como “Rei dos Judeus”, plena de ironia: Ele não está sentado num trono, mas pregado numa cruz; não aparece rodeado de súbditos fiéis que O incensam e adulam, mas dos chefes dos judeus que O insultam e dos soldados que O escarnecem; Ele não exerce autoridade de vida ou de morte sobre milhões de homens, mas está pregado numa cruz, indefeso, condenado a uma morte infamante… Não há aqui qualquer sinal que identifique Jesus com poder, com autoridade, com realeza terrena.

Mas essa inscrição da cruz descreve com precisão a situação de Jesus, na perspetiva de Deus: Ele é o rei que preside, da cruz, a um Reino de serviço, de amor, de entrega, de dom da vida. Neste quadro, explica-se a lógica desse Reino de Deus que Jesus veio propor aos homens.

O quadro é completado por uma cena bem significativa para entender o sentido da realeza de Jesus. Ao lado de Jesus estão dois malfeitores, crucificados como Ele. Jesus é insultado por um, a representar aqueles que recusam a proposta do Reino. O outro pede: “Jesus, lembra-Te de mim quando vieres com a tua realeza”. A resposta de Jesus a este pedido, “hoje mesmo estarás comigo no paraíso", indica que a salvação definitiva começa a fazer-se realidade a partir da cruz. 

 

 

 

 

Na cruz manifesta-se plenamente a realeza de Jesus que é perdão, renovação do homem, vida plena; e essa realeza de salvação abarca todos os homens, mesmo os condenados e excluídos.

Celebrar a Festa de Cristo Rei do Universo é celebrar um Deus que serve, que acolhe e que reina nos corações com a força desarmada do amor. A cruz é o trono de um Deus que recusa qualquer poder e escolhe reinar no coração dos homens através do amor e do dom da vida.

A todos nós, que somos Igreja de Jesus, ainda nos falta muita coisa para interiorizar a lógica da realeza de Jesus. A Igreja precisa de contínua

purificação e conversão,
de renovar a atitude
de serviço

 

 e de acolhimento, sempre na contemplação do Senhor na cruz, que é contemplação de tantos próximos crucificados na vida.

Termina hoje o Ano da Fé, mas não termina o dinamismo da fé como adesão de todo o nosso ser à Pessoa de Jesus Cristo. Pela fé, Ele reina nos nossos corações e nas nossas comunidades, em toda a Igreja e no mundo, sempre na plena oblação da cruz. Façamos por isso, para sermos fiéis e felizes ao único Senhor das nossas vidas.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h22

Domingo, dia 24 - 

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 18 - Entrevista ao cónego Senra Coelho e e Francisco Manuel Salvador sobre os Cursilhos de Cristandade, próximo coordenador mundial do Movimento.

Terça-feira, dia 19 - Informação e apresentação das publicações da Paulus no Ano da Fé

Quarta-feira, dia 20 - Informação e apresentação das publicações da Principia no Ano da Fé
Quinta-feira, dia 21 - Informação e apresentação das publicações das Paulinas no Ano da Fé
Sexta-feira, dia 22 - Apresentação da liturgia dominical pelo padre Armindo Vaz e frei José Nunes
 

Antena 1

Domingo, dia 24 de novembro,  06h00 - Encerramento do Ano da Fé com D. Nuno Brás, bispo auxiliar de Lisboa.

 

Segunda a sexta-feira, dias 25 a 29 de novembro - Testemunhos de leigos sobre o seu trabalho na Igreja. 

 

 

 

 

- «Sejam realistas, peçam o impossível» é o tema do Meeting 2013. Começa na sexta-feira, dia 22, e prolonga-se até ao dia 24, com participações do surfista da maior onda do mundo, Garrett McNamara, o comendador Rui Nabeiro, o músico Tiago Bettencourt, o Ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, entre outros.

 

- Ainda a 22 começa a campanha solidária on line do Banco Alimentar Contra a Fome, que se prolonga até ao dia 8 de dezembro. No fim-de-semana de 30 de novembro e 1 de dezembro, estarão voluntários nas superfícies comerciais para recolha de alimentos que irão ajudar as pessoas mais desfavorecidas através de instituições sociais.

 

- A democracia e o diálogo vão estar em análise este sábado na Universidade Católica Portuguesa (UCP), numa proposta da Comissão nacional Justiça e Paz e da Faculdade de Teologia da UCP. A iniciativa quer assinalar os 50 anos de publicação da encíclica ‘Pacem in terris’, do Papa João XXIII.

 

- No domingo, dia 24, o Papa Francisco preside ao encerramento do Ano da Fé, no Vaticano, lançado em outubro de 2012, pelo seu predecessor Bento XVI, com o objetivo de levar ao «homem contemporâneo» as razões e a proposta do acreditar cristão. Está prevista a entrega simbólica, a pessoas dos cinco continentes, da exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho). 

 

Síria: Massacre de Sadad revela tragédia dos Cristãos

O impossível esquecimento

A cidade de Sadad foi palco de um dos mais violentos ataques contra a comunidade Cristã na Síria. O Arcebispo Alnmed classificou-o mesmo como sendo um “massacre”. Não é possível ignorar mais o sofrimento dos Cristãos neste país. Sadad ficou como uma memória. Um monumento à perseguição aos Cristãos

 

A violência da guerra civil na Síria é dantesca. No meio do conflito que opõe forças rebeldes e o exército do regime de al-Assad, estão os Cristãos. Nem amados nem protegidos, olhados com indiferença ou ódio, os Cristãos estão como que encurralados nesta batalha sem regras.
O ataque à cidade de Sadad foi de tal forma violento que o Arcebispo Selwanos Boutros Alnemeh, Metropolita sírio-ortodoxo de Homs e Hama, classificou-o como sendo “o mais grave e amplo massacre de cristãos registado na Síria em dois anos e meio”.

Nesses dias, ainda os tiros enchiam de pólvora as ruas 

 

e já se contavam 45 civis mortos, incluindo mulheres e crianças, cujos corpos foram lançados para valas comuns, além de dezenas de feridos e desaparecidos. Os que sobreviveram ao terror dos combates, “foram ameaçados e estão aterrorizados”, explicou o Arcebispo quando relatou ao mundo a tragédia de Sadad no final de Outubro.
Neste balanço não se contabiliza o medo. Durante vários dias, cerca de mil e quinhentas famílias estiveram reféns dos grupos rebeldes.

 

Memória da tragédia

D. Selwanos Boutros Alnemeh faz também o retrato da desolação que se seguiu aos combates. “Todas as casas de Sadad foram roubadas e as propriedades saqueadas”. Como se isto não bastasse, “as igrejas foram danificadas e profanadas”.
Os rebentamentos de bombas destruíram escolas, o hospital, clínicas. “Muitas casas não 

 

 

 

 

 

poderão ser reconstruídas”, explicou, o Arcebispo. 
Sadad ficou como uma memória. Um monumento à perseguição aos Cristãos. Na cidade ainda está viva a língua aramaica, a língua de Jesus. Agora, há menos pessoas a falarem-na nas ruas. No total, a população rondava as 15 mil pessoas. É, apesar de tudo, uma cidade que espelha bem o legado Cristão: tem (tinha?) catorze igrejas e um mosteiro.
Quando Sadad estava sob a mira  das armas, o Arcebispo Selwanos pediu ajuda mas 

 

não teve resposta. As suas palavras dirigiram-se a todos nós, sem excepção. “Gritámos pedindo socorro ao mundo mas ninguém nos ouviu. Onde está a consciência humana? Onde estão os meus irmãos? Penso em todas as pessoas que sofrem hoje. Tenho um nó na garganta e o meu coração chora por causa do que aconteceu na minha arquidiocese. Qual será o nosso futuro?”

 

Paulo Aido |Departamento de Informação | www.fundacao-ais.pt

 
 

 

LUSOFONIAS

O Humor na Televisão

Tony Neves

 

Já é proverbial dizer que o humor é a coisa mais séria do mundo. E é mesmo! As verdades mais profundas podem dizer-se de uma forma leve e simpática, a rir. Desta forma, atitudes menos construtivas podem ser denunciadas e os comportamentos mudados.

Não tomar a sério o bom humor é perigoso e socialmente reprovável. Quando vejo na televisão ou internet, quando leio nos jornais e revistas, quando ouço no rádio peças de humor, farto-me de rir, mas tiro sempre algumas conclusões que me ajudam a viver com mais dignidade. Esse deveria ser sempre o objetivo de quem faz humor.

Muitas vezes, também é verdade, o humor arrasa o nome e a dignidade de certas pessoas. Há que ter a noção do limite, do respeito e do bom senso para se fazer humor e, sobretudo, torna-lo público nos meios de comunicação social. Neste caso, a responsabilidade dos humoristas é posta em jogo e há que medir as consequências do que se diz de forma jocosa. No humor, vale tudo menos ofender a dignidade das pessoas.

A televisão tem apostado muito, em Portugal, nos programas de humor. A maioria deles assenta em histórias construídas a partir de intervenções de políticos ou outras figuras públicas. Diverte e corrige erros e exageros, através do recurso ao próprio exagero. Os latinos já diziam que a rir se corrigiam os costumes e qualquer gaffe pode dar origem a um criativo texto repleto de humor.

 

 

 

Luso Fonias

 

 

Para os bons humoristas, não há ninguém acima do intocável e, por isso, desde o presidente da república aos futebolistas, todos arriscam ser beliscados nos textos e encenações das equipas que produzem humor. Há uns que levam a mal, outros que ameaçam com processo em tribunal e outros que se divertem com a forma como são retratados na televisão.

Em tempos de crise como os que vivemos na Europa, um bom programa de humor funciona como terapia. Como é bom sentar-se num sofá ou cadeira e dar umas gargalhadas ao ver uma coreografia sobre políticos ou 

 

desportistas, ao escutar um texto composto a partir dos últimos acontecimentos da assembleia da república ou de um jogo de futebol.

Precisamos todos de mais e melhor humor. Com respeito, com qualidade, com capacidade de dizer bem o que está mal ou o que tem aspetos caricatos. Por um lado aponta desvios sociais, por outro alegra e corrige dimensões da vida social que merecem ser pensados, denunciados e mudados.

Há-de ser pelo humor que a história se transforma e que as sociedades se tornam mais felizes.

 


“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

«A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama
e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a vida. Transformados por este amor, recebemos olhos novos e experimentamos que há nele uma grande promessa de
plenitude e se nos abre a visão do futuro».

(Lumen Fidei, 4)