04 - Editorial:

       Cónego João Aguiar Campos

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

12 - Opinião

       D. Pio Alves

14 - A semana de...

       Luís Filipe Santos

16- Entrevista

       Padre António Pedro Monteiro
28- Dossier

       Construir Esperança

 

40 - Espaço ECCLESIA

42- Internacional

46 - Cinema

48 - Multimédia

50 - Estante

52 - Vaticano II

54 -  Agenda

56 - Por estes dias

58 - Programação Religiosa

59 - Minuto YouCat

60 - Liturgia

62 - Fundação AIS

64 - Aplicações Pastorais

66 - LusoFonias

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tema do dossier da próxima edição:

Papa Francisco, a Alegria do Evangelho

Foto da capa: D.R
Foto da contracapa:  Agência Ecclesia

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Margarida Duarte, Sónia Neves, Carlos Borges, Catarina Pereira
Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes
Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais 
Diretor: Cónego João Aguiar Campos
Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.
Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D - 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Opinião 

 

 

 

 

Investigadora de Portugal na Santa Sé

[ver+]

 

 

 

 

 

Esperança e empreendedorismo

[ver+]

 

 

 

 

 

Papa cria comissão para proteção de menores

[ver+]

 

 

 

D. Pio Alves |Cónego João Aguiar Campos | Jacinto Jardim | Júlio Rocha | Ricardo Freire | Tony Neves

 

Esperar ou parar

João Aguiar Campos

Diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

 
 

1. Se aquela rua fosse uma pessoa, teria “imensa pena” dela, como costuma dizer-se. De facto, as máquinas rasgaram-na com periódica impertinência -- como se um qualquer pretexto bastasse para mais dois sulcos e as correspondentes cicatrizes: todos sabemos, na verdade, como, uma vez remexido, o piso nunca mais volta a ser o mesmo…

Os motivos pareceram, contudo, sempre justificáveis: a rede de esgotos precisava de ampliação; o abastecimento de água carecia de mais polegadas; o gás queria chegar, dentro de dias, fora da tradicional botija; as operadoras adotavam caminhos novos de oferecer o sinal; etc., etc.

Nunca nada disto me espantou e até me sinto grato pelas benfeitorias. O que sempre estranhei foi cada necessidade a cumprir um calendário: o seu. Sem uma coordenação que imagino a rentabilizar máquinas, tempo e incómodos.

Não me atrevo a afirmar que a solução estivesse ao alcance de um telefonema entre serviços ou que uma reunião haveria de revelar-se indispensável. Sem dúvidas, porém, afirmo que – naquela rua ou noutras circunstâncias -- muito se ganharia se cada um soubesse que não está só e, com os outros, preparasse o futuro de todos. Sem improvisos descuidados.

 

 

 

 

 

 

 

Não ignoro que a paixão pelo improviso é uma das piores características nacionais. 

Oiço mesmo falar deste defeito como se de uma virtude se tratasse: “somos bons a desenrascar-nos” – diz-se por aí. Sem nos darmos conta que assim se confessa, afinal, a frequência com que esquecemos o tempo e as horas…

 

2. Nesta edição de Ecclesia abana-se a árvore pacata dos nossos improvisos, procurando avivar a urgência de Portugal se preparar para o período pós-troika. Mas preparar mesmo, sublinhe-se!

Gato escaldado, não vejo desde já bons sinais nos discursos político-partidários inconsequentes e desgarrados em torno de nuances semânticas, esquecendo o fundamental: os adultos saudáveis andam pelo seu próprio pé e sujam as mãos; algumas vezes tropeçam e muitas 

 
 

outras caem; mas negam-se a prostração choramingas e a auto compaixão.

É tempo de nos sentirmos empurrados do ninho; é tempo de partir por dentro do céu ou, pelo menos, até à árvore mais próxima, saboreando o desconforto que nos faz crescer.

 

3 A espera é, nesta perspetiva, apenas um intervalo. É, além disso, um intervalo ativo, que se vive no caminho, em permanente tensão – de modo que nem o descanso seja paragem e, muito menos, desistência.

Melhor que muitos outros, nós, os cristãos, temos porventura mais viva esta obrigação de compreender que o que melhor conserva a vida é, afinal, o compromisso e nunca o frigorífico!... Realmente, «quem tem esperança, vive diversamente; foi-lhe dada uma vida nova», lê-se na abertura da Spe Salvi (n.9).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Trabalhadores aguardam decisões para o futuro
dos estaleiros de Viana do Castelo
 © LUSA

 

 

 

“Obrigado pelo vosso acolhimento e ajudem-nos pela oração para guardarmos a esperança. Apesar dos sofrimentos vamos reconstruir o nosso país”.

D. Samir Nassar, arcebispo de Damasco, Síria durante a Vigília pela Paz promovida pela FAIS, 30/11/2013

 

 

“Este é um Papa muito forte, que conquistou o carinho e a amizade de tanta gente, crentes e não crentes. A sua força, alimentada pela sua profunda espiritualidade, levá-lo-á muito longe!”

Nello Scavo, em entrevista à Agência Ecclesia, 3/12/2013

 

 

“O Papa Francisco é alguém que segue os ensinamentos de Cristo, alguém de muita humildade, sentido de empatia com os pobres. Creio, primeiro que tudo e sobretudo isso, pensa em acolher as pessoas e não a recusá-las, procura o que é bom para as pessoas, em vez de as condenar."

Barack Obama, presidente dos Estados Unidos da América, em entrevista ao canal de televisão CNBC, 3/12/2013

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Muitos governos na Europa que impõem medidas de austeridade esqueceram as suas obrigações em matéria de direitos humanos, especialmente os direitos sociais e económicos dos mais vulneráveis, a necessidade de garantir o acesso à justiça e o direito a tratamento igual."

Nils Muiznieks, comissário do Conselho da Europa para os Direitos Humanos ao apresentar um estudo sobre o impacto da crise, Rádio Renascença, 4/12/2013

 

 

"Fazemos um apelo ao senhor primeiro-ministro e ao senhor Presidente da República. Os trabalhadores dos estaleiros navais de Viana do Castelo não querem indemnizações, nem querem dinheiro, querem trabalho".

António Costa, presidente da comissão de trabalhadores dos estaleiros de Viana do Castelo, 4/12/2013

 

 

 

 

Investigadora portuguesa no Comité Pontifício de Ciências Históricas

O Papa Francisco nomeou a vice-reitora da Universidade do Porto, Maria de Lurdes Correia Fernandes, como membro do Comité Pontifício de Ciências Históricas, anunciou o Vaticano. A especialista disse à Agência ECCLESIA que se sente "honrada” com esta nomeação e que sente a “grande responsabilidade” do cargo que vai ocupar, sendo a “única portuguesa” no comité.

A professora da Faculdade de Letras é especialista nos temas da Cultura Portuguesa (séculos XV a XVIII), da História do “sentimento religioso” e a literatura hagiográfica. A nomeada fez uma tese de doutoramento sobre “O casamento na península ibérica na época moderna” e desenvolveu investigações no âmbito do “sentimento religioso e das práticas religiosas”.

Entre as suas obras destacam-se o estudo e índices que acompanham a reprodução fac-similada da edição de 1652 

 

do ‘Agiológio lusitano’, de Jorge Cardoso (2002), “um trabalho de grande investigação”, sublinhou.

A autora publicou ainda a obra ‘A biblioteca de Jorge Cardoso (1669), autor do Agiológio Lusitano: cultura, erudição e sentimento religioso no Portugal Moderno” (2000). A investigadora teve também uma colaboração na ‘História Religiosa de Portugal’, no volume relativo à época moderna.

Maria de Lurdes Correia Fernandes é irmã do padre Manuel Correia Fernandes, diretor do jornal ‘Voz Portucalense’, e manteve “sempre uma ligação muito forte” às origens, na zona de Arouca.

O Comité Pontifício de Ciências Históricas foi criado em 1954 pelo Papa Pio XII, herdando a tradição da Comissão Cardinalícia para os Estudos Históricos que Leão XIII instituiu em 1883, após a abertura aos estudiosos, entre 1879 e 1880, do Arquivo Secreto do Vaticano.

O organismo tem cerca de 30 membros, de vários países, 

 

 


 

e assume desde a sua instituição a missão de representar a Santa Sé nos organismos internacionais do setor, como o Comité Internacional das Ciências Históricas.

 

  

 

Este comité colabora com vários organismos da Santa Sé e tem entre os seus objetivos ""o desenvolvimento do estudo das disciplinas humanistas", em particular das línguas clássicas.

 

 

Voluntários junto de quem sofre

A Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV) destacou hoje o papel desempenhado por milhares de voluntários junto das pessoas atingidas pela crise económica no país, apelando a um compromisso da sociedade em favor do “bem comum”. “Nestes últimos anos a crise económica e financeira tornou-se o centro das preocupações de toda a sociedade portuguesa. De uma maneira ou de outra, todos fomos afetados e, de certo modo, despertámos a nossa consciência para muitos cidadãos e cidadãs que vivem numa situação reveladora de empobrecimento”, destaca a mensagem da CPV que assinala o Dia Internacional dos Voluntários, enviada à Agência ECCLESIA.

O texto é assinado pelo presidente da Confederação, Eugénio Fonseca, o qual recorda que para muitas pessoas a presença dos voluntários e voluntárias é “sinónimo de estima, amizade, conforto, atenção”. “Os voluntários e voluntárias oferecem, com o seu compromisso e criatividade, uma resposta às necessidades da 

 
nossa sociedade quotidiana”, acrescenta.

A mensagem elogia os voluntários como sinal da “dádiva, da entrega gratuita ao outro”. Segundo o também presidente da Cáritas Portuguesa, é necessário compreender que o voluntariado “ultrapassa as barreiras do envolvimento temporário”. “Ser voluntário é colocar ao serviço do bem comum o tempo, as capacidades, os recursos e isto também deve ser reconhecido por todos e exige um envolvimento comprometido de todas as partes que beneficiam deste trabalho, muitas vezes, silencioso”, precisa Eugénio Fonseca.

 

 

 

Papa deixa apelo a sair de si

O patriarca de Lisboa considera que o Papa Francisco, na sua primeira exortação apostólica, faz um apelo “à Igreja, à sociedade em geral e à política internacional” a “não ficar dentro do seu ciclo e do seu círculo”.

“Quer em relação à Igreja, às comunidades cristãs, quer em relação à sociedade em geral, até mesmo política internacional, o apelo pode-se resumir a esta questão de ‘sair de si’, ou seja, não ficar dentro do seu ciclo e do seu círculo mas olhar para os outros”, começa por explicar à Agência ECCLESIA D. Manuel Clemente, sobre a ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho).

O patriarca de Lisboa explicou que o Papa Francisco pede aos países que têm mais têm mais disponibilidade que a partilhem, mesmo em termos de riqueza “de pensamento e know-how”, que “olhem para aqueles que não têm disponibilidade nenhuma e nem conseguem ser países propriamente ditos”. “Não nos conformemos com o mal dos outros fazendo aqui uma barreira que é até uma barreira até psicológica de não nos 

 

 

preocuparmos, é precisamente o contrário”, acrescenta.

Para D. Manuel Clemente, a exortação do Papa apresenta o “sentido de missão” para as comunidades cristãs e para as sociedades onde “consegue encontrar palavras e frases fortes, acutilantes que não deixam adormecer” mas despertam em tal sentido”.

Neste momento de crise financeira que afeta a sociedade - pessoas, instituições e empresas - o contributo do cristão deve materializar-se através do exemplo de Jesus, na parábola do “Bom Samaritano” onde para além de ajudar o interlocutor também deixa “disposições em termos de futuro, para a convalescença do sinistrado”.

 

 

Porta da fé

D. Pio Alves

Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais

 

 

 

A porta do Ano da Fé acaba de ser fechada. Não a porta da fé, “que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja: está sempre aberta para nós” (Porta fidei, 1).

Foram meses em que, por todo lado, se abriram espaços de encontro e diálogo; se criaram oportunidades de aprofundamento da fé; e, principalmente, se potenciou a busca do essencial: “estar com o Senhor para viver com Ele” (Porta fidei, 10). Na realidade, sem isso, os esforços feitos, as energias despendidas, teriam servido apenas para alimentar vagos e inócuos sentimentos religiosos.

A apresentação, no mesmo dia 24 de novembro, da Exortação apostólica A alegria do Evangelho (EG) não é mera coincidência: é uma feliz continuação. Bastaria o título para perceber a continuidade. O Santo Padre, independentemente das questões concretas que aborda, volta a centrar-se no essencial: Jesus Cristo.

Deus que vem ao nosso encontro – na radical novidade da encarnação, na Sua entrega plena por amor, na vitória sobre a morte – não inventa complicados caminhos de fidelidade; fardos pesados e insuportáveis que devemos carregar (cfr Mt 23, 4). Abre trilhos de felicidade. “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do 

 

 

pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria” (EG 1).

Temo que, como vem sendo hábito, na leitura do documento papal, os focos isolem questões antropológicas e sociais importantes, mas desligadas do tronco. Temo que seja feita uma leitura de nãos.

Seria o caminho mais curto para fabricar fardos, fechar caminhos, apagar luzes. Seria o modo mais garantido de afundar o buraco que temos vindo a cavar. “Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de

 

Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem. Este é um risco, certo e permanente, que correm também os crentes. Muitos caem nele, transformando-se em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida. Esta não é a escolha duma vida digna e plena, este não é o desígnio que Deus tem para nós, esta não é a vida no Espírito que jorra do coração de Cristo ressuscitado” (EG 2).

“Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa” (EG 6), escreve o Papa Francisco. Para já, e glosando o Santo Padre, há cristãos que parecem ter escolhido um Advento sem Natal. Não convém fechar a porta da fé!

 

 

A musicalidade da sinfonia da alegria

Fantástico… A partitura da «Evangelii Gaudium» é uma obra musical digna de ser interpretada pela melhor orquestra. O maestro Francisco deu o tom, agora compete aos músicos tocarem todos na pluralidade sinfónica e vocal.

A inspiração musical para esta obra escrita a quatro mãos, duas divinas e duas humanas, ficará nos anais da história. A sonoridade altiva do violino não colide com as metamorfoses da harpa. O astuto saxofone acompanha a melancólica guitarra. A retilínea flauta eleva o timbre do piano. Todas estas características musicais estão na «Evangelii Gaudium».

Certo dia, o compositor alemão, Ludwig Beethoven (1770-1827), disse que «quem entender a minha música nunca mais será infeliz». Quem perceber a intensidade e ritmo da «Evangelii Gaudium» nunca mais ficará igual. Aquele guia melódico é um autêntico manjar musical que merece ser deglutido. Não é preciso ser melómano para entender os acordes da sinfonia do compositor Francisco.

 

 

A subida gradual das notas mostra o altruísmo dos tenores e a assertividade dos barítonos. O dinamismo musical da «Evangelii Gaudium» enche a sala comunitária e faz apelos universais. É um processo maiêutico esta obra musical.

O programa do concerto envolve toda a comunidade. Nada de talheres de prata, nem fatos de gala. A refeição musical é lagosta para os pobres e sandes barradas com manteiga para os poderosos. Comparar palácios com vidas desnudadas é tarefa hercúlea, mas ao abrigo desta caridade musical nada é impossível. 

A «Evangelii Gaudium» ajuda a obliterar a sinfonia da realidade contemporânea.

Com a exortação musical, o pano do palco está aberto. O maestro já deu as últimas indicações aos músicos. As suas mãos laboriosas estão concentradas no fermento da partitura. Este concerto é natalício. Os instrumentos musicais têm o brilho pictórico do evangelho.

A sinfonia musical não direciona as luzes e o ouvido apenas para o maestro. Aquele todo é a

 

 

  

 unidade do classicismo que «nos obriga» a melodiar lentamente. Estímulo forte, para uns. Dor para outros… 

Vou esquecer o lado doloroso da «Via Lucis» traçada pelo Papa Francisco. Ele não lava as mãos no advento das luzes, mas está com a escuridão dos sons pascais. Para ele não existem mordomos do evangelho, chama todos para a mudança. A escritora portuguesa, Agustina Bessa-Luis sublinha «Se todos os artistas da terra parassem durante umas horas, deixassem de produzir uma ideia, um quadro, uma nota de música, fazia-se um deserto

 

 
extraordinário». Por sua vez, o filósofo alemão, Friedrich Nietzsche (1844-1900), refere «Sem música a vida seria um erro». O Papa Francisco deixou-nos uma pauta onde cada nota musical ocupa um espaço na comunidade.

Vamos solfejar…. Convido o leitor para escutar a melodia para o natal de cada um. Encerrei o intróito. Maestro a batuta é sua e comece o concerto «Sinfonia Evangelii Gaudium».

Luis Filipe Santos,

Agência ECCLESIA

 

Exortação Apostólica (PDF)

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 

 

Fragilidade como construção da Esperança

A Igreja Católica assinala o tempo de Advento.
Este é, para os cristãos, um caminho de esperança porque
esperam o nascimento de Jesus.

 

 

A ECCLESIA entra no Hospital de Santa Maria, pela mão do sacerdote António Pedro Monteiro, que integra a equipa do Serviço de Assistência Espiritual e Religiosa (SAER) do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, que compreende ainda o Hospital Pulido Valente, para encontrar a esperança. Sacerdote há três anos, está no SAER há um ano, a aprender a ser padre, entre as palavras e os silêncios. De bata branca vestida, guarda os rostos com quem partilhou lágrimas e sorrisos porque este é um lugar onde Deus nasce mas também onde se vivem inesperadas sextas-feiras santas.

 

Agência ECCLESIA (AE) - Humanamente falando, que lugar é o Hospital de Santa Maria?

Padre António Pedro Monteiro (APM) - Dizer lugar já diz muito. Os teóricos gostam de distinguir 

 

 

 

entre «espaço» e «lugar» na medida em que «espaço» é o que eu tenho de cruzar e «lugar» é onde habito e construo a minha biografia.

É bom pensar que o Hospital pode passar de um «espaço» a um «lugar». De facto é um espaço na medida em que eu ali recorro quando tenho um problema e tenho de inevitavelmente passar umas horas ou uns dias. Mas se eu nesse espaço puder repensar a minha vida, aprender com o facto de ser frágil, avaliar o que coloco no centro e mudar as prioridades da vida, esse espaço pode ser um lugar de construção do que sou.

Nesse sentido, o Hospital é um espaço privilegiado. Não preciso necessariamente do espaço hospitalar para construir a minha vida mas, na inevitabilidade de ter de o habitar, podemos aprender muito.

 

 

 

AE - Lugar também porque habitado por pessoas?

APM - Lugar habitado por pessoas sempre e quanto mais humanizado, mais divino: algumas pessoas porque vêm buscar o sustento do dia, outras a saúde que falta. Percebemos que há inúmeras motivações para habitar este espaço, mas queremo-lo o mais humanizado possível.

Essa é talvez a missão principal de quem está na Capelania – contribuir para que seja um espaço humanizado, agradável para se viver e não um espaço inevitável de passagem.

 

AE - O «humano» é parte do tratamento?

APM - Quem o diz é a Organização Mundial de Saúde. Se saúde é esse completo bem-estar físico, social, psíquico e não só a ausência de doença, tudo o que contribuir para esse bem-estar holístico é processo terapêutico.

Habituamo-nos a que o corpo hospitalar trate apenas do bem-estar físico mas percebemos que quando não há possibilidade de uma  cura física, o que verdadeiramente importa é, 

 

pelo menos, a devolução da autonomia, da liberdade, do nome e não ser apenas «o senhor da cama 38». É dignamente um que é semelhante e não é menos por estar privado de bem-estar. E nesse sentido, o que é humano é tratamento de cura.

 

AE - Quando é que, na sua vida, percebeu que o Hospital é esse lugar de possibilidades?

APM - Quando passamos por uma experiência de fragilidade onde se sente a limitação ou perda do poder de decisão, eventualmente, até perda do nome, percebemo-nos que uma série de palavras que dizemos a quem está pior deixa de fazer sentido.

Quando, mais novo estive internado, a pessoa, no quarto, ao meu lado acabou por falecer. Não se sabe se a pessoa vai ficar melhor, não adianta prometer aquilo que não sabemos; dizer «as melhoras» diz pouco; «está quase a sair daqui», é pouco; dizer: «não digas isso» ou «não sintas isso», também não diz nada.

Há tantas frases que não têm sentido e que não confortam e não trazem saúde.

 

 

 


 

 

 

 

AE - Deus está entre a palavra e o silêncio?

APM - Deus está no silêncio e na palavra e habita a relação. Se a vida é relação, se o que esperamos na vida inteira, e enquanto cristãos é rumar a uma relação plena no encontro com Deus, não se pode pensar em Deus sem relação. Tudo o que acontece neste hospital é em ordem à relação. Não pode ser um parêntesis na vida onde a relação não é precisa. Quer-se relação, o mais humana possível, e quanto mais humana para habitada por Deus.

 

 

 

 

 

AE - O que é que se diz? Se é que se diz alguma coisa…

APM - Uma das coisas que se aprende e se ensina a quem integra a pastoral da saúde é a calar. Quando alguém que diz que está revoltado com Deus, que sente o abandono de Deus, não temos palavra para responder perante a verdade que é sentir isso.

Sabemos, pela vida inteira, que Deus é um amante ausente e, possivelmente, numa altura de sofrimento experimenta-se isso de sobremaneira. Ele não vem aliviar o sofrimento e é uma verdade quando se diz que se sente abandonado como tantas vezes se diz neste hospital. Se vamos bater nas costas e dizer «não digas isso, porque ele ama-te», estamos a tapar a boca do doente e ainda acrescentamos um problema porque o paciente sente que não é compreendido.

Fazemos com que se fale. Se o silêncio ajudar a que se fale então eu calo-me. Se tiver de repetir que sente que Deus o abandonou, se isso for bom

 

 para que a pessoa continue a falar… Percebemos que só falando é que se liberta, só falando é que se percebe que pode não ser assim, só falando é que se revê o que se diz, e, muitas vezes, não há nada a dizer.

 

AE - Quando é que Deus nasce no hospital?

APM - Ele está sempre a nascer e sempre vivo. Mas como um bom presente de Natal tem de ser embrulhado. A alegria do nascimento de Jesus, que celebramos diariamente no hospital, vem embrulhada nesse fator surpresa que tantas vezes é despoletado por um toque, uma palavra, um processo de descoberta de sentido no meio da doença ou do trabalho, pensando nos profissionais.

Somos surpreendidos com um pequeno gesto, com proximidade, acolhimento, que revela um Deus que nasce, uma alegria que renasce, porque se vê melhor. Se assim for, Deus nasce todos os dias.

 

 

 

 

AE - Há rostos que ajudam a alimentar essa esperança?

APM - Claro que sim. É fácil sorrir e pensar que é uma vitória, não minha mas da pessoa que ao hospital veio encontrar saúde e sentido.

Ao fim de meses de internamento sentir que se esteve perto de uma pessoa que trazia um «Deus domesticado» mas que em determinada altura tudo se desconstrói, a agressividade e a revolta vêm à flor da pele, porque um Deus que se pensava de determina forma se revela de outra… 

 

 

É gratificante, e para mim muito pedagógico, olhar para quem fez um caminho, que entrou com Deus pela mão domesticado à sua maneira, revoltou-se e avaliou, e foi construindo outra imagem de Deus, a seu lado a sofrer consigo.

Casos que acompanhei e que me marcaram muito, alguns onde encontrei a morte reconciliada. É complicado ser bem entendido, mas sentir alguém a morrer feliz, sentindo que viver vale a pena, são os episódios mais fascinantes e reconfortantes.

 

 

AE - Percorrendo os corredores do Hospital de Santa Maria, onde 17 mil pessoas se cruzam diariamente, onde se encontra a esperança?

APM - O Hospital é uma caixa de surpresas. Quando se fala em esperança e associamos a serviços de pediatria, a criança é o protótipo da esperança da Humanidade e vendo um filho em perigo de vida, questionamos se vale a pena acreditar num Deus que mata gente, que chama a si gente amada.

Nesse sentido o hospital é uma caixinha de surpresa porque em qualquer serviço e corredor se encontram pessoas a repensar prioridades, a rever a imagem de Deus e do sentido da sua vida.

 

AE - Que palavra, que silêncio ou que gesto tem o assistente espiritual quando essa criança, esperança da humanidade, se encontra em situação de fragilidade?

APM - Para não dar respostas abstratas relembro o que aconteceu comigo. Dei por mim, há dias com um rapaz internado em pediatria, com várias doenças muito graves, revoltado com o Deus que aos maus parece 

 

facilitar a vida, e ele, com 18 anos não conhece o que é ter saúde. Eu, calado, mão na mão, dei por mim a chorar com ele.

Não significa que o padre está aqui para chorar. Mas catecismos e frases feitas caem por terra quando nos é tirado o tapete; caem quando é verdade o que alguém sente por Deus não estar.

Não vale a pena contra-argumentar, fazer catequese. Nessa altura quando mais humanizarmos mais evangelizamos. Chorar com os que choram também é evangélico.

 

AE - Como é que o padre cultiva a esperança para a dar aos outros?

APM - Se isso for entendido como uma arte, é algo que se aprende fazendo. Um colega quando soube que eu ficaria a trabalhar num Hospital disse-me «isso deve ser muito duro» - como se houvesse vidas moles. «Isso deve ser preciso rezar muito». Se eu acho que o evangelista Mateus (capitulo 24, ndr) tem razão quando nos diz que «quando estive doente foi a mim que visitaste», se eu esqueço isso, é claro que vou precisar de 

 

 

muita oração. Se eu esqueço que a oração se dá no encontro com Deus e, esse encontro se dá com a pessoa que está na horizontal, fragilizada, que quer a minha presença e não quer que eu diga nada, e se eu não entendo isso como oração e como encontro com Deus, se calhar “estou a jogar no campeonato ao lado”.

A oração é fundamental, o tempo pessoal de gestão dos 

 

sentimentos e histórias, muitas delas duras, acredito que seja importante – e para mim tem sido – mas se não nos lembrarmos que vamos visitar Deus e, por isso, se o vamos visitar não precisamos de ter Deus na boca a toda a hora porque não vamos falar de Deus a Deus, mas sim escutá-lo - se não me lembrar disto - perco o que é o trabalho de uma Capelania, de um padre.

 

 

 

AE - Uma das leituras, que marca o Advento, relata a Anunciação, pelo Anjo Gabriel, a que Maria responde «Faça-se em mim segundo a tua palavra». Isso é possível no Hospital?

APM - Já vi doentes a morrer, a sorrir e a dizerem isso. Há processos dolorosos que permitem chegar à conclusão «aconteça», «eu entrego». A verdadeira paz acontece quando, sendo frágil, aposto a minha vida desta forma e sei que vou chegar ao fim, morrendo em paz.

Pode parecer chocante mas não somos educados para pensar assim. Pelo contrário. Aprendemos muita coisa que sem precisamos – aprendo a cozinhar porque nunca se sabe, a conduzir porque pode dar jeito. Apostamos o conhecimento em eventualidades e não somos educados para a única certeza que temos – vamos morrer. A morte chega como uma inevitabilidade.

Se eu puder lidar com essa certeza, vivendo até ao fim, e sabendo que a vida, tendo um fim tem uma finalidade, a vontade seria viver até ao fim, com sentido. Então, sim, «faça-se a tua vontade», «eu ofereço a minha vida, até ao fim».

 

 
AE - A esperança está nesse aceitar, no «faça-se a tua vontade»?

APM - Julgo que sim. Esperança é um conceito complicado de articular a vida inteira e, talvez no Hospital, mais ainda.

Relembro a história da Pandora, que tinha a caixa de onde tudo saiu e a ela, à pressa, fecha o jarro onde guardava o alimento, a bios, e fica a ‘elpis’, a esperança. Por isso dizemos que a «esperança é a última a morrer» e «enquanto houver vida há esperança».

O que percebemos é que a esperança acaba por ser alimento, alimentamo-nos de esperança e também é o que resta, o que fica no jarro.

Nós, cristãos, não estamos habituados a falar de esperança e não revemos o conceito. A esperança pode ser o que eu coloco no centro. O Hospital é uma boa escola porque, no sofrimento - que era bom que não existisse mas de onde podemos tirar lições – repensamos o que está no centro da minha vida, para onde e para que é que corro.

A esperança cristã, eu não consigo perceber isso nos Evangelhos, não é um rebuçado dado aos mais bem comportados no final, 

 

 

não é uma recompensa – até porque parece que Jesus dá os melhores rebuçados aos piores.

A esperança cristã será a antecipação do que eu espero. Se o que eu espero é o encontro pleno com Deus, a esperança 

 

cristã vai ser a antecipação desse encontro, nos irmãos, na relação.

Por isso o Hospital é e será um lugar de esperança na medida em que eu perceber o que coloco no centro da minha vida.

 

 

 

 

AE - A esperança está no aceitar, no «faça-se a tua vontade»?

APM - Julgo que sim. Esperança é um conceito complicado de articular a vida inteira e, talvez no Hospital, mais ainda. Relembro a história da Pandora, que tinha a caixa de onde tudo saiu e a ela, à pressa, fecha o jarro onde guardava o alimento, a bios, e fica a elpis, a esperança. Por isso dizemos que a «esperança é a última a morrer» e «enquanto 

 

 

houver vida há esperança».

O que percebemos é que a esperança acaba por ser alimento, alimentamo-nos de esperança e também é o que resta, o que fica no jarro.

Nós, cristãos, não estamos habituados a falar de esperança e não revemos o conceito. A esperança pode ser o que eu coloco no centro. O Hospital é uma boa escola porque, no sofrimento - que era bom que não 

 

 

 

 

 

existisse mas de onde podemos tirar lições – repensamos o que está no centro da minha vida, para onde e para que é que corro. A esperança cristã, eu não consigo perceber isso nos Evangelhos, não é um rebuçado dado aos mais bem comportados no final, não é uma recompensa – até porque parece que Jesus dá os melhores rebuçados aos piores.

A esperança cristã será a antecipação do que eu espero. Se o que eu espero é o encontro pleno com Deus, a esperança cristã vai ser a antecipação desse encontro, nos irmãos, na relação.

Por isso o Hospital é e será um lugar de esperança na medida em que eu perceber o que coloco no centro da minha vida.

 

AE - O Evangelho do I domingo do Advento, de São Mateus, dizia «Vigiai porque não sabeis em que dia virá o Senhor». A vinda do Senhor pode ser a vinda de Sexta-Feira Santa, ou de uma Páscoa.

APM - Vigiai porque a vida é uma surpresa, abri os olhos porque se fechamos os olhos, ou os óculos 

 

 

estão sujos, não percebemos metade da beleza que a vida pode ter. Sextas-feiras Santas, em percentagem é o que mais há; momento de sofrimento e de morte, o Hospital conhece bem. 

Mas também diria que, apesar das histórias fantásticas de diagnósticos que afinal mostram estar errados porque afinal há, inexplicavelmente, uma cura, mais do que pensar em efeitos especiais ou milagres, o mistério pascal é um mistério de sentido.

É possível e eu sei, com casos concretos de rostos e nomes, e daqui para a frente sei que vai continuar a ser assim – esses momentos pascais acabam por ser, em momentos de paixão, de dor e de morte, um encontrar de sentido.

Inevitavelmente a fragilidade tem a sentença final. Mas eu não quero entendê-la como sentença, antes como sentido até ao fim e como busca de sentido.

A surpresa de Deus, a Páscoa, relaciona-se com encontrar sentido e com o «valeu a pena viver até ao último instante».

 

 

Inspirados na esperança

Toda a história bíblica é atravessada pela esperança, entre promessa e realização. Como início evocamos Abraão, cuja longa caminhada de fé é sintetizada por Paulo nestas palavras: “contra toda a esperança e na esperança, Abraão acreditou” (Rm 4,18). Da história fazemos parte todos nós que, iluminados pela vinda de Jesus Cristo, “esperamos, de acordo com a promessa, novos céus e nova terra, onde habita a justiça” (2Pe 3,13), reevocando as promessas de Deus, pela boca de Isaías (cf. Is 65,17; 66,22). Estas palavras tomam, hoje, novo significado, não apenas pelo tempo de advento que vivemos, mas também pela situação de crise financeira que hoje se vive e que, recentemente o Papa Francisco quis definir como baseada antes de mais sobre uma “crise antropológica profunda” (EG 55), apontando, porém, para este mundo renovado, pelo qual todos os 

 

cristãos têm de se empenhar, quais cooperadores de Deus nesta nova criação que esperamos:“Todos os cristãos, incluindo os Pastores, são chamados a preocupar-se com a construção dum mundo melhor” (EG 183).

É importante, contudo, não perder de mira o fundamento da esperança que é Jesus Cristo. Já dissemos que Ele é a realização da promessa; assim o viu o Evangelho de Mateus ao apontar para a realização da Escritura, retomando o Servo do Senhor, exatamente na base da esperança, não já apenas do Povo de Israel, mas de todos os povos: “No seu nome esperarão todos os povos” (Mt 12,17-21; cf. Is 42,1-4).

Quando nos perguntarmos sobre o porquê de esperar, podem surgir muitas respostas. Penso no entanto que estaremos de acordo com uma que vem dos Salmos: esperamos porque desejamos a felicidade. Esta é, de facto, uma das metas antropológicas 

 

 

 

 

 

 

 

que nos impomos. Ora, no contexto bíblico, a felicidade não se pode desligar da esperança fundada em Deus e na sua Palavra. O orante de Israel é proclamado feliz por ter “o seu auxílio no Deus de Jacob”, por ter “esperança no Senhor, seu Deus” (Sl 146,5).

Inerente a um processo de esperança é a natureza das coisas que se esperam. E nem a isso a Bíblia é alheia. Paulo reconhece, de facto, que faz sentido esperar porque se espera o que não se vê; caso contrário não teria sentido a esperança (cf. Rm 8,24). Consequentemente, porque não se vê o que se espera, facilmente se cai na desilusão. Essa é a noção dos discípulos de Emaús, no início do caminho com Jesus; falam da esperança no passado: “esperávamos”. Hoje, como 

 

a eles, Jesus pede-nos a inteligência e o espírito de fé na Palavra dos Profetas, na sua Palavra, mostra-se uma vez mais como Aquele que realiza a promessa (cf. Lc 24,13-35).

Todo este processo se faz de caminho paciente, de integração pessoal e comunitária daquilo que se acredita e daquilo que se espera, de modo que se possa responder, hoje mais que nunca, ao pedido de Pedro: “confessai Cristo como Senhor, sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la peça” (1Pe 3,15). Também aqui o Papa Francisco ensaiou uma resposta: a Palavra de Deus, sine glossa (cf. EG 271).

 

Padre Ricardo Freire,

biblista

 

 

 

Pensar para Agir e Recriar 

O tempo que vivemos, este nosso tempo, desafia toda a pessoa a “arregaçar as mangas” e a dar uma direção à sua existência. Num contexto de imprevisibilidade e de insegurança, há que, com lucidez e coragem, tomar a iniciativa e apostar naquilo que consideramos essencial. 

Analisando a biografia de muitos empreendedores, encontramos alguns traços que poderão inspirar a abertura a novas oportunidades e ao despertar da esperança. Segue uma lista de competências específicas de quem se distingue por pensar com lucidez e de agir com coragem para realizar os seus sonhos e de contribuir para o desenvolvimento da sociedade.

 

1. Visão: refere-se ao facto de os empreendedores viverem tão focalizados e dominados por uma ideia, sonho, projeto, negócio ou objetivo, que conseguem identificar a oportunidade única para realizar aquilo que acrescenta valor a eles próprios e à sociedade.

 

 
2. Decisão: prende-se com o facto de os inovadores saberem tomar decisões acertadas com rapidez e segurança, apesar das adversidades, erros e oposições, distinguindo-se dos demais pela sua capacidade de implementar ações coerentes com as suas visões, ao ponto de se dedicarem, por exemplo, aos seus projetos, exaustivamente, mas com prazer.
 

3. Conhecimento especializado: tem a ver com o facto de os criadores serem curiosos, atentos, perspicazes, astutos, sedentos de conhecimentos e aprenderem continuamente, tanto através das suas experiências quotidianas e das informações fornecidas por quem tem empreendimentos semelhantes aos seus, como através de formações e publicações especializadas.

 

4. Relacionamento social: alude ao facto de os empreendedores se distinguirem dos demais pela sua capacidade de estabelecer relações interpessoais, as quais deverão progressivamente constituir o seu capital social 

 

 

 

 

(clientes, fornecedores, consultores, pessoas influentes no ramo específico), elementos cruciais na consolidação dos seus projetos.

 

5. Liderança: refere-se ao facto de os inovadores liderarem naturalmente com autoridade, uma vez que aliam ao seu poder de influência pela argumentação o da persuasão pela valorização que fazem dos seus colaboradores. 

 

Assim sendo, atraem profissionais competentes e dedicados, sendo inclusivamente assessorados por especialistas nas áreas que não dominam, e formam equipas vencedoras, eficazes e comprometidas.

 

6. Planificação: indica o facto de, tendo em mente um foco preciso e permanente, planificarem sistematicamente cada momento, dia, semana, mês, ano; e, além disso, organizarem e distribuírem

 

 

 

eficazmente todos os recursos humanos, financeiros, tecnológicos e materiais necessários de que dispõem para a consecução dos objetivos a curto, médio e longo prazo.

 

7. Criatividade: aponta para o facto de, quando dominados por uma ideia, percorrerem as etapas sucessivas do seu plano respondendo a questões 

 

 

 

pragmáticas, tais como: como fazer acontecer? Como resolver?Como melhorar? Como inovar? Como diferenciar? 

 

8. Assunção de riscos: refere-se ao facto de os empreendedores serem dotados de um instinto natural para assumir riscos calculados, possivelmente porque já passaram anteriormente pela experiência da perda, devido 

 

 

 

 

a cálculos mal feitos, por exemplo, o que lhes permitiu desenvolver a capacidade para possuir intuições convenientes ao seu tipo de negócio.

 

9. Determinação: prende-se com o facto de os criadores se envolverem totalmente nos seus objetivos principais, os quais mobilizam todos os seus pensamentos, emoções e comportamentos.

 

 

 

10. Diferenciação: consubstancia o facto de os empreendedores se distinguirem dos demais pelo seu modo de ser único, ao ponto de haver sempre alguma caraterística idiossincrática que os diferencie dos outros indivíduos, em geral, e dos outros empreendedores, em particular.

Existem motivos mais do que suficientes para pensarmos e agirmos deixando-nos inspirar por aqueles que têm coragem de inovar. É hora de recriar.

Jacinto Jardim,

professor universitário

 

 

Fé e literatura:
três ensaios sobre a esperança

Se, como dizia Simone de Beauvoir, em todas as lágrimas há uma esperança, é porque esta virtude, quase sempre escondida, brilha sobretudo nos momentos críticos da condição humana. Os primeiros cristãos definiam-na como uma âncora na margem do Além, e nós não podemos fugir a este sentido transcendente, a que chamamos esperança cristã.

Tarefa apaixonante é procurar, na grande literatura, os sentidos que são dados à esperança ou ao desespero, a forma que os escritores lhes dão, enquanto medidores da respiração da humanidade ao longo do tempo. Tomemos como exemplo três autores de três épocas diferentes: Dostoiévski, Kafka e Hemingway. E, deles, três pequenas obras que, por isso mesmo, têm uma densidade poderosa: O Grande Inquisidor, que compõe um capítulo de «Os Irmãos Karamázov», A Metamorfose e O Velho e o Mar.

Em O Grande Inquisidor, há uma bipolaridade de personagens: o inquisidor e Jesus, a palavra 

 

e o silêncio, a razão e a alma, o poder dos argumentos e a fragilidade do Amor. O desespero da razão (Dostoiévski é um dos tradutores da crise da razão) embate contra o silêncio de Jesus, num estranho jogo de alteridade, onde as acusações do inquisidor mais parecem ser pedidos de socorro. É no desespero de si mesmo que se encontra, residual, a esperança no Outro.

N’A Metamorfose, o jogo é entre o interior de Gregor Samsa e o seu exterior, inexoravelmente separados pela carcaça de um inseto. Numa das mais angustiantes narrativas da humanidade, assistimos à tragédia da solidão do homem preso na sua incomunicabilidade. Há, no entanto, uma esperança que nasce precisamente da angústia: que o Outro, o não-Eu me salve, apesar de tal nunca acontecer. Há sempre, em Kafka, uma eternização da espera.

Talvez mais terrível, porque menos trágico, é o inexorável destino do Velho de Hemingway. O que 

 

 

 

 

 

 

mais parece um conto de poucos dias de aventura transmuta-se, pela arte do escritor americano, numa metáfora da Geração Perdida, no retrato de uma civilização crepuscular, onde as grandes conquistas não passam de ilusões e a partida não é mais que um regresso ao ponto de onde se partiu. E o velho regressa exatamente ao mesmo lugar, à mesma solidão, ao mesmo passado, numa espécie de 

 

aceitação do destino, sem dor nem esperança.

Sentir a respiração de obras como estas coloca-nos de caras com o homem diante da sua condição. E, sobretudo, coloca-nos o desafio de encontrar em Jesus, e na Sua mensagem, uma resposta de plenitude e de sentido às esperanças de cada homem e mulher do nosso tempo.

 

Júlio Rocha

    

Hemingway                            Dostoiévski                        kafka

 

 

 

 

 

Confiança e valorização da vida

O padre Vasco Pinto Magalhães afirmou que é necessário encontrar os “fundamentos” da vida para “a valorizar”.

“A ideia não é só trazer um ventinho fresco mas realmente que as pessoas encontrem fundamentos na sua própria vida para a valorizar”, explicou o religioso da Província Portuguesa da Companhia de Jesus (jesuítas).

Em declarações à agência ECCLESIA, o padre Vasco Pinto Magalhães comentou a 10ª sessão de estudos de espiritualidade inaciana, que analisou o tema “Entre medos e confiança, reacreditar na vida”.

“Considero que ninguém encontra um caminho se não apostar” e caso não exista a capacidade de “reacreditar”, acontece uma “corrente de descrença”, assinalou.

O padre José Frazão, também jesuíta, apresentou o tema “Reacreditar na vida e a fé”, na manhã de sábado, e considerou que “reacreditar na vida entre medos e confianças é também reorientar a atenção para aquilo que possa ser elementar”.

Para o sacerdote, os mistérios 

 

da fé e a vida elementar de todos os dias não parecem articular-se uma vez que parecem “dois campos que deixaram de falar um ao outro”: “A fé não sabe como falar à vida e a vida não sabe muito bem o que há de fazer com a proposta da fé. E podemos correr o risco que os campos não se toquem”.

“Às vezes temos a nossa vida e depois ao lado uma espécie de ‘sidecars’. A fé às vezes também é uma coisa que anda assim, ao lado, em vez de ser o interior e o todo da vida”, prosseguiu o padre Vasco Pinto Magalhães.

O sacerdote explicou que estes encontros surgiram do trabalho de um grupo específico - Reflexão Teológica e Pastoral Inaciana – que está encarregado de dinamizar a teologia e a espiritualidade, onde também estão inseridos leigos. “Passamos por várias fases, algumas muito intelectualizadas no princípio, de estudo profundo dos exercícios espirituais de Santo Inácio, e ultimamente temos vindo a aterrar em temas concretos, mas com esses óculos”, assinalou.

 

 

 

 

 

 

 

 

“Ninguém encontra um caminho se não apostar, se não arriscar, se não reacreditar. Dá a ideia, passa assim uma corrente de descrença – não digo tanto religiosa, no homem, nas instituições, na política, na escola, na juventude, nos velhos.

Num mundo tantas vezes triste, superpreocupado mas que quase não faz nada, porque tudo parece levar a lado nenhum, um bocado gasto – apesar desta renovação com o Papa Francisco -, a ideia é as pessoas encontrarem fundamentos, na sua própria vida, para valorizar a vida”.

 

Padre Vasco Pinto Magalhães

 

 

 

Testemunho e ação dos cristãos
na sociedade portuguesa

António Matos Ferreira, diretor do Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR), e Manuel Braga da Cruz, antigo reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), destacaram à Agência ECCLESIA a importância do testemunho e ação dos cristãos na sociedade portuguesa.

Na sociedade atual o papel e a ação das comunidades cristãs “pode ser sempre múltiplo” começando pelo simples “acolher as pessoas”, considera António Matos Ferreira, para quem é “importante” a forma como as pessoas “vivem e concretizam” o que a “Igreja fala e diz abstratamente”.

“Enquanto a Igreja for um meio, um sinal, uma mediação dessa realização das pessoas eu acho que tem todo o papel e pertinência”, desenvolve o diretor do CEHR que destaca as alterações de um espaço público diferente de há 30 ou 20 anos e que “revela fragilidades”.

“Na realidade politica mas também eclesial, da vida daquelas pessoas que se 

 

valorizam e se reconhecem como crentes e nomeadamente como católicos. Porque as próprias pessoas procuram novas formas de estarem presentes nesse espaço”, acrescenta.

Segundo Manuel Braga da Cruz, a Igreja tem um papel muito importante a desempenhar em momentos de crise como o atual, que são “momentos de incerteza, de dúvida, de angústia” porque “anuncia algo que não é dúbio, que não é incerto, algo que não é dramático mas é pacificador, tranquilizante e que dá ânimo às pessoas para enfrentar as dificuldades que estão a viver”.

O antigo reitor da UCP destaca três níveis de contributos da Igreja na sociedade portuguesa: O social “sobretudo em ações de solidariedade que são relevantíssimas”; “uma presença muito importante no mundo cultural” para as pessoas “verem” que os momentos de crise “podem ser momentos de renascimento, de reconversão” e a nível politico a Igreja “tem chamado a atenção para a necessidade de

 

 

 

 

 

 

atender para os mais carenciados”.

Segundo Alexandre Sá, professor auxiliar na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, o papel da Igreja Católica na sociedade foi sempre “desde logo social”, cuja importância torna-se “fundamental em períodos” como o atual. 

 

“A Igreja tem desde logo a missão de fazer com que cada crente, e testemunhar junto dos não crentes, que vejamos a própria vida de outro modo e dizer isso não é dizer alguma coisa vaga e indiferente”, acrescenta.

 

 

Sacrosanctum Concilium
foi aprovada há 50 anos

A constituição do Concílio Vaticano II sobre a Liturgia, ‘Sacrosanctum Concilium’, foi “profundamente inovadora”, disse à Agência ECCLESIA o padre Luís Manuel Silva, professor na Faculdade de Teologia na Universidade Católica. “Esta constituição é profundamente inovadora na história da Igreja, porque é o Concílio Vaticano II o primeiro do qual sai explicitamente um documento cujo tema, do princípio ao fim, é a Liturgia”, assinala o especialista, a respeito do documento aprovada há 50 anos, no dia 4 de dezembro.

Segundo o pároco da Sé de Lisboa, o decreto continha em si “todas as grandes ideias, as grandes sementes” dos trabalhos conciliares, que se prolongariam até 1965, sob a presidência de Paulo VI.

A constituição em causa, uma das quatro aprovadas no Vaticano II, apresenta “diretivas claras para a renovação da Liturgia do Rito Romano, principalmente”. 

 

“Temos de considerar que estes 50 anos foram de atualização desse desejo, dessa diretiva expressa pelos padres conciliares”, explica.

O sacerdote destaca, no documento, a recuperação da “centralidade do Mistério Pascal” e a libertação de conceções ligadas apenas ao “cerimonial, ao rubricismo, a uma visão jurídica pura e simples”.

A reforma das estruturas das celebrações e dos livros litúrgicos obedeceu a estas indicações, com destaque para “o desejo da participação ativa da assembleia” que se reúne para celebrar. “A primeira realidade de qualquer ação litúrgica é uma assembleia reunida”, recorda o docente da UCP. O especialista sublinha que o último meio século foi de “grande transformação” na Liturgia Romana, que “desde sempre se pautou pela sobriedade, pela nobreza”.

Entre as mudanças mais visíveis estão a posição de quem 

 

 

 

 

 

 

preside à Missa, “virado para o povo”, e a possibilidade de celebração nas línguas vernáculas. “Não é uma novidade no sentido de ter sido o Concílio a trazer isso, a Igreja já conheceu essa forma celebrativa, mas de facto acentuou-se muito”, acrescenta.

 
O padre Luís Manuel Silva refere ainda que “nunca esteve proibida a celebração em Latim”, frisando que é natural celebrar na “língua que as pessoas usam” para promover “uma participação ativa e consciente”.

 

 

Papa cria comissão
para proteção de menores

O Papa decidiu instituir uma “comissão para a proteção das crianças”, que vai coordenar o combate e prevenção de abusos sexuais na Igreja Católica, anunciou hoje o Vaticano. A medida é uma das conclusões da segunda reunião de Francisco com o conselho de oito cardeais dos cinco continentes que se iniciou na terça-feira e se concluiu esta tarde.

A decisão foi comunicada, em conferência de imprensa, pelo cardeal Seán Patrick O'Malley, arcebispo de Boston (Estados Unidos da América), um dos membros do conselho consultivo, o qual adiantou que esta nova comissão tem como missão aconselhar o Papa "a respeito do compromisso da Santa Sé na proteção das crianças" e na “atenção pastoral às vítimas de abusos”.

Em concreto, a comissão vai analisar o “estado atual” dos programas para a proteção dos menores, formular sugestões para "novas iniciativas" por parte da

 

Cúria Romana e propor "nomes" de especialistas em diversas áreas para uma aplicação “sistemática” da nova iniciativa, em colaboração com as conferências episcopais e institutos religiosos.

“A composição e as competências da comissão serão indicadas proximamente com maior detalhe pelo Santo Padre, com um documento apropriado”, acrescentou o cardeal norte-americano.

D. Seán Patrick O'Malley declarou que esta decisão vem “na linha” da ação iniciada pelo Papa Bento XVI. Segundo o responsável, a nova comissão vai ajudar em questões como “linhas de orientação para a proteção das crianças, programas de formação, protocolos para um ambiente seguro, cooperação com as autoridades civis, pastoral de apoio às vítimas e familiares, colaboração com peritos”, entre outras.

O arcebispo de Boston frisou que a competência nas investigações a eventuais casos de abusos sexuais continua a ser 

 

 

 

 

 

dos bispos e superiores religiosos, em ligação com a Congregação para a Doutrina da Fé.

O diretor da sala de imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, adiantou por sua vez que o conselho de cardeais concluirá a sua primeira análise às várias congregações da Cúria Romana. "Começamos a fazer algumas recomendações, mas o nosso trabalho está apenas no começo",

 
precisou o cardeal O'Malley, a este respeito.
A próxima reunião vai decorrer entre 17 e 18 de fevereiro do próximo ano, precedendo o consistório do Colégio Cardinalício, nos dias 20 e 21 do mesmo mês, e o consistório para a criação de novos cardeais, a 22, festa litúrgica da Cátedra de São Pedro. Nos dias 24 e 25 de fevereiro de 2014 vai decorrer uma reunião da Secretaria do Sínodo dos Bispos.
 
 

 

Papa reza por religiosas sequestradas

O Papa Francisco apelou à libertação de cinco religiosas sequestradas esta segunda-feira na Síria, na localidade cristã de Maaloula, próxima da capital Damasco. “Desejo convidar todos a rezar pelas monjas do mosteiro greco-ortodoxo de Santa Tecla, em Malula, Síria, que há dois dias foram levadas à força por homens armados”, disse, no final da audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro.

Francisco pediu que todos continuem a “rezar e a atuar juntos pela paz” na Síria, evocando ainda “todas as pessoas sequestradas por causa do conflito em curso”. “Rezemos por estas monjas, estas irmãs”, acrescentou.

D. Antoine Audo, bispo de Alepo e presidente da Cáritas Síria, disse à Rádio Vaticano que as religiosas sequestradas, a superiora e quatro irmãs, foram levadas para Yabroud, uma cidade próxima, mas que ainda não há notícias delas.

O prelado destacou que Maaloula é “um símbolo muito importante, não só para os cristãos mas também para os muçulmanos

 

 

da Síria e do Médio Oriente, porque sabem que ali se fala ainda hoje a língua de Cristo, um dialeto aramaico”.

D. Antoine Audo fala num ataque sem precedentes a um “lugar sagrado” do Cristianismo e deixa votos de que as religiosas possam “ser libertadas quanto antes”.

Rebeldes sírios, incluindo 'jihadistas' da Frente al Nosra, assumiram o controlo total de Maaloula esta segunda-feira, após cinco dias de combates, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

 

 

 

Cáritas lança campanha
global contra a fome

A confederação internacional da Cáritas vai lançar na próxima terça-feira, Dia Internacional dos Direitos Humanos, uma campanha internacional contra a fome, intitulada ‘Uma só família humana, alimento para todos’. A Cáritas Portuguesa associa-se a esta iniciativa e vai apresentar a campanha aos jornalistas, no mesmo dia 10 de zembro, pelas 09h00, na Centro Cultural Franciscano, em Lisboa.

A iniciativa promovida pela ‘Caritas Internationalis’ conta com o apoio da Conferência Episcopal Portuguesa e tem como objetivo “alertar os governos, as Nações Unidas e todos os cidadãos para o Direito à Alimentação”.

A campanha apela à erradicação da fome no mundo até ao ano de 2025 e vai começar com uma “onda de oração”, desde a ilha de Samoa, que irá percorrer o mundo inteiro envolvendo à mesma hora “todas as organizações Cáritas e muitas outras pessoas, em todos os continentes”.

 

 

 

O presidente da ‘Caritas Internationalis’, cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga, afirma numa mensagem que “há comida suficiente para alimentar o planeta” e que é possível “acabar a fome até 2025” com a ajuda da sociedade civil, dos governos e das Nações Unidas.

O Papa Francisco também se vai associar à iniciativa com uma mensagem que será divulgada no dia do lançamento da campanha, em Roma, numa conferência de imprensa com a presença do secretário-geral da Cáritas Internacional, Michel Roy.

 

 

O som ao redor 

Num bairro da zona do Recife, Brasil, as ruas são dominadas pela família de seu Francisco que, em estilo mafioso, oferece segurança e proteção à vizinhança recebendo em troca toda a liberdade para desenvolver os seus próprios negócios ilícitos. A chegada de uma empresa de segurança  privada ao bairro vem naturalmente ameaçar este sistema: enquanto os vizinhos subjugados aderem prontamente aos serviços da empresa oferecidos pelos afoitos vigilantes de serviço, seu Francisco prepara cautelosamente a forma de manter domínio sobre o bairro.

Inicia-se assim uma guerra 

 

 

dura, aparentemente silenciosa, entre o direito e a lei do mais forte num bairro de classe média onde pulsam tensões e contrastes. No meio desta guerra, desdobram-se personagens que os vigilantes, divulgando os seus serviços, nos vão descobrindo de dentro para fora das casas que visitam.

As primeiras imagens de ‘O Som ao Redor’, uma composição a preto e branco evocando tempos de escravatura e senzalas em grandes fazendas, evidenciam a preposição do realizador brasileiro Kleber Mendonça Filho ao estabelecer  uma relação histórica entre as expressões passada e presente de 

 

 

 

exploração humana. Testando, assim, o seu conceito.

Crónica de uma atualidade brasileira denunciando o enorme desequilíbrio social num país em crescimento económico, feito de desigualdades e injustiça, habituámo-nos a acompanhá-la no registo cinematográfico enérgico, vibrante e ruidoso de ‘Cidade de Deus’ (Fernando Meirelles), ‘Cidade dos Homens’ (Paulo Morelli) ou, mais recentemente, em ‘Tropa de Elite’ (José Padilha).

Aqui, no entanto, há um ritmo e uma gramática totalmente diferentes, apostados numa inteligente fluidez narrativa que o realizador, constituído como mero mas atento observador, desenrola aos nossos olhos e pensamento. Fluidez narrativa e boa gestão de contrastes entre o anúncio de 

 

uma paz aparente nas ruas e a denúncia de tensões ocultas crescentes, aos poucos sugeridas. Progressivamente, sob um hábil uso do som e do silêncio, bem como da câmara, espaço público e privado entrarão em conflito, um invadindo o outro, e a narrativa adensa-se, gritando, sem qualquer ruído, a complexidade das relações, desigualdades sociais, o aprisionamento, a solidão e o desejo, para alguns, de os vencer.

‘O Som ao Redor’, que se apresentou pela primeira vez em Portugal na última edição do Indielisboa e estreia agora no circuito comercial, tem merecido o aplauso da crítica um pouco por todo o mundo, além de inúmeros prémios nos festivais internacionais de cinema por onde tem passado: Gramado, Rio de Janeiro,  Roterdão e São Paulo.

Margarida Ataíde

 

 

Paulus editora online

http://www.paulus.pt/

 

Na passada terça-feira, dia 26 de novembro, a Igreja celebrou a festa do Beato Tiago Alberione, fundador, entre outras congregações, dos Paulistas. Nesse mesmo dia a editora Paulus lançava a sua mais recente versão do seu sítio online. A Paulus é uma “editora multimédia ao serviço do Evangelho e da cultura cristã, utilizando os meios mais modernos, as técnicas mais eficazes e uma organização que permita investir em novos projetos, procurando a promoção integral do homem atual”. Ao mesmo tempo “procura também promover a vida em todas as suas formas”, e ainda divulgar e promover a formação bíblica.

Ao digitarmos o endereço www.paulus.pt entramos num espaço graficamente muito bem desenhado e com uma quantidade e qualidade de conteúdos simplesmente magníficos. Logo na página inicial temos os habituais destaques, as ultimas notícias, os mais recentes lançamentos, os próximos 

 

eventos, o livro da semana, alguns conteúdos multimédia e ainda ligações para as principais redes sociais.

Na opção “Paulus editora”, podemos conhecer um pouco melhor a história desta editora em território nacional, perceber a linha editorial que a norteia e ainda aceder aos catálogos comerciais em formato digital.

Uma das principais áreas encontra-se disponível em “loja virtual”, pois esta “continua a ser uma grande aposta e agora com uma nova experiência de compra bastante simplificada”. Com um excelente e diversificado catálogo, temos uma enormidade de conteúdos disponíveis, agrupados pelas mais diversas áreas (Bíblia Sagrada, livros, promoções, DVD, revistas, CD, coleções, e-books). Referimos ainda que constantemente estão presentes promoções, ofertas e excelentes descontos.

Passamos agora para os projetos que esta editora é responsável. O primeiro é a “Revista Cristã”, onde “há praticamente 60 anos que procura informar e formar, todos os meses, as famílias, através 

 

 

 

 

de uma informação honesta e correta, abordando temas atuais, numa perspetiva cristã”. Depois a “liturgia diária” que “é uma revista prática para a participação e animação da Eucaristia de todos os dias do mês”. De seguida o “Youcat”, onde a novidade se designa “Minuto Youcat”, pois “todas as semanas uma pergunta do Youcat dá origem a um vídeo que será publicado neste espaço”. A finalizar os projetos, o

 

 “Caminho de Emaús” que é um programa de rádio que pode ser ouvido online.

De facto a sugestão desta semana parece-nos de todo muito relevante e merecedora de uma visita constante. Podemos facilmente acompanhar esta editora que nasceu com o objetivo de “viver e dar ao mundo Jesus Mestre, caminho, verdade e vida”.

 

Fernando Cassola Marques

 

 

A Lista de Bergoglio
mostra coragem do atual Papa

Nello Scavo, autor do livro “A Lista de Bergoglio”, disse que Francisco é um Papa “muito forte”, está a criar “muitos inimigos” e não foi cúmplice com a ditadura na Argentina “Ele está a criar muitos inimigos porque tem a coragem, por exemplo, de denunciar a alta finança, os grandes bancos, o poder político que não se ocupa dos pobres nem dos últimos”, referiu o jornalista italiano em entrevista à Agência ECCLESIA.

Para Nello Scavo, Francisco é um “Papa muito forte” que está “a mudar a forma de viver até dentro da própria Igreja, a forma como de fora se encara a Igreja” e a conquistar “o carinho e a amizade de tanta gente, crentes e não crentes”.

Após a eleição de Jorge Bergoglio, Scavo começou a investigar acusações “muito estranhas” de cumplicidade do cardeal de Buenos Aires com a ditadura, nos anos 80 e 90, desmentidas por alguns testemunhos de pessoas que diziam “ter sido ajudadas ou protegidas por Bergoglio. “Faço 

 

 

jornalismo na área da investigação criminal e de guerra e instintivamente comecei a investigar a consistência destas acusações que eu considerava muito graves”, referiu Nello Scavo sobre notícias que inicialmente publicou no jornal italiano onde trabalha “Avennire”.

O jornalista recorda algumas provas “estranhas” contra o cardeal argentino, como uma fotografia que o mostrava em 1994 “a dar a comunhão ao general Videla, onze anos depois da queda da ditadura”. “Aquela fotografia estava manipulada para que não se percebesse quem era o sacerdote. Eu encontrei o original daquela fotografia e percebe-se claramente que não se trata de Bergoglio mas de um sacerdote argentino de idade muito avançada”, constatou Nello Scavo.

“Eu pude verificar com documentos e testemunhos precisos a veracidade destes factos, chegando à conclusão de que Bergoglio, bem como os jesuítas argentinos, com a colaboração de

 

 

 

jesuítas brasileiros, desenvolveram toda uma atividade de proteção de dissidentes e pessoas perseguidas pela ditadura”, refere o autor do livro “A Lista de Bergoglio”. “Uma atividade extraordinária que o fez correr um risco muito elevado mas que permitiu salvar muitas pessoas”, refere Scavo.

Após a recolha de testemunhos para publicação do livro, editado 

 

em Portugal pela Paulinas Editora, o jornalista italiano refere que Jorge Mario Bergoglio é verdadeiramente um “pastor da Igreja que não teme pôr em risco a sua reputação, a sua vida, para que possa salvar, nem que seja apenas uma ovelha do seu rebanho”. “É isto que podemos verificar na coragem que ele está a demonstrar no seu pontificado”, referiu.

 

 

Inter Mirifica faz 50 anos

 

O Papa assinalou na rede social Twitter os 50 anos do decreto do Concílio Vaticano II sobre a Comunicação Social, ‘Inter Mirifica’ (De entre as maravilhosas invenções...). "Há 50 anos, o Vaticano II falou de comunicação. Escutemos, dialoguemos e levemos a Cristo todos os que encontramos na vida", escreveu Francisco, na conta '@pontifex'.

A data foi também assinalada com o lançamento de uma página especial dedicada ao documento. “O dia 4 de dezembro de 1963 marca uma etapa fundamental no diálogo entre a Igreja e os media”, destaca o texto de apresentação do portal multimédia lançado pelo Conselho Pontifício das Comunicações Sociais (Santa Sé).

A iniciativa visa “celebrar o aniversário desta ‘Carta Magna das Comunicações’, marco histórico nas relações entre a Igreja e o mundo da comunicação”. O portal www.intermirifica50.va apresenta entrevistas, artigos e vídeos sobre o aniversário do ‘Inter Mirifica’, incluindo imagens conservadas na Filmoteca do Vaticano relativas à votação do dia 4 de dezembro de 1963, “em que se escreveu uma página da história da Igreja”.

O Conselho Pontifício destaca que com este documento se introduz o conceito de “Comunicação Social” e reconhece a importância desta para a ação da Igreja Católica.

O decreto determinou a celebração anual, no domingo depois da solenidade litúrgica da Ascensão, do Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se repete desde 1967, com uma 

 

 

 

 

mensagem escrita pelo Papa. “A Comunicação Social começou a fazer parte oficialmente do programa da Igreja Católica”, destaca o portal comemorativo do Vaticano.

A última aprovação dos padres conciliares levou apenas 12 minutos, com 1960 votos favoráveis e 164 contrários.

A votação anterior, a 25 de novembro de 1963, registou, no entanto, aquele que viria a ser o maior número de votos negativos para um documento conciliar: 503 contra 1598 votos favoráveis e 11 abstenções.

Manuel Pinto, docente da Universidade do Minho,  

 

 

 

destacou o aniversário da aprovação do decreto num texto publicado no blogue ‘Religionline’, frisando que “o documento exprime, ainda que com cautelas e reservas, um espírito assinalável de abertura ao fenómeno mediático, nomeadamente ao impacto dos meios audiovisuais”.

O especialista fala num “documento de referência na pastoral dos media e da comunicação”, com o qual “a Igreja Católica dá um passo saliente no sentido da demarcação de uma abordagem protecionista face aos media, em favor de uma abordagem crítica, assente na capacitação das pessoas”.

 

 

Dezembro 2013

Dia 06

* Setúbal - Sarilhos Grandes (Igreja de São Jorge) (21h30m) - Concerto com o grupo «BarVox» que apresenta as suas «Canções de Natal». 
* Vaticano - Chegada ao Vaticano da árvore de Natal, proveniente da Baviera, Alemanha.
* Lisboa - Bombarral (Senhor Jesus do Carvalhal) - Conferência «Jesus de Nazaré» por D. Nuno Brás. 
* Portalegre - Oleiros (Igreja Matriz) - Encontro internacional de Coros de Natal
* Lisboa - Colares - Conferência sobre «Lumen Gentium» por D. Joaquim Mendes.
* Braga - Colunata de eventos do Bom Jesus (20h00m) - Noite de fados em favor das obras na Basílica do Sameiro.

 

* Porto - UCP (Campus Foz) -Encontro no âmbito do programa «Aprender a Educar – Sessões para Professores e Educadores»  dedicada ao «Dificuldades de aprendizagem: porquê e como?» com Lurdes Veríssimo, docente da Faculdade de Educação e Psicologia da Católica Porto.
* Vaticano - Encerramento (início a 02 de dezembro) da assembleia plenária da Comissão Teológica Internacional.
* Vaticano - O Papa Francisco recebe os membros da Comissão Teológica Internacional.
* Leiria - Teatro José Lúcio da Silva - Concerto solidário organizado pelo grupo coral AdesbaChorus.
* Braga - UCP (Faculdade de Ciências Sociais) - V Forum das Instituições Sociais.
* Coimbra - Casa de Retiros de Penacova - Retiro diocesano de Advento sobre «Criar dinamismo de discipulado missionário nos membros da comunidade cristã». (06 a 08)
* Lisboa - Exterior da Basílica dos Mártires - Iniciativa «Presépio na Cidade». (06 a 24)

 

 

 

 

Dia 07

* Porto - Igreja de São Lourenço - Inauguração da exposição documental alusiva aos 150 do Seminário Maior do Porto com a presença de D. Pio Alves.
* Lisboa - Caldas da Rainha - Conselho diocesano de Outono do CPM com o tema «Dialogo Conjugal» apresentado por Furtado Fernandes.
*Évora - Iniciativa «Rota das Igrejas d´Évora» com o tema «Ciclo da Natividade» com visita à Sé de Évora e ao Museu de Arte Sacra.
* Vaticano - Encerramento (início a 05 de dezembro) da assembleia plenária do Conselho Pontifício para os Leigos dedicada ao tema «Anunciar Cristo na era digital»
* Fátima - Inauguração oficial da Unidade de Cuidados Continuados Bento XVI da União das Misericórdias Portuguesas
* Guarda - Covilhã - Curso de iniciação de catequistas 
* Quénia - Nairobi - A irmã Rosemary Nyirumbe recebe o prémio «Honoris Causa» em Letras, da ‘DePaul University’, de Chicago, Estados Unidos da América, pelo seu trabalho em ajudar mulheres a superar traumas de violência

 

* Guarda - Centro Apostólico - Conselho Pastoral Diocesano.
* Aveiro - Mercado Municipal Manuel Firmino - Venda de Natal promovida pelos Vicentinos da paróquia da Glória para angariar fundos para auxiliar os mais desprotegidos. 
* Braga - Centro Pastoral e Cultural - Encontro anual de formação para coordenadores de âmbito diocesano da pastoral juvenil
* Setúbal - Igreja Matriz da Amora - Vigilia de oração pelas ordenações.
* Portalegre - Seminário do Imaculado Coração de Maria - Reunião da Assembleia Sinodal. 
* Évora - Direção Geral de Estabelecimentos Escolares -Encerramento da exposição com trabalhos de vários “cidadãos com e sem deficiência” e promovida pelo Movimento Fé e Luz
* Leiria - Seminário de Leiria - Acção de formação para catequistas sobre «Chamados a acolher, viver e testemunhar o amor» com o padre José Augusto Rodrigues.
* Porto - Associação Católica do Porto - Conferência «O movimento católico portuense na segunda metade do século XIX: a Fundação da Associação Católica do Porto» 

 

 

 

 

 

A União das Misericórdias Portuguesas vai inaugurar a Unidade de Cuidados Continuados Bento XVI. Uma casa construída de raiz para proporcionar o melhor tratamento a pessoas com demências, entre elas o Alzheimer. Uma aposta que merece ser valorizada porque é desenvolvida por uma União, a das Misericórdias, porque se dirige a doentes que dificilmente encontram tratamento específico de qualidade. Também porque a inauguração acontece já com a casa em funcionamento.

 

No domingo a Diocese de Aveiro encerra a Missão Jubilar. Durante mais de um ano, toda a comunidade diocesana se envolveu num projeto que atingiu, entre outros, dois objetivos: realizar a experiência crente no quotidiano de cada pessoa, profissional e familiar; anunciar a todas as pessoas a mensagem do Evangelho, levada a cabo pelos “Mensageiros”, em cada mês. Uma iniciativa com eventos mediáticos e sobretudo com metodologias que deixam transformações nas pessoas e nas comunidades. A merecer investigações académicas…

 

A Banda Jota tem já 10 anos de história! E assinala o 10º aniversário com a apresentação de um novo CD. Gostando-se ou não do estilo de música que propõe, é necessário que existam projetos nesta área e se façam incursões nesse meio, com persistência e com qualidade e profissionalismo. Essa tem sido a determinação da Banda Jota. Também agora com “Não Vou Parar”.

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h22

Domingo, dia 08 - Missão Jubilar em Aveiro: memórias de um itinerário que transformou a Diocese.

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 09 - Entrevista sobre a Missão Jubilar na Diocese de Aveiro ao padre Francisco Melo, coordenador da Missão, e Pedro Bandeira, da equipa coordenadora.

Terça-feira, dia 10 - Informação e apresentação da campanha da Cáritas Internaiconal: "Ums só família humana: alimento para todos"

Quarta-feira, dia 11 -Informação e apresentação de campanhas de advento
Quinta-feira, dia 12 - Informação e apresentação de campanhas de advento
Sexta-feira, dia 13 - Apresentação da liturgia dominical pelo cónego António Rego e irmã Luísa Almendra.
 

Antena 1

Domingo, dia 8 de dezembro,  06h00 - Diocese de Aveiro: Retrato da Missão Jubilar

 

Segunda a sexta-feira, dias 9 a 13 de dezembro - Família: respostas pastorais da Igreja local no âmbito do inquérito para o Sínodo dos Bispos - Vinha de Raquel; Cursos de Preparação para o Matrimónio; Homossexualidade; Planeamento familiar na Humanae Vitae; Reparar.

 


MINUTO YOUCAT

 

O que tem a minha fé a ver com a Igreja?

 

 

 

 

 

 

 

 

Ano A - 2.º Domingo do Advento
Solenidade da Imaculada Conceição
da virgem Santa Maria

 

 

 

 

 

 

 

 

Acolher o sim de Maria
 

Por feliz coincidência, neste segundo domingo do Advento celebramos a Solenidade da Imaculada Conceição. Ao propor-nos o exemplo de Maria de Nazaré, a liturgia convida-nos a acolher, com um coração aberto e disponível, os planos de Deus para nós e para o mundo.

A primeira leitura mostra, recorrendo à história mítica de Adão e Eva, o que acontece quando rejeitamos as propostas de Deus e preferimos caminhos de egoísmo, de orgulho e de autossuficiência. Viver à margem de Deus leva, inevitavelmente, a trilhar caminhos de sofrimento, de destruição, de infelicidade e de morte.

O Evangelho apresenta a resposta de Maria ao plano de Deus. Ao contrário de Adão e Eva, Maria rejeitou o orgulho, o egoísmo e a autossuficiência e preferiu conformar a sua vida, de forma total e radical, com os planos de Deus. Do seu sim total, resultou salvação e vida plena para ela e para o mundo.

O evangelista Lucas apresenta o diálogo entre Maria e o anjo. A conversa começa com a saudação do anjo. Na boca deste, são colocados termos e expressões ligados a contextos de eleição, de vocação e de missão. Estamos diante do relato da vocação de Maria: a visita do anjo destina-se a apresentar à jovem de Nazaré uma proposta de Deus.

A Maria, Deus propõe que aceite ser a mãe de um filho especial, que ela aceite ser a mãe desse 

 

 

 

messias que Israel esperava, o libertador enviado por Deus ao seu Povo para lhe oferecer a vida e a salvação definitivas.

A resposta de Maria começa com uma objeção, mas o anjo garante a Maria que o Espírito Santo virá sobre ela e a cobrirá com a sua sombra. Apesar da fragilidade de Maria, Deus vai, através dela, tornar-se presente no mundo para oferecer a salvação a todos os homens.

O relato termina com a resposta final de Maria: “eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. Maria reconhece que Deus a escolheu, aceita com disponibilidade essa escolha e manifesta a sua disposição de cumprir, com fidelidade, o projeto de Deus.

A história vocacional de Maria, deixa claro que, na perspetiva de Deus, não são o poder, a riqueza a importância ou a visibilidade social que determinam a capacidade para levar a cabo uma missão. Deus age através de homens e mulheres, independentemente das suas qualidades humanas. O que é decisivo é a disponibilidade e o amor com que se acolhem e 

 

testemunham as propostas de Deus.

Que o exemplo de vida de Maria Santíssima, nossa Mãe Imaculada e padroeira de Portugal, nos fortaleça na caminhada do Advento, fomentando em nós e à nossa volta o amor e a ternura, a simplicidade e o serviço, a justiça e a paz.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

Lisboa: Bispo iraquiano denuncia perseguição aos Cristãos

“Ajudem-nos, por favor!”

No Iraque há cada vez menos Cristãos. A violência, o medo, a falta de trabalho e de segurança, empurram-nos para fora do país, para longe das suas famílias. D. Shlemon Warduni esteve em Portugal e contou-nos, de viva voz, uma tragédia sem fim

 

“O futuro dos Cristãos no Iraque e, direi mesmo, em todo o Médio Oriente, é muito obscuro e pode dizer-se mesmo que existe um plano para o esvaziar de Cristãos.”

D. Shlemon Warduni, 70 anos, bispo auxiliar de Bagdade, definiu assim, num parágrafo, a situação terrível em que se encontram os Cristãos no seu país e em toda a região.
De visita a Portugal, a convite da Fundação AIS, D. Warduni recordou todo um historial de violência e intolerância que se tem vindo a exercer sobre as comunidades cristãs no Iraque nos últimos anos. “Deveis ter 

 

ouvido falar sobre os ataques contra os Cristãos em Bagdade, Mosul e outros lugares. Queriam, à força, que os Cristãos deixassem as suas casas, ameaçaram-nos de morte ou para que se tornassem muçulmanos. Depois ocorreu uma outra tragédia para os nossos Cristãos de Mosul, onde foram assassinados alguns, e muitas famílias foram obrigadas a fugir da cidade com muito medo… Então, como podem viver os Cristãos nesta situação trágica?”
 

Como viver assim?

Este medo explica o êxodo dos Cristãos do Iraque, reduzidos, hoje, a não mais de 400 ou 500 mil em todo o país.

Defendendo um caminho de paz, alicerçado na oração, o Bispo iraquiano afirmou que “é preciso condenar todas as guerras, todas as formas de terrorismo e, com amor, construir uma cultura onde o homem pode ser alvo e viver com dignidade”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Agradecendo a oportunidade oferecida pela Fundação AIS, para explicar aos portugueses o que se passa no seu país, o Bispo lançou ainda um apelo: “ajudem-nos, por favor, com as vossas orações, e que Nossa Senhora nos proteja!”

 

Paulo Aido | Departamento de Informação | www.fundacao-ais.pt

 

 

 

 

APLICAÇÕES PASTORAIS

Advento 2.0

O Padre Pablo de Lima publicou no site Pátio dos Gentios este pensamento a propósito do Advento: Estamos demasiado habituados a associar a palavra “advento” com vinda ou chegada. Por isso, consideramos este tempo como a preparação para o nascimento de Jesus ou Natal. Porém, é possível associar a palavra latina “adventusàquilo que ela deu origem em italiano, “avvenire” e, francês, “avenir”, isto é, futuro. O advento é o nosso futuro. Podemos assim virar a nossa atitude espiritual de uma “espera” para uma “marcha”: não é Ele que vem (já veio! Já está aqui!), somos nós que vamos. Caminhamos para o futuro, não esperamos que ele chegue até nós. Não esperamos que chegue “aqui”, vamos nós para “lá”.

Servindo-se de várias tecnologias, muito cristãos estão em marcha caminhando para o Senhor. Apresentamos 7 exemplos.

 

1. Advento com o <papa

A Agência Ecclesia na sua página do facebook preparou uma caminhada de advento com mensagens do papa Francisco sendo atualizada diariamente. Sabemos bem como têm sido desafiadoras as suas palavras.

 

 

 

2. The Walking Christmas

A comunidade iMissio preparou uma caminhada inspirada no Livro Leve Deus no coração, Oficina do Livro. Na página do Facebook, ao final do dia, somos brindados com uma música: #MusicalAdventCalendar.

 

3. Retiros online

A Família Missionária Verbum Dei criou um blogue onde propõe um retiro online durante o advento. Cada dia é composto pelo Bom dia Senhor; segue-se a Palavra de Deus; algumas pistas para a oração de cada dia; uma música; e, por fim, uma proposta para viver o dia em oração.

 

4. Esperar na Alegria

O portal Cristo Jovem procura lançar pistas, enquadradas com perguntas do YouCat, para uma oração e meditação que nos ajude a preparar para a chegada de Jesus.

 

5. Rezar no advento

Todos os anos a Edições Salesianas preparam um subsídio para rezar o advento. Este ano rezamos com Evangelista Mateus, Ano A. Na página do facebook 

 

 

 

 

 

 

 

somos surpreendidos com vários vídeos e pensamentos ao longo deste tempo.

 

6. Caminhemos à luz do Senhor

Dinamizada pelo portal Laboratório da Fé, de Braga. A Fé celebrada em que se tem presente «Quatro perguntas, a refletir durante este tempo de nevoeiro e de procura (Advento): temos consciência de que a liturgia é uma ação onde damos glória a Deus e recebemos a sua salvação? A liturgia nutre a vida da comunidade, que é chamada a crescer na comunhão e na caridade? Há de facto uma estreita relação entre a celebração e a ação 

 

 

 

evangelizadora? Já compreendemos o significado profundo deste tempo do Ano Litúrgico? [...]

 

7. Peregrinação do Advento

O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura preparou uma peregrinação do advento avente em quatro momentos: Um presente a pedir a Deus; Uma reflexão para o caminho; Uma passagem bíblica para o caminho e Palavras para a a viagem.

Um bom tempo de advento nos dê Deus.

 

Bento Oliveira

@iMissio

http://www.imissio.net

 

 

LUSOFONIAS

D. Manuel Vieira Pinto,
o Missionário de Nampula

Tony Neves

 

Encontrei-o em Nampula no ano 2000. Fui visita-lo ao Paço Episcopal, porque queria entrevista-lo. Fui recebido sem qualquer espécie de cerimónias como, percebi, era costume. Sem protocolos, levou-me para o seu gabinete de trabalho, uma sala grande, não muito arrumada, mas muito simples.

Fiz-lhe bastantes fotos mas, quando insisti em fazer uma entrevista, ele lá me foi dizendo que era melhor só conversarmos. Depois - garantiu mas nunca cumpriu - mandaria respostas mais elaboradas pelo correio. Até hoje.

A conversa foi fantástica, como toda a sua vida por terras de Moçambique. Depois de muita luta pastoral através do Movimento ‘Por um Mundo Melhor’, foi enviado para o norte de Moçambique, talvez para o afastar de Portugal continental. Enganou-se bem quem o tentou silenciar ou, pelo menos, retirar, das luzes da ribalta. Antes e durante a guerra colonial, ele colocou-se do lado dos mais pobres e defendeu as populações autóctones das arbitrariedades de alguns dos colonos. Em Março de 1974, foi ‘expulso’ por ter defendido a independência de Moçambique, mas o 25 de Abril fê-lo voltar pela porta grande.

Na hora da independência, era uma das raras figuras da hierarquia da Igreja que as novas autoridades do país respeitavam. Tal não impediu que o governo de Samora Machel mandasse confiscar todos os edifícios da 

 

 

Luso Fonias

 

Igreja e impedisse a circulação dos Missionários. Como resposta pastoral, D. Manuel e outros bispos e missionários lançaram o projeto das comunidades ministeriais, onde o padre não aparecia mas os líderes leigos asseguravam a vida e as celebrações das Comunidades. Talvez por esta contingência da história, hoje Moçambique tem uma Igreja bastante descentralizada e com muito empenho dos leigos na vida e missão das Comunidades cristãs.

A idade foi avançando e a saúde piorando. D. Manuel deixou Nampula e veio até ao Porto, sua Diocese natal onde ficaria a residir na Casa Diocesana de Vilar. Foi lá que o reencontrei e foi nesse momento que percebi porque é que ele nunca respondera às minhas perguntas, conforme prometera. A memória tinha-lhe fugido e ele já não conhecia bem as pessoas e, muito menos, alinhava as ideias. 

 

Coisas da fragilidade da nossa condição humana…

Nasceu a 8 de Dezembro de 1923,em S. Pedro de Aboim-Amarante. 90 anos é muito tempo, é muita vida dedicada á causa do Evangelho. D. Manuel é um homem alegre. Em Nampula, tive a alegria de partilhar um tempinho com um pastor feliz. A meio do encontro, levantou-se da sua cadeira, foi ao pátio da casa onde tinham chegado crianças e começou a distribuir saudações e rebuçados. Era, pelo que me disseram, um ritual habitual que as crianças muito apreciavam, num tempo em que um rebuçado era uma pequena preciosidade naquelas paragens.

Se pudesse, ia dar-lhe um abraço. Sei que ele não o compreenderia, mas eu gostava de lhe exprimir a admiração que tenho por ele e por tantos homens e mulheres que, em tempos difíceis, ousaram anunciar o Evangelho da Justiça, da Paz e da Alegria.

 

 

 

 

 

 

 

 

Não temas, menino!... Empurra a tua bola até ao limite. E quando a fadiga vier não desistas: chama outros meninos e ergue uma montanha branca – pois só as montanhas que as crianças sonham têm pedaços de céu dentro delas.