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Foto da capa: OC/Agência ECCLESIA Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
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Opinião |
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Fátima ligou Portugal à Terra Santa [ver+]
Semana da Vida
Armas e migrações forçadas
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Impressionante, como sempre |
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Octávio Carmo Agência ECCLESIA |
Fátima voltou a ser o altar do mundo, na peregrinação internacional de maio. Centenas de milhares de peregrinos encheram a Cova da Iria, uma multidão surpreendente em jornada laboral, que voltou a mostra a força da fé e da devoção a Nossa Senhora em tantos países, nos quais Portugal é a terra abençoada pela visita da Virgem Maria em 1917. O ambiente que se vive nestas peregrinações é sempre impressionante, remetendo-nos para a nossa pequenez perante a impossibilidade de contar ou sequer compreender todas as histórias que se misturam no recinto, em volta da imagem venerada na Capelinha. Há mais, muito mais, do que conseguimos perceber apenas pela observação no local ou das fotografias que correm o mundo, durante as procissões de velas ou do adeus. Há sempre quem – do alto da sua ‘superioridade intelectual’ – tente ridicularizar tudo aquilo que se vive na Cova da Iria, troçando das convicções de milhões de pessoas, remetidas para a ‘ignorância’, a ‘crendice’ ou a ‘superstição’. Os tempos são diferentes e a reação pública dos católicos já não é hoje aquela que seria há alguns anos, pelos mais diversos motivos, mas há abordagens ao fenómeno de Fátima que é preciso não deixar passar em claro, mormente quando são pagas com dinheiro dos contribuintes. A liberdade religiosa |
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não implica a imposição de privilégios para determinada fé, na sociedade, mas exige que se respeite o espaço público a que as comunidades crentes têm direito. O confronto, no entanto, é insuficiente para criar as pontes necessárias para a compreensão recíproca e acredito que muito do que se diz ou escreve sobre as peregrinações e a devoção a Nossa Senhora carece de um elemento fundamental, que é o contacto direto com os seus protagonistas e a capacidade de se colocar no lugar do outro, |
de perceber as suas motivações, os seus dramas, as suas alegrias, tudo aquilo que está por detrás do seu choro, do seu cansaço, do seu sacrifício, da sua caminhada. Fátima é de Portugal mas é também do mundo, ultrapassa-nos e, na verdade, está para lá daquilo que conseguimos perceber. Por mais ‘dias 13’ que se vivam, tem sempre a capacidade de se renovar, de ser nova, como disse D. António Marto no final da peregrinação de maio, e de impressionar os que lá se encontram, pelos mais diversos motivos. |
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A situação vai complicar-se, mas estamos cá para resolver as coisas José Borges, presidente da Cáritas Diocesana de Viseu, 15.05.2014 |
Concordamos manter os contatos de alto nível, aprofundar a confiança mútua e intensificar a comunicação sobre importantes temas regionais e internacionais, fundando uma base política cada vez mais sólida para o relacionamento bilateral Xi Jinping, presidente chinês, numa declaração aos jornalistas, ao lado de Cavaco Silva, em Pequim, 15.05.2014
É urgente uma mudança política em Portugal. As políticas de austeridade absoluta que estão a ser prosseguidas por este Governo, em obediência cega a uma orientação doutrinária extremista, estão a produzir resultados catastróficos Francisco Assis, cabeça de lista socialista às europeias, Arganil, 15.05.2014
Existe um projeto do Partido Popular Europeu para a economia azul, no qual, vamos ser um país liderante. Neste momento trabalham à volta da indústria do mar em toda a europa cinco milhões e 400 mil pessoas, o objetivo é em cinco anos/seis chegarmos aos sete milhões Paulo Rangel, cabeça de lista da Aliança Portugal às europeias, Sesimbra, 15.05.2014 |
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Fátima ligou Portugal à Terra Santa |
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O patriarca latino de Jerusalém presidiu este ano à peregrinação internacional de maio em, onde pediu aos portugueses para rezarem “pela paz” e trabalharem “pela justiça e dignidade” humana em todo o mundo, particularmente no Médio Oriente. “Na Terra Santa há muitos muros que separam famílias, paróquias, terrenos; mas piores do que os muros de betão são os muros do coração do homem: as injustiças arreigadas; o ódio racial e religioso; a ambição e o egoísmo feito lei; a desconfiança, a força bruta e a arrogância em toda a parte”, salientou D. Fouad Twal. Na homilia da missa final das celebrações do13 de maio, o patriarca latino de Jerusalém sublinhou que é preciso “trabalhar para que caiam todos esses muros do coração”, que “são invisíveis mas piores do que os visíveis”. D. Fouad Twal lembrou a situação difícil em que vivem muitas comunidades um pouco por todo o globo e na Terra Santa, “centenas de milhares de refugiados - gente que perdeu |
tudo; casa, veículos, trabalho, terra… a sua dignidade”, inclusivamente o acesso aos “seus lugares de culto e para os lugares onde vivem os seus familiares”. O patriarca latino referiu-se de modo especial às famílias cristãs de Israel e da Palestina, da Jordânia e da Síria, as que permanecem e aquelas que têm sido obrigadas a sair em busca de mais segurança e estabilidade. O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, encerrou a peregrinação com um apelo à solidariedade para com os cristãos da Terra Santa, agradecendo a presença do patriarca latino de Jerusalém. “Pedimos-lhe que leve o nosso abraço cheio de afeto e de solidariedade aos nossos irmãos e irmãs cristãos da Terra Santa: que não se sinta sós, que sintam também a nossa solidariedade”, disse o prelado, dirigindo-se a D. Fouad Twal, que presidiu às celebrações. O bispo de Leiria-Fátima saudou a multidão “admirável” que se reuniu “num dia laboral” para lotar |
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o recinto do Santuário, na Cova da Iria. “Os meus parabéns pelo vosso testemunho. Muito obrigado pelo testemunho da vossa fé”, prosseguiu. Segundo os números avançados pelo Santuário de Fátima, a Missa das 22h30 do dia 12 reuniu 210 mil peregrinos e a Eucaristia de hoje |
foi concelebrada por 420 padres e 28 bispos, sob a presidência do patriarca latino de Jerusalém. 153 grupos de 27 países anunciaram a sua presença na evocação anual do 13 de maio, dia da primeira aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, Lúcia, Francisco e Jacinta. |
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Igreja distingue Francisco Sarsfield Cabral |
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A Igreja Católica vai atribuir o Prémio ‘Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes’ ao jornalista Francisco Sarsfield Cabral, “uma das vozes mais competentes da Comunicação Social Portuguesa”, pelo seu percurso profissional de quatro décadas e meia. “Num momento em que a Comunicação Social passa por reconfigurações várias e se assiste à emergência de novos projetos, o Júri do Prémio ‘Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes’ quer relevar, na pessoa de Francisco Sarsfield Cabral, a importância do jornalismo de referência para a construção da democracia e para a qualificação do nosso viver comum», refere o júri da distinção, numa nota enviada hoje à Agência ECCLESIA pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC). O prémio, instituído pela Igreja Católica para distinguir “um percurso ou obra que refletem o Humanismo e a experiência cristã”, vai já na sua 10.ª edição. O júri deliberou por unanimidade e considera que Sarsfield Cabral, que a 6 de maio completou 75 |
anos, “nunca reflete o mundo a preto e branco, e o jornalismo que pratica não se deixa capturar pelo imediatismo das reações ou pelo ruído dos chamados soundbites”. O prémio no valor de 2500 euros, patrocinado pela Renascença, vai ser entregue a 30 de maio, em Fátima, durante a 10.ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura. O prémio de Cultura ‘Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes’, instituído pelo SNPC em parceria com a Renascença, distinguiu nas suas edições anteriores personalidades como Roberto Carneiro, Nuno Teotónio Pereira, Eurico Carrapatoso, Adriano Moreira, Maria Helena da Rocha Pereira, Manoel de Oliveira, o padre Luís Archer e Fernando Echevarria, além da Diocese de Beja.
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Solidariedade para o pós-troika |
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O patriarca de Lisboa disse hoje, a respeito do final do programa de assistência a Portugal, que a comunidade internacional deve ser solidária entre si para superar as atuais dificuldades. “Hoje em dia, toda a sociedade internacional é interdependente, ninguém está fora disto: vamos é a ser solidários e perceber de vez que ou vamos todos ou não vamos a lado nenhum”, referiu D. Manuel Clemente, em declarações à Agência ECCLESIA. O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) foi questionado sobre a chamada ‘saída limpa’ do programa de assistência económica e financeira, que se conclui a 17 de maio, anunciada pelo Governo após a última avaliação da ‘troika’. “As limpezas, como as sujidades, não são meramente financeiras: são limpezas de alma, de disponibilidade, de pensamento, de esclarecimento das coisas”, advertiu D. Manuel Clemente. Segundo o patriarca de Lisboa, as dificuldades “ vão ficar durante muito tempo”. “O endividamento foi brutal e isso limita muito o que poderíamos fazer só por nós”, disse. |
Em relação à decisão do Governo, que optou por não recorrer a qualquer programa cautelar, o presidente da CEP admitiu que “a margem de manobra não seria muita”. “Eu não sou técnico, mas também me parece que independentemente da escolha do Governo, essa também foi a escolha de outros”, observou. O responsável assinalou que a sociedade portuguesa tem de “equacionar os recursos” disponíveis para “atender a necessidades que começam antes do nascimento e se concluem aos 90 e aos 100 anos”. D. Manuel Clemente falava à margem da conferência sobre o tema ‘Envelhecer melhor’, promovida pelo projeto ‘Mais Proximidade, Melhor Vida’ do Centro Social Paroquial de São Nicolau (Lisboa). |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Peregrinação Internacional Aniversária |
Paulo VI
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D. José Cordeiro Bispo de Bragança-Miranda |
É enorme a felicidade ao saber da decisão do Papa Francisco em beatificar o Papa Paulo VI a 19 de outubro próximo. Recordo-me de assistir pela TV ao seu funeral e marcou-me a simplicidade da liturgia exequial deste insigne pastor da Igreja e servidor do Evangelho da Paz. Rezei muitas vezes diante do seu túmulo na cripta da Basílica de S. Pedro. Paulo VI foi o primeiro Papa a visitar Portugal, peregrinando ao santuário de Fátima a 13 de maio de 1967. Foi o iniciador de muitas felizes e continuadas jornadas mundiais e grandes órgãos de comunhão e oração: dia mundial da paz, dia mundial de oração pelas vocações, Sínodo dos Bispos, Reforma litúrgica…. Foi também ele que proclamou S. Bento, como Patrono da Europa, há 50 anos. Renovar a Liturgia significou e continua a significar renovar o coração da Igreja. Nunca é excessivamente recordar Paulo VI, no discurso de clausura da 2ª sessão do Vaticano II, a 04.12.1963: «não ficou sem fruto a discussão difícil e intrincada, pois um dos temas – o primeiro a ser examinado e o primeiro, em certo sentido, na excelência intrínseca e na importância para a vida da Igreja – o da sagrada Liturgia, foi felizmente concluído e é, hoje, por nós solenemente promulgado. Exulta o nosso espírito com este resultado. Vemos que se respeitou nele a escala de |
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valores e dos deveres: Deus, em primeiro lugar; a oração, a nossa primeira obrigação; a Liturgia, fonte primeira da vida divina que nos é comunicada, primeira escola da nossa vida espiritual, primeiro dom que podemos oferecer ao povo cristão que junto a nós crê e ora, e primeiro convite dirigido ao mundo para que solte a sua língua muda em oração feliz e autêntica e sinta a inefável força regeneradora, ao cantar connosco os divinos louvores e as esperanças humanas, por Cristo Nosso Senhor e no Espírito Santo». No domingo da Páscoa de 1967, Paulo VI anunciou ao mundo a publicação da encíclica Populorum Progressio, sobre o desenvolvimento dos povos, explicando-a assim: «tem por tema o progresso dos povos, o seu desenvolvimento e as obrigações resultantes de um programa hoje de forma alguma irrenunciável, de suficiência económica, de |
dignidade moral, de colaboração universal para todas as gentes». A este inestimável documento foi até dado o nome de «encíclica da ressurreição» (F. Perroux). A contribuição notável de novidade à doutrina social da Igreja, no seu conjunto, e à própria conceção de desenvolvimento, está bem clarividente na frase: «o desenvolvimento é o novo nome da paz». O Papa estava profundamente convencido de que a solução aceitável para a maior chaga, que a Igreja identificava com o subdesenvolvimento, deve basear-se na justiça social internacional e na solidariedade humana que hão de fazer a aplicação dos princípios da doutrina social da Igreja. Ao mito do crescimento indefinido, a Igreja continua a propor o desenvolvimento integral assente na dignidade da pessoa humana, no Bem comum, na subsidiariedade e na solidariedade fraterna. |
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Quando as imagens falam mais alto… |
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Luís Filipe Santos, Agência ECCLESIA |
O parto da palavra escrita e falada tem a sua ciência. Quando esta é ruído que polui a imagem o melhor é retirá-la… Nesta semana cheia de emoções e multidões, as fotos tatuam a memória do leitor. Nem sempre a alegria da onda humana tem um final feliz… Esta quarta-feira, na cidade de Turim (Itália) e também em vários locais, a festa teve um sabor amargo e, os mais pessimistas com teor supersticioso, falam mesmo em maldição. Como disse sabiamente o escritor francês Albert Camus (1913-1960), «Não há que ter vergonha de preferir a felicidade».
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Depois da desilusão momentânea, a vida continua… Seguidamente a «saída limpa» da Troika – sem esquecer as nódoas negras que deixou na alma lusitana – Portugal e a Europa preparam-se para escolher os seus representantes no parlamento Europeu. Gosto desta ideia e recordo-a sempre que vejo as campanhas eleitorais: «Os políticos em qualquer parte são os mesmos. Eles prometem construir pontes, mesmo quando não há rios». (Nikita Kruschev, Presidente da URSS entre 1953 e 1964). |
Igreja Católica empenhada na construção de uma «sociedade mais amiga da família»
O diretor do Departamento Nacional da Pastoral da Família, Luís Lopes, defende a necessidade de encontrar novos modelos de desenvolvimento e estabilidade social
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Agência ECCLESIA (AE) - Neste dia internacional da Família e numa semana dedicada à vida, há uma mobilização particular do vosso departamento perante um fenómeno de indiferença, até de algum combate aos valores da vida, que vai colocando em risco a própria vida familiar? Luís Lopes (LL) – Sim, de facto há condições adversas e várias vezes temos falado sobre isso, mas também há que realçar os aspetos positivos, ou seja, a caminhada. Este ano estamos também a celebrar os 20 anos do Ano Internacional da Família, |
que foi em 1994. E olhando para o passado e avaliando o presente, nós temos, como dizia a encíclica “Familiaris Consortio”, sombras e luzes. Temos dificuldades que também já referiu, do emprego, da mobilidade dos jovens, novas experiências, novas culturas, novos desafios, as questões fraturantes, mas também temos do ponto de vista das coisas estruturantes, ou seja, temos um maior reconhecimento do papel da família na sociedade. |
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LL - Muito desta crise não seria possível ultrapassar se as famílias não tivessem respondido da forma extraordinária como estão a fazer, de se ajudarem, entreajudarem, de terem muita capacidade de acolher situações |
muito difíceis, mas de facto temos de olhar para o futuro. E o tema desta semana da vida é “Gerar vida, construir futuro”, e nós temos essa esperança, não só por aquilo que se está a passar em termos da Igreja |
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Católica, nomeadamente com o anúncio dos Sínodos.
Portanto já termos aí a perspetiva de irmos trabalhando esta questão da pastoral da família, de termos sinais muito positivos da parte dos secretariados, dos movimentos ligados à Família, nomeadamente da Conferência Episcopal. E os bispos estão cada vez mais a dar apoio a todas as iniciativas, que são imensas que estão a decorrer esta semana, para valorizar a vida, seja na questão da bênção das grávidas ou da preparação para o batismo ou de celebrar os 10 anos, 25 anos, 50 anos de casamento. Também nós nesta semana propomos questões concretas, que não são só a oração do terço ou em família mas também alguns outros gestos concretos que fortaleçam a vida familiar, porque nós acreditamos que a vida familiar é a maior riqueza que a humanidade tem, que são as pessoas.
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AE – Podemos dizer que as dificuldades do desemprego, da austeridade, de toda esta complexidade difícil que as famílias tiveram que enfrentar, poderão ter também trazido ao de cima o valor da família? LL – Eu creio que isso se vai notando em muitos comentadores, analistas, investigadores, também a propósito da questão do Sínodo. Estão a acontecer muitas jornadas científicas, promovidas pelas universidades, por centros que se dedicam a estas questões da família. E eu creio que vai havendo uma reflexão de que alguma coisa tem de ser feita para guardar este modelo que a Igreja propõe, do casamento monogâmico, heterossexual, de aliança eterna, geradora de filhos, também dessa riqueza da aliança entre gerações, dos netos conviverem com os avós. |
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AE – Relações mais estáveis e duradouras… LL – Sim, essa estabilidade porque estamos num clima de muita mudança, muda-se de carro, de emprego, de país, muda-se tudo mas alguma coisa tem de ficar estável para que haja o fio condutor da vida. E a esse nível a Igreja tem uma história longuíssima, já passou por imensas crises e portanto esta crise que nós vivemos, sobretudo nas civilizações ocidentais, vai criar novos desafios e esses desafios com certeza vão ser ultrapassados com essa mobilização e reflexão, e também com confiança no Espírito Santo. Ou seja, nós temos essa assistência para nos dar outra forma de viver. Várias vezes eu, a Fátima e a nossa equipa temos defendido isso, que realmente é preciso olharmos para construirmos uma sociedade mais amiga da Família, que não seja tão hostil a este modelo de Família que nós apresentamos. E se calhar temos de enveredar por uma pastoral da família |
mais profunda, onde possamos começar a trabalhar com as gerações mais novas, com as famílias, a ajudar para que, de facto, esta preparação para viver a família seja iniciada mais cedo.
AE – Vivemos neste mundo ocidental, na nossa Europa, particularmente em Portugal, um verdadeiro inverno demográfico… LL – Lá voltamos outra vez ao ambiente. Há ambientes favoráveis a isso, um dos exemplos que podemos focar é como mulheres num ambiente, por exemplo rural, estão mais disponíveis para terem filhos. Até porque a economia rural precisa de mão-de-obra e portanto isso é uma necessidade. E depois as culturas mais urbanas, mais sofisticadas ou mais artificiais, digitais, virtuais, etc., perderam essa noção porque estão mais focadas noutras comodidades, na aquisição de bens, de serviços, etc., e não tanto na criação desse bem riquíssimo que são as crianças e que é a família. |
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O exemplo das mulheres africanas, que têm imensos filhos na sua terra e depois quando imigram para a Europa reduzem drasticamente o número de filhos.
Temos de olhar para outros modelos de desenvolvimento, onde seja favorável haver condições, primeiro para os jovens casarem mais cedo e, |
ao mesmo tempo, terem mais estabilidade para gerarem a sua família e serem mais fecundos para a sociedade. Vejo cada vez mais as pessoas atentas a estes problemas e com vontade para encontrar soluções, quer das instâncias do Estado, quer das instâncias das ONG, da sociedade civil, quer da própria Igreja. |
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AE – A questão do valorizar a vida, e a vida que nasce, não pode levar ao esquecimento dos nossos idosos, possuidores de um grande património de instrução dos mais novos. LL – A Igreja sempre foi a favor da vida e contra o aborto e a eutanásia, mas de facto há fenómenos muito subtis que condicionam isso, que de alguma forma criam essa mentalidade contra a vida. E na parte dos idosos, estamos a ver como reduzindo pensões ou retirando subsídios ou apoios, as pessoas deixam de ir aos centros de saúde e de alguma forma estamos a gerar quase uma eutanásia disfarçada. E não sei se mais tarde estas novas gerações, tão focadas na inovação, não vão compreender a riqueza da tradição e dessa sabedoria. A Igreja tem chamado a atenção para isso e continuará a lutar e a chamar a atenção para isso, porque quem não ama o passado também não é capaz de amar o futuro. Nós temos de perceber a importância das raízes para depois a árvore dar as suas flores e os seus frutos. |
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Diminuição da natalidade
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O diretor da Faculdade de Ciências Humanas (FCH) da Universidade Católica Portuguesa (UCP), José Miguel Sardica, aponta a necessidade de um consenso nacional em torna da natalidade que ultrapasse as “cores políticas” e o “ciclo político”. “Gasta-se a palavra consenso e é realmente preciso nesta questão da natalidade, um problema que está para lá de um ciclo político para lá de uma cor política. É uma questão de solidariedade intergeracional entre os que estão cá e os que virão”, sublinha o professor da UCP, comentador do programa de rádio ECCLESIA na Antena 1. Este é um problema que “não vai ficar resolvido num ano ou dois ou três”, indica José Sardica sendo por isso, “o maior teste à capacidade de o país em convocar energias e gerar consensos”. Números recentes indicam que em 2060 os portugueses poderão ser oito milhões e meio em 2060, sendo que no final do século XXI esse número poderá rondar os seis milhões. |
Esta realidade levou o governo a criar uma comissão multidisciplinar para a promoção da natalidade, liderada por Joaquim Azevedo, com o objetivo de elaborar propostas, não vinculativas, ao executivo.
Segundo o docente da UCP o governo está a dar um “sinal de que a reflexão é necessária” não só a nível nacional, com “políticas que convirjam em planos concertados, para apoio à educação, ao emprego” mas também comunitário e pessoal. O decréscimo da natalidade é uma questão “macro” que influencia a “sociedade, as famílias mas também o rumo financeiro do país”, fator que deve “envolver todos os decisores e agentes” e “cada pessoa em particular”. “Cada organização pode pensar nos seus recursos humanos e perceber como pode ajudar. Como posso ajudar funcionárias, potenciais mães, adequando horários, gerindo recursos humanos, criando uma solidariedade junto |
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das famílias”. Segundo o diretor da FCH, a quebra da natalidade tem impactos no Estado Social mas também culturais, sociais e antropológicos: “A imagem que a sociedade começa a ter dos mais velhos, como um «fardo» económico por um outro e por outro lado, a maneira como a não renovação das gerações, o facto de a economia não atrair imigrantes que compensam a quebra de saldo, estarmos a criar |
um país cada vez mais cinzento”. José Sardica sublinha ainda o “sentimento de envelhecimento da sociedade europeia” e a “lenta redução” da intervenção portuguesa a nível internacional. “Chegarmos a 2060 com oito milhões e pouco de pessoas, significa que estaremos onde demograficamente estávamos em 1950. Consumiu-se mais de um século para voltarmos ao ponto onde estávamos há 60 anos atrás”. |
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Gerar vida – construir futuro |
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Grande parte das sociedades Europeias, ‘embriagadas’ numa cultura do descartável e do facilitismo, e sob a capa de modernismo, têm vindo a descurar o valor sagrado e inviolável da vida humana. O diagnóstico há muito que está feito, mas o problema demográfico que atinge o país começa agora a ter contornos preocupantes. Por um lado, subiu a esperança de vida, mas muitos idosos são abandonados e vivem numa solidão desumana e indigna de toda a pessoa. Por outro, a baixa natalidade, tendência de décadas, está agora a ser agravada pela crescente emigração, principalmente de jovens em idade de procriação. Sem jovens e sem casais jovens não temos crianças. E sem crianças não temos futuro! O cuidado dos idosos e o saudável convívio entre gerações torna-se cada vez mais pobre. Para se ter uma dimensão do problema, vejamos as estatísticas em Portugal: em 1980, por cada cem jovens havia 44 idosos, hoje temos 130 idosos por cada |
cem jovens. A continuarmos neste ritmo, caminhamos para uma situação insustentável… Para inverter esta lógica é urgente uma política de proteção às famílias e à vida, capaz de criar condições concretas para que os casais tenham mais filhos e possam cuidar mais uns dos outros. É indispensável um diálogo mais próximo entre gerações, numa cultura de encontro e partilha, para valorizar a vida em todas as suas fases: desde a conceção ao nascimento, passando pela educação e pelo apoio recíproco permanente em cada dia. O apelo dirigido a toda a sociedade é para que a vida humana seja revalorizada e acolhida como dom precioso de Deus, sagrada e inviolável! O aborto provocado, o abandono e a eutanásia não são aceitáveis, pois a vida não pode ser eliminada, mas deve ser protegida com atenção e carinho. O respeito pela vida exige também que a ciência e a técnica estejam sempre orientadas para o Homem e para o seu |
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desenvolvimento integral. A vida tem sentido no amor recebido e dado, num plano de verdade que inclui a sexualidade e a procriação. Nesse amor, mesmo o sofrimento e a morte podem ter um sentido, se forem encarados como acontecimentos de salvação. Que todas as famílias possam fortalecer os seus laços e acolher os valores da Vida, através de gestos concretos de amor recíproco e do reforço de uma cultura de grande apreço e respeito pela dignidade humana. A Semana da Vida é uma oportunidade e um desafio para cada pessoa, grupo ou família, pensar em melhorar a qualidade de vida, sua |
e dos outros, nos âmbitos pessoal, profissional e comunitário, inspirando-se nos autênticos valores humanos e cristãos. O Departamento Nacional da Pastoral Familiar elaborou algumas sugestões para cada dia e deixa a todos o desfio de as aperfeiçoarem e até de criarem os seus próprios meios, para conseguirem momentos, pessoais e comuns, de interioridade e partilha. Propomos, designadamente, alguns gestos, leituras e orações, que podem ser consultados no site www.leigos.pt, no link referente à Semana da Vida.
Semana da Vida 2014 |
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Medidas transversais que não penalizem
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No quadro da presente situação social e económica do nosso país as famílias com filhos a cargo são aquelas que estão a fazer um maior esforço e que mais têm sido afetadas. Para um mesmo nível de rendimento, seja ele qual for, faz uma enorme diferença o número de pessoas que ele sustenta: uma, duas, três, quatro, cinco ou dez pessoas. Esta é uma realidade que tem sido sistematicamente esquecida em Portugal quando se faz a avaliação da capacidade económica da família. É de tal forma esquecida que as últimas alterações efetuadas no IRS, redução do limite possível de deduções e criação da sobretaxa, as famílias com filhos foram as que sofreram proporcionalmente um maior aumento de impostos. Contudo, estas famílias, por terem um maior conjunto de despesas essenciais, são aquelas a quem é mais difícil comprimir os seus custos. Também as situações de desemprego, ou de baixa de salários se refletem de forma |
particularmente mais grave junto destas famílias, tanto mais quanto mais filhos tiverem.
Pessoas querem mais filhos, mas natalidade continua a baixarEntretanto a natalidade continua a baixar dramaticamente. Há mais de 30 anos que Portugal não faz a renovação das gerações, tendo vindo sempre a baixar o número de nascimentos. A última drástica queda está ligada a múltiplos fatores, mas um muito importante foi a saída dos imigrantes que há muitos anos em Portugal vinham a ter mais filhos que a população portuguesa. Outro aspeto preocupante é a saída de muitos casais jovens com filhos e mesmo sem filhos que, se a situação se mantiver, poderão vir a ter os filhos no estrangeiro. Contudo, mais do que ficarmos a olhar para o difícil enquadramento em que nos encontramos, urge contribuir para que sejam tomadas medidas que o alterem. É isso que |
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a APFN procura fazer todos os dias. Sabemos que se conseguirmos mudar as condições que existem para quem tem ou quer ter filhos, conseguiremos que nasçam mais crianças e isso vai de imediato gerar uma dinâmica económica de crescimento e emprego. Todos os dados tornam claro que as famílias portuguesas desejam ter mais filhos, mais aliás do que aqueles que seriam necessários para renovar as gerações. Acreditamos que existem inúmeros obstáculos que impedem que as famílias tenham liberdade para decidir ter o |
número de filhos que desejam e que urge remover antes de mais esses obstáculos. Não se tratar de criar benefícios mas antes de mais de tratar estas famílias com equidade e justiça. São precisas medidas transversais que abranjam nomeadamente as áreas da conciliação entre trabalho e família, fiscalidade, educação, saúde, habitação e transportes.
Ana Cid Gonçalves, secretária geral da APFN |
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Uma Igreja fiel a Cristo mas misericordiosa com as pessoas recasadas |
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O texto do Cardeal Walter Kasper é, a nosso ver, um exemplo excelente de teologia moral e pastoral. Uma competência teológica indiscutível resulta num belo ensaio sobre o modo como se devem enfrentar as questões que hoje se colocam à evangelização da família e à celebração do matrimónio. E não deixa de propor uma solução pastoral para o caso das muitas pessoas que vivem recasadas e desejam voltar aos sacramentos da Igreja. Este último ponto é o que nos merece especial atenção. Para compreender o seu ponto de vista, é necessário ver como olha, sem a condenar, a história que vive o mundo de hoje. A história é obra da Providência divina e da responsabilidade humana. A esta luz, o cristianismo não consiste numa doutrina acabada que a Igreja tem por missão repetir sem mudança. A Igreja tem Cristo, tem a Escritura e a tradição, mas compete-lhe, em cada tempo e lugar, tomar as decisões que realizam a sua fidelidade ao |
Senhor eternamente presente à história. As opções morais e pastorais fazem parte deste processo. Também elas têm o seu quê de eterno e de temporal. É neste horizonte que tem de se encontrar a solução para os recasados. Por isso, o texto de Kasper expõe magistralmente a riqueza e a promessa do sacramento do matrimónio, uno e indissolúvel, prometido por graça à convivência conjugal de todos os seres humanos. Porém, a Igreja está confrontada com o fracasso real de muitos matrimónios, fracasso que causa sofrimento a muitas pessoas. Em lugar de repetir simplesmente a doutrina da indissolubilidade e deixar para trás quem fracassou, trata-se de propor uma praxis de misericórdia, “uma segunda nave” a quem dela necessita. Sempre assim foi ao longo do tempo da Igreja. Basta recordar os cristãos “lapsos” (caídos) durante as perseguições a quem era estendida uma tábua |
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de salvação, mediante uma conversão. Admitir de novo os recasados aos sacramentos não é pôr a norma moral em causa. A norma existe e está bem fundamentada. Pelo contrário, trata-se de saber que a ação humana não é somente vertebrada pela norma universal, mas também pela sabedoria prática que vê a situação singular que não é englobada pela norma geral. A moral sempre teve isto em conta. Não é nada de novo. Por isso, com toda a sua autoridade, o Cardeal Kasper propõe como agenda para o Sínodo do próximo Outono, |
a discussão da possibilidade de o Papa e os Bispos criarem uma forma de avaliar responsavelmente a situação concreta dos casais que vivem em novas núpcias, depois do fracasso de um matrimónio canónico, válido ou inválido, e de, em condições precisas, os admitir ao sacramento da reconciliação e da eucaristia. Ele dá boas razões para que isso seja possível, sem comprometer a fidelidade da Igreja ao seu Senhor.
Jorge Teixeira da Cunha, Universidade Católica Portuguesa |
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O Sínodo e os riscos
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O acesso aos sacramentos por parte das pessoas em uniões irregulares, vai ser sem dúvida um dos tópicos a discutir no Sínodo para a Família. Não é a única questão, mas é provavelmente aquela que está mais carregada do ponto de vista emocional. Compreensivelmente, a discussão já começou. Entre amigos, no seio das famílias, na blogosfera e nas redes sociais. Olhando para os argumentos de ambos os lados, é difícil negar as boas intenções de todas as partes. Quem defende o acesso à comunhão fá-lo munido da vontade de acolher pessoas que tropeçaram mas querem agora, nas suas novas situações, aproximar-se da Igreja. Do outro, move-os a preocupação pela integridade da doutrina católica sobre a indissolubilidade, sobretudo numa época em que o casamento já está em crise, e da visão tradicional das condições de acesso à Eucaristia. Depois de acompanhar várias destas discussões chego à |
conclusão que só será possível mudar-se a prática alterando uma destas premissas: 1) A noção da indissolubilidade, 2) A ideia de que o adultério é um pecado que nos coloca fora do Estado de Graça ou, 3) A necessidade de estar em Estado de Graça para comungar.
O problema é que todos estes conceitos fazem parte do corpo doutrinal da Igreja. Doutrina essa que não pode ser contrariada, nem pelo Papa, pelo que à primeira vista os obstáculos a uma mudança são formidáveis. Seja como for, vai haver desilusões. Fala-se já de um cisma silencioso, de muitos fiéis que simplesmente deixaram de viver de acordo com os ensinamentos da Igreja sobre estas questões. São pessoas que olham para este sínodo com uma esperança que, a tornar-se desilusão, poderá levar a um afastamento definitivo. Mas o risco de um cisma verdadeiro do outro lado
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da barricada também é real. Para muitos que lutam diariamente para se manterem fiéis à Igreja, a ideia de que os bispos aprovem uma heresia, contrariando alguma das premissas acima enumeradas, poderá ser o suficiente para seguirem o mesmo caminho que os lefebvrianos. Há uma coisa para a qual chamo atenção. Se a questão está a ser colocada é porque o Papa acha que há alguma coisa a discutir. Ninguém deve correr o risco |
de começar a decretar o que os bispos podem ou não podem decidir. Não é certo, nem parece provável, que se permita o acesso à comunhão por parte dos “recasados”, mas antes do Concílio também não parecia certo nem provável que a Igreja reconhecesse o diálogo inter-religioso e a liberdade religiosa. Contudo, o Espírito Santo tinha outras ideias. Deixemo-lo agir.
Filipe d’Avillez, jornalista
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Máquinas Incubadoras |
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Importa relembrar dois princípios éticos básicos quando se analisa a legitimidade da chamada “maternidade de substituição” (vulgarmente conhecida como “barriga de aluguer”). Um, o de que a pessoa deve ser sempre tratada como fim, e nunca como meio, não pode ser instrumentalizada. Outro, o de que a pessoa é uma unidade de corpo e espírito, não tem um corpo, é um corpo; e por isso o respeito pela pessoa não pode deixar de se refletir no respeito pelo seu corpo A “maternidade de substituição” choca com este dois princípios. Por um lado, porque instrumentaliza a criança que vai nascer, reduzindo-a a objeto de um contrato. Há quem diga, em defesa desta prática, que objeto do contrato não é a criança, mas a própria gestação. Mas o que os requerentes pretendem não é a gestação, é, obviamente, que a criança lhes seja entregue ao nascer. E o bem dessa criança é sacrificado. Ela nunca deixará de sofrer com o abandono da mãe gestante. Cada vez se conhece |
melhor os intercâmbios entre a mãe gestante e o feto e a importância desse intercâmbio para o salutar desenvolvimento físico, psicológico e afetivo deste. Esse intercâmbio chega a ter uma dimensão genética e ajuda a construir a própria identidade da criança. Esta não poderá experimentar a segurança de reconhecer, depois do nascimento, o corpo onde habitou durante vários meses. Também a mãe gestante é instrumentalizada e também ela sofre graves danos, porque uma qualquer mulher não fica indiferente ao que lhe acontece quando está grávida. Este estado não é uma atividade como qualquer outra; transforma a vida da mulher física, psicológica e moralmente. A mulher não é uma máquina incubadora, não tem um corpo, é um corpo. Não pode deixar de sofrer com o abandono do filho. É-lhe imposto por contrato que renuncie ao mais natural, espontâneo e intenso dos deveres de cuidado: proteger a vida que gerou e que se lhe apresenta na maior das vulnerabilidades. |
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A filósofa francesa Sylviane Agacisnky fala a este respeito em “alienação biológica”. A mãe gestante deve «transformar o seu corpo em instrumento biológico do desejo de outrem, (…) é a sua individualidade que ela aliena, ou seja, a sua vida íntima e pessoal, a qual devia ser insubstituível».
Só mulheres desesperadas e com grandes carências (não é por acaso que a prática se difunde na Índia) se sujeitam a esta tão traumatizante experiência. É ilusório pensar que o fazem de bom grado, por motivos altruístas ou gratuitamente. A “compensação de despesas” acaba por ter efeitos idênticos aos do pagamento. E será |
sempre difícil o controlo judicial de compensações indiretas ou não monetárias. O reconhecimento do direito de a mãe gestante a mudar de ideias e ficar com a criança (que existe nalgumas legislações) frustraria as expetativas dos requerentes (qual seria, então, o sentido do contrato?). E não é de esperar o exercício efetivo desse direito quando ele impede a satisfação de graves carências. Em suma, estamos perante uma prática desumanizante em si mesma, que nenhum enquadramento jurídico pode tornar aceitável. Pedro Vaz Patto, Juiz de Direito Público |
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Fátima Jovem 2014 |
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O local onde nascemos e vivemos em muito nos define. A Planície alentejana chama-nos à contemplação e ao mistério. Rasga-nos horizontes e é o local onde a “terra toca o céu”. Nesta e noutras peregrinações a Fátima, tenho percebido a genuína fé do povo e dos jovens alentejanos e o seu misticismo. Neste Fátima Jovem, em especial, foram 2 dias de intenso calor e profunda vivência espiritual. Desde a caminhada a pé do Santuário de Nossa Senhora da Ortiga até ao Santuário de Fátima, até à preparação da Vigília de Oração na Santíssima Trindade, com cânticos a vozes e coreografias cheias de arte e beleza, em tudo quisemos deixar transparecer o tema deste ano: “Bem-aventurados no amor de Deus pelo mundo”.
Destaco alguns testemunhos:
“Agradeço à Equipa de Pastoral Juvenil cada momento que nos deram. Tive a oportunidade de sentir a chama do Senhor a fluir no meu coração novamente. Mil obrigadas por estes dois dias |
únicos que me deram. Para o ano quero e irei voltar para sentir a chama do Senhor a fluir com esta intensidade no meu coração.” (Filipa Nascimento)
“Foi mais uma experiencia que ficará para sempre na minha memória e no meu coracao e que me marcou bastante. Uma experiencia onde todos os jovens deviam e devem participar. É um encontro forte com Maria e com Jesus, onde encontramos um porto de abrigo, um refugio. Voltei a perceber que Jesus vive realmente dentro de mim e que a Sua chama se está a tornar cada vez mais forte e que Ele quer que eu continue a caminhar junto dele. Foi maravilhoso ver que ha tanta gente a viver profundamente o amor de Deus. Criaram-se novos laços de amizade e fortaleceram-se os ja existentes. Foi simplesmente maravilhosa esta experiencia, agradeço a todos os que prepararam estes dois dias.” (Patricia Rodrigues)
As palavras de D. Ilidio, Bispo de Viseu, na homilia de domingo, acerca dos discípulos |
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de Emaús vêm de encontro a estes testemunhos: “As experiências dos outros não lhes serviam de nada. Faltava a experiência do coração. Porém, como foi bem-sucedida esta peregrinação, descrita no Evangelho de hoje! O Senhor Jesus fez-se companheiro de viagem destes 2 peregrinos e eles ultrapassaram, com êxito, todos os medos, tristezas e descrenças! |
partilhamos o que nos vai na alma. Com Jesus, somos chamados a ser bem-aventurados no amor de Deus pelo mundo… Ele, caminhando junto a nós, tantas vezes de forma inesperada e sem Se dar a conhecer, explica-nos as Escrituras, e faz-nos descobrir as razões para o caminho que, muitas vezes – e depois do encontro – pode mudar de sentido...”
Irmã Natália Costa |
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Armas e migrações forçadas
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O Papa Francisco alertou hoje no Vaticano para os riscos que o “comércio de armas” e as “migrações forçadas” representam atualmente para a paz mundial. “Todos falam de paz, todos dizem querê-la, mas infelizmente a proliferação de armamentos de todos os tipos leva-nos em sentido contrário: o comércio de armas tem o efeito de complicar e afastar as soluções dos conflitos, tanto mais porque o mesmo desenvolve-se e concretiza-se em larga medida fora da legalidade”, advertiu, durante um encontro com os novos embaixadores da Suíça, Libéria, Etiópia, Sudão, Jamaica, África do Sul e Índia junto da Santa Sé. Segundo o Papa, a humanidade enfrenta atualmente vários desafios que é “urgente enfrentar para construir um mundo mais pacífico”. Francisco abordou em seguida a “tragédia humana” que atinge as vítimas de migrações forçadas, um dia depois de ter recordado as vítimas dos naufrágios no Mediterrâneo. |
“Chegou o momento de enfrentar [o problema] com um olhar político sério e responsável, que envolva todos os níveis: global, continental, de macrorregiões, de relações entre nações, até ao nível nacional e local”, precisou.
O Papa admitiu que o fenómeno apresenta experiências “opostas”, com “histórias extraordinárias de humanidade” e outras que “fazem chorar e ter vergonha”: “Seres humanos, irmãos e irmãs nossos, filhos de Deus, que movidos pelo desejo de viver e trabalhar em paz, enfrentam viagens extenuantes e sofrem chantagem, tortura, assédio de todos os tipos, para acabar muitas vezes por morrer no deserto ou no fundo do mar”. A intervenção ligou as migrações forçadas aos conflitos e guerras e ao “problema da proliferação das armas”. “Que a comunidade internacional dê lugar a uma nova etapa de compromisso concertado e corajoso contra o crescimento das armas e pela sua redução”, pediu Francisco. |
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O Papa sustentou que estas “feridas” do mundo atual devem levar cada pessoa a ser responsável pelos outros, para que ninguém veja a sua dignidade humana ser violada.
“A paz: esta palavra resume todos os bens a que aspiram todas as pessoas e todas as |
sociedades humanas. Também o compromisso com que procuramos promover as relações diplomáticas tem, em última análise, este único objetivo: fazer crescer a família humana na paz, no desenvolvimento e na justiça”, declarou Francisco perante os sete embaixadores. |
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Fim da política que destrói a Europa |
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O Movimento de Trabalhadores Cristãos Europeu (MTCE) pede, numa declaração publicada esta terça-feira, o fim da política de austeridade que “está a destruir a Europa”, com consequências gravosas para as pessoas. Com o título «Trabalho, pão e dignidade - Queremos e merecemos uma Europa melhor», a declaração do MTCE sobre as eleições europeias de 22 a 25 deste mês, enviada à Agência ECCLESIA, realça que o “desemprego jovem, sobretudo nos países mais afetados pela crise, alcançou proporções dramáticas”. Em forma de alerta para os 400 milhões de cidadãos europeus, dos 27 países membros da União Europeia, o comunicado do MTCE sublinha que a crise que reina há vários anos e que começou como uma crise financeira e continuou com a crise da dívida, levou “a uma notável perda de confiança na política europeia, o que afeta em grande parte o próprio projeto europeu”. “O desemprego, a precariedade laboral e os baixos salários representam um grande desafio”, |
alertam os membros do Movimento de Trabalhadores Cristãos Europeu. Como efeito da crise nota-se “um aumento da desintegração social” e “a desigualdade social entre os países membros, e no interior deles, está a crescer”, denuncia o documento. “É escandaloso que os ricos sejam os beneficiados da crise e se tornem ainda mais ricos, enquanto os pobres são cada vez mais numerosos” acrescenta a nota dos trabalhadores cristãos europeus. Como a Europa se encontra “numa encruzilhada”, o MTCE alerta que “modelo neoliberal atualmente vigente deve ser mudado para um modelo social europeu, que combine os aspetos ambientais e sociais com os demais”. |
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Vaticano contra utilização de drones e de outros sistemas bélicos autónomos |
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O observador da Santa Sé junto das instituições das Nações Unidas disse hoje em Genebra, na Suíça, que a utilização de ‘drones’ e de outros sistemas bélicos autónomos veio reforçar o caráter “desumanizante” da guerra. “Mesmo que, em outros campos, a utilização de tecnologia autónoma possa de facto ser benéfica para a humanidade, a aplicação deste conceito ao armamento tem um alcance completamente diferente: coloca a máquina numa posição de decisão sobre a vida e a morte”, alertou o cardeal D. Silvano Tomasi. A intervenção do arcebispo italiano, disponibilizada pelo Vaticano, aconteceu no âmbito de um encontro de peritos em sistemas autónomos de armas para análise da “Convenção sobre a proibição ou restrição do uso de armas convencionais com efeitos indiscriminados”. D. Silvano Tomasi reforçou a “extrema preocupação” da Santa Sé relativamente ao surgimento de tecnologias que poderão no futuro “passar do plano da vigilância ou da recolha de informação para o campo do ataque a alvos |
humanos”. Segundo aquele responsável, aqueles que estão na origem destes projetos têm a responsabilidade de garantir que as “boas intenções” não resvalem para outro tipo de “empreendimentos”. “Tal como outros sistemas de armamento, os sistemas autónomos têm de ser submetidos à aprovação da lei humanitária internacional. Respeitar este parâmetro não é opcional”, recordou o responsável católico. No entendimento da Santa Sé, “todo e qualquer sistema autónomo de armamento tem, como os ‘drones’, uma grande lacuna que não pode ser ultrapassada apenas com o respeito pelas regras da lei humanitária internacional”. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Audiência geral de 14 de maio |
1960 |
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Fernando Luís Cardoso de Menezes de Tavares e Távora nasceu a 25 de Agosto de 1923 na freguesia de Santo Ildefonso, no Porto. Após terminar os seus estudos em arquitetura, publica em 1947 o ensaio ‘O problema da casa portuguesa. Falsa arquitectura. Para uma arquitectura de hoje.’ Clara prova do seu espírito crítico em relação ao caminho que o movimento modernista toma em Portugal, servindo cada vez mais o ideário político do Estado Novo e cada vez menos a profundidade necessária a um sério debate cultural, o ensaio é o primeiro sinal evidente do compromisso do arquiteto em perscrutar o coração de uma identidade arquitetónica portuguesa em que modernidade e tradição verdadeiramente dialogassem. Com efeito, Fernando Távora foi um dos arquitetos que mais afincadamente procurou aprofundar as raízes dessa identidade, contrariando o populismo do pitoresco que sustentava o idílio de um fantasioso ser português.
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Escapa, assim, à instrumentalização a que Raul Lino e a sua ‘casa portuguesa’ sucumbem, defendendo a necessidade um sério estudo e inventariação da arquitetura popular, começando ele próprio, tal como Francisco Keil do Amaral, por empreender uma busca, por meio da investigação e de trabalhos de campo, sobre o que seria a essência das novas intenções do movimento moderno. Estas intenções serão expressas já próximo da década de cinquenta e estendendo-se até 1960, em três projetos seus, fundamentais: o Plano para o Campo Alegre, o seu projeto de CODA (concurso para obtenção do diploma de arquiteto) e o projeto para o conjunto habitacional de Ramalde. A diferença entre o seu projeto ‘uma casa à beira bar’ e a ‘casita à beira mar’ de Raúl Lino expressam bem as diferenças de perspetiva sobre uma genuína síntese conciliatória entre modernidade e tradição. Membro fundador do ICAT (Iniciativas Culturais Arte e Técnica), Fernando Távora |
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é particularmente atento aos problemas do contexto social e económico da produção da arquitetura, contribuindo ativamente para a defesa e promoção dos pontos de vista profissionais que aqueles levantam. Nove anos após a morte de Távora, ‘1960’, documentário que agora estreia em Braga e no Porto, é o seu registo pessoal à passagem, em cinco meses de viagem desse mesmo ano, por vários países. Uma combinação de imagens então registadas |
em super8 e reflexões escritas, agora reproduzidas na voz do ator Marcos Barbosa, que o realizador Rodrigo Areias (Estrada de Palha, 2012) combina devolvendo-nos à atualidade um arquiteto fortemente empenhado na busca do sentido da vida e das coisas, na expressão do outro e na dignidade humana, na relação ancorada em contexto e origem, preservando a essência de cada um e cada coisa e o resultado do seu encontro, em respeitador diálogo. Margarida Ataíde |
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Leigos online |
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Celebra-se esta semana, entre 11 e 18 de maio, mais uma semana da vida. Esta semana já é comemorada desde 1994 sendo organizada pela Conferência Episcopal Portuguesa, através da Comissão Episcopal para o laicado e família. “Esta iniciativa vem na sequência do apelo lançado em 1991 pelo Papa João Paulo II, na Encíclica O Evangelho da Vida sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana, ao propor uma celebração que tenha por objetivo «suscitar nas consciências, nas famílias, na Igreja e na sociedade, o reconhecimento do sentido e valor da vida humana em todos os seus momentos e condições, concentrando a atenção de modo especial na gravidade do aborto e da eutanásia, sem contudo menosprezar os outros momentos e aspetos da vida…» (EV 85).” Assim esta semana propomos uma visita ao sítio da comissão episcopal responsável pela organização desta semana em |
que se celebra o Dia Mundial da Família (15 de Maio). Ao digitarmos o endereço www.leigos.pt encontramos um espaço eminentemente informativo, apresentando uma estrutura e ambiente tradicionais, não fugindo aos cânones habituais. Na página principal além do menu encontramos as últimas notícias inseridas e ainda algumas sugestões para outros sítios relacionados. Ao clicarmos em comissão podemos ver quem são os elementos que a compõem e perceber que a sua finalidade passa pelo “acompanhamento das associações de fiéis na área do Apostolado dos Leigos (Movimentos Eclesiais, Novas Comunidades, Obras de Apostolado, etc.) e a promoção da Pastoral nas áreas da Família, da Juventude e do Ensino Superior”. Em “família”, ficamos a perceber que esta área engloba a área da pastoral familiar e que é formada “por um grupo de pessoas com experiência de trabalho |
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nas questões da Família”. Na opção “juventude”, descobrimos que esta área enquadra as várias iniciativas no campo juvenil sendo coordenadas pelo Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ). Por último, em ensino superior, ficamos ainda a saber que esta comissão episcopal é também responsável pelo sector da pastoral do ensino superior |
integrando alunos e docentes. Em plena semana da vida fica o desafio de acederem a este espaço para, além de consultarem os conteúdos apresentados, acederem aos materiais relativos a esta semana que tem como mote “gerar vida, construindo futuro”.
Fernando Cassola Marques |
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Invenire |
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Com o desígnio de partilhar e difundir o património cultural e artístico da Igreja em Portugal, a revista Invenire, publicação semestral do Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, cumpre em 2014 o quarto ano de edição regular. Prosseguindo os objectivos iniciais, retoma neste 8º número a abordagem ao Inventário, como tema central de mais um Caderno. Desafio de longa data entre os responsáveis pelos bens culturais da Igreja, constitui uma ferramenta indispensável no processo de conservação, protecção e valorização do património religioso. Motor de desenvolvimento de diversas iniciativas, tem motivado a concretização de projectos sólidos e criteriosos, de indiscutível alcance pastoral e cultural. Ultrapassando a simples necessidade da Igreja conhecer o património à sua guarda, tem permitido resgatar acervos de extraordinária qualidade e grande relevância, constituindo, em boa verdade, um caminho fascinante de descoberta, de um legado
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fundamental, reflexo da fé e da cultura nacional. Não se trata apenas de o conhecer e registar, mas de o devolver, com dignidade e apreço, à sua primordial função, estimando-o e dotando das condições necessárias ao cumprimento de tal missão. Desvendado um pouco do panorama nacional nesta matéria, inicia-se este Caderno evocando alguns legados referenciais, como foram aqueles deixados por Luiz Keil, António Nogueira Gonçalves ou Túlio Espanca. Um ponto de situação é feito por António Marujo e Rui Almeida, dando conta dos trabalhos em curso e do seu papel em contexto museológico. À semelhança das anteriores edições, revelam-se neste número dados inéditos e novas interpretações em torno do património eclesial português. É o caso do artigo assinado por Eduardo Carrero Santamaría, onde o historiador defende o papel nevrálgico do claustro nas catedrais medievais; o estudo de Joana Antunes, Joaquim Caetano e Maria João Carvalho, onde os autores comprovam, |
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revelando novos dados documentais, a intervenção do prestigiado escultor Olivier de Gand em importantes obras nacionais; a assertiva análise de Carla Varela Fernandes, em torno de obras de arte deslocadas dos seus contextos originais; o estudo de dois programas iconográficos por Celso Mangucci, nas igrejas eborenses de São Tiago e São Mamede; ou ainda as relações entre parenética e as directrizes tridentinas sobre a produção de obras de arte, por Paula Figueiredo, que resgata do esquecimento um interessante conjunto de púlpitos seiscentistas da diocese da Guarda. Lugar ainda para a rúbrica Perfil, onde o musicólogo Rui Vieira Nery defende que a Igreja deve abrir caminhos, dando a conhecer o seu reportório musical, a secção dedicada a projectos recentes em matéria de bens culturais da Igreja, e a habitual rúbrica de opinião, assinada neste número pelo bispo D. Pio Alves. Sandra Costa Saldanha
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II Concílio do Vaticano: Paulo VI naufragou numa onda humana na Terra Santa |
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O Papa Paulo VI foi o primeiro Papa da história a pisar a terra de Jesus, desde que São Pedro saiu de lá para pregar o evangelho. Nessa memorável peregrinação, em Janeiro de 1964, na Via Dolorosa, o sucessor do Papa que convocou o II Concílio do Vaticano naufragou no meio de uma onda de multidão “que o submergia e o fazia reemergir”. Naquele trajeto, Paulo VI estava só, “ninguém do seu séquito conseguiu ficar junto a ele, nem sequer o secretário, padre Macchi, que levava consigo o discurso a pronunciar”, (In: Carlo Cremona; «Paulo VI», Lisboa, Edições Paulistas). No meio da confusão, a polícia apressou-se a fechar a Porta de Damasco logo a seguir à passagem de Paulo VI. “Desanimado, o padre Pasquale Macchi dirigiu-se ao oficial: «Sou o secretário de Paulo VI…». E aquele, incrédulo e despachado: «E eu sou o secretário de Kruscev»”. Depois, pôde “felizmente alcançar o Papa”, revela a obra citada anteriormente. O rosto do Papa Montini estava marcado por um sorriso surpreendente: «Querem-me bem, como a Jesus!». Paulo VI teve numerosos encontros diplomáticos: com o jovem rei da Jordânia, Hussein; com o presidente da República Israelita, Zalman Shazar e outras autoridades políticas. “Corajosamente, contestou toda a calúnia contra a memória de Pio XII”, lê-se na obra de Carlo Cremona. Foram também inesquecíveis os encontros religiosos, com os patriarcas de várias |
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confissões cristãs, sobretudo com o patriarca ecuménico Atenágoras, onde o “humilde e forte ecuménico abraço deve ter feito saltar de alegria a Igreja invisível de Cristo”. Na célebre visita à Terra Santa, o papa que deu continuidade à assembleia magna convocada pelo Papa João XXIII (canonizado em abril último) também se deslocou a outros locais bíblicos. “O coração de Paulo VI abriu-se a uma sinfonia de orações a Cristo, dialogadas com ele, de pedido de perdão, de vontade de reconciliação universal”, refere o livro «Paulo VI».
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Foi providencial a determinação da viagem naquele momento. Posteriormente, já não teria sido possível efectuá-la. A 6 de janeiro de 1964, depois da missa celebrada na basílica da Natividade, em Belém, o regresso a Roma, ao fim da tarde. Passados 50 anos deste acontecimento que marcou a história da Igreja, o Papa Francisco que anunciou, recentemente, a beatificação do Papa Montini, vai também à Terra Santa, de 24 a 26 deste mês. Uma forma de comemorar a visita do seu antecessor. |
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Maio |
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Dia 16
* Aveiro - Murtosa (Café Porta da Ria) - Conferência sobre «A Igreja na Comunicação» por Paulo Rocha e integrado no ciclo «Conversas C´fé».
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* Braga - Centro Apostólico do Sameiro - Encontro «Da criação à redenção - A Teologia do Corpo de João Paulo II» e integrado na Semana da Vida. (16 a 18)
Dia 17
* Lisboa - Convento de São Domingos - Debate sobre «Famílias hoje: Encontro de casados, divorciados e recasados» promovido pelo Instituto São Tomás de Aquino.
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* Vila Real - Encontro de professores de EMRC. * Porto - Gaia (Igreja Paroquial de Canelas) - Concerto de Páscoa e de acção de graças pela canonização de João Paulo II. |
* Fátima - Reunião da Faculdade de Teologia da UCP.
Dia 18
* Dia Internacional dos Museus. |
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No sábado, 17 de maio realiza-se, na Alameda da Universidade, em Lisboa, a bênção de finalistas presidida pelo patriarca, D. Manuel Clemente e destina-se aos alunos finalistas das Escolas Superiores da cidade.
Neste fim-de-semana vai estar em Portugal o novo Reitor-Mor, Pe. Ángel Fernández Artime, e a Madre Yvonne Reungoat, Superiora Geral FMA, por ocasião da 62ª Peregrinação da Família Salesiana a Fátima, e do Dia Nacional MJS 2014. O Reitor-Mor, com um programa intenso, tem ainda previstas reuniões com os salesianos, com os diretores das casas salesianas em Portugal, também uma participação no Conselho Provincial, bem como um encontro com os jovens em caminhada vocacional.
Este domingo decorre a primeira Caminhada “Todos pelo Sameiro”, uma organização da Confraria de Nossa Senhora do Sameiro e da Câmara Municipal de Braga. O evento pretende juntar todos os que queiram aliar-se a esta manifestação desportiva e ajudar a Confraria de Nossa Senhora do Sameiro na angariação de fundos para as Obras do Telhado da Basílica do Sameiro.
Este ano, o Dia Internacional dos Museus, uma iniciativa do ICOM celebrada no dia 18 de Maio, tem como tema Museus: As coleções criam conexões. A iniciativa pretende contribuir para a divulgação das inúmeras atividades promovidas pelos museus portugueses nos dias 18 e 19 de Maio, reflexo do empenho, disponibilidade e dedicação dos seus profissionais.
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h22
RTP2, 15h30
Terça-feira, dia 20 - Informação e entrevista ao novo presidente da CIRP, padre Artur Teixeira ; Quarta-feira, dia 21 - Informação e entrevista à professora Maria de Fátima Nunes da Equipa Interescolas EMRC 1.º ciclo do EB; Quinta-feira, dia 22 - Informação e entrevista a Octávio Carmo, vaticanista da Agência Ecclesia, sobre a viagem do Papa Francisco à Terra Santa; Sexta-feira, dia 23 - Análise das leituras bíblicas de domingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio.
Antena 1 Domingo, dia 18 de maio, 06h00 - Pastoral no ensino superior em tempo de bênção de pastas. Comentário à atualidade com Paula Martinho da Silva.
Segunda a sexta-feira, 22h45 - 19 a 23 de maio - Os cristãos na Terra Santa e perspetivas da visita do Papa: general Valença Pinto, Gonçalo Figueiredo Barros, Frei Artemio Vítores, D. Fouad Twal e Octávio Carmo
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Podemos adorar Maria?
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Ano A - 5º Domingo da Páscoa |
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Que Igreja somos nós? |
A liturgia deste quinto domingo pascal convida-nos a refletir sobre a Igreja, a comunidade que nasce de Jesus e cujos membros continuam o seu caminho, dando testemunho do projeto de Deus no mundo, na entrega a Deus e no amor aos homens. A primeira leitura apresenta-nos alguns traços que caraterizam a Igreja como família de Deus: - é uma comunidade santa, embora formada por pecadores; - é uma comunidade estruturada hierarquicamente, mas onde o serviço da autoridade é exercido no diálogo com os irmãos; - é uma comunidade de servidores, que recebem dons de Deus e os colocam ao serviço dos irmãos; - é uma comunidade animada pelo Espírito, que vive do Espírito e que d'Ele recebe a força de ser testemunha de Jesus na história. A segunda leitura também se refere à Igreja: chama-lhe templo espiritual, do qual Cristo é a pedra angular e os cristãos pedras vivas e povo sacerdotal, que tem por missão oferecer a Deus o verdadeiro culto: uma vida levada na obediência aos planos do Pai e no amor incondicional aos irmãos. O Evangelho define a Igreja: é a comunidade dos discípulos que seguem o caminho de Jesus, que acolhem a sua proposta e aceitam viver em dinâmica de Homens Novos, que possuem a vida em plenitude e que integram a família de Deus, a família do Pai, do Filho e do Espírito. Acolhendo a Palavra hoje, só podemos perguntar: que Igreja somos nós? |
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Depois de mais de dois mil anos de cristianismo, parece que nem sempre se nota a presença efetiva de Cristo nesses caminhos em que se constrói a história do mundo e dos homens. Tantos atentados à vida e à dignidade da pessoa, a corrida aos armamentos, os genocídios, os atos bárbaros de terrorismo, as guerras religiosas, o capitalismo selvagem, o tráfico de pessoas, a corrupção levam-nos a pensar que os critérios que presidem à construção do mundo estão, demasiadas vezes, longe dos valores do Evangelho. Porque é que isto acontece? Cristo é mesmo, para os cristãos, a referência fundamental? As pessoas que se dizem de Cristo e da Igreja fazem de Cristo,
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efetivamente, a pedra angular sobre a qual constroem a sua vida e a história do nosso tempo? Ser pedras vivas, templo espiritual… que significa isso na construção da nossa Igreja em 2014?
O Papa Francisco tem-nos desafiado a pensarmos na Igreja que somos, sempre transformados na alegria do Evangelho. Isso só pode acontecer em perspetiva de uma Igreja fiel a quem a gerou e faz crescer, o Espírito de Jesus Cristo, e atenta aos anseios, problemas e alegrias das pessoas do nosso tempo. Enfim, uma Igreja sempre renovada nas fontes do monte das bem-aventuranças.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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Síria: a aventura de amor da irmã Maria Nazareth
“Não tenho medo” |
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Teve de pedir autorização aos superiores e à família. Só assim a irmã Maria Nazareth conseguiu a licença para viajar até Alepo, para apoiar a pequena comunidade cristã. Quando todos tentam fugir da Síria, ela encaminha-se para o holocausto. Que loucura será esta?
Alepo representa bem o impasse da guerra civil que está a destruir a Síria. A cidade está dividida em zonas controladas pelo regime de al-Assad, pelos separatistas curdos e por soldados do Exército Sírio Livre. É uma luta de morte. Os civis estão encurralados. Escondem-se onde podem, mal sobrevivem. Em muitos lugares quase não há comida, nem água, nem medicamentos. Sair de Alepo é arriscadíssimo. Entrar é pura loucura. Mas é isso mesmo que vai fazer uma jovem irmã, Maria Nazareth, do Instituto do Verbo Encarnado. Esta argentina, de sorriso largo e contagioso, sabe de cor as palavras do Papa Francisco quando disse que temos de “aprender a sair de |
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nós mesmos, a fim ir em direção às periferias da nossa existência”, junto dos que “estão esquecidos”. Palavras fortes que perturbaram e que a levaram a decidir que tinha mesmo de ir para a Síria, para Alepo, para ajudar duas outras irmãs que tentam manter as portas abertas de um albergue para raparigas cristãs. É tão grave a situação na Síria que ninguém vai para lá sem ser voluntário. A Irmã Nazareth teve de pedir permissão aos superiores e aos pais. Telefonou para casa e ouviu a voz sossegada da mãe: “Estás numa ordem religiosa há vinte anos. A tua decisão não é fácil para nós. Mas sabemos que estás feliz e que se trata de cumprires a vontade de Deus. Portanto, não podemos dizer que não. Estamos a rezar por ti e estamos contigo”.
A força da féDe malas feitas, Maria Nazareth já só pensa no seu trabalho em Alepo. No seu entusiasmo não |
há lugar para receios, embora vá partir para um dos lugares mais perigosos do Planeta. “Não, eu não tenho medo. Confio em Deus e na Virgem Maria. Além disso, sei que estou acompanhada pelas orações de muitas pessoas”. Síria. 3 anos de guerra civil, mais de 150 mil mortos, 9 milhões de refugiados. Quando tudo parece perdido, há alguém que decide partir em sentido inverso, rumo ao epicentro da guerra. Apenas para ajudar. A irmã Nazareth está de partida e pede as nossas orações. As suas orações. Elas serão o seu colete à prova de bala nesta viagem para Alepo.
Paulo Aido |
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Família, Património da Humanidade |
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Tony Neves |
‘A Arte de ser Família, Património da Humanidade’ foi o tema do Encontro Anual de Formação das Equipas de Nossa Senhora em Lisboa, realizado a 10 de Maio no Colégio S. João de Brito. Pudemos escutar muitos testemunhos, em primeira pessoa, de casais que cuidam da família muito melhor de que se tratasse de um monumento, pois é um património que resulta de um matrimónio e envolve pessoas, vidas, educação, valores, presente e futuro. Pudemos ouvir a vaticanista Aura Miguel, jornalista da RR, a contar-nos alguns dos encontros com famílias e sobre famílias realizados pelos Papas João Paulo II, Bento XVI e Francisco por ocasião das Viagens Apostólicas por esse mundo além. Ouvimos o Dr. Juan Ambrosio, casado, pai de dois filhos, teólogo, professor universitário, a partilhar o que é ser família cristã hoje. Escutamos a Ministra Assunção Cristas e o seu marido a falar das suas experiências de cristãos em família, mas também numa sociedade que dá grandes responsabilidades que, em muitos casos, comprometem o bem-estar e a coesão das famílias. Sim, há que dar esse passo corajoso e atribuir à família o estatuto de Património da Humanidade. Se protegemos tanto as pedras dos monumentos e os papiros que suportam textos e iluminuras, porque não defender a instituição mais antiga e mais fundante |
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da humanidade, presente e decisiva em todas as raças e culturas, em todos os tempos e lugares. Parece cada vez mais evidente que sem família não há futuro para as sociedades, uma vez que falamos do núcleo social. Mas faltam políticas e meios para que tal proteção e incentivo aconteçam. Há que elaborar leis que a defendam. Há que estar sempre do lado da união e da vida e não da ruptura |
e da morte, como às vezes os enquadramentos legais parecem estar. Tenho um orgulho enorme na família que Deus me deu. Exceptuando casos dramáticos de ruptura e abuso, os cidadãos do mundo inteiro partilham esta minha alegria e convicção. Sejamos dignos deste ‘Património da Humanidade’ e façamos o que estiver ao nosso alcance para que as Famílias estejam unidas e todos sejamos pessoas felizes. |
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“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.” |
Maria – tudo o que Deus quer e pode fazer em cada um de nós. |
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Margarida Corsino da Silva |
Maria é a mãe de Deus e é, também, a nossa mãe. Há devoções, proximidade e orações que Lhe dirigimos, pedindo-Lhe que nos ponha com Seu Filho. É fácil vê-La como uma de nós. Na Sua fraqueza, na Sua valentia, nas Suas dúvidas e na Sua aposta radical. Vemo-la aconchegando a Jesus Menino no presépio. Guardando no Seu coração o que não conseguia entender. Seguindo Jesus como a primeira dos Seus discípulos. Ao pé da cruz, com o coração trespassado, mas firme. Sentimo-La próxima dos apóstolos no tempo da espera, dando-lhes confiança, dizendo-Lhes, como um dia o Seu Filho o havia feito, «não tenhais medo». Precisamos de pôr a nossa vida, repetidamente, nas Suas mãos que protegem, que cuidam e que nos tranquilizam no meio das tormentas que, por vezes, parecem tomar conta da nossa existência. Maria é a mulher do sim. Deus olha o mundo e tem um sonho e olha para Maria e convida-A a entrar nesse mesmo sonho e desejo de Salvação. Tudo começou no coração de Deus. Manifesta-Se numa cidade sem importância: Nazaré. A uma jovem simples: Maria. Maria estremece. Deus espera. Maria pergunta. Deus escuta. Maria faz silêncio. Deus fala. Maria não entende com a cabeça. Deus fala-Lhe ao coração. Maria abre-Se. Deus derrama sobre Ela a força do Seu Espírito. Maria
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acolhe. Deus instala-Se no centro do Seu coração. Maria assume o plano de Deus. Deus assume a vida de Maria. Maria faz-Se Escrava. Deus fá-La Senhora e Mãe de toda a humanidade. E nós? Como dizemos sim a Deus? Como perguntamos e fazemos silêncio? Como deixamos que o nosso coração entenda? Como assumimos o plano de Deus para nós e como deixamos que assuma a nossa vida? O meu sim ao SIM de Deus nunca poderá ser menos que o resultado de um encontro afectivo e inteligente com uma promessa digna de confiança. S. Paulo diria: “Eu sei em Quem pus a minha confiança”. Maria pronuncia, com inteligência e afecto, cantando, talvez, com profunda alegria o magnificat. A mim, o meu sim ao SIM de Deus leva-me a uma relação única e especial com Ele. E esta relação toma forma também no silêncio, na oração. O silêncio que dá fecundidade às minhas palavras, aos meus gestos. Ao jeito de Jesus. Ao jeito de Maria que «fixava todas as palavras e as guardava no íntimo do Seu coração». Tenho na memória, e repito-as muitas vezes, algumas palavras que o pe. José Frazão Correia, sj, um dia escreveu sobre Maria, «Maria. Toda nossa. Toda de Deus. Desde sempre. Para Deus. Para toda a eternidade. Maria. Tudo o que Deus quer e pode fazer em cada um de nós. Maria dispõe-Se. No silêncio. Para reencontrar o sentido maior. E nada se perde, porque o coração tudo conserva.» E nós? |
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