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Octávio Carmo Paulo Rocha Diocese das Forças Armadas |
60 - Fundação AIS |
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Foto da capa: Agência ECCLESIA Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Margarida Duarte, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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As bombas da Paz |
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Octávio Carmo Agência ECCLESIA |
Uma viagem do Papa à Terra Santa é sempre aguardada com enorme expectativa: trata-se de uma visita aos lugares mais santos do Cristianismo, num contexto geopolítico delicado, com consequências evidentes no equilíbrio mundial. Um passo em falso, no Médio Oriente, numa terra que todos reivindicam como sua, pode representar dificuldades de relevo para os cristãos em todo o mundo. Francisco passou com distinção este teste, do ponto de vista religioso e social. Ecumenicamente, fez história ao reunir vários líderes cristãos na Basílica do Santo Sepulcro, onde a divisão se faz sentir de forma visível até na gestão do espaço. A oração em comum e a amizade visível com o patriarca ecuménico de Constantinopla Bartolomeu, consagraram a opção pelo diálogo e pelo trabalho rumo à recomposição da plena comunhão, centrado na fraternidade e não no confronto. A visita, apresentada como uma evocação dos 50 anos do histórico encontro entre Paulo VI e o patriarca Atenágoras entra, a este nível, na lista dos momentos mais marcantes para o caminho ecuménico do pós-Vaticano II. Particularmente relevantes, para os cristãos locais, foi o apelo de Francisco para que os lugares santos não se transformem em museus, preservando a memória viva que as comunidades crentes representam, com o seu testemunho de fé. |
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O Papa percebeu que tudo o que se faz e se diz na Terra Santa tem conotações políticas. Por isso mesmo, com gestos que o próprio garante terem sido espontâneos, foi reservando para a sua agenda pequenas surpresas, autênticas ‘bombas da paz’, que foram para lá das meras palavras, como aconteceu ao abriu as portas do Vaticano para receber os presidentes Mahmoud Abbas e Shimon Peres, que aceitaram o convite.
Sem necessidade de palavras, Francisco deteve-se em oração silenciosa numa série de lugares simbólicos: o muro da Cisjordânia, numa paragem |
imprevista, em Belém, que logo deu a volta ao mundo; o Muro das Lamentações, onde rezou pela paz; a lápide em memória das vítimas israelitas do terrorismo, noutra paragem fora do programa oficial, a pedido das autoridades israelitas. Pessoalmente, impressionou-me a reflexão sobre o Mal (maior do que o próprio ser humano e a sua história) e a pretensa divinização do homem que o leva a diabolizar-se, apresentada no Memorial do Holocausto. Será sempre um dos discursos maiores do pontificado e deixa, para a humanidade, um apelo carregado de memória e de futuro: ‘Nunca mais’. |
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“Esta é uma vitória de pessoas que têm ideais, que não desanimam, mesmo quando ficam exaustas” António Marinho e Pinto, cabeça de lista do MPT-Partido da Terra, Lisboa, 25 de maio
"O núcleo, o essencial da nossa mensagem não chegou aos portugueses" Acácio Valente, cabeça de lista do Portugal Pro Vida, Lisboa, 25 de maio
“Espero que o voto tenha enviado uma mensagem clara de que algumas coisas precisam de mudar” André Sapir, economista belga e antigo conselheiro de Durão Barroso, Sintra, 28 de maio
“Em boa verdade, fome generalizada em Portugal não existiu. Se não houvesse as Misericórdias e as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), teria havido” Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias, Évora, 28 de maio
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"A caricatura do debate político que chegou à casa das pessoas foi demasiado pobre. Falámos 90% da Europa e 10% do resto. Se calhar, não devíamos ter falado de mais nada para que, pelo menos, o que falámos sobre Europa pudesse ter passado" Pedro Passos Coelho, presidente do PSD e primeiro-ministro, Lisboa, 29 de maio
“2013 foi um ano muito difícil para os bancos alimentares porque houve bastante menos doações da indústria e foi um mau ano do ponto de vista agrícola, com muito menos retiradas de frutas e legumes” Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome, Lisboa, 28 de maio |
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O encontro nas redes digitais |
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O presidente da Comissão Episcopal responsável pelo setor dos media disse esta quinta-feira em Lisboa que o principal desafios das redes digitais é promover um “autêntico encontro de pessoas com pessoas”, como pede o Papa Francisco. “Importa cultivar atitudes que possibilitem e preparem autênticos encontros pessoais e diminuam o risco da mera voragem comunicacional: a pausa e a calma; o silêncio; a paciência; a disponibilidade para dar e receber”, declarou D. Pio Alves, na sessão de apresentação da mensagem papal para o 48.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se celebra este domingo. O bispo auxiliar falava no Seminário da Luz, na iniciativa promovida pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS) da Igreja, a respeito do tema escolhido por Francisco, ‘Comunicação ao serviço de uma autêntica cultura do encontro’. Segundo este responsável, a “imprescindível consciência das dificuldades” não é um convite à “desistência ou à fuga”, neste |
campo. “O cruzamento de duas ideias - estradas digitais congestionadas de humanidade e abrir as portas das igrejas - proporciona um enquadramento novo à prática da proximidade: o encontro com quem está caído na margem da estrada - pastoral de saída - e o acolhimento de quem procura entrar sem necessidade de bater à porta ou tocar a campainha”, precisou o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais. D. Pio Alves realçou que as redes digitais oferecem novos “púlpitos” e “periferias”, sem “distâncias” ou “horários de atendimento”, em que “cabem tanto os verdadeiros como os falsos mendigos de humanidade”. Já o antropólogo Alfredo Teixeira, professor da Universidade Católica Portuguesa, afirmou que a mensagem pontifícia promove uma nova perspetiva sobre as redes digitais. O docente da Universidade Católica Portuguesa sustenta que a mediasfera é “um lugar onde se recompõem os vínculos sociais” no qual Francisco vem reforçar |
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a ideia de “proximidade”. “Se a comunicação é uma redução de distância, a proximidade é o lugar de elaboração desta experiência de cidadania num novo contexto”, declarou o conferencista. “A metáfora usada para falar desta realidade é a da cidadania. O problema não são os novos areópagos, mas novas cidades”, |
precisa o professor universitário. Segundo Alfredo Teixeira, Francisco retoma a “questão do próximo”, um tema central, com “apelos a ultrapassar os limites de uma compaixão à distância”. “A mensagem do Papa Francisco inscreve a mediação tecnológica na lógica do dom”, destacou. |
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EMRC por um mundo mais sustentável |
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Os alunos da OFICINA - Escola Profissional do Instituto Nun’Alvares (INS), do Colégio de Santo Tirso dos Jesuítas, promoveram esta terça-feira uma ação pública centrada nas áreas do ambiente, da alimentação, da saúde, da educação e do trabalho. Em entrevista à Agência ECCLESIA, a professora Denise Lima, uma das organizadoras do evento, explica que dezenas de jovens, do 10.º ao 12.º ano, procuraram interpelar e sensibilizar as pessoas para a importância que aquelas temáticas assumem no contexto de uma sociedade que se quer “cada vez mais virada para o desenvolvimento”. A iniciativa nasceu do projeto “GPS Move-te pela Mudança”, desenvolvido este ano pela Fundação Fé e Cooperação (FEC), da Conferência Episcopal Portuguesa, em parceria com o Secretariado Diocesano do Ensino Religioso de Lisboa, a Fundação Gonçalo da Silveira e a Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa. O principal objetivo, avança |
Patrícia Fonseca da FEC, é incentivar os mais novos, através da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), a serem uma força “transformadora” da sociedade. A partir da abordagem de “cinco temas estruturantes”, o ambiente, a alimentação, a saúde, a educação e o trabalho, os alunos tiveram neste ano letivo a oportunidade de refletir sobre “como é que essas dimensões são vividas em Portugal, no resto da Europa e no outro lado do mundo. Um trabalho que despertou por exemplo os jovens para as “discrepâncias” que subsistem entre os países menos desenvolvidos, “onde há pessoas que não têm o que comer” e os países mais desenvolvidos, “onde há pessoas que sofrem de obesidade”. |
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Lisboa: Novo bispo auxiliar apresenta-se |
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O novo auxiliar do Patriarcado de Lisboa, D. José Traquina, disse à Agência ECCLESIA que quer ser um bispo “compreensivo” e empenhado na valorização de todas as pessoas. “Tudo aquilo que existe de preocupação humana neste mundo - com pessoas degradadas, outras que estão preocupadas com o seu futuro em termos familiares, que não têm emprego ou não têm condições para casar, o desânimo que se compreende - não pode deixar esta verdade da fé cristã: todos são chamados à dignidade, a pessoa humana é o centro, é a maior riqueza”, declarou o responsável, nomeado por Francisco a 17 de abril. D. José Traquina, até agora pároco de Nossa Senhora do Amparo, em Benfica, vai ser ordenado bispo este domingo durante uma celebração eucarística no Mosteiro dos Jerónimos, com início marcado para as 16h00. O responsável admite que a experiência como pároco o pode ajudar na sua nova missão, em particular no que diz respeito à “proximidade” com o clero. “Um bispo deve ser compreensivo com as dificuldades, ter |
sensibilidade, quer com os colegas padres, quer com as comunidades, os cristãos, e procurar colaborar na animação para que a comunidade cresça”, precisa. O novo bispo assume a necessidade de “valorizar todas as pessoas, mesmo as mais distanciadas ou as mais pecadoras”, porque “Deus não desistiu delas”. “Esta é a missão da Igreja. Nós não vamos dar lições a quem está na área da política, na governação, a nossa missão é valorizar as pessoas”, observa. “Se temos de fazer alguma denúncia, chamar a atenção, é por causa das pessoas”, acrescenta o futuro bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa. D. José Augusto Traquina Maria nasceu a 21 de janeiro de 1954 em Évora de Alcobaça, (Patriarcado de Lisboa), e foi ordenado padre a 30 de junho de 1985, na diocese lisboeta. |
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Apresentação do Dia Mundial das Comunicações Sociais
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Festas do Senhor Santo Cristo |
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O projeto Europeu |
Semana de metas atingidas? |
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Paulo Rocha, Agência ECCLESIA |
No início de 2014 a marca Ecclesia surgiu no ambiente da comunicação social com novos projetos, definidos a partir de reorganizações internas e da integração da produção de conteúdos para as diferentes plataformas na redação da agência Ecclesia. Foram planeadas e concretizadas diferentes etapas deste processo, que passaram pelo aumento de recursos, humanos e técnicos, pela formação dos seus utilizadores, a assunção de novos hábitos de trabalho e pelo estímulo a um maior espírito de equipa. Nestes meses, foi permanente a atenção à necessária auscultação de quem nos vê, lê ou ouve, às tendências de mercado e aos novos ambientes de produção, receção e partilha de conteúdos. Passos dados em direção a uma meta, num “continente” em constantes transformações e com diferentes os ritmos de participação, de mudanças nas rotinas laborais e de integração de conhecimentos em ordem à produção de conteúdos em diferentes linguagens. Mas estamos em caminho, como sempre estaremos! A renovação promovida desde o início do ano na marca Ecclesia permitiu, antes de tudo, dar mais relevo à opinião. No semanário digital e nos programas de televisão e de rádio, fixaram-se rubricas e participações que, em cada semana, fazem propostas de leitura dos acontecimentos sociais e eclesiais. Adiantam também conteúdos
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que são propostas formativas para quem nos lê, escuta ou vê. O percurso de sustentação do nosso trabalho em torno de um projeto de agência de notícias fez com que a reportagem, a publicação de notícias, seja sempre uma prioridade. Porque queremos, acima de tudo, mostrar o que é, o que faz e o que propõe a Igreja Católica, a partir do Vaticano, de Portugal e de muitas outras latitudes. Não para reservar o púlpito mediático onde estamos inseridos à voz oficial e às lideranças hierárquicas. Elas estão presentes a par de muitas outras expressões, iniciativas e grupos. E no trabalho diário de edição, de seleção de reportagens a fazer ou entrevistas a gravar, ficam muitas vezes na linha da frente projetos inovadores, iniciativas juvenis e expressões que testemunhem experiências de vida radicadas |
quotidianamente no Evangelho, frequentemente traduzidas em gestos de solidariedade e de missão. Anunciava-se, no início de 2014, que o projeto de renovação da marca Ecclesia teria um momento de referência nesta última semana de maio por ser a ocasião em que surgiríamos diante do público, na página da internet, com novas formas de mostrar e divulgar o que fazemos. Não apenas nas notícias escritas de acordo com metodologias comuns a todas as agências, mas também nas novas possibilidade de mostrando através de ferramentas digitais o que acontece em torno de pessoas e instituições que são a Igreja Católica em Portugal. E atingiu-se esse objetivo que estará, acredito, em constantes transformações. Semana de metas atingidas? Sim! Mas significam sempre o limiar de novos desafios! |
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Há quartéis sem capelãoResponder à falta de sacerdotes junto das unidades militares é atualmente «a maior preocupação» do novo bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Manuel Linda
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Agência ECCLESIA (AE) – Começando pelo seu processo de nomeação, esperava coordenar o trabalho nesta Diocese com as circunstâncias que tem, ou como ouvimos também muitas vezes ser dito, ter a seu cargo uma diocese territorial? D. Manuel Linda (ML) – Esperava que me deixassem continuar o trabalho que estava a ter e com grande gosto meu, que era na Arquidiocese de Braga, como auxiliar do senhor arcebispo. Sabemos que a naturalidade das coisas quase sempre em Portugal passa por, passado alguns anos, as pessoas serem nomeadas para uma diocese. Eu não tinha essa expetativa, gostava do trabalho que realizava.
AE – Não iria continuar como bispo auxiliar eternamente… ML – Porque não? Várias pessoas ficaram sempre como bispos auxiliares e, para mim, não estava fora do horizonte, bem pelo contrário. Gostaria muito, porque não tinha as |
responsabilidades que tem um bispo diocesano e podia estar no terreno e colaborar com os cristãos e com os sacerdotes, de uma forma absolutamente livre como estava a fazê-lo, e com muito gosto meu. De qualquer maneira, pelo menos a Diocese das Forças Armadas e de Segurança não estava a pensar atendendo à minha idade. Eram 57 anos e por isso não estava a pensar.
AE – Ainda era muito novo para esse cargo? ML – Não, não, é o contrário, exatamente já uma idade avançada para desempenhar essa função, atendendo a que os militares normalmente a partir dos 60, 65 anos passam à disponibilidade, depois à reserva e finalmente à reforma. |
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AE – O ter assumido uma diocese que tem as características das Forças Armadas, que particularidade é que tem? É um trabalho diferente daquele de coordenar uma ação pastoral numa diocese territorial? ML – Muito diferente, evidentemente. Para mim está a ser uma descoberta diária. O trabalho numa diocese territorial, a gente mais ou menos sabe aquilo em que consiste. O estar com os cristãos nas paróquias, os crismas, as visitas pastorais, o seminário. Aqui é tudo diferente, eu não tenho visitas pastorais, embora tenha visitas às unidades e com muita amizade. Não tenho um seminário. Preciso de andar de mão estendida? Precisarei! Até este momento ainda não o fiz, junto dos meus colegas bispos, para me darem padres capelães para as Forças Armadas e de Segurança. Enfim, é um trabalho completamente distinto. Não se distingue tanto, ou melhor, não se parece tanto com o das dioceses por aquele trabalho evangelizador nas paróquias, mas é um trabalho de simpatia, de
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proximidade afetiva junto de quem serve as Forças Armadas e de Segurança. E é isso, é de outra ordem.
AE – Ainda quanto ao processo, não de nomeação mas de tomada de posse, primeiro de posse canónica e depois de posse como capelão chefe das Forças Armadas. Que ambiguidades existiram, o que é que foi necessário esclarecer e acertar para que todo esse processo fosse ultrapassado. ML – Como sabe, houve uma revisão da Concordata em 2004. Até essa altura vigoravam diplomas que permitiam a entrada normalíssima do bispo no contexto do Ordinariato Castrense. Portanto, como um bispo que tem ao seu encargo a coordenação de todos os capelães que servem as Forças Armadas de Segurança e depois a dimensão religiosa global daqueles que são cristãos e que pedem serviços religiosos nestas forças.
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AE – Não como capelão chefe? ML – Exatamente, noutra dimensão, como bispo. Com a Concordata entre a Santa Sé e a Republica Portuguesa de 2004 há regulamentação posterior e em 2009 publica-se um diploma que, nesse aspeto, é omisso. Ele diz, de facto, lá num número de um artigo, que a Igreja serve os cristãos que estão presentes nas Forças Armadas e de Segurança |
por intermédio da dimensão canónica, portanto por meio da jurisdição espiritual que exerce sobre eles. Essa palavra ‘canónica’, pelos vistos, foi interpretada em contexto diferente por algumas pessoas. Isto é, alguns reconhecem que não pode haver uma existência canónica se o bispo estiver a partir do exterior. |
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ML - Se me nomeiam para bispo de marcianos, em Marte, pode haver uma nomeação canónica mas não há possibilidade nenhuma de exercer o ministério em Marte. Outros diziam que essa dimensão canónica suponha que se criassem as condições, do contexto militar, das Forças de Segurança, para que pudesse ser exercida. Isto demorou algum tempo a ser reequacionado, de tal maneira que depois os dois ministérios, da Administração Interna e da Defesa, este que tem a jurisdição mais plena e mais próxima neste campo, acabaram por publicar uma portaria na qual o bispo é nomeado simultaneamente como capelão chefe. Então, de alguma maneira, na figura do atual bispo, na minha figura, estão inerentes duas funções: a função tradicionalmente reservada ao bispo e a função tradicionalmente reservada ao capelão chefe.
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AE – Empobrecendo a coordenação do trabalho da Igreja nas Forças Armadas e de Segurança? ML – Dificultando pelo menos, porque por vezes é algo relativamente difícil. Por exemplo, na semana que passou eu visitei várias unidades que eram relativamente longe aqui de Lisboa. Estive em funções canónicas também, porque também havia celebrações religiosas, mas não só, em Vila Real e em Viseu. E tinha ido antes visitar o comando e a própria sede da Brigada de Intervenção em Coimbra. Na prática, para cada uma destas unidades é um dia. Ir, estar com as pessoas, escutá-las e regressar, é um dia. Portanto, se eu ando por fora logicamente não posso estar no gabinete do Ministério da Defesa a coordenar tantas coisas que às vezes são burocráticas.
AE – Seria o capelão chefe que, em anos passados faria essas funções? ML – Sim, embora em coordenação com o bispo. Certamente, que ao telefone ou por outra maneira, perguntava ao bispo: fazemos assim ou fazemos desta maneira.
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AE – Existiu, por causa de todo este processo, algum mal-estar entre a Igreja e o Ministério da Defesa. ML – Que eu desse conta, não! É evidente que estávamos sempre à espera, a todos os momentos, concretamente em articulação com a Nunciatura, que a celebre portaria surgisse. Mas nunca me viu da minha parte fazer criticas como também não vi da parte de ninguém responsável da Igreja tecer considerações mais desprimorosas, e da parte dos ministérios também não. |
AE – Mas esperaria que a portaria mantivesse os dois cargos, capelão chefe e bispo das Forças Armadas? ML – Não, a portaria de facto baseia-se naquilo que é a lei, agora nós podemos, e certamente haverá boa vontade para isso, de especificar melhor a lei em relação ao futuro. Parto do princípio que o meu sucessor já terá outras condições, que conseguiremos deixar essas condições. |
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AE – Tudo isto por alguma regulamentação na Concordata que terá sido produzida de forma mais ambígua? ML – Sim, dá-me a impressão que sim.
AE – E do próprio tratado concordatário, na sua opinião? ML – A Concordata é aquela que existe e muito bem. A regulamentação não se pode |
pedir que resolvesse todos os casos possíveis e imaginários que viessem a surgir nas décadas ou séculos posteriores, se ela se mantiver durante séculos. Portanto é um trabalho nosso agora, ver quais são os aspetos omissos, aqueles que têm de ser tratados, e com coragem trata-los. Eu estou convencido de que, da parte do Ministério da Defesa e até da Comissão Bilateral que |
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está a acompanhar sempre esta implementação da Concordata, haverá boa vontade e portanto, a seu tempo, se desenvolverá e se especificarão esses campos omissos.
AE – ‘A minha missão é trabalhar e construir no silêncio uma Igreja que é constituída por homens e mulheres concretos’. Disse-o à comunicação social na tomada de posse como capelão chefe.
ML – E mantenho-o!
AE – Em que programa se traduz esta atitude? ML – Se me permite, essa expressão pode ser tomada no sentido global do meu ministério. Procurarei desenvolver esse ministério não em contexto de grandes euforias mas naquele silêncio, naquele trabalho sistemático e diário. Agora a expressão foi dita num contexto muito próprio. Perguntaram-me, a comunicação social, o que é que eu pensava fazer em relação aos casos problemáticos, de problemas humanos, carências económicas, afetivas, de qualquer ordem, que |
surgissem nas Forças Armadas. E eu disse que primeiro que tudo tenho de conhecer e depois trabalharei com setores que já estão no campo, exatamente neste silêncio, sem dar muito nas vistas, na resolução destes problemas. Agora, a nível global procurarei também fazê-lo, de facto. O programa aqui não se trata, nem de um programa político, evidentemente, nem de um programa para concorrer a qualquer coisa, mas de um programa pastoral que eu só posso estabelecer a partir do momento em que conhecer melhor o ambiente. Eu estou a conhecê-lo agora. Costumo dizer que o meio militar que eu conhecia há 30 anos, quando fui capelão militar de um regimento, era aquele meio caseirinho, muito concreto, a partir daquela caserna, entre aspas. Hoje tenho uma visão muito mais global de todo o meio castrense, quer nas Forças Armadas quer de Segurança, ou estou a construir essa visão mais global. |
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ML - Também houve uma mudança muito grande, de perspetiva, de cultura, de forma de estar da Igreja neste meio, que se operou nestes 30 anos. Portanto é a partir deste conhecimento que eu depois posso - com os capelães porque eu sozinho não serei nada - estabelecer um programa concreto. Já tivemos uma reunião, com o que nós chamávamos naquela altura de conselho de consultores, e que provavelmente será o núcleo de um futuro conselho presbiteral, como há nas dioceses. E chegámos à conclusão que será necessário estabelecer um programa pastoral já a partir do próximo ano. Este programa pastoral será muito simples, baseado nos conceitos absolutamente lineares do mundo da fé, mas estabelecê-lo-emos em conjunto e em diálogo e a partir daí trabalharemos este tema e todos os outros que nos surgirem.
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AE – Até que ponto é que podemos falar em continuidade, em relação ao que o D. Manuel Linda encontrou nesta Diocese das Forças Armadas, ou em novidade, novos projetos, novas atitudes diante dos problemas que existam? ML – A continuidade será total, no sentido de pregarmos a mesma fé, usarmos as mesmas armas, entre aspas, que são os meios que temos para fomentarmos a paz e a fé no meio castrense, com as sensibilidades próprias de cada um, e com os programas próprios que se estabeleçam para cada ano. Evidentemente, se está subjacente a figura do meu antecessor, digo desde já que tenho o máximo respeito por ele e a máxima amizade. Uma amizade que vinha desde o tempo em que eu nem sequer era bispo, que o conheci, que estive com ele em muitos trabalhos, e portanto essa amizade é completa. Agora, evidentemente, cada um de nós tem a sua forma de trabalhar.
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AE – Foi por isso que disse que não seria delegado sindical? ML – Não, não tem a ver com o senhor D. Januário, nem de longe nem de perto. Tem a ver com o contexto que a comunicação social me perguntava, de como é que eu pensava intervir nos casos de acentuada dificuldade económica e tudo isso. |
Penso intervir exatamente com as estruturas que temos dentro do Ordinariato Castrense. Não é pressionar o Governo desta forma ou daquela. Pode acontecer que seja preciso. Não serei calmudo, para usar uma expressão da Bíblia. |
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AE – E não o foi, por exemplo, na missa da Guarda Nacional Republicana, há pouco tempo, onde chamou atenção precisamente para os casos de ajuda que podem estar a sentir-se, na Diocese das Forças Armadas. Existem alguns mecanismos que a própria Diocese tenha para ajudar militares ou agentes de segurança que precisem? ML – Por exemplo, posso dizer-lhe que nós tínhamos destinado, segundo a sugestão que os capelães chefes me tinham dado, ainda eu não tinha sequer tomado posse do Ordinariado, a nossa partilha quaresmal que também fizemos, em igualdade de circunstâncias com as dioceses lá de fora, àquele fundo solidário da Conferência Episcopal Portuguesa. Entretanto, porque vimos que surgiram casos no interior das Forças Armadas e de Segurança, com necessidade, reservámos uma percentagem, não chega a 25 por cento, para esses casos. |
AE – Militares e agentes de segurança podem encontrar nesse fundo uma forma de ajuda? ML – Nós ficámos com uma parte desse quantitativo para casos que já inventariámos e outros casos que nós porventura não tenhamos conhecimento podem recorrer ao fundo da Conferência Episcopal Portuguesa. Agora, você perguntou-me, porque ninguém o saberia, nós não o diríamos.
AE – Mas acredito que essas necessidades cheguem aos serviços e às várias capelanias, das várias unidades. ML – Muito bem, aqueles que cheguem tentaremos resolvê-los lá, no interior.
AE – Com a tal caridade ‘tu a tu’ de que falou na sua mensagem de Quaresma? ML – Exatamente, começa por aí, e quando for absolutamente impossível essa dimensão, então terá de entrar outra, mais global, mais superior.
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AE – Nos contactos que vai estabelecendo, percebe que a remuneração dos militares e dos agentes de segurança está a baixar consideravelmente, chegando mesmo ao ordenado mínimo nacional? ML – Eu estou convencido que isso agora estancou. De facto é impossível, particularmente refiro-me às Forças de Segurança, GNG e PSP, mas também aos militares, que são destacados para fora do seu contexto habitacional habitual, muitas vezes vêm das aldeias onde têm a sua horta, onde colhem os seus produtos naturais, que lhes dá para uma subsistência, ou ajuda, não precisam de comprar algumas coisas. |
Depois são retirados do seu contexto, vêm para uma cidade, têm de alugar casa, residência, e então aquele salário que já está baixo, está no limite, já não dá para satisfazer prováveis compromissos que eles tenham.
Imaginemos que casaram, contraíram empréstimos bancários para comprarem a sua casinha e tudo isso, e neste momento não os podem satisfazer. Isso é um drama tremendo! Eu parto do princípio de que, a partir de agora, em vez de estarmos a diminuir salários vamos recuperar aquilo que já era um direito adquirido há algum tempo atrás. |
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AE – Acha que será possível voltar a esses tempos? ML – Estou convencido que sim e é o discurso que nós vamos escutando, mesmo da parte dos nossos políticos.
AE – Que fator de tensão pode estar a ser gerado, pelas próprias Forças de Segurança, em manifestações como por já duas vezes na Assembleia da República aconteceram. ML – Estou convencido de que |
a partir de agora, que as pessoas irão recuperar não digo o seu estilo de vida mas aqueles mínimos que lhes prometeram e a que têm direito, e portanto a conflitualidade diminuirá ou desaparecerá completamente. É uma questão agora de bom senso, também da parte do poder político, olhar para as suas Forças Armadas e de Segurança, e ver que estes mínimos - agora refiro-me ao quantitativo das pessoas |
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que formam as Forças Armadas e de Segurança - provavelmente não será possível baixar, será o mínimo dos mínimos, este. E estes mínimos têm de ser incentivados a produzirem um bom resultado, mediante condições que também os incentivem, condições salariais, de saúde. Porque também não podem de facto retirar-se determinadas regalias que estavam inerentes à condição militar e de segurança, como sejam o tratamento nos hospitais destes âmbitos, bem como as suas famílias. Estes mínimos agora estão garantidos e teremos de crescer daí para cima. É o discurso que se ouve e estou convencido de que será verdadeiro.
AE - Voltando ao tema da Diocese e à reorganização que acredito que esteja em curso. Todo este processo de revisão da Concordata e da regulamentação veio atrasar a colmatação das necessidades das várias unidades, em termos de capelães? ML – Repor o número de capelães é a minha maior preocupação neste momento. Já está abaixo do limiar. Tenho sete quarteis |
da região centro sem nenhum capelão. Tenho aquilo que eu julgo ser neste momento a maior concentração de soldados em Portugal, o maior aquartelamento militar, que é Santa Margarida, sem capelão. Claro que as pessoas podem dizer – mas então também não pode haver alguma mudança daqueles que estão já a acumular com outras unidades? Têm de assumir, temos de fazer esse serviço!
AE – O serviço vai sendo garantido? ML – Até este momento ainda conseguimos garantir, mas dentro de dois anos, se me reformar oito capelães, como é previsível por limite de idade ou por contrato, já temos dois ou três nesta situação, posso não conseguir satisfazer as necessidades. Um comandante de um quartel telefonou ao capelão chefe do Exército dizendo assim: estou sem capelão há bastante tempo, creio que cerca de dois anos. Quanto me dão um capelão? E o capelão chefe do Exército telefonou-me a dizer: senhor bispo, passa-se isto. Primeiro que tudo, fico muito contente que me peçam um capelão. Ficaria muito triste é se me dissessem: tenho aqui um capelão, retirem-no que eu não o quero. Agora, em segundo lugar, digo ao senhor comandante que nós vamos ver o que é que podemos fazer, mas com este limite |
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AE – Mas o que é que está a ser feito para que de facto seja possível inserir novos quadros? ML – Estamos a fazer uma programação nova da distribuição dos capelães por setores onde eles são necessários. Nesta quinta-feira vou ter uma reunião com os capelães adjuntos, isto é, representantes das cinco áreas fundamentais – Marinha, Exército, Força Aérea, GNR e PSP – e veremos se nessa altura já teremos, entre aspas, cozinhado o novo plano de assistência dos capelães disponíveis neste |
momento para as Forças Armadas. Para o futuro terei de entrar num diálogo muito sério com o Ministério da Defesa e da Administração Interna para ver até que ponto é que um projeto de lei sobre a contratação de determinados quadros, é o caso dos quadros religiosos, dos capelães militares, pode ir para a frente. Dizem-me que está em projeto já há dois ou três ou quatro anos e que esse diploma seja publicado para depois então poder fazer novas contratações. |
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Capelão para as Forças Armadas |
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Sou parte de uma Diocese ou Ordinariato que está numa situação muito interessante: o estado daqueles que podem não ter presente de onde veem ou ainda não anteveem claramente para onde vão! O que é extraordinário! É extraordinário porque se tem todo o horizonte como destino; e, na mesma circunstância, não se tem amarras que sejam impeditivas de nada.
1. Mas o que significa isso? Significa coisas deste tipo:
- Já passou a Guerra de África e a mobilização noutros tempos de centenas de sacerdotes para acompanharem militares naquela guerra não é razão suficiente para que se mobilizem sacerdotes atualmente. Mas admitamos a oportunidade da continuidade. - Também já não existe o Serviço Militar Obrigatório e, portanto, parte campo tradicional da ação religiosa não existe mais. Exemplo: já não se ministram as MCM 0101.0319 ou outras similares! - O atual Estatuto reduziu as Capelanias essencialmente |
ao conteúdo Sacramental; é redutor da missão evangelizadora e catequética da Igreja. - Hierarquia, antiguidade, diversidade de vencimentos, argumentos pessoais por causa de colocações, deslocações, vencimentos nas missões, escolhas pastorais com o único critério da antiguidade dos designados… podem não ser próprios do testemunho eclesial e presbiteral. - Quanto ao Presbitério: consideremos que cada sacerdote tem que cuidar da sua relação com um presbitério. Naturalmente que o lugar da incardinação também será o lugar do presbitério. No Ordinariato essa relação de prioridades não estará ainda suficientemente amadurecida. - Quando se pratica a formação encontram-se fragilidades: na assiduidade, nos conteúdos ministrados, na coerência moral, no respeito pelo tempo de conversão pessoal , na relação com as práticas catequéticas das dioceses territoriais… - Por vezes trabalha-se em lugares desprovidos de equipamento, |
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ou celebra-se em espaços adaptados há umas décadas, mas que não correspondem ao normativo da Igreja para os lugares de culto ou de guarda do Santíssimo. - Algumas vezes celebramos a Eucaristia com as pessoas ignorando a oportunidade ou descurando outras práticas pastorais mais oportunas nesse momento. |
- Nem sempre notamos se porventura alguns dos que participam nas nossas ações o fazem porque foram designados superiormente e não porque assim escolheram.
- Por vezes as Capelanias são tratadas com alguma falta de objetividade, consoante a maior ou menor bonomia de Chefias, eventualmente por falta de uma “cartilha” que nos descreva |
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funcionalmente. - Se um médico, um advogado, um condutor, um atirador, um Comandante… chegam a uma Unidade com perfeita noção da sua missão, do seu enquadramento, dos seus instrumentos de trabalho, porque não assim com os Capelães?
2. Então qual será o nosso horizonte? Seja um horizonte muito vasto, onde se considerem muitas possibilidades! Quais?
- Sejam muito mais os sacerdotes. E oriundos não só das dioceses mas também da Vida Religiosa; estando por períodos curtos ou longos, que o seja sempre próximos da sua origem: padres sempre naturalmente incardinados. O presbitério com o qual em primeiro lugar nos devemos relacionar é aquele onde nascemos e onde fomos ordenados. - Criem-se rotinas de nomeação dos sacerdotes que lhes permitam servir o Ordinariato geograficamente próximos das suas dioceses ou Congregações (5 a 10 anos), alternando com |
períodos de missão castrense (até 3 anos), seja nas missões estrangeiras ou nas capelanias mais remotas e desprovidas de clérigos da zona. - O serviço de um capelão militar pode ser a tempo parcial. Por um lado porque cada Capelania não justifica presença a tempo inteiro; por outro lado porque permitirá a cada sacerdote nunca perder a relação com a sua identidade primeira: a diocese, a missão, a educação, a oração, a pregação… Pode admitir-se que é preferível haver Capelanias sem sacerdote, em vez de sacerdotes a acumular colocações. - Os capelães não devem ser inamovíveis. Mas também devem ser respeitados no que toca ao tempo canónico típico das nomeações! Os sacerdotes devem servir essencialmente onde gostem de o fazer; mas devem também dedicar parte da sua vida no serviço das necessidades da diocese, independentemente do gosto pessoal. A uns essa disponibilidade trará juventude; a outros adormecerá alguns hábitos gastos; e a todos recordará a alegria de servir. |
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- Os Sacerdotes sejam fardados (porque não?); mas há ocasião ainda para discutir galões, carreira, antiguidade inter pares, vencimentos, entre outros temas similares.
- As capelanias castrenses também podem ser orientadas por consagrados clérigos e consagrados não clérigos, tal é a riqueza carismática de várias congregações e associações; incluindo senhoras consagradas, porque não! - Confie-se a Missão também aos leigos; sejam eles destemidos! O adn da presença laical revele empreendedorismo, reflexão, participação, responsabilidade, espiritualidade… inspirado nas linhas do Concílio! - Esta Diocese ou cada Capelania deve estruturar-se de forma mais objetiva que apenas com o “Conselho de Serviço” ou os conselhos pastorais de Unidade. Colégio de Consultores, Conselho Presbiteral, Conselho de Coordenação Pastoral, Gabinete Episcopal, Vigararia Geral, Departamento da Educação Cristã, Departamento da Pastoral Juvenil, Departamento da Pastoral da |
Saúde, Departamento da Pastoral Social, Departamento da Pastoral Familiar, Departamento da Liturgia, Congregações, Movimentos e Obras, Comunicações Sociais, etc., etc. são nomes de realidades que devem ir aparecendo nesta diocese, seja no seu todo ou seja em parte. - Precisamos de refletir eclesialmente sobre o que queremos ser, em fidelidade ao Evangelho e à Igreja. E essa reflexão deve ser muito prática, muito objetiva e rica de conteúdos simples. Depois apresentemo-nos diante do Estado e proponhamos um Estatuto duradouro; um Estatuto que respeite inequivocamente a identidade do Ordinariato ou da missão cristã.
E assim termino, sem ter esgotado o tema. Possam estas linhas ser um instrumento de trabalho que nos sente à mesma mesa em unidade, e abertos ao sopro do Espírito.
Pe Luís Morouço |
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A Diocese das Forças Armadas e de SegurançaApontamentos/reflexões ao correr das teclas |
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A Diocese das Forças Armadas e de Segurança (DFAS) é referida nas distintas Unidades/Estabelecimentos/Órgãos das Forças Armadas e nas Forças de Segurança como “Serviço de Assistência Religiosa” (SAR). Entre nós, e também na Proteção Civil, SAR corresponde à expressão “search and rescue” (busca e salvamento). Partiria desta coincidência de expressões para passar ao papel dez apontamentos/reflexões sobre esta Igreja castrense (comunidade/assembleia) e o seu caminho/exercício pastoral.
1. Estamos no território mas não temos território. Falamos de uma Diocese pessoal, que está ao serviço de pessoas. Cultivamos e presamos a ligação profunda às populações de todo o território nacional e dos territórios internacionais onde é necessário servir/cumprir Portugal. Mas temos consciente que este serviço nos pode levar do Norte ao Sul de Portugal, do Continente às Ilhas, da Europa à Ásia, à África ou onde seja necessário promover a paz, |
a vida e o bem, obedecendo às decisões do País que, por sua vez integra Organizações Internacionais como a NATO. O Capelão serve como pontífice (construtor de pontes) entre as pessoas nacionais que compõem a força e, quando necessário, com as populações/Instituições onde a respetiva força desempenha a sua missão. Não se trata de um trabalho de “sniper” isolado, mas de um trabalho de equipa, em que estão envolvidos os vários graus da hierarquia e os diferentes serviços. Somos família.
2. Servimos até ao sangue a pátria portuguesa, mas estamos cientes de que esta não é a Pátria definitiva. Militares e Forças de Segurança exercitam-se árdua e espartanamente para, nos teatros mais difíceis e adversos, fazerem manutenção e promoção da paz, da ordem pública, do repeito pelos recursos e pelos direitos fundamentais. Estamos sujeitos a lidar todos os dias com situações limite. Somos da Defesa e Segurança, mas o inimigo/maldade está |
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sempre à espreita. Trabalhamos com instrumentos que podem ser letais. O Capelão está presente, acompanha, alimenta a fé, partilha os contextos, motiva, coopera, contribui com a sua análise, aconselha e celebra a fé. A oração, tantas vezes interior e silenciosa, acompanha homens e mulheres da Defesa e da Administração Interna. Muitos, com as famílias, se confiam à oração do Capelão e da Comunidade. Muitos participam na Eucaristia e nas Celebrações comunitárias da fé. Muitos apreciam a presença/oração do Capelão no nascimento para a Pátria definitiva. Muitos peregrinam connosco a caminho de Santuários nacionais e estrangeiros. Muitos partilham com o Capelão a sua cruz e o seu caminho de luz e sombra, de alegria e lágrimas. Muitos convivem com o Capelão no espírito de servir e promover.
3. Investimos muito na formação inicial e na formação contínua das forças, mas sabemos que há sempre que estar disponível para aprender, para crescer humana, cultural e espiritualmente. O universo da Diocese das Forças Armadas e de Segurança é dos mais homogéneos entre as Dioceses de Portugal. E neste |
aspeto a farda é, muito provavelmente, o que menos conta: para se entrar para esta Diocese logo à partida existe um processo de seleção; a disciplina, o rigor, a pontualidade, o aprumo, a camaradagem são aspetos constantemente cultivados e monitorizados; os valores humano-cristãos são transversais a todos os manuais de formação. Deste modo o Capelão é desafiado a testemunhar as razões da fé tanto em conversas/tertúlias informais, como em palestras, em cursos de formação bíblica, em itinerários catequéticos de preparação para os Sacramentos (sobretudo os Sacramentos da Iniciação Cristã), em conferências sobre valores e ética.
4. No geral a nossa missão é desempenhada em comunidade e para a comunidade, mas o indivíduo não é esquecido. A camaradagem, as competências sociais, a confiança mútua, a boa formação em cidadania são imperativos para este tipo de serviço ao país. Este componente é muito trabalhado entre nós, desde os momentos mais informais até aos exercícios mais exigentes: a natureza humana submetida a múltiplos e concomitantes fatores de stress apura a fibra da |
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resiliência, da criatividade, da perseverança, da interajuda/interação, do autocontrolo emocional, entre outros. Mas somos todos pessoas que amam e que gostam de ser amadas, pessoas com sonhos e expetativas, pessoas com família e com laços. O Capelão observa, escuta, acompanha no caminhar. Propõe outro olhar, outra abordagem, outra(s) hipótese(s) de solução. Acolhe o desabafo, o ressentimento, o expurgar do negativo. Trata-se de uma reflexão/ponderação/orientação espiritual. Não precisa de ser na capela, pode até ser na trincheira, no intervalo de um jogo ou numa mesa do bar.
5. A Organização Mundial de Saúde define a saúde como um estado de bem-estar biopsicossocial, mas as Forças Armadas e de Segurança, numa leitura premonitória de estudos recentes, sempre entenderam que a promoção da saúde incluía a dimensão espiritual, podendo falar-se da saúde como um estado de bem-estar biopsicosocioespiritual. Este novo conceito absorve a máxima clássica “mens sana in corpore sano” e dá-lhe uma nova amplitude, |
no sentido de um espírito de corpo saudável e motivado. Neste enquadramento o Serviço de Assistência Religiosa pode dar um contributo ímpar não apenas nos períodos de formação, mas também no desempenho das funções e missões. A proximidade, o diálogo, a presença do Capelão e da equipa pastoral são fundamentais. Esta proximidade permite ler os sinais, planear iniciativas, antecipar intervenções.
6. Sabemos as razões do nosso existir, da nossa missão, do nosso servir generosamente um povo. Mas também queremos testemunhar as razões da nossa fé, da nossa esperança e do nosso agir solidário. Sabemos partilhar, sabemos colaborar, sabemos servir muito para além do serviço. Em torno das Capelanias surgem múltiplas iniciativas de apoio a famílias, a Instituições de Solidariedade Social, a Organizações não Governamentais.
7. Somos presente, mas temos a convicção de que a construção do futuro precisa da conjugação do passado com os sonhos. Somos formados a não deixar ninguém para trás. Nem no teatro de
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operações, nem na memória. Não há Dia de Unidade, não há Dia de Ramo, não há dia de Força em que não estejam todos presentes: os que foram, os que são e os que serão. Fazemos memória viva e digna de todos os que doaram o melhor de si pelo seu povo e pela sua pátria. O Capelão é convidado a trazer ao presente aqueles que nos antecederam neste serviço pátrio.
8. Dentro da mais profunda liberdade humana e religiosa propõem-se a fé, a mensagem de Jesus Cristo, os valores consonantes, a consequente visão antropológica e da vida. Estes elementos constituem o âmago da pessoa, permitem estruturar a força interior, atribuir significado às experiências/vivências, valorizar a coerência ética, perseverar através dos desafios, ser resiliente quando confrontado com a adversidade.
9. Treinamos e fazemos formação para ser robustos e ágeis na força, retos nas intenções, ponderados no planeamento, rigorosos na execução, regulados nas emoções mas, como com todos os humanos, há imensas variáveis que nos escapam. Dizemos “as desculpas não se pedem, evitam-se”, mas também precisamos de aprender, |
experimentar e saborear o perdão: o perdão a nós próprios, o perdão dos/aos outros, o perdão de Deus. Abordamos o âmbito mais sagrado de cada pessoa, a consciência. E também aqui o Serviço de Assistência Religiosa tem um contributo de qualidade, de serenidade e de harmonia. 10. Este serviço ao bem, ao homem e a Deus, nas Forças Armadas e de Segurança confronta-se com as dificuldades e limites, provavelmente comuns a outras Dioceses. Nem sempre se dispõe dos recursos humanos e materiais que a nossa análise consideraria necessários; nem sempre é possível motivar e mobilizar; nem sempre se consegue comunicar de forma a fazer passar a mensagem; nem sempre se consegue responder/confortar todos os precisariam; nem sempre se consegue recuperar/encontrar aquele(s) que nos grandes combates da vida se afastam ou se perdem, ou ficam imbrincados nos arbustos traiçoeiros da história. Desempenhar funções na Diocese das Forças Armadas e de Segurança é servir Deus e o homem, num contexto particular, acolhendo o desafio da proximidade, da juventude e da alegria. Pe. AB, Capelão Militar |
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Igreja distingue Francisco Sarsfield Cabral |
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O jornalista Francisco Sarsfield Cabral considera que a justificação dada para lhe atribuírem o Prémio «Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes» deste ano está centrada no ideal que percorre a sua vida: “fazer um jornalismo sério, responsável e independente”. O galardoado conheceu o padre Manuel Antunes “antes do 25 de abril de 1974” e falou com ele “muitas vezes”, confessou à Agência ECCLESIA. Natural do Porto, o jornalista Francisco Sarsfield Cabral vai receber o galardão, esta sexta-feira, em Fátima, nas jornadas nacionais da pastoral da cultura, e recorda que o jesuíta que dá o nome ao prémio “falava muito baixinho, mas dizia coisas extraordinárias”. Na altura estudante da Faculdade de Direito em Lisboa, Francisco Sarsfield Cabral foi assistir a algumas aulas do padre Manuel Antunes que lecionava na Faculdade de Letras da Universidade Clássica. A sabedoria do docente “prendia as pessoas” com a “profundidade do seu saber e pensamento” |
com “enorme prestígio” no mundo cultural português, disse. Nascido em 1939, Francisco Sarsfield Cabral viveu na cidade do Porto quase toda a sua juventude e recorda-se ainda de dados relacionados com a II Guerra Mundial (1939-45). As pessoas colocaram nos vidros das janelas “uns papéis transparente azuis e fita-cola” porque “Portugal cedeu a Base das Lajes (Açores) aos aliados e temia-se que houvesse uma retaliação dos alemães”, frisou. No baú das suas memórias juvenis, o galardoado recorda também que existiam “muitos pés descalços” e era uma “época de muita pobreza”. Oriundo de uma família da “classe média-alta” e “muito ligada à Companhia de Jesus”, Francisco Sarsfield Cabral teve como tio/avô o padre Luiz Gonzaga Cabral, figura destacada dos jesuítas no século XIX e XX. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa em 1962, o galardoado com o prémio «Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes» foi quadro do Secretariado Técnico da Presidência do Conselho |
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(de 1963 a 1964) e da Associação Industrial Portuguesa (de 1965 a 1978). Jornalista em vários órgãos de comunicação social – tanto da escrita, rádio e TV – Francisco Sarsfield Cabral chegou a pensar “seguir a vida religiosa” depois de ter terminado o liceu, mas o padre Evaristo de Vasconcelos |
(jesuíta) aconselhou-o a fazer o curso de Direito, uma forma de discernir a sua vocação. Depois de terminado o curso de Direito, “nunca exerceu advocacia, nem o estágio fez” porque “não gostava da carreira jurídica”, confessou à Agência ECCLESIA. Gostava “muito de Filosofia”, mas “não tinha grande saída |
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profissional”, no entanto não se arrepende de ter tirado o curso que tirou porque o “ajudou a pensar e a arrumar as ideias”. Nos últimos anos do curso começou a interessar-se “pela área económica” o que o “obrigou a ler alguns livros sobre estes assuntos”. Comentador de assuntos económicos e de integração europeia, tendo colaborado regularmente na RTP, TVI, Expresso, Diário de Notícias, A Luta, Agência ECCLESIA, O Primeiro de Janeiro, Semanário, A Tarde, Jornal da Tarde, Público, revista Fortuna, revista Visão, entre outros órgãos de comunicação social portuguesa. Diretor de Informação da Rádio Renascença entre maio de 2003 e dezembro de 2008, Francisco Sarsfield Cabral escreveu também numerosos ensaios sobre temas económicos, políticos e filosóficos (nomeadamente nas revistas Brotéria e Communio) e é autor de quatro livros: «Uma Perspetiva sobre Portugal, Moraes, 1973»; «Política, Economia e Ética, Semanário, 1985»; «Autonomia Privada e Liberdade |
Política, Fragmentos, 1988» e «Ética na Sociedade Plural, Tenacitas, 2001». O júri do Prémio «Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes» deliberou por unanimidade e considera que Sarsfield Cabral, que a 6 de maio completou 75 anos, “nunca reflete o mundo a preto e branco, e o jornalismo que pratica não se deixa capturar pelo imediatismo das reações ou pelo ruído dos chamados soundbites”. O prémio instituído pelo Secretariado Nacional Pastoral da Cultura em parceria com a Renascença, distinguiu nas suas edições anteriores personalidades como Roberto Carneiro, Nuno Teotónio Pereira, Eurico Carrapatoso, Adriano Moreira, Maria Helena da Rocha Pereira, Manoel de Oliveira, o padre Luís Archer e Fernando Echevarria, além da Diocese de Beja. |
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Papa faz história na Terra Santa |
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O Papa encerrou esta segunda-feira em Telavive uma visita de três dias à Terra Santa, com passagens pela Jordânia, Palestina e Israel, na qual repetiu gestos e discursos em favor da paz no Médio Oriente. Francisco apelou à resolução pacífica do “inaceitável” conflito israelo-palestino e abriu as portas do Vaticano para receber os presidentes Mahmoud Abbas e Shimon Peres, que aceitaram o convite. Em várias intervenções, o Papa condenou o terrorismo, defendeu uma “convivência respeitosa entre judeus, cristãos e muçulmanos” e pediu que “ninguém instrumentalize, para a violência, o nome de Deus”. Francisco criticou “o recurso à violência”, a discriminação por “motivos raciais ou religiosos”, o antissemitismo e as manifestações de intolerância contra pessoas ou lugares de culto. O Papa deteve-se em oração silenciosa numa série de lugares simbólicos: o muro da Cisjordânia, numa paragem imprevista, em |
Belém; o Muro das Lamentações; o memorial do Holocausto; a lápide em memória das vítimas israelitas do terrorismo, noutra paragem fora do programa oficial. As mensagens políticas centraram-se no “direito” que têm “dois Estados de existir e gozar de paz e segurança dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas”. O Papa esteve com refugiados na Jordânia e na Palestina, onde disse aos jovens que “a violência não se vence com a violência”. Elogiou o compromisso do rei jordano na promoção do diálogo inter-religioso e no acolhimento aos refugiados, tendo deixado o seu “apelo mais veemente pela paz na Síria”, para que as partes envolvidas deixem as armas e procurem uma solução política para o conflito. A viagem tinha como objetivo assinalar o 50.º aniversário do Paulo VI e Atenágoras e proporcionou um momento inédito quando o Papa Francisco e o patriarca ortodoxo de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, se uniram numa celebração ecuménica na |
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Basílica do Santo Sepulcro, após terem assinado uma declaração conjunta. Numa viagem em que foi acompanhado por dois amigos argentinos - o rabino Abraham Skorka, de Buenos Aires, e o professor muçulmano, Omar Ahmed Abboud, secretário-geral do Instituto de Diálogo Inter-religioso da República da Argentina – que abraçou diante do Muro das Lamentações, após rezar pela paz. Francisco deixou ao Médio Oriente o convite a um “encontro com os |
irmãos”, independentemente das “diferenças de ideias, língua, cultura, religião”, para promover a paz e a harmonia. As dificuldades da comunidade cristã, cada vez mais minoritárias, também estiveram nas preocupações do Papa, que repetiu a exigência de que estes fiéis sejam “cidadãos de pleno direito” e se respeite a liberdade religiosa, um “direito humano fundamental”. Todas as notícias da viagem em |
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«Tolerância zero»
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O Papa afirmou que a Igreja Católica vai manter uma política de ‘tolerância zero’ em relação a casos de abusos sexuais, anunciando um encontro com vítimas de pedofilia, em junho. Francisco falava no voo de regresso a Roma, após três dias de viagem à Terra Santa, numa conferência de imprensa que durou cerca de uma hora. O Papa disse que os abusos cometidos por membros do clero são como uma “Missa negra” [satânica] e revelou que a 6-7 de junho vai presidir a uma Missa para vítimas destes casos, na Casa de Santa Marta, no Vaticano, e reunir-se com elas. “Nisto devemos ter tolerância zero”, observou. Francisco respondeu a questões sobre o celibato sacerdotal, recordando que há padres católicos casados, nos ritos orientais, e que não se está perante um “dogma de fé”, embora valorize esta regra de vida como “um dom”. O Papa disse que quer |
“honestidade e transparência” na administração financeira do Vaticano e que a nova Secretaria para a Economia, dirigida pelo cardeal Pell, vai “levar por diante as reformas que foram sugeridas” por várias comissões para evitar “escândalos e problemas”. Francisco confirmou que, além da viagem à Coreia do Sul em agosto, se vai deslocar à Ásia em janeiro de 2015 para visitar o Sri Lanka e as regiões afetadas pelo tufão nas Filipinas. Em relação ao convite que dirigiu aos presidentes de Israel e da Palestina para um encontro de oração pela paz no Vaticano, Francisco quis esclarecer que não tem a intenção de “fazer uma mediação”. O Pontífice argentino afirmou ainda que o próximo Sínodo sobre a família quer abordar “as suas riquezas e a situação atual”, lamentando que muitos, mesmo na Igreja, centrem o debate no acesso à Comunhão dos divorciados que voltaram a casar.
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Papa pede medidas
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O Papa afirmou esta quarta-feira que a comunidade internacional se deve empenhar para criar “mais oportunidades de emprego” e no combate ao tráfico de pessoas, alertando para um “momento crucial” do ponto de vista social e económico. “O desemprego está a alargar dramaticamente as fronteiras da pobreza”, realça Francisco, numa mensagem dirigida ao diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, por ocasião da abertura dos trabalhos da 103ª sessão da sua conferência, que decorre até 12 de junho. Segundo o Papa, o problema é “particularmente desanimador” para os jovens que ficam fora do mercado de trabalho e podem “muito facilmente ficar desmoralizados” e perder a sua “noção de valor, sentindo-se alienados da sociedade”. Francisco aponta outro “grave problema”, o das migrações em massa e, em particular, dos que saem do seu país de forma forçada, empurrados por redes criminosas. |
![]() “Isto não pode continuar! O tráfico de seres humanos e um flagelo, um crime contra toda a humanidade: é tempo de unir forças e trabalhar juntos para libertar as vítimas e erradicar este crime”, apela. No texto divulgado pelo Vaticano, o Papa refere a Guy Ryder que os cristãos veem no trabalho “um dom e uma tarefa” e elogia os esforços da OIT na promoção da “dignidade dos trabalhadores” em todo o mundo. “É também tempo de reforçar as formas existentes de cooperação e de estabelecer novas avenidas para expandir a solidariedade”, prossegue. Francisco pede uma “renovada insistência” sobre a dignidade de cada pessoa, com a implementação de padrões internacionais de trabalho e uma reavaliação das responsabilidades das empresas internacionais nos países onde operam, incluindo as áreas de gestão de lucro e investimento. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Bispos da UE reagem a resultados das Europeias |
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Fátima e a Terra Santa |
Viagem do Papa Francisco
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http://popefrancis holyland2014.lpj.org/pt/
De 24 a 26 de maio o Papa Francisco visitou, pela primeira vez, a Terra Santa numa viagem que iniciou na Jordânia e terminou em Israel. Tendo em conta que esta deslocação ocorreu numa altura em que em Portugal e na restante europa se realizaram as eleições para o parlamento europeu, achamos por bem trazer, como sugestão, uma visita ao sítio criado para a mais recente visita papal. Ao digitarmos o endereço www.popefrancis hoyland2014.lpj.org/pt encontramos um espaço virtual com uma apresentação gráfica simples, mas perfeitamente enquadrada com os objetivos a que se propõe, e com um conjunto enorme de opções. Caso pretenda ler todas as mensagens que o Sumo Pontífice proferiu, basta que aceda ao item “discursos e homilias”. Em “Igrejas na Terra Santa” |
pode consultar diversas informações relativas às treze Igrejas tradicionais reconhecidas pelas autoridades civis naquela região. Nomeadamente pode ficar a conhecer que entre as “diversas instituições administradas pela Igreja Católica na Terra Santa, 118 são escolas que visam promover o bem de todos”, existindo também instituições de ensino superior e associações de serviços sociais de apoio aos mais carenciados. Na opção “Cristãos na Terra Santa”, somo convidados a conhecer, por exemplo, a situação dos Cristãos que representam “2 a 3% do total da população da Terra Santa de hoje (mais de 2% em Israel e Jordânia e menos de 2% na Palestina). No item “Ecumenismo” estão reunidas todas as questões relativas às relações entre católicos e ortodoxos, inclusive podemos ler a declaração conjunta do Papa Francisco e do Patriarca ecuménico Bartolomeu. Por outro lado em “Diálogo inter-religioso” estão congregados |
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diversos artigos que abordam a temática da relação entre cristãos e muçulmanos, bem como entre cristãos e judeus, espelhando assim um caminho de diálogo para um entendimento inter-religioso na Terra Santa. Já agora, conhece a origem do termo “Terra Santa”? Esta designação encontra sustentação nas Sagradas Escrituras (cf. Zacarias 2:16). Onde o profeta refere “a terra em que Deus se revelou aos patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó), profetas e santos homens e mulheres da história |
de Israel e da Igreja primitiva. A Terra Santa é a terra onde Jesus Cristo nasceu, viveu, morreu e ressuscitou dentre os mortos. É a terra onde nasceu a Igreja e começou a pregação do Evangelho”. Fica lançado então o repto de visita e aprofundamento deste magnífico espaço virtual da responsabilidade da comissão de comunicação da Assembleia dos Bispos da Terra Santa.
Fernando Cassola Marques |
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Lúcia de Fátima e os seus primos |
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«O professor João César das Neves apresenta o precioso perfil de uma grande testemunha da fé, que marcou o século XX português (e mundial). É um belo perfil de uma santa ainda por ser elevada aos altares.[…] Além do perfil de Lúcia, o autor apresenta muito bem alguns traços fundamentais de Jacinta e Francisco. Jacinta, a mais pequena, doce, meiga, carinhosa, bondosa. E seu irmão Francisco, forte, sincero, preocupado, um “homem” do seu tempo em miniatura.» Cardeal Saraiva Martins (prefácio)
Este livro dará início a uma série testemunhos da fé, pequenas biografias de santos ou grandes personagens da vida cristã que sirvam de modelo para uma vivência mais comprometida da fé hoje.
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A fé da Igreja |
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Em parceria com a Faculdade de Teologia da UCP, a PAULUS Editora publica um precioso subsídio para pensar e aprofundar a Fé nas suas mais diversas vertentes. Um ensaio de teologia portuguesa que conta com a contribuição de especialistas de diferentes áreas da teologia. Está dividido em seis partes: «A fé como força vital e forma expressiva da existência humana»; «Itinerários bíblicos da Fé»; «A Fé como dom e resposta da liberdade»; «Dimensão eclesial da fé»; «A historicidade do caminhar na fé»; «A fé como experiência existencial».
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D. Eurico Dias Nogueira: O «advogado
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Neste mês de maio de 2014 faleceu a última «memória viva», dos bispos portugueses que participou no II Concílio do Vaticano (1962-1965). Olhando para a sua biografia, D. Jorge Ortiga disse na homilia da missa exequial de D. Eurico Dias Nogueira que este bispo serviu “o seu país e a Igreja em dois grandes momentos de mudança” da sociedade. Os primeiros tempos do pós-25 de abril e do pós-concílio apresentaram-se, “sem dúvida, como um tempo difícil, um tempo de indefinição e um tempo de procura de uma identidade própria, após a queda dos paradigmas socio-religiosos antecedentes”. Na verdade, entre outras coisas, o “acolhimento prestado aos retornados do ultramar”, na cedência do seminário conciliar de Braga, revela que “o maior poder de um bispo não é a autoridade mas a caridade”, disse o atual arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga.
Dos “inúmeros momentos” que D. Jorge Ortiga guarda na memória sobre a vida de D. Eurico Dias Nogueira, evoca “a sua ousadia, inteligência e audácia com que denunciava todos os ataques feitos à dignidade humana, de um modo especial, os ataques à família”. Por isso, o atual arcebispo de Braga sublinha que a melhor forma de resumir o “apostolado de D. Eurico é defini-lo como o «Advogado do Homem»: não somente |
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por ser um doutorado em Direito Canónico, mas por ser um cristão que conseguiu rebater o legalismo ocasional, tão frequente entre nós, contrapondo-lhe um humanismo intemporal”, frisou na celebração do dia 21 de maio deste ano na Sé de Braga. Em julho de 1964, D. Eurico Dias Nogueira foi eleito bispo de Vila Cabral (Moçambique). Na carta apostólica de nomeação «Christi Verba Sanstissima», o Papa Paulo VI escreve que antes da sagração episcopal, o nomeado deve “fazer tanto a profissão de fé”, como “o duplo juramento, na presença de qualquer bispo que esteja em comunhão connosco por uma fé sincera: juramento de fidelidade para connosco e para com esta Igreja Romana, e contra os erros dos modernistas”. (In: «Missão em Moçambique», D. Eurico Dias Nogueira, Vila Cabral, 22-12-1970). Na carta do bispo eleito ao Papa, datada de 14 de julho de 1964, D. Eurico Dias Nogueira frisa que, “muito embora perturbado pela inesperada escolha, não posso deixar de me confessar |
penhorado pelo que ela significa de confiança na minha humilde pessoa”. Numa missiva enviada de Roma (20-09-1964) para os diocesanos de Vila Cabral (Moçambique) o prelado dá a conhecer as dinâmicas dos trabalhos conciliares em “ordem a encontrar as soluções mais adequadas” para os problemas em estudo. Muitas destas soluções “terão profundas repercussões práticas na vida da Igreja, nomeadamente, na Igreja Missionária, pelos séculos fora”. Que legado deixa D. Eurico Dias Nogueira nos terrenos pastorais onde andou? D. Jorge Ortiga, sucedeu ao prelado falecido neste mês de maio, considera que “aquela imagem da entrega do saco de sementes a todos os participantes no encerramento do último sínodo diocesano em 1997, é a melhor maneira de expressar esse legado”. E conclui: “Somos portadores dessa semente que ele nos deixou”. “Uma semente a plantar em cada paróquia, pois a revitalização da diocese passará pela revitalização das suas paróquias”, finalizou. |
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Maio/junho |
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Dia 30
* Porto - Matosinhos (Igreja matriz de Matosinhos) (18h30m) -Lançamento do livro «João de São José Queirós, OSB (1711-1764) Vida e tribulações do erudito bispo do Pará, na época pombalina» da autoria de D. Carlos Azevedo com apresentação de Joel Cleto. |
* Açores - Ilha de São Miguel (Biblioteca Pública de Ponta Delgada) - II Jornadas de Primavera da Pastoral Social.
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* Braga (Várias Igrejas) - I Festival de Órgão de Tubos. (30 a 07 de junho)
Dia 31
* Conclusão da etapa do «Ver» da campanha nacional sobre o desemprego promovida pela JOC. |
* Guarda - Santa Marinha - Via Lucis - Ressurreição do Senhor.
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- Na sexta-feira, dia 30, na cidade dos estudantes vai cantar-se o fado na Quinta das Lágrimas, a partir das 21h. Esta iniciativa, organizada pela Cáritas Diocesana de Coimbra e pelo Instituto Justiça e Paz, quer ajudar estudantes com dificuldades.
- No dia seguinte, em Lisboa, o Convento dos Cardais recebe a Missa a Seis Vozes, de Valentin Villard e a Missa para Coro Duplo à Capela, de Frank Martin. Pelas 18h, Les Vocalistes Romands, grupo vocal, executam as obras, numa iniciativa que vai ajudar as 35 mulheres deficientes e cegas que ali residem.
- No domingo, dia 1 de junho, celebra-se o Dia Mundial das Comunicações Socais. O Papa Francisco desafiou, na mensagem que dirige aos profissionais dos media, a promover a “cultura do encontro” entre seres humanos. O Dia Mundial das Comunicações Sociais é celebrado no domingo que antecede o Pentecostes.
- Também no domingo, o patriarcado de Lisboa reúne-se no Mosteiro dos Jerónimos para a ordenação episcopal de D. José Traquina, bispo auxiliar de Lisboa.
- Em 2014 celebra-se o bicentenário da restauração da Companhia de Jesus. A revista Brotéria e a Fundação Oriente associaram-se na organização de um simpósio, esta segunda-feira, dia 2, no Museu do Oriente.
- «Portugal, que futuro» é a conferência que na quarta-feira, dia 4, conta com o professor Adriano Moreira. A iniciativa, da responsabilidade do Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro (ISCRA), realiza-se no salão do Centro Universitário Fé e Cultura (CUFC), pelas 21h. |
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h22
RTP2, 15h30
Terça-feira, dia 03 - Informação e entrevista ao José Eduardo Franco sobre a restauração da Companhia de Jesus em Portugal; Quarta-feira, dia 04 - Informação e entrevista Vitor de Sousa, do Funchal, sobre os 500 anos da diocese. Quinta-feira, dia 05 - Informação e entrevista ao Dimas Pedrinho; Sexta-feira, dia 06 - Análise das leituras bíblicas de domingo pelo padre Armindo Vaz e frei José Nunes.
Antena 1 Domingo, dia 1 de junho, 06h00 - Dia Mundial da Criança: Primeira comunhão. Análise com Cristina Sá Carvalho. Comentário à atualidade com José Miguel Sardica.
Segunda a sexta-feira, 2 a 6 de junho, 22h45 - O futebol e a fé - testemunhos do professor Carlos Nunes (salesianos do Porto), padre Marco Gil (diocese de Braga), treinador Diogo Vieira (salesianos do Estoril), campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e padre António Marcelino (salesianos do Estoril). |
Podemos adorar Maria?
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Ano A - Solenidade da Ascensão do Senhor |
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Olhar para o céu, partir em missão |
A Solenidade da Ascensão de Jesus, que hoje celebramos, sugere que, no final do caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. Os discípulos e seguidores de Jesus são chamados a concretizar o seu testemunho hoje. Na primeira leitura, repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projeto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Ele. Os discípulos não podem ficar a olhar para o céu numa passividade alienante; mas têm de ir para o meio das pessoas, continuar o projeto de Jesus. Uma Igreja em saída, no dizer do Papa Francisco. Aí está a segunda leitura a convidar os discípulos a terem consciência dessa esperança de vida plena em comunhão com Deus. Devem caminhar ao encontro dessa esperança de mãos dadas com os irmãos, membros do mesmo corpo, e em comunhão com Cristo, a cabeça desse corpo. O Evangelho apresenta o encontro final de Jesus ressuscitado com os seus discípulos, num monte da Galileia. A comunidade dos discípulos, reunida à volta de Jesus ressuscitado, reconhece-O como o seu Senhor, adora-O, recebe d’Ele a missão de continuar no mundo o testemunho do Reino. Ide, ensinai, batizai, testemunhai. E que fazemos nós hoje? É um tremendo desafio testemunhar no nosso mundo os valores do Reino, esses valores que, muitas vezes, estão em contradição com |
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aquilo que o mundo defende e que o mundo considera serem as prioridades da vida. Com frequência, os discípulos de Jesus são objeto de desprezo e indiferença, porque insistem em testemunhar que a felicidade está no perdão e no amor, no serviço e no dom da vida. O confronto com o mundo gera muitas vezes, nos discípulos, desilusão, sofrimento, frustração. Nos momentos de deceção e de desilusão convém, no entanto, recordar as palavras de Jesus: “Eu estarei convosco até ao fim dos tempos”. Esta certeza deve alimentar a coragem com que testemunhamos aquilo em que acreditamos. Olhar o céu implica estarmos |
atentos aos problemas e às angústias dos homens, sentirmo-nos questionados pelas inquietações e misérias, pelos sofrimentos e sonhos, pelas esperanças e alegrias que enchem o coração dos que nos rodeiam, sentirmo-nos solidários com todos, particularmente com aquelas que sofrem. É isso que a Ascensão nos pede hoje e nesta semana: olhar para o céu e partir em missão, levando o Senhor no coração. E neste Dia Mundial das Comunicações Sociais, procuremos estar sempre ao serviço de uma autêntica cultura do encontro, com Deus e com os próximos da vida.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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Belém: o sonho de Victor TabashA paz na ponta dos dedos |
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Em Belém, na terra onde nasceu Jesus, a taxa de desemprego é enorme e os cristãos vivem apenas das peças de artesanato que produzem. Victor Tabash acredita que os terços que faz em casa são um instrumento para a paz no mundo.
O Papa Francisco esteve na Terra Santa e foi a Belém, a cidade onde vive Victor Tabash. Belém, onde Jesus nasceu, faz hoje parte da Cisjordânia, território da Palestina. Por uma questão de segurança, Israel construiu um muro gigantesco de cimento, com oito metros de altura, que isola a Cisjordânia. Por causa desse muro, não se pode circular livremente. As autoridades israelitas são muito rigorosas. As autorizações de passagem são válidas apenas entre as 6 horas da manhã e as 7 da tarde. Isto é para todos. Os cristãos não são excepção. Victor Tabash acredita que a viagem do Santo Padre à Terra Santa poderá contribuir para aliviar a tensão que se vive na região. “Vivemos |
a 5 minutos de Jerusalém mas não podemos entrar! Não é uma vida fácil. Somos tratados como terroristas!” Há cada vez menos cristãos na Terra Santa. São menos de 2 % da população geral. A maioria, como Victor, são pequenos artesãos. Com a madeira das oliveiras, fazem presépios, terços, recordações. Muitas vezes, esse é o seu único sustento. Vivem disso. “Tenho agora 24 famílias que trabalham connosco. Trabalham em casa, fazendo os rosários, polindo-os e pondo-lhes o fio. A maioria deles é muito pobre. Neste momento, dependemos dos pedidos que nos chegam através da Fundação AIS”.
Rumores de guerraRecentemente, o Patriarca Latino de Jerusalém, D. Fouad Twal, esteve em Portugal e falou de um mundo particularmente “explosivo” no Médio Oriente, do fanatismo religioso de “grupos islamitas e de judeus |
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extremistas”, dos ‘checkpoints’ dos “militares israelitas que impedem a livre circulação dos habitantes”, das “centenas de milhar de refugiados”, e falou ainda dos rumores de guerra. Os tempos estão difíceis, sim, mas é preciso nunca desistir. Os cristãos da Terra Santa podem ser a chave para o apaziguamento das tensões na região. Fazer pontes é o contrário de construir muros. Victor Tabash tem um sonho. |
Ele acredita que as coisas vão melhorar. Principalmente agora, depois da visita do Papa Francisco e do convite – já aceite – aos presidentes da Autoridade Palestiniana e de Israel para uma oração pela paz no Vaticano. Os cristãos da Terra Santa são uma minoria, é verdade, mas podem ser os construtores das pontes que evitam as guerras.
Paulo Aido |
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APOSTOLADO DA ORAÇÃOEmprego para todos? |
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Para que os desempregados consigam o apoio e o trabalho de que necessitam para viver com dignidade. [Intenção Universal do Santo Padre para o mês de Junho]
1. O emprego ou desemprego tornaram-se, a partir da industrialização dos séc. XVIII-XIX, um problema crucial para milhões de pessoas: vivendo em cidades, sem nenhuma ligação à terra e à possibilidade de retirar dela algum sustento, totalmente dependentes do dinheiro ganho no respectivo emprego, milhões de trabalhadores passaram a viver continuamente à mercê das crises económicas, das convulsões sociais, das mudanças tecnológicas, do desejo do patrão em manter ou não a fábrica a trabalhar... O trabalho, também o manual, acabou mais valorizado, mas sempre precário, e o desemprego veio a constituir um dos temas omnipresentes na vida social e política.
2. O sonho do pleno emprego – sociedades em que todas as pessoas em idade de trabalhar encontram trabalho adequado |
às suas capacidades e remunerado de modo digno – parece cada vez mais isso mesmo: um sonho. As sociedades económica e tecnologicamente mais avançadas simplesmente não necessitam de toda a mão de obra disponível – e é possível prever, no futuro próximo, um agravamento deste fenómeno, tendo em conta a sempre maior capacidade de automatização dos processos de produção. Em sociedades economicamente dinâmicas, outros empregos serão certamente criados, para responder a novas necessidades. Mesmo assim, o desemprego mais ou menos prolongado de grande número de pessoas em idade de trabalhar não vai desaparecer – apesar de os políticos em tempo de eleições quase sempre prometerem milagres nesta área.
3. Isto significa que as pessoas precisam de estar disponíveis para mudar de trabalho ao longo da vida – provavelmente, mais do que uma vez. E precisam de ir ao encontro do trabalho, mais do que esperar que ele venha ter com elas. Podem também apostar |
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na criatividade, criando o próprio trabalho para responder a nichos de mercado que vão surgindo com as mudanças sociais – na maior parte dos casos, não ficarão ricas, mas sentirão o prazer de assegurar o próprio sustento e contribuir para a sociedade, fazendo algo de que gostam. Dificilmente o desemprego será vencido por meio do voluntarismo político. Os Estados que pretendam assumir-se como principais dinamizadores da economia e que, ao mesmo tempo, criem todo o tipo de dificuldades à livre iniciativa das pessoas – ou que as sobrecarreguem com taxas e impostos de todo o tipo, absorvendo grande parte da riqueza criada por elas – terão economias cada vez mais débeis, burocracias sempre mais pesadas e gastadoras e acabarão por falhar naquilo que pretendiam garantir: emprego e apoios sociais para todos. |
4. Se as sociedades forem dinâmicas e livres, dando lugar à criatividade das pessoas e à sua capacidade de serem solidárias, o desemprego poderá sempre ser mitigado – e haverá alturas em que será mesmo substancialmente reduzido. Para os cristãos, esta dimensão solidária exprime-se no compromisso social que os leva a um empenho continuado em favor da liberdade e a uma presença no mundo do trabalho – como empregadores ou empregados – que tem como referência a dignidade das pessoas. Exprime-se também na oração, que os torna mais sensíveis às necessidades dos irmãos e mais atentos ao que Deus lhes pede como contributo para uma sociedade onde todos encontrem um lugar, se possam realizar como pessoas e vejam reconhecida a sua dignidade.
Elias Couto |
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O melhor do mundo! |
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Tony Neves |
Fernando Pessoa continua a zoar-nos aos ouvidos quando nos grita que ‘o melhor do mundo são as crianças’. Elas misturam ternura com fragilidade, promessa de futuro com necessidade de defesa no presente. Talvez por estas razões, as crianças oscilem entre meninos e meninas felizes e meninos e meninas abusados! É tão bom visitar uma família jovem e sentir o bulício de uma casa onde as crianças se sentem donas e felizes, brincando, cantando, abraçando e até fazendo algumas birras para chamar a atenção de quem por lá passa. É tão bom escutar os pais a contar as traquinices dos filhos, o que fizeram no infantário ou na escola, as perguntas que fizeram na catequese ou na Missa. São sinais positivos de crescimento saudável, a provar que o futuro se está a construir sobre bases de dignidade, respeito pelos direitos de todos, sobretudo dos pequeninos e frágeis. Mas (e é pena que continuem a haver ‘mas’…),são de todos por demais conhecidos os ataques que a infância ainda sofre por esse mundo além. E não falo só da barbaridade da pedofilia. Falo da fome que vitima milhões de crianças, da escola que não chega para meio mundo, da habitação sem condições onde vivem tantas pessoas, dos muitos que não têm acesso aos mais elementares cuidados de saúde, |
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são tantos os casos que até deviam arrepiar a consciência da humanidade. O mundo tem futuro, mas depende da forma como tratarmos as crianças hoje. Parece evidente, mas esta preocupação nem sempre está presente na cabeça e no coração de quantos dirigem os destinos dos povos. Há que criar reais condições para que as crianças sejam isso mesmo, crianças… com direito |
a tudo o que lhes permite crescer com harmonia e felicidade. Sem estes pressupostos não há futuro que se desenhe promissor. Celebrar, a 1 de junho, o Dia Mundial da Criança é uma enorme responsabilidade para todos. E parece-me que basta tomar a sério Fernando Pessoa e fazer tudo o que está ao nosso alcance para cumprir a sua máxima: ‘o melhor do mundo são as crianças’. São mesmo!
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“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”
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«Caríssimos militares e membros das Forças da Polícia (…) sois chamados a defender os frágeis, a tutelar os honestos e a favorecer a convivência pacífica dos povos. A cada um de vós cabe o papel de sentinela, que observa ao longe para esconjurar o perigo e promover a justiça e a paz em toda a parte». (João Paulo II: homilia no Jubileu dos militares e polícia, 19 de Novembro de 2000) |
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