04 - Editorial:

   Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - A semana de...

     José Carlos Patrício

    Paulo Fontes

28 - Dossier

    Padre Abel Varzim

 
 

40- Internacional

46 - Multimédia

48 - Estante

50 - Vaticano II

52-  Agenda

54 - Por estes dias

56 - Programação Religiosa

57  - Minuto YouCat

58 - Liturgia

60 - Fundação AIS

62 - Lusofonias

64 -Opinião:

    Margarida Corsino

Foto da capa: D.R.

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes
Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais 
Diretor: Cónego João Aguiar Campos
Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.
Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D
1885-076 MOSCAVIDE.
Tel.: 218855472; Fax: 218855473.
agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Opinião

 

 

 

 

Padre Abel Varzim, 50 anos depois

[ver+]

 

 

 

 

 

 

 

Igreja atenta à época balnear

[ver+]

 

 

 

 

 

Vaticano destaca potencial do turismo

[ver+]

 

 

 

 

 

António Soares |Padre Tony Neves | Margarida Corsino | Juan Ambrosio| Nuno Estêvão Ferreira

 

No news is good news. Será mesmo?

Octávio Carmo, 

Agência ECCLESIA

 

A convicção de que a ausência de notícias sobre determinado tema significa que nada de mau aconteceu é, na essência, reflexo de um jornalismo que só ‘vende’ dramas, tragédias, escândalos e notícias tristes. O espaço mediático para casos de sucesso, histórias de dedicação ao outro ou figuras inspiradoras, pelo seu percurso de vida, é por norma um espaço ‘separado’, distinto do tradicional borbulhar dos factos que se sucedem, catastroficamente, sempre prontos a atropelar um quotidiano tranquilo.

Não sei o que seria o mundo da comunicação de hoje se optasse, num tempo em que cada vez mais pessoas têm acesso a dados em tempo real, por valorizar mais este lado mais positivo da existência humana em vez de enveredar  – salvo raras exceções, honrosas – pela exploração escandalosa de dramas ou histórias obscuras, sem qualquer filtro ético ou deontológico. Dar ao público o que ele ‘quer’ não pode ser nunca o papel de quem se assume como mediador, como um elemento de confiança e credibilidade no meio da imensa maré de disparates, banalidades e mentiras que vão poluindo o espaço existencial de cada um.

A decisão sobre o que é necessário publicar ou deixar de lado, admita-se, nunca é fácil. Das acusações de se criarem ‘escândalos seletivos’ ao questionamento pela ausência de referências mediáticas a factos que alguns julgam relevantes, tudo tem de ser

 

 

 

 levado em linha de conta e devidamente fundamentado, na altura de responder perante o público. Compreendo, por isso, que muitos cedam à tentação dos números – que são os que geram dinheiro, através da publicidade – para mudar linhas editoriais e até a própria identidade dos meios que dirigem, embalados até na ilusão de seguirem a evolução dos tempos. Por muitas voltas que o mundo dê, não há jornalismo sem jornalistas, não há notícias sem o seu trabalho, não há grandes reportagens sem coragem.

 
Além da falta de recursos, falta ainda o tempo: para ouvir histórias, para as contar, para descobrir protagonistas diferentes. Para escolher o que é bom e o que é mau, porque nem tudo é igual e a objetividade necessária para um profissional não o exime de avaliar o que deve ou não apresentar como seu. No fim de contas, para evitar que os jornalistas sejam vistos como aves de mau agoiro, que só aparecem quando há tempestade no horizonte…
 

 

 

 

 

 

 

 

“Todos os estudos demonstram que o nível da fecundidade desejada é bastante superior à realizada, e que as pessoas advogam um conjunto de dificuldades para terem os filhos que desejam ter”

Joaquim Azevedo, sobre o relatório “Por um Portugal amigo das crianças, das famílias e da natalidade”, à Agência ECCLESIA, 15.07.2014

 

"Os depositantes têm razões para ter toda a confiança quanto à segurança que o Banco Espirito Santo oferece às suas poupanças. Uma coisa são os negócios que a família Espirito Santo tem e outra coisa é o banco"

Pedro Passos Coelho, Conselho de Concertação Territorial, Palácio da Ajuda, Lisboa 11.07.2014

 

 

 

 
 

“A União Europeia precisa de fazer uma pausa no seu processo de alargamento de forma a consolidar o que já conseguiu com os 28"

Jean-Claude Juncker eleito com o voto de 422 de 751 eurodeputado e vai substituir o português Durão Barroso na presidência da Comissão Europeia, 15.07.2014

 

“O golo da vitória mais importante não é o golo conquistado durante o jogo, mas o golo da vitória é o aperfeiçoamento da democracia, é a convivência respeitosa entre as pessoas. É a defesa e a promoção da dignidade humana, dos seus direitos”

D. Raymundo Damasceno Assis, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Rádio Vaticano, 13.07.2014

 Conflito Israelo Palestino (@Lusa)  

 

 

“Alguns poderiam pensar que esse encontro [8 de junho, com os presidentes de Israel e da Palestina] foi em vão, mas é ao contrário, porque a oração ajuda-nos a não nos deixarmos vencer pelo mal nem resignar-nos a que a violência e o ódio prevaleçam sobre o diálogo e a reconciliação”

Papa Francisco, Ângelus,

Vaticano, 13.07.2014

 

 

 

 

“Que tipo de educação vão dar a estes jovens? Esta é a questão. Onde leva esta educação? Ninguém é feliz. Ninguém. Nem israelitas nem palestinos”

D. Fouad Twal, patriarca latino de Jerusalém, Rádio Vaticano, 11.07.2014

 

 

 

Turismo: Obra Nacional apela ao acolhimento na época balnear

A Obra Nacional da Pastoral do Turismo (ONPT) defendeu que o acolhimento é o "núcleo central" da prática cristã, devendo ser "atitude fundamental" na época balnear de 2014. "Antes de atender a quaisquer outras necessidades pessoais de cada visitante, quem acolhe vive a obrigação de atender à própria pessoa de quem o visita, numa abertura à vivência de uma autêntica e sincera fraternidade", afirma o diretor da ONPT, o padre Carlos Godinho, numa mensagem enviada à Agência ECCLESIA, «O Acolhimento na Pastoral do Turismo».

Entre "tarefas urgentes" e respostas a promover, indica o responsável que o "acolhimento" é "prioridade", "ação sensível" em toda a área pastoral do Turismo. O acolhimento, relembra o sacerdote, "para além da relação e diálogo pessoa a pessoa, deve ser vivido no âmbito das comunidades cristãs", através da celebração eucarística mas também da fruição do património religioso material e imaterial.

 
"Mediante a disponibilização dos meios convenientes (saudação, monições, subsídios impressos, utilização das línguas originárias dos visitantes, participação no exercício de alguns ministérios litúrgicos), os visitantes «são incorporados, ainda que transitoriamente, na comunidade local»". Com "igual diligência", apela na mensagem o diretor da ONPT, devem ser recebidos os "demais irmãos de outras confissões cristãs, esforçando-se a comunidade para que possam celebrar a mesma fé cristã".

O padre Carlos Godinho apela a que "a arte do acolhimento, fundamento de toda a Pastoral do Turismo, se realize nas nossas comunidades cristãs, de forma autêntica e prioritária, para que estas vivam a bem-aventurança evangélica da hospitalidade e a missão confiada à Igreja".

 

 


 

 

 

 

 

 

ONPT

 

A ONPT é um organismo da Igreja Católica, em Portugal, dependente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana (CEPSMH), constituído como meio de promover a Pastoral do Turismo, a nível nacional. Este serviço é composto por vários representantes da área do Turismo, congregando algumas dimensões deste setor da atividade humana, ao mesmo tempo que se assume como um espaço de encontro e partilha das múltiplas estruturas e serviços eclesiais.

 

 

 

 

 

 

 

 

Vila Real: Triénio dedicado
à pastoral da família

O bispo de Vila Real publicou o documento que revela os objetivos e propósitos para o triénio pastoral dedicado à família, que começou este mês na diocese, com o tema ‘Vocação, Evangelização e Missão da Família’.

“As pessoas e as famílias devem ser instruídas e evangelizadas, para anunciar a fé e amor de Cristo”, escreve D. Amândio Tomás, que destaca a interdependência entre Igreja e família porque esta “é o berço da fé, igreja doméstica, fruto da união entre marido e mulher, sinal e sacramento do amor de Cristo à Igreja”.

O prelado revela que dedica um triénio, julho de 2014 a julho de 2017, à pastoral da família porque é “preciso apostar na formação, evangelização e acompanhamento dos jovens, noivos e casais”.

Neste primeiro ano, a Diocese de Vila Real vai refletir sobre ‘a Família segundo a Palavra de Deus, os Padres e o Magistério’; no segundo ano, 2015-2016, o tema é a construção da união conjugal e familiar “indissolúvel”.

 

 

 

 

‘A família cristã, estratégia e instrumento da Igreja, na missão, anúncio e transmissão da fé e na construção do Reino de Deus’, é o tema do último ano do triénio.

Segundo D. Amândio Tomás, é necessário “considerar” os modelos atuais de família e união conjugal, questões de ética, bioética e biotecnologia.

“Foi, em casas, onde a Igreja reunia, que a fé, celebrada, aos Domingos, foi transmitida pelos cristãos, logo no início”, desenvolve o bispo de Vila Real, para quem o “eclipse de Deus” e o “declínio da família” são “uma calamidade social”.

 

 

 

 

Setúbal: Ano pastoral
recorda aniversário da diocese

O bispo de Setúbal divulgou a mensagem para o próximo ano pastoral com o lema “Igreja de Setúbal, com Maria, alegra-te e evangeliza”, dia do 39.º aniversário da edificação da diocese. “No dia 16 de julho de 2015 ocorre o quadragésimo ano da criação da nossa diocese e a 26 de outubro o aniversário da ordenação e da tomada de posse do seu primeiro bispo, o senhor D. Manuel Martins”, relembrou D. Gilberto Canavarro dos Reis na mensagem que enviou aos diocesanos.

“Tendo em conta estes aniversários e tendo ouvido os vários Conselhos, pareceu-me oportuno dedicar o próximo ano pastoral à sua celebração”, informou o bispo de Setúbal.

O novo ano pastoral vai começar no dia 25 de outubro com uma peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima e a sua conclusão é celebrada com a passagem da Imagem da Virgem peregrina, entre 25 de outubro e 8 de novembro de 2015,

 

uma visita inserida no contexto da preparação do centenário das Aparições de Nossa Senhora de Fátima, em 1917. “Com Maria vamos saborear e viver a alegria da experiência da presença de Deus na nossa vida nos primeiros 40 anos desta querida diocese, nomeadamente em tantas pessoas, instituições e realizações que o Espírito vem suscitando”, desenvolveu o prelado. D. Gilberto Canavarro dos Reis, com a mensagem para o próximo ano pastoral, ofereceu também “oração a recitar por todos, diariamente, ao longo do ano”.

O padre Carlos Rosmaninho, pároco do Montijo (Espírito Santo), vai coordenar as celebrações.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Oficinas Musicais ajudam a passar mensagem de Fátima

 

 

 

Padre Batalha, 50 anos de sacerdócio inspirados no Concílio Vaticano II

 

Sugestões para fugir ao stress

José Carlos

Agência ECCLESIA

 

Próximo de partir para alguns dias de férias, é tempo para avaliar propostas e ver quais são as melhores alternativas (e nestes tempos, as mais económicas) de descanso.

Sim, porque até estas paragens implicam escolhas, algumas pessoas preferem mais a praia e o mar, outras buscam a beleza e a tranquilidade do campo.

Há depois quem goste de tirar uns dias para conhecer melhor esta ou aquela terra, com os seus monumentos e tesouros naturais, a sua cultura e gastronomia.

E há ainda aquelas pessoas que, além de quererem recuperar forças físicas, precisam também de cuidar do espírito - uma necessidade reforçada por esta sociedade do stress e da vertigem, em que mal há tempo para usufruir dos dias e da família, quanto mais do transcendente.

É neste contexto que a Igreja tem tido hoje uma forte palavra a dizer, com propostas cada vez mais diversificadas na forma e no conteúdo.

Entre elas destaco a aposta que o Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja está a fazer no desenvolvimento de projetos como os roteiros dos “Caminhos Marianos” e dos “Caminhos de Santiago” existentes no país.

Além de serem um convite ao cumprimento de um itinerário espiritual, de oração, de peregrinação, são autênticos desafios às pessoas para, especialmente em tempo de férias, contactarem com um conjunto 

 

 

 

 

alargado de localidades e monumentos, culturas e expressões de religiosidade popular, algumas das quais pouco conhecidas.

No Concelho de Tabuaço, em Viseu, foi inaugurada há poucos dias a “Casa Daniel”, obra batizada com o nome do monge e escritor Daniel Faria.

Situado junto ao mosteiro medieval de São Pedro das Águias, na localidade de Granjinha, em plena reserva ecológica, o projeto pretende contribuir para a pacificação interior das pessoas, através do silêncio e da oração.

No Couço (Vale Covo) em Évora, ganha forma o Mosteiro de Nossa Senhora do Rosário, nova casa das Monjas de Belém, uma ordem religiosa contemplativa.

É ali, no meio da natureza, junto à Ribeira do Divor e do Monte da Aldeia Velha, que está também outra alternativa para retemperar o espírito e a mente, em ambiente de paz e contemplação.

Visto que hoje está cada vez mais em voga, mesmo com a crise, a escolha do estrangeiro e dos 

 

territórios exóticos como destinos de férias, deixo aqui também duas sugestões com qualidade já comprovada:

A primeira é a Vila de Mafra, situada cerca de 27 quilómetros de Lisboa, na Região Oeste.

Um destino com muito para descobrir, desde a imponência do Palácio Nacional de Mafra, mandado construir pelo rei D. João V; à beleza da Tapada de Mafra, um autêntico oásis de ar puro e de natureza; passando pelas inúmeras praias circundantes e a boa gastronomia.

Um pouco mais para norte, mas ainda no litoral, destaco também a pequena localidade de São Pedro de Moel, no Concelho da Marinha Grande, distrito de Leiria.

Fonte de inspiração do poeta António Lopes Vieira, São Pedro de Moel é apenas um pequeno ponto no mapa.

Mas quem o visita leva para casa a força e vitalidade do mar e a tranquilidade do campo, uma vez que o lugar tem como moldura o magnifico Pinhal de Leiria.

Boas férias!

 

 

Abel Varzim, «um homem de uma grande sensibilidade social»

 

Historiador Paulo Fontes aponta a falta de projetos consistentes à volta do pensamento e da ação do «apóstolo dos trabalhadores»

 

Agência Ecclesia (AE) – Como era o ambiente em que viveu o padre Abel Varzim?

Paulo Fontes (PF) – Abel Varzim nasce no princípio do século XX, cresce num momento de grande convulsão e mudança na sociedade portuguesa, marcado pelo que foi a I Guerra Mundial (1914-1918), pelo que foi a mudança de regime político, pelo desaparecimento do Estado liberal e a criação do Estado Novo.

Politicamente é isto, num país economicamente limitado, periférico, no entanto com um grande território colonial e que estava um pouco à procura da sua própria sobrevivência, digamos assim, no concerto das nações europeias mais fortes, das potências europeias.

É um país onde o catolicismo ressurge em força, sobretudo entre 1910 e 1920, muito marcado pela vontade de recristianizar

 

 a sociedade, como se dizia na altura, entendendo que as dificuldades que a sociedade vivia eram fruto de um processo de descristianização e que havia portanto que refazer o tecido social cristão.

E daí é a época se quisermos, emblematicamente, da Ação Católica Portuguesa, com uma grande organização do Apostolado que surge lançado a partir de 1934, 1935. A Ação Católica de que Abel Varzim vai ser um dos assistentes eclesiásticos.

Ele é um padre que vai ter um percurso, portanto não é um padre qualquer, enviado para fora para estudar, para fazer o seu doutoramento em Lovaina (Bélgica) num centro de formação marcante do catolicismo à escala universal, e em particular no espaço europeu, que era então ainda dominante.

E vai fazer um doutoramento no cruzamento das novas 

 

 

 

 

 

 

 

ciências sociais, aquilo a que nós chamaríamos a sociologia, os estudos sociológicos.

Ele vai estudar o catolicismo social belga e o modelo de cooperativas que havia na Bélgica, que se enquadravam dentro dessa resposta cristã que se queria frente à sociedade moderna. Refazer o tecido social cristão, responder às crises da sociedade liberal, responder às crises da sociedade liberal. Não

 

esqueçamos que na altura estava-se no auge da crise económica pós-1929, e é portanto neste quadro que ele se forma e que o percurso dele, de alguma maneira, se define.

É um homem que se distingue pelos estudos, que vinha para Portugal depois de estudar fora ganhava mundo, uma visão, é um homem sempre de uma postura muito rigorosa e ascética.

 

 

 

 

AE – Será que a sociedade portuguesa já estava preparada para entender e acolher as propostas que o padre Abel Varzim trouxe de Lovaina?

PF – Ele não veio sozinho, ele faz parte daquilo a que se convencionou chamar de ‘padres de Lovaina’, um conjunto de padres que foram enviados para lá para estudar, para beber da matriz desse catolicismo social num país de tradição católica, como era também a Bélgica, bastante forte. E o que ele aprende lá e a realidade sobre a qual reflete procura trazê-la para cá e aplicá-la cá. E é isso que explica basicamente todo o conjunto de traços que marcam o seu percurso.

Desde logo o envolvimento que vai ter na Ação Católica Portuguesa onde privilegia, conjuntamente com os seus colegas de Lovaina, a ideia de uma Ação Católica não generalista e apenas de feição religiosa ou piedosa, um pouco à maneira da Obra dos Congressos que tinha nascido em Itália, mas uma Ação Católica que se especializasse por aquilo a que, na gíria da altura, se chamava o ‘meio social’. Portanto, com uma forte componente de 

 

enraizamento na realidade social, no meio operário, no meio agrário ou rural, no meio universitário.

E é nesse modelo, combinado numa Ação Católica por género masculino e feminino, e por idades, enraizada no meio social, que se define o modelo da Ação Católica Portuguesa, para o qual ele e os seus colegas de Lovaina diretamente contribuíram.

Segundo marco importante: fez parte daquela geração de católicos que estão ali no início do Estado Novo, participam na ideia de que é uma oportunidade para a cristianização das estruturas sociais. O Estado Novo formula-se, apresenta-se como uma combinatória de diferentes percursos e setores que procuram uma resposta para a crise do sistema liberal, e concretamente da Primeira República, onde se combinou setores republicanos com setores monárquicos, setores católicos com setores maçónicos. É um esforço de encontrar uma referência, e essa referência tem no modelo social corporativo um ponto muito importante.

É esse modelo sociológico que Abel Varzim estudara e com

 

 

 

 

o qual ele contactara nos
países do Norte da Europa,
nesse tal corporativismo,
na livre iniciativa dos
produtores, que ele queria
trazer para Portugal. Isso
explica a entrada dele
como candidato e político,
durante pouco tempo,
porque a sua ação política
decorre exatamente daqui.

 

 

 

 

 

AE – O Padre Abel Varzim esteve quatro anos como deputado da Assembleia Nacional, entre 1938 e 1942. Esse corporativismo que ele defendia era diferente do corporativismo do Estado, tanto que saiu depois um pouco zangado e desiludido com a política.

PF – Essa é uma das tónicas de diferenciação de todo este setor do catolicismo social, que é mais vasto, de que ele faz parte e que a partir dos anos 40, sobretudo depois do final da II Guerra 

 

Mundial (1939-1945), no caso dele ainda antes pela experiência política que fez.

Ele é eleito deputado à segunda legislatura e toma posições que não são bem acolhidas, pelo contrário, que levam a que depois o seu nome não seja reapresentado e que ele seja, de alguma maneira, ostracizado no interior da própria União Nacional que o levara à Assembleia, à câmara parlamentar.

Foi na expetativa de 

 

 

 

poder contribuir, do ponto de vista da legislação social, na implantação de um determinado modelo corporativo. E como estava a dizer, ele vai cedo perceber que o que o catolicismo preconizava não era exatamente aquilo que, do ponto de vista do Estado, se estava a implantar.

Havia nomeadamente dois pontos de diferença: a ideia de que o sistema corporativo não é uma coisa que se construa só de cima para baixo, mas é uma coisa que pode nascer do reconhecimento de realidades associativas pré-existentes. Em segundo lugar, a valorização da própria liberdade associativa, incluindo o próprio direito à greve, no caso dos sindicatos, que era um ponto doutrinal que vinha já do final do século XIX, da Doutrina Social da Igreja.

E é sobre estes dois pontos, um modelo corporativo que não permite a liberdade associativa, todo ele controlado pelo Estado 

 
 

e subordinado a um projeto que procura implantar, e que é insuficientemente implantado aliás, de cima para baixo; e esta tónica muito importante que é a valorização da ideia de um corporativismo de associação, a ideia de uma liberdade associativa, incluindo também essa linha que faz a diferença que é o próprio direito à greve.

 

AE – O padre Abel Varzim utilizou um meio de comunicação social, neste caso o jornal ‘O Trabalhador’, para divulgar e evangelizar a Doutrina Social da Igreja….

PF – O jornal ‘O Trabalhador’ acabaria por ser suspenso em 1948, foi um dos empreendimentos em que ele se envolveu com a geração dos militantes da Liga Operária Católica e a Juventude Operária Católica, dos meios operários que estavam em formação para intervir no terreno social e sindical.

 

 

 

PF - Logo em 1942 - 1943, a Liga Operária Católica é advertida pelo Estado que não se deve confundir, que a única estrutura sindical que existe é aquela dos sindicatos oficiais, nacional.  Esta ideia que o movimento católico pretende - ouvir, agregar e dar expressão às aspirações desse meio operário - não é compatível com o modelo político vigente.

Há logo aí, nos anos 40, antes mesmo do fim da Segunda Grande Guerra, uma primeira crise em torno da identidade da Ação Católica, que é remetida para uma entidade meramente religiosa, visando secundarizar a tónica social. Pretendem isso o Estado e certos setores também no interior da Ação Católica, porque a tónica social tem implicações políticas.

Isso não impede, pelo contrário explica, que não podendo exercer a atividade direta, ao nível da formação, da informação, da doutrinação, o movimento operário católico se tenha empenhado na criação do jornal ‘O Trabalhador’, que pelas posições criticas que toma, relativamente à situação social e política sobretudo no 

 

pós-guerra, conduziu à intervenção de mecanismos de censura e à sua suspensão em 1948.

Aí inicia-se um outro percurso, embora o padre Abel Varzim mantenha uma atividade na Ação Católica, na dinamização do congresso dos homens da Ação Católica em 1950. É momento em que o próprio catolicismo se procura reforçar a si, a partir do lançamento de congressos como instâncias de reflexão e proposta, não só a nível religioso mas também a nível social e cívico, não político mas cívico.

Esta era uma distinção que o movimento católico em Portugal e a Ação Católica procurava fazer.

 

 

 

 

A Ação Católica
é remetida para uma entidade meramente religiosa, visando secundarizar a
tónica social.

 

 

 

 

 

 

 

 

AE – Uma das partes mais emblemáticas da vida do padre Abel Varzim foi o trabalho que fez junto das prostitutas do Bairro Alto, na Paróquia da Encarnação em Lisboa. Ele levava uma ideia pré-programada, que era correr com elas da paróquia, eram as chamadas ‘más ovelhas’, e no entanto converte-se no sentido de dizer que elas também eram ‘filhas de Deus’. Foi um trabalho que deixou história e marca?

PF – Isso é muito interessante. Reparemos que estamos numa Europa que estava em democratização, em mudança, já era a Europa do pós-guerra em pleno, mas em Portugal verificou-se uma perpetuação do regime e um fechamento político que só ocasionalmente, em momentos de consultas eleitorais, permitia alguma expressão muito controlada e organizada. Aliás a tradição guarda a ideia de que havia que preparar, dizia o cardeal Cerejeira, homens para o que viria depois do regime do Estado Novo, de Salazar.

 

À porta da Igreja da Encarnação

 

 

 

PF - O padre Abel Varzim quando no início dos anos 50 é afastado, digamos assim de uma maneira direta, do trabalho da assistência religiosa à Ação Católica, é-lhe proposto ficar à frente da Igreja da Encarnação, no Chiado, num contexto social onde coabitavam setores de uma certa aristocracia tradicional, uma certa burguesia mesmo.

Havia ali uma zona de palacetes, de casa brasonadas, conjugada com uma realidade popular que era a do Bairro Alto da altura, e portanto onde havia também uma certa marginalidade, nomeadamente ligada à prostituição feminina.

Uma prática que não era legal mas era tolerada, as mulheres eram registadas e exerciam a sua atividade num sistema semilegal. Elas eram controladas mas ao mesmo tempo, não era legalizada a atividade de prostituição que realizavam, pelo contrário, era socialmente um setor ostracizado.

Ora, diante desta realidade, o padre Abel Varzim tem um percurso que ele próprio define no seu livro, num texto que está hoje publicado, como um percurso de conversão.

 
O padre Abel Varzim vem de um catolicismo normativo, moralizador, ele quer extirpar o mal do Bairro Alto e para isso acha que há que conduzir uma espécie de campanha cívica para libertar o bairro da presença da prostituição e dessas mulheres e o que ele vai encontrar é uma realidade que se dirige a ele.

Aliás, conta um episódio muito curioso, que é a maneira como ele, para essa campanha, procura invocar a figura de Santa Maria Goretti, entroniza a imagem na igreja e, de repente, dá-se conta de que isso tem exatamente o efeito contrário, essa imagem torna-se num centro de devoção.

 

AE – Em lugar de serem as pessoas da paróquia a irem rezar, pedir pelas prostitutas na Capela de Santa Maria Goretti, são as prostitutas que vão pedir auxílio à santa.

PF – Exatamente e é essa inversão que ele explica. Ele diz: sou padre, estou aqui para servir as populações, não posso exatamente a isto.

Mas há um debate interior, que ele aliás explica e carateriza muito bem, que é 

 

 

 


Bairro Alto

 

o da sua visão do mundo e da condenação moral daquela situação. E por outro lado, ter que conviver com ela.

E conta o seu primeiro encontro com as prostitutas, que aliás tem uma dramaticidade muito grande, que é quando ele é chamado para ministrar os últimos sacramentos a uma mulher que estava a morrer, num vão de escada.

Ele hesita se deve ir ou não, decide-se a ir mas põe uma condição: que isso não se faça naquelas condições degradantes mas que ele tenha a possibilidade de 

 

conversar com aquela mulher e de lhe ministrar os sacramentos num espaço digno.

Arranjou-lhe um quarto e a partir daí ele começa a perceber o interior e a bondade que também existem naquelas mulheres. Isso vai obrigá-lo a reformular a ideia do bem e do mal, esta distinção de condenar o pecado e não o pecador.

E é nessa aproximação a esta realidade social que ele vai sentir-se impelido a trabalhar sobre ela e cria, com outros, um centro de recuperação dessas mulheres.

 

 

 

PF – Nesse sentido, desenvolve uma obra que persiste durante vários anos, em que ele tenta envolver as senhoras dos meios qualificados e abastados da sua paróquia, nomeadamente as senhoras da Liga Independente Católica Feminina, da Ação Católica. Nisso ele encontra-se com as contradições da sociedade e com aquilo a que ele chama de uma hipocrisia social muito grande. É a partir deste desfasamento e desta dilaceração interior que vai nascer esta obra que o padre Abel

 
 Varzim consegue lançar com a participação e o envolvimento de muita gente e que dura até aos anos 60 do século XX. Já desgastado com esse trabalho e com toda a maledicência que é feita também sobre a pessoa dele, que ele depois se verá adoentado, obrigado a retirar-se para a sua terra natal, no norte, onde irá desenvolver depois uma cooperativa, uma associação de produtores de aves, a Sociedade Avícola do Minho (SAMI), que ainda hoje persiste.
 

LOC

 

 

 

É um homem com uma grande sensibilidade social, um pensamento estruturado sobre a realidade e uma capacidade de iniciativa, são três características que convergem na figura do padre Abel Varzim. Essa sensibilidade, capacidade reflexiva e iniciativa que constitui uma espécie de lastro que carateriza a sua própria espiritualidade, muito marcada por esta dimensão ‘incarnacional’ do cristianismo, que não pode ser apenas moralizador, que atua de fora das realidades, apenas fazendo pronunciamentos, juízos, avaliações, mas que permanece exterior a essa realidade.

Pelo contrário, um cristianismo que mergulha na realidade e que, com aqueles que ai se encontram, quer mudar essa realidade do ponto de vista da dinâmica evangélica. Esse é o sentido da espiritualidade do padre Abel Varzim.

Há um outro traço que valerá a pena chamar a atenção no seu percurso, que é o envolvimento como professor no Instituto de Serviço Social de Lisboa. Uma instituição onde ele teve uma influência grande e deixou marcas em muitas das pessoas que aí estudaram. Será ali que ele irá procurar envolver 

 

universitários numa outra experiência, que terá o Bairro Alto também como referência e outros bairros onde depois se organizarão os centros sociais.

 

AE – Um verdadeiro apóstolo social?

PF - Sim, aliás esse título foi-lhe reconhecidooutorgado se assim podemos dizer, pela própria Conferência Episcopal Portuguesa, e depois o presidente da República, na altura Mário Soares, atribuiu-lhe o título da Ordem da Liberdade. Esse reconhecimento foi feito à sua figura e ao seu percurso quando passaram 30 anos depois da sua morte, em 1994.

Estamos agora já a 20 anos de distância, no cinquentenário da sua morte, e há um conjunto de iniciativas que vão ser postas em prática pelo Fórum Abel Varzim, instituição criada por muitos dos que trabalharam com ele, o conheceram ou foram influenciados pelo seu percurso ou magistério. Seria bom que esse Fórum pudesse ter dado também origem a uma instituição que pudesse ter uma maior capacidade de iniciativa e de intervenção na senda do pensamento de Abel Varzim.

 

 

“Nada disto é fado…”

Conhecemos todos esse traço característico da cultura portuguesa que o fado, em certo sentido, traduz e concretiza. Parece ser que esse traço tem contornos de uma certa saudade (outra expressão tipicamente portuguesa), melancolia, mesmo alguma tristeza. Parece ser que esse traço aponta também para um certo destino que dificilmente pode ser evitado. É, por isso, bastante comum ouvir expressões como «esse é o nosso fado», tentando com elas apontar esse destino triste ao qual, aparentemente e sem outra possibilidade, estamos condenados.

Também estas palavras foram várias vezes escutadas pelo Padre Abel varzim durante o tempo em que foi pároco da Paróquia da Encarnação no Chiado. No exercício da sua missão, foram muitas as vezes que dialogou com as prostitutas que, à época, anos 50 do século passado, povoavam as ruas do Bairro Alto. Ao interpelá-las e desafiá-las para abandonarem a vida que levavam lá vinha a resposta: «este é o nosso fado».

 
Mas também o fado do Padre Abel Varzim parecia estar traçado desde o momento em que foi enviado para aquele local. Assim que ‘descobriu’ a realidade social na qual aquela comunidade estava envolta, percebeu que o seu destino passava por expulsar aquelas mulheres, de modo a preservar a integridade do rebanho que lhe estava a ser confiado.

A atenção ao projeto de Deus e à realidade concreta que o envolvia, conduziu-o, no entanto, por outros caminhos. Sem deixar em momento nenhum de combater a prostituição, o Padre Abel Varzim não deixou, também, de acolher as prostitutas, ajudando-as, em tudo o que lhe foi possível, a construir outro destino. E isso acabou, igualmente, por alterar o destino da sua missão, que deixou de passar pela ‘expulsão, abrindo-se a uma atitude de acolhimento, interpelação e acompanhamento, facilitando a transformação[1].

Encontro, aliás, aqui, como que um feliz ‘eco de antecipação’ da metodologia proposta pelo Papa Francisco na Exortação 

 

 

 

 

 

Bairro Alto

 

 

Apostólica Evangelii gaudium. Ao falar na Igreja em saída o Papa afirma que esta “é a comunidade de discípulos missionários que «primeireiam», que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam.[2] Num primeiro momento, talvez o Padre Albel Varzim não tenha tomado a

 

  iniciativa, mas inequivocamente envolveu-se e acompanhou, o que o levou, muitas outras vezes, a tomar a iniciativa. E, a partir daí, foi possível frutificar e celebrar.

Ao fazer referência a esta experiência, o que me importa sublinhar é algo que está na sua base e que, no meu entender, 

 

 
 

 

 

 

 

é um dos elementos constitutivos de toda a experiência cristã. Trata-se daquilo a que, com frequência, ouvimos chamar a leitura crente da realidade. Ou seja, este exercício vital que nos leva a ler a realidade a partir da fé, facilitando, nesse olhar, a descoberta de novas possibilidades, e que, simultaneamente, nos leva a ler a fé a partir da realidade, descobrindo, também a partir desse olhar, novas interpelações para a própria fé.

Para quem é cristão este exercício torna-se fundamental, pois a encarnação é um constante convite a levar a sério a realidade na qual Deus está presente, fazendo escutar a sua voz, no sentido de purificar, cada vez 

 

 

mais, a nossa fé e de alargar, essa mesma realidade, aos horizontes que lhe propõe.

Neste exercício de leitura, o Padre Abel Varzim foi capaz de perceber as interpelações que lhe estavam a ser feitas a partir daquelas periferias humanas, daqueles últimos (neste caso últimas). Também para eles(as), aliás como se pode ver no Evangelho, preferencialmente para eles(as) está destinada a Boa Notícia.

E quando esta experiência se torna possível, o compromisso com a libertação e dignificação destes últimos é inevitável e pode, então, ser feita a descoberta de que «nada disto é fado…»

Juan Ambrosio,

UCP

 

 

 

 

 

[1] Todo este itinerário de mudança (de parte a parte) pode ser encontrado e lido na sua obra “Procissão dos Passos. Uma vivência no Bairro Alto», que a Editorial Cáritas agora reedita, e cuja leitura merece ser feita.

 

[2] Cf EG, 24

 

 

 

 

 

 

 

 

A Lisboa de Abel Varzim

Entre os anos de 1934 e 1957, Abel Varzim fixa-se em Lisboa, depois de uma curta estadia nessa cidade (1930) e de passagens mais prolongadas por Serpa (1925-1930) e Lovaina (1930-1934). Nesse início da década de 1930, a capital do país contava com 600.000 residentes, dos quais somente metade era natural do concelho. A baixa instrução da população era patente em Lisboa. Apenas cerca de 1800 crianças frequentaram, em 1933/34, o ensino infantil em todo o distrito, que contava com 296 escolas do ensino primário, sete liceus, quatro escolas industriais e cinco comerciais. No ensino superior da capital estavam matriculados com pouco mais de 4000 alunos, sobretudo homens.

Em 1930, as freguesias mais populosas de Lisboa eram, por ordem decrescente: S. Sebastião, Santa Isabel, S. Jorge de Arroios, Anjos, Alcântara, Santa Engrácia, Ajuda, Santos-o-Velho e Penha de França. No conjunto, estas freguesias concentravam 55% da população da cidade. Para além do Parque Mayer e do Coliseu dos Recreios, funcionavam, em 1934,

 

oito teatros, oscilando entre as 15 e as 31 peças em cena por mês (excluindo o verão) e três dezenas de cinemas, com cerca de um milhar de sessões por mês, com a exibição de filmes previamente submetidos à censura. No distrito de Lisboa, eram publicados nove jornais diários, num total de 247 periódicos, dos quais 14 com tiragens superiores a 12.000 exemplares.

Em 1932 Salazar acumulara a pasta das Finanças, que assumira em 1928, com a chefia do Governo. A Constituição do novo regime político tinha sido plebiscitada em 1933 e, no final do ano, foram definitivamente liquidadas as associações de classe provenientes da I República e instituídos, mediante uma rígida tutela estatal, os sindicatos nacionais.

É este o universo que Abel Varzim vai encontrar em Lisboa no início dos anos 1930. A sua ação será desenvolvida sobretudo na área social, com recurso a diferentes instrumentos. Marcará presença regular nas páginas da imprensa e não excluirá a ação política formal, destacando-se, 

 

 

 

 

 ainda, a sua ação no ensino, nomeadamente na Escola de Serviço Social, e, finalmente, na Paróquia da Encarnação.

Numa sociedade atrasada e isolada do exterior, Abel Varzim desenvolve, ainda em Lovaina, uma colaboração regular com o jornal Novidades. Entre os múltiplos temas abordados no jornal 

 

católico da época, destaca-se o apelo à introdução de fórmulas inovadoras na organização do catolicismo português, rompendo com os modelos tradicionais vigentes e que, na sua perspetiva, se encontravam esgotados (5.12.1931). Na Europa do pós-I Guerra Mundial, ainda abalada pela crise de 1929 e pela emergência de sistemas 

 

 

 

 

políticos ditatoriais e totalitários, Abel Varzim tomava contacto, por exemplo, com a JOC de Cardijn, compreendendo as suas vantagens.

Já em Portugal, seria um dos responsáveis pela organização do operariado católico, na LOC, e múltiplas iniciativas associadas à organização coletiva dos trabalhadores, como o lançamento do jornal O Trabalhador. Nas suas páginas, apela à sindicalização dos operários, como condição de êxito na reivindicação de direitos e de garantias no trabalho (01.04.1937). Ciente dos riscos que a integração nas estruturas do regime comportava, como a conotação com o salazarismo, Abel Varzim acrescentava ao objetivo da sindicalização a necessidade de transformação da realidade a partir de dentro. O quadro legal disponível constituía uma oportunidade a utilizar em função de objetivos mais vastos, independentemente das apropriações que, 

pontualmente, pudessem ser efetuadas.

 

Homem do seu tempo, Abel Varzim seria um dos cultores da doutrina social da Igreja, do ponto de vista teórico e na atuação no terreno. Em Lisboa, promoveria denúncias de exploração no trabalho e travaria diferentes confrontos com

os poderes instituídos. Em 1957, regressava à sua terra natal, onde viria a falecer em 1964, deixando um legado ímpar como referência do catolicismo social português das décadas de 1930 e do pós-II Guerra.

Nuno Estêvão Ferreira,

CEHR-UCP

 

 

 

 

 

Homem do seu tempo,
Abel Varzim seria um dos cultores da doutrina social da Igreja, do ponto de vista teórico e na atuação no terreno.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Transformar

Lema do Padre Abel Varzim

A criança, que anos mais tarde viria a ser conhecida com o Padre Abel Varzim, nasceu no seio de uma família ativa e com preocupações sociais. Tenha-se presente que a sua mãe – professora primária – foi presidente de uma junta de freguesia.

É natural, portanto, que a decisão de entrar para o seminário, para ser padre, tenha sido forjada numa preocupação de servir os outros e contribuir para que a transformação do mundo.

Já ordenado padre, Abel Varzim, em terras do Alentejo, foi-se apercebendo que a realidade económica e social envolvente precisava de profundas mudanças. Diga-se que não teve tempo para obter grandes resultados, a não ser no trabalho com jovens, tendo fundado o Escutismo local.

Mas é sobretudo em Lovaina, na Bélgica, nos estudos que vão realizando, nos contactos que vai tendo e nas reflexões profundas da Doutrina Social da Igreja, que se vai cimentando o seu

 

 pensamento sobre a necessidade de se proceder a profundas alterações no sistema económico vigente e no mundo laboral. Não é de estranhar que a tese de doutoramento que defendeu, na universidade que frequentava, incidisse sobre a problemática dos camponeses. Cresce aí a sua vontade de transformar a sociedade numa outra onde o respeito pela dignidade humana estivesse em primeiro plano.

Quando vem para Portugal, a sede de aplicar todos os conhecimentos adquiridos no estrangeiro leva-o a envolver-se na criação do Liga Operária Católica, no Instituto Social, na criação da Rádio Renascença e até aceita ser Deputado à Assembleia Nacional.

Todas as atividades que desenvolve são claramente para contribuir para mudanças profundas na sociedade que ele gostaria de ver renovada. Essa sua preocupação e determinação trazem-lhe imensos «amargos de boca» e ele vai-se «gastando» como padre e como homem.

 

 

 

 

 

 

Na Paróquia da Encarnação, na fase final da sua vida em Lisboa, não fica parado. Apesar de algumas desilusões sofridas o seu espírito irrequieto não o deixa parar. È conhecido o seu trabalho junto das prostitutas do Bairro Alto. E aqui nesta área foi preciso transformar muita coisa, em particular as mentalidades, do próprio e dos outros.

O Forum Abel Varzim que foi criado para estudar e divulgar o pensamento, a obra e a ação do Padre Abel Varzim, utiliza diversos meios para cumprir a sua missão. Um desses meios é uma revista que é publicada em papel (duas a três vezes por ano) e em versão eletrónica (também, duas a três vezes por ano, em alternância). A revista tem por nome «Transformar». Talvez não fosse possível encontrar um nome mais adequado para um meio de informação vive, fazendo-se eco do pensamento do Padre Abel Varzim aplicado aos dias de hoje. O Forum dispõe de um site na internet, facebook e o organiza encontros, conferências e jornadas de trabalho.

Nos sócios do Forum Abel Varzim existe a convicção que vivemos

 

um tempo particularmente difícil - a maneira como vivemos, as desigualdades que deixamos que se ampliassem , as violações constantes dos direitos humanos, as marginalizações dos mais pobres – que exige profundas mudanças. Ir buscar o exemplo, a postura, a sensibilidade, a palavra do Padre Abel Varzim e refletir sobre a realidade que nos envolve, pode ser um caminho para a transformação do nosso sistema de vida que é urgente e necessária.

António Soares,

Fórum Abel Varzim

 

 

ABEL VARZIM e os DESPROTEGIDOS

«OPERÁRIO, ERGUE A TUA FRONTE! [...] A grande palavra de ordem é, pois, esta: libertai-vos da vossa alma de escravos, tornai-vos homens conscientes, valorizai-vos, e o grande passo da vossa elevação social e económica será dado em definitivo. » (Abel Varzim - «O TRABALHADOR», n.º 2 – II Série, em 24 de janeiro de 1948).

 

Ao percorrer os textos, e testemunhos, que nos chegam sobre o Padre Abel Varzim, somos confrontados com a sua visão da realidade que o rodeava, e das desigualdades sociais que na sua época caraterizavam a sociedade portuguesa, e do angustiado apelo que os mais pobres e desprotegidos faziam, no silencio dos seus «buracos». Lembro-me que, em Lisboa, pedinte que fosse apanhado na rua era levado para a «Mitra».

Mas, os mais pobres e desprotegidos, não eram só os pedintes e sem abrigo. Os mais pobres e desprotegidos eram, frequentemente, os trabalhadores do comércio e industria, os trabalhadores do campo, com salários de

 

 miséria, sem apoio na doença, sem proteção no desemprego, sem pensões de reforma, sem apoio na velhice, etc.

O Padre Abel, como cristão sincero que era, não podia ficar indiferente ao que o rodeava. Segundo vários testemunhos, não conseguia ter "um tostão" no bolso, todos os que se abeiravam dele com carências, fossem elas quais fossem, não saíam de mãos a abanar.

Porém, as raízes vindas do berço, a sua formação cristã, a sua entrega à missão, a sua convicção de que a promoção dos trabalhadores tem de ser obtida pelos próprios trabalhadores, fizeram-no abraçar as tarefas de formação e dinamização, nomeadamente na "Acção Católica", onde muitos de nós tomámos conhecimento das doutrinas sociais e da injustiça que nos rodeava, e onde também, ao nível das "Secções Locais", aprendemos a agir em democracia.

Na minha opinião, a sua fidelidade ao Cristo, impelia-o a uma visão do "seu próximo", como um todo, e a uma partilha, sem discriminações, ainda

 

 

 

 

 

 que isso acarretasse perseguições e calúnias.

Na Igreja da Encarnação, em Lisboa, onde escolheu ser pároco, depois de ter sido afastado das tarefas que exercia, por imposição dos "apparatchik" do Estado Novo, a que a Hierarquia da Igreja Católica se não opôs, tomou diversas iniciativas para responder aos problemas concretos dos seus paroquianos mais marginalizados.

Uma delas, a "Casa de Trabalho", demonstra bem o seu empenhamento na promoção social, respeitando a vida concreta de todos. A “casa de trabalho” do Padre Abel Varzim, tinha um acordo com a Sacor (antecessora da Galp), com sede na Rua do Alecrim, paróquia da Encarnação, onde se faziam os fatos-macacos dos operários daquela empresa. As meninas tinham de coser três fatos-macacos por dia e passavam lá o dia, cosendo os três fatos-macacos que pagavam o seu dia; o resto do tempo era para estudar. As raparigas que trabalhavam na "casa de trabalho", eram 

 

as habitantes do Bairro Alto, quer fossem simples residentes, ou exercessem ali a sua "profissão...".

Como vemos o Pe. Abel era assim, não separava as pessoas da vida, mas agia de forma a que a "vida" delas fosse melhorando, também com o seu empenhamento pessoal.

De entre os testemunhos dos que com ele privaram, quando pároco da Encarnação, destacamos o seguinte, de um dos seus paroquianos, pertencente às elites sociais e económicas da época, «[...]e por várias vezes o procurei na sacristia, para lhe expor dúvidas, ou mágoas, e pedir o seu conselho, no qual encontrei uma direção segura, e grande conforto.[...] Senti sinceramente a sua ausência quando do seu regresso à P. de Varzim[...]». Creio que, para o Padre Varzim, a "opção pelos pobres" era entendida como uma opção pelo nosso irmão carente, qualquer que fosse a sua carência.

 

José Alexandre Morais Gouveia

 

 

Abel Varzim sua cor era o homem

Eu não conheci o Padre Abel Varzim. Eu cheguei ao Movimento da JOC em 1960/ 61 o primeiro encontro em que participei foi o grande encontro da juventude que se realizou em Lisboa

O Padre Abel Varzim morreu em 1964 e, já não estava em Lisboa. O padre Abel Varzim foi uma figura marcante do catolicismo do século XX.

Não o conheci. Como dizia mas, tenho lido muito do que foi o seu trajecto e os caminhos que ele percorreu ao longo da sua caminhada na terra dos vivos do seu tempo e, tem sido para mim uma luz que não se apaga, que me vai dando alento, para continuar acreditar que, é, possível viver diferente neste mundo mesmo tão conturbado.

O projecto Libertador de Jesus Cristo não morreu e, viver agora tem finalidade, o Padre Abel Varzim é bem o testemunho desse projecto Libertador, para os que acreditam e para os que não acreditam Hoje vive-se um tempo muito complicado mas, faz todo o sentido recolocar o Padre Abel Varzim, porque os tempos que

 

 ele viveu não eram melhores pelo contrário eram tempos que era vigiado de noite e de dia pela policia do regime Abel Varzim foi como ele próprio sentiu um sinal de contradição, porque a sua actividade social bem demarcada da luta de classes condenava a violência tanto na opressão dos de cima como na revolta dos de baixo e, entre os dois extremos apontava pela palavra e, pelo exemplo, a prática da fraternidade cristã como a única solução justa do conflito social. Vejamos como ele foi capaz de se colocar no meio dos extremos e apontar soluções, são atitudes como estas do Padre Abel Varzim que têm a ver com o projecto libertador de Jesus Cristo, hoje são necessárias atitudes como as do padre Abel para denunciar os excessos da ideologia na vida do povo e, nas organizações dos trabalhadores.

Estamos a comemorar 50 anos da morte do Padre Abel Varzim, os cristãos e, os católicos em particular não podem deixar que se apague a memória de este Homem que assumiu radicalmente o Evangelho 

 

 

 

 

 

 

na defesa dos mais pobres e, da justiça social, enfrentando sempre com coragem as consequências das suas atitudes. Eis que faço Novas todas as coisas diz O Senhor, o Padre Abel Varzim estava na sintonia de Jesus Cristo.

Foi vítima do seu compromisso com os mais pobres, foi perseguido e humilhado não só pelo poder mas também esquecido pela igreja. Diz ele num dos seus livros que o seu sacerdócio é, a defesa dos 

 

pobres, são apóstolos como Padre Abel que são a verdadeira Encarnação da Ressurreição de Jesus Cristo. O Padre Abel foi o primeiro Assistente Nacional da LOC que sendo um movimento de homens e mulheres que reflectem a vida querem continuar a dar testemunho do legado que nos foi deixado pelo Padre Abel. Era também um homem que acreditava que organizados os trabalhadores vencerão as suas lutas desde que eles sejam os protagonistas e não 

 

 

 

 

 

as ideologias. O Padre Abel era um homem com uma visão alargada da vidas das pessoas procurando resposta para os problemas  no Evangelho e, na d.s.i., era também um estudioso das pequenas coisas da vida na sua estadia na Bélgica em Lovaina conheceu Monsenhor Cardij com quem aprendeu o método de revisão  de vida, ver julgar e agir onde se descobrem as pequenas coisas O Padre Abel Varzim tinha sempre tempo para ouvir as pessoas hojequase ninguém tem tempo, para ele as pessoas eram mais importantes que tudo o resto, a dignidade do homem e da mulher estavam primeiro, Hoje não é assim. Padre Abel Varzim é hoje um desafio sobre tudo para os crentes mas também para aqueles que acreditam numa sociedade mais humano e mais justa que sejam preserverantes na fé mesmo que sejamos sinal de contradição Padre Abel Varzim foi um homem com audácia e ao mesmo tempo ousou desafiar os vários poderes o politico e, também o poder da igreja, por isso foi perseguido até a morte. A igreja quis guarda-lo

 

 dizia o Cardeal Cerejeira para reserva da própria igreja, não era isso, ele foi afastado de Assistente da LOC porque incomodava muita gente através do jornal o trabalhador

Nos vários desafios que o Padre Abel aos cristãos é de assumam as denúncias das injustiças dos poderes intuídos, recordo uma passagem no livro da procissão dos passos numa conversa entre o Padre Abel e um dirigente comunista em que ele dizia ao Padre se os cristãos assumissem o que dizem os Evangelhos nós não tínhamos razão de existir, quem tem ouvidos que oiça. Para terminar dizer que o Padre Abel ousou chamar atenção a todos os exploradores e explorados que era importante que fossemos sérios e equilibrados assumindo os nossos próprios erros, para que as vitórias fossem de todos e que todos fossem construtores da sua própria.

José Domingues Rodrigues

 

 

 

Um caminho de santidade

O padre Abel Varzim que deixou marcas na história da Igreja, registos importantes que abrem a porta a uma possível canonização. A ideia surgiu num integrado nas iniciativas que assinalam os 50 anos da morte do sacerdote da Diocese de Braga, que dedicou a sua vida ao apostolado social.

“As canonizações são sempre movimentos eclesiais”, sublinha D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, afirmando que “em termos pessoais, não teria grandes dúvidas” da santidade do padre Abel Varzim.

“Estas figuras são concretas, de carne e osso, são conhecidas. Não é possível dizer que isso é muito bonito, mas é só para os idealistas. Penso que a canonização tem essa virtude: comecemos por avivar essa chama do padre Varzim, da sua ação, do seu pensamento”, acrescenta o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

Homem interventivo na sociedade do seu tempo, o padre Abel Varzim foi um expoente máximo da ação social da Igreja junto dos mais necessitados.

 
Diogo Freitas do Amaral, antigo líder do CDS, fala numa “figura cimeira da doutrina e da ação social da Igreja, e também daquilo que mais tarde se veio a chamar democracia cristã”.

Batizado pelo padre Abel Varzim, o professor universitário tem uma grande admiração pelo homem de vistas largas, de quem a ditadura de então tinha receio.

“Até em Cristelo, já retirado da sua ação junto dos operários católicos, dos sindicatos católicos, da juventude operário, mesmo assim a polícia política não deixou de o manter sob vigilância”, relata Freitas do Amaral.

Assistente da Liga Operária Católica ao longo de vários anos, o padre Abel Varzim, colocou em prática, neste organismo o que aprendeu na Universidade de Lovaina (Bélgica). Ideias inovadores para a época, mas centradas na Doutrina Social da Igreja.

Guilherme d´Oliveira Martins, presidente do Centro Nacional de Cultura, considera 

 

 

 

 

 

 

“notável” o que hoje o padre Abel Varzim ainda tem para dizer a cada pessoa.

Nesse sentido, citou um pensamento no qual se sublinhava que “uma vida 

 

social justa é incompatível com uma vida económica anarquizada ou arruinada”. “O económico, por si próprio, não tem razão de ser, a Economia é feita para as pessoas”.

 

 

Turismo e redução da pobreza

A mensagem deste ano do Vaticano para o Dia Mundial do Turismo, que vai ser assinalado a 27 de setembro, salienta a importância desta área para o “desenvolvimento autêntico” e “integral” das comunidades. Assinado pelo presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPMI), cardeal Antonio Maria Véglio, o documento sublinha que para tal finalidade, no campo do turismo devem ter em vista alcançar um progresso equilibrado, que seja sustentável e respeitoso em três âmbitos: económico, social e ambiental”.

O Vaticano recorda que “o turismo é um motor fundamental de desenvolvimento económico, em virtude da sua importante contribuição para o PIB (de 3% a 5% a nível mundial), para o emprego (de 7% a 8% dos lugares de trabalho) e para as exportações (30% das exportações mundiais de serviços)”. Num mundo cada vez mais globalizado, em que “cada lugar do planeta” é “uma meta potencial”, o turismo

 

 

 pode afirmar-se, segundo a Santa Sé, como “uma das opções mais viáveis e sustentáveis para reduzir o nível de pobreza das áreas mais subdesenvolvidas”.

“Se for promovido de maneira adequada, ele pode ser um inestimável instrumento de progresso, de criação de lugares de trabalho, de desenvolvimento de infraestruturas e de crescimento económico”, aponta o CPMI.

Por outro lado, o Vaticano considera “essencial que os benefícios económicos do turismo cheguem a todos os setores” sociais dos países de destino e tenham também “impacto direto sobre as famílias”. Nesse sentido, torna-se “fundamental que se sigam critérios éticos respeitadores sobretudo das pessoas, tanto no plano comunitário como a nível de cada indivíduo, evitando um conceito economicista da sociedade, que procura o lucro egoísta, fora dos parâmetros da justiça social”, sustenta a Igreja Católica.

Além dos benefícios económicos, a atividade turística gera

 

 

 

 

 “outras” mais-valias que também devem ser potenciadas, como “o enriquecimento cultural, a oportunidade de encontros humanos, a promoção do respeito recíproco e da tolerância e a promoção da formação de trabalho dos jovens”, entre outras citadas pela mensagem do CPMI.

No documento para o Dia Mundial do Turismo deste ano, a Santa Sé dá ainda contas da sua “alegria” pela forma “como em várias

 

 partes do mundo a Igreja reconheceu as potencialidades do setor turístico e pôs em prática projetos simples mas eficazes”. “São cada vez mais numerosas as associações cristãs que organizam viagens de turismo responsável a regiões desfavorecidas, assim como aquelas que promovem o chamado “turismo solidário ou de voluntariado”, reconhece o Vaticano.

 

 

Papa alerta para acontecimentos
trágicos na Terra Santa

O Papa Francisco apelou este domingo no Vaticano ao fim do conflito israelo-palestino, mostrando a sua preocupação com os “acontecimentos trágicos” dos últimos dias na Terra Santa. “Exorto as partes envolvidas e todos quantos têm responsabilidades políticas a nível local e internacional a não pouparem a oração e todos os esforços para fazer cessar qualquer hostilidade e conseguir a paz desejada para o bem de todos”, disse, perante dezenas de milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a recitação do ângelus.

O apelo surgiu num momento de crescente tensão na Faixa de Gaza, com bombardeamentos israelitas e lançamento de 'rockets' por parte do braço armado do Hamas.

Francisco pediu que todos rezem “com insistência” pela paz na Terra Santa e recordou o encontro que manteve, a 8 de junho, com os presidentes de Israel e da Palestina para “invocar” esse dom e apelar ao fim da 

 

“espiral do ódio e da violência”. “Alguns poderiam pensar que esse encontro foi em vão, mas é ao contrário, porque a oração ajuda-nos a não nos deixarmos vencer pelo mal nem resignar-nos a que a violência e o ódio prevaleçam sobre o diálogo e a reconciliação”, observou.

Francisco recitou depois partes da oração que proferiu a 8 de junho, em que se pede a “coragem de dizer ‘Nunca mais a guerra’” e de “cumprir gestos concretos para construir a paz”. Após este apelo, o Papa recordou a celebração do domingo do Mar, deixando votos de que a Igreja Católica esteja próxima dos marinheiros, dos pescadores e das suas famílias.

 

 

 

Migrações: Papa pede atenção à situação de menores sem acompanhamento

O Papa manifestou a sua preocupação com as crianças da América Central que emigram sozinhas para norte e pediu que a questão das migrações seja abordada a partir da “cultura do encontro” em vez do “medo”. Francisco dirigia-se aos participantes num encontro sobre mobilidade humana e desenvolvimento, que decorreu na Cidade do México, com a presença do secretário de Estado do Vaticano.

A mensagem, divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé, chama a atenção para milhares de crianças que emigram sem acompanhamento, procurando fugir da pobreza e da violência, num número que aumenta “todos os dias”.

"Esta é uma categoria de migrantes que, da América Central e do México, atravessa a fronteira com os Estados Unidos em condições extremas, em busca de uma esperança que na maioria das vezes é em vão”, escreve o Papa.

Segundo Francisco, esta “emergência humana” exige “uma

 

intervenção urgente, a fim de que esses menores sejam acolhidos e protegidos”.

Eventuais medidas, pode ler-se, não serão suficientes “se não forem acompanhadas por políticas de informação sobre os perigos de uma viagem deste tipo e de promoção e desenvolvimento nos países de origem”. “É necessário chamar a atenção de toda a comunidade internacional para que possam ser adotadas novas formas de migração legal e segura", prossegue.

Francisco lembra que muitas pessoas obrigadas a emigrar “sofrem e muitas vezes morrem tragicamente; muitos dos seus direitos são violados”, sendo objeto de “comportamentos racistas e xenófobos".

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Visita do secretário de Estado do Vaticano ao México

 

 

 

Ângelus, 13.07.2014

 

Brincar e Aprender como deve ser!

http://www.junior.te.pt/

 

Mais uma vez, esta semana, a nossa sugestão vai de encontro aos mais novos. É nesta altura que eles se encontram nas suas merecidas “férias grandes” e é também nesta altura em que, variadas vezes, não sabemos o que lhes sugerir para ocuparem o seu tempo.

A nossa proposta passa por uma visita virtual a um espaço dedicado às crianças, por conseguinte, faça-se acompanhar pelos mais novos ou sugira-lhes este sítio.

Da responsabilidade do grupo Texto Editores, o sítio www.junior.te.pt é um espaço para as “crianças com informação, diversão e atividades em áreas diversas, adequado aos três diferentes níveis etários que abrangem a Educação Pré-escolar, o 1º Ciclo e o 2º Ciclo do Ensino Básico.”

Ao entrarmos neste sítio e observarmos tudo aquilo que nos é apresentado, desde as cores, às personagens, dos desenhos aos tipos de letra escolhidos, tudo está perfeitamente 

 

enquadrado com o público-alvo a que se destina.

Na opção “jardim”, entramos no espaço dedicado às crianças que frequentam o jardim-de-infância onde há muito para descobrir. Desde a possibilidade de sabermos mais acerca dos animais, ouvir histórias infantis muito bem animadas, jogar alguns jogos pedagogicamente enquadrados com as crianças do pré-escolar e ainda, aprender algo sobre as diversas profissões.

Em “Rua”, temos ao dispor um conjunto elevado de conteúdos dedicados aos alunos do 1º ciclo. Em ambiente podemos ver algumas curiosidades sobre a reciclagem, por outro lado em famosos, dispomos de diversas biografias das principais pessoas das artes, história, música, literatura, etc. e ainda, música, jogos e desporto.

Por último em “Bairro”, encontramos recursos inteiramente dedicados aos mais novos que frequentam o 2º ciclo. Assim, com outro tipo de apresentação gráfica, podemos aprofundar os conhecimentos sobre o nosso país

 

 

 

 

 

 

 

 (história, locais, efemérides), sobre o mundo animal, algumas curiosidades bastante interessantes, aprender a melhorar o meio ambiente, a fazer bolos, entre outros conteúdos perfeitamente enquadrados e pedagogicamente bem estruturados.

É de facto, riquíssimo 

 

este espaço virtual onde o lazer, a responsabilidade social e a aprendizagem estão de mãos dadas numa plataforma inteiramente dedicada aos mais novos. Uma sugestão a guardar para irem brincando aprendendo!

 

Fernando Cassola Marques

 

 

Homilias de D. Joaquim Gonçalves
passam a livro

A Paulus Editora publicou um volume intitulado «Palavras que permanecem» com as homilias mais significativas do falecido bispo D. Joaquim Gonçalves em Braga e na Diocese de Vila Real. “Esta é uma homenagem póstuma que corresponde a um dos desejos manifestados poucos meses antes da sua morte. Com esta publicação procura-se prolongar na história a imagem e o pensamento deste grande bispo”, informa a Paulus Editora, num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

D. Joaquim Gonçalves, na apresentação do seu livro, escreveu que não é “difícil encontrar” nas suas homilias “o clássico esquema do ‘ver, julgar e agir”’, ou seja, “os factos celebrados, a reflexão catequética e o apelo ao compromisso, e isso pode ajudar a fazer deles uma espécie de memorial”.

O padre José Gonçalves, irmão do bispo homenageado, terminou a compilação das homilias e na “premonição” escreve que “estes textos são parte do seu

 

 

trabalho episcopal como mestre e pastor”.

“Parece-nos que podem continuar a ser úteis na construção do Reino de Deus e no desenvolvimento da Nova Evangelização que esta em curso”, acrescenta o sacerdote a respeito do livro

 

 

 

 

 

 

 

 

 ‘Palavras que permanecem’.

D. Joaquim Gonçalves nasceu em Cortegaça, Concelho de Fafe, a 17 de maio de 1936, e foi substituído por D. Amândio Tomás, seu coadjutor, a 17 de maio de 2011, cerca de três anos depois de ter sido submetido a um transplante cardíaco, em Coimbra. 

 

 

 

  O bispo emérito, que faleceu ao 77 anos no último dia de 2013, esteve à frente da diocese transmontana entre janeiro de 1991 e maio de 2011, depois de ter sido bispo auxiliar de Braga entre 1981 e 1987, quando João Paulo II o nomeou coadjutor de Vila Real.

«O caminho da vida»

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) está a divulgar um novo CD para este verão, ‘O Caminho da Vida’, do grupo com o nome homónimo que surgiu há quatro anos, na Paróquia do Seixal, Diocese de Setúbal. “As músicas e letras que estes jovens foram elaborando e que agora apresentam neste CD são expressão da sua profunda vida de oração pessoal, em grupo e em comunidade”, explica a fundação num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

Neste caminho de fé partilhado pela música o grupo já foi reconhecido e premiado “em festivais diocesanos de música católica”, acrescenta a AIS.

No comunicado, a fundação informa também que o grupo Caminho da Vida vai fazer uma experiência de missão em Cabo Verde, durante o mês de agosto, com o lema “Cabo Esperança”.

 

 

 

II Concílio do Vaticano:
Situação da Igreja lusófona

 

No início do II Concílio do Vaticano (11 de Outubro de 1962), a igreja portuguesa ultrapassava as fronteiras actuais e abrangia territórios – agora independentes – noutros continentes.

Na diocese da Beira (Moçambique), D. Sebastião Soares de Resende considerou que os problemas que mais o preocupavam, quando se deu o início do concílio, eram aqueles que estavam relacionados com “a pessoa humana” e “em algumas de suas verticais”. “De facto, o problema fundamental do mundo e, portanto, o grande problema da Igreja, é a visão total do homem”, desabafou ao Boletim de Informação Pastoral (BIP), nº 19 – Setembro-Outubro de 1962.

Ao fazer referência às “verticais”, o Bispo da Beira salienta que a primeira situava-se nos problemas dos seus “direitos e deveres sagrados e inalienáveis”. O segundo – a vertical religiosa – residia nos problemas da “catequese, do ensino religioso e da liturgia”. E por fim, o terceiro – vertical intelectual – assentava nos problemas de “contacto e de inquietação das camadas cultas, mas indiferentes ou ateias”, do “ensino primário e secundário por parte da Igreja e de círculos superiores de estudos religiosos para adultos”.

“Todos os problemas pastorais” da Diocese de Díli (Timor) se reduzem a um apenas: “A falta de clero. Sem este estar resolvido primeiro, é pura perda de tempo discutir os outros. Resolvido este, desaparecem ou ficam meio resolvidos todos os demais”, confessou 

 

 

 

 

D. Jaime Garcia Goulart, Bispo de Díli, ao BIP citado anteriormente.

Para D. José Vieira Alvernaz, Arcebispo de Goa e Damão e Patriarca das Índias Orientais, a universalidade deste acontecimento eclesial convocado por João XXIII devia contribuir para “desfazer a ideia de que a Igreja Católica é inimiga das culturas dos povos orientais, no que elas têm de justo e verdadeiramente humano”. Segundo o prelado daquelas dioceses indianas, devia-se – como tinham começado a fazer os missionários do século XVI – “cristianizar culturas e instituições”.

Na hora do início do II Concílio do Vaticano o que mais “preocupa e amargura”, o Arcebispo de Luanda e Bispo de São Tomé, D. Moisés Alves de Pinho, era “a reparação das ruínas e a supressão das consequências acarretadas pelos trágicos acontecimentos de que foi teatro” a parte norte da arquidiocese. Por outro lado – acrescenta D. Moisés Alves de Pinho – a arquidiocese debate-se com a “falta de missionários” e solicita que “as dioceses e 

 

 

congregações do continente continuem na generosidade ultimamente praticada para com o ultramar”, BIP nº 19 – Setembro-Outubro de 1962.

Reconstruir o “velho edifício do Seminário”, “preparação do seu corpo docente, com formação de novos elementos” e construir “novas igrejas, para facilitar o apostolado e o trabalho missionário entre os infiéis” são as prioridades de D. Paulo José Tavares, bispo de Macau quando se deu o início do concílio.

 

julho 2014

2014-07-18

 

* Braga - Auditório Vita - No âmbito das comemorações dos 500 anos do nascimento de D. Frei Bartolomeu dos Mártires decorre um encontro/conferência/convívio entre o clero das dioceses de Viana dos Castelo, Vila Real, Bragança-Miranda, Braga e o clero da ordem dos Dominicanos.

 

* Lisboa - Seminário dos Olivais - Reunião da Comissão preparatória do Sínodo Diocesano com a presença de D. Manuel Clemente e os bispos auxiliares

 

* Braga - Auditório Vita - Sessão do ciclo de cinema sobre «Visões Generativas do Humano».

 

* Austrália - Melbourne - A Caritas Internacional, em conjunto com outras organizações ligadas à Igreja Católica, promove uma conferência sobre o combate à SIDA. (18 a 20)

 

 

 

 

 

 

 

 

* Coimbra - Almegue - O Instituto Secular das Servas do Apostolado realiza um retiro para jovens com o tema «À conversa com a vocação». (18 a 20)

 

* Açores - Ilha do Pico - Festas em honra de Santa Maria Madalena com o lema «Maria Madalena - Testemunha da alegria do Evangelho» que terá como pregador o padre José Júlio Rocha. (18 a 22)

 

* Faro - Sé - Comemorações do centenário do jornal «Folha do Domingo». (18 e 19)

 

2014-07-19

 

* Porto - Casa Diocesana de Vilar - Simpósio sobre «Padre Américo - Modelo de Caridade para os nossos dias» para celebrar o aniversário da Obra da Rua.

 

* Lisboa - Igreja da Cartuxa de Laveiras - Colóquio sobre V centenário da canonização de São Bruno, fundador da Ordem da Cartuxa.

 

 

 

 

 

 

 

* Porto - Igreja de Santo Ildefonso - Concerto comemorativo da inauguração do órgão de tubos da Igreja de Santo Ildefonso

 

* Braga - Auditório Vita - Sessão do ciclo «Música no claustro»

 

* Santarém - Alcanede - Projeto «Fé4Missão» promovido pelo Secretariado de Pastoral Juvenil (19 a 27)

 

* Porto - Casa diocesana de Vilar - Jornadas de formação para catequistas e outros educadores promovidas pelo Secretariado da Catequese da Diocese do Porto. (19 e 20)

 

2014-07-20

* Açores - Centro Cultural de Santa Clara - Encontro sobre «agarra ao mundo» promovido pelo Movimento Focolares.

 

* Lisboa - Lourinhã - Casa do Oeste - Conselho diocesano da ACR com o tema «O que é a Esperança Cristã, mesmo em momentos difíceis?»

 

* Coimbra - Igreja de Santa Justa - O bispo de Coimbra preside à missa de envio dos voluntários do Grupo Missionário João Paulo II.

 

 

 

* Braga - Basílica do Sameiro - Os diáconos Adão Ricardo, José Pedro, Nuno Jorge e Rui Manuel, serão ordenados presbíteros por D. Jorge Ortiga.

 

* Lisboa - Lourinhã - Casa do Oeste -

Celebração dos 50 anos de sacerdócio do padre Joaquim Batalha

 

* Porto - Igreja de Santo Ildefonso - Celebração solene do 275º aniversário da Igreja de Santo Ildefonso presidida por D. António Francisco Santos

 

* Islândia - Jamboree do Corpo Nacional de Escutas. (20 a 27)

 

2014-07-21

* Lisboa - Fundação Calouste Gulbenkian - Cerimónia de entrega do Prémio Gulbenkian 2014 à Comunidade de Santo Egídio.

 

* Lisboa - Alcobaça - Paredes da Vitória - Acampamento nacional do Movimento Juvenil Salesiano

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O jornal “Folha do Domingo”, da Diocese do Algarve, vai assinalar entre os próximos dias 18 e 19 o seu centésimo aniversário, com destaque para uma conferência de enquadramento histórico e um concerto da cantora Teresa Salgueiro.

 

Criar um espaço de reflexão sobre a catequese como iniciação à vida na fé e o itinerário catequético" procurando "oferecer ferramentas para conhecer e manusear os catecismos e planificar a catequese" são dois dos objetivos das X Jornadas de Verão e das IV mini-jornadas que o Secretariado Diocesano da Catequese do Porto organiza nos dias 19 e 20.

 

D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, vai presidir este domingo, na Basílica do Sameiro (15h30), à ordenação sacerdotal dos diáconos Adão Ricardo, José Pedro, Nuno Jorge e Rui Manuel.

 

A Comunidade de Santo Egídio, movimento católico fundado em 1968 pelo italiano Andrea Riccardi, vai receber no próximo dia 21 o Prémio Calouste Gulbenkian 2014, anunciou a fundação homónima. Conhecida como a “pequena ONU do Trastevere”, bairro romano onde se situa a sua sede, a Comunidade de Santo Egídio é uma organização não-governamental que agrega cerca de 60 mil pessoas em mais de 70 países do mundo, incluindo Portugal.

 

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, vai estar em Luanda, Angola, entre 21 e 28 de julho para participar num encontro alargado de bispos lusófonos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h22

Domingo, dia 20 de julho: 

Padre Abel Varzim

 

RTP2, 15h30

Segunda-feira, dia 14 - 50 anos de sacerdócio do padre Joaquim Batalha;

Terça-feira, dia 15 - Informação e apresentação da banda Missio;

Quarta-feira, dia 16 - Informação e apresentação da Banda Jota;

Quinta-feira, dia 17 - Informação e apresentação da banda Godstone;

Sexta-feira, dia 18 - Apresentação da liturgia de domingo pela irmã Luísa Almendra e cónego António Rego.

 

Antena 1

Domingo, dia 20 de julho,  06h00 - Festival Terras Sem Sombra. Comentário à atualidade com o padre José Luís Borga.

 

Segunda a sexta-feira, 22h45 - 21 a 25 de julho -

Festival Jota 2014: Banda «Godstones»; Banda Jota; Banda Missio; Padre António Jorge e Padre Jorge Castela. 

 

 

 

O que é a vida eterna?

 

 

 

 

 

 

 

 

Ano A – 16.º domingo do Tempo Comum

 
 
 
 
 
 
 
Bondosos e misericordiosos, sempre!
 

A liturgia deste 16.º Domingo do Tempo Comum convida-nos a descobrir o Deus paciente e cheio de misericórdia e a assumir essa mesma atitude na nossa vida.

Em concreto, a primeira leitura da Sabedoria fala-nos de um Deus indulgente e misericordioso, que convida os seus filhos a serem humanos, a terem um coração tão misericordioso e tão indulgente como o coração de Deus.

A segunda leitura sublinha a bondade e a misericórdia de Deus. Afirma que o Espírito Santo, dom de Deus, vem em auxílio da nossa fragilidade, guiando-nos no caminho para a vida plena.

Neste ritmo da vida moderna tão estonteante, com exigências profissionais, problemas familiares, inferno do trânsito, necessidade de ganhar a vida diante de crescentes dificuldades, andamos a correr, sempre ocupados e cansados, prisioneiros de uma máquina que nos desumaniza e que não nos deixa centrar a nossa atenção no essencial, há que encontrar tempo e espaço para refletir e redefinir o sentido da nossa existência, para perceber se estamos a conduzir a nossa vida segundo o Espírito.

O Evangelho garante a presença do Reino de Deus no mundo, um Reino que não é um clube exclusivo de bons e santos: todos encontram a possibilidade de crescer, de amadurecer as suas escolhas, de serem tocados pela graça, até ao momento final da opção definitiva.

Três belíssimas parábolas a nos indicarem o caminho: o trigo e o joio, o grão de mostarda, o fermento.

 

 

 

 

Na parábola do trigo e do joio, Jesus garante-nos que os esquemas de Deus não preveem a destruição do pecador, a segregação dos maus, a exclusão dos culpados. O Deus de Jesus Cristo é um Deus de amor e de misericórdia, sem pressa para castigar, que dá ao homem todo o tempo do mundo para crescer, para descobrir o dom de Deus e para fazer as suas escolhas. Não percamos nunca de vista a paciência de Deus para com os pecadores: talvez evitemos ter de carregar sentimentos de culpa que oprimem e amarguram a nossa breve caminhada nesta terra.

A Palavra de Deus convida-nos a moderar a nossa dureza, a nossa intolerância, a nossa 

 

intransigência e a contemplar os irmãos (com as suas falhas, defeitos, diferenças, comportamentos religiosa ou socialmente incorretos) com os olhos benevolentes, compreensivos e pacientes de Deus.

A partir daí, podemos colher a mensagem das outras parábolas: ser grão de mostarda e fermento, no meio de situações que não deixam espaço para a interioridade, para o sentido da vida, para a paciência. Eis um enorme desafio para quem quiser continuar a ser discípulo de Cristo, neste domingo e na semana que se segue.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

Iraque: Cristãos em fuga perante avanço dos jihadistas

Dias do fim

A conquista de Mosul pelos radicais islâmicos do ISIS está a revelar-se fatal para a comunidade cristã no Iraque. Os Cristãos vão fugindo de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, sabendo que, provavelmente, nunca mais poderão voltar a casa.

 

O medo espreita. Na cidade de Qaraqosh, a 30 quilómetros a sudoeste de Mossul, as ruas estão vazias. Num par de horas, a cidade esvaziou-se. Todos, por ali, já sabiam o que ia acontecer. Em Qaragosh não ia ser diferente de Mossul ou de Raqqa, conquistadas pelos jihadistas e palco de atrocidades várias, amplamente documentadas. Os Cristãos estão a ser escorraçados de todos os lugares. Foi assim na Síria, está a ser assim no Iraque. Não há muitos lugares no Médio Oriente como Qaraqosh. Neste momento é uma cidade fantasma, mas foi, até há dias, o lar de 40 mil pessoas. Na sua maioria, cristãos. Era com orgulho que falavam das suas doze igrejas. A história de Qaraqosh remonta 

 

 

ao Antigo Testamento. As ruas vazias são agora a melhor legenda para o clima de medo e de terror que está a destruir a comunidade cristã. De cidade em cidade, sempre de mãos vazias, os Cristãos estão em fuga. Os que fugiram de Qaraqosh estão em Erbil, ou noutros pequenos povoados do vale do Nínive. Até voltarem a fugir de novo.

 

Igrejas de portas abertas

O Arcebispo caldeu de Mossul, D. Shimon Nona, está agora refugiado em Tilkef, a poucos quilómetros de Mossul. Forçado a fugir, o prelado é, também ele, um refugiado entre refugiados. Para o Arcebispo, é preciso ajudar todos os que ali vão parar, fugindo dos combates, sem saber o que fazer às suas vidas. As igrejas de Tilkef estão de portas abertas. “Recebemos todos, sejam cristãos ou muçulmanos. É isso que nos ensina a nossa fé. Ajudar a todos independentemente da sua religião. Deus ama-nos a todos”.

 
 

 

 

 

 

 

 

No meio da azáfama em que se encontra, D. Shimon Nona mal tem tempo para reflectir sobre o terramoto que está a sacudir o Iraque. As suas palavras traduzem a enorme tragédia que se abateu sobre a comunidade cristã. “A minha diocese já não existe mais. O ISIS tirou-ma”. O Arcebispo
 

lança-nos um veemente pedido de ajuda. Os cristãos iraquianos precisam da nossa solidariedade. Eles estão em fuga por serem cristãos. Apenas por isso.
 

Paulo Aido

www.fundacao-ais.pt

 

 

 

Alimentos seguros…

Tony Neves

 
 

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa tem como missão unir quantos falam, oficialmente, a língua de Camões. E somos muitos milhões, somando Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné, Moçambique, Portugal, S. Tomé e Príncipe e Timor. Estamos em quatro continentes, o que constitui uma enorme riqueza, capital que não podemos desbaratar.

Há questões que são problema em todo o espaço da CPLP. Um deles tem a ver com a segurança alimentar e nutricional. Se há países que agarraram este dossier há mais anos (como é o caso de Portugal), outros ainda estão a dar passos ligeiros na estruturação das suas economias para que haja controlo de bens alimentares e acompanhamento nutricional.

Nada melhor do que dar exemplos: em Portugal, há regras rigorosas acerca da circulação de produtos alimentares, da sua conservação, das condições de venda ao público e datas de validade… Também na restauração existem regulamentos sobre os bens a cozinhar, a forma como são apresentados ao público, as regras de higiene a cumprir, o destino a dar aos excedentes. Assim, quem vai a um mercado sabe que compra produtos alimentares que não representam qualquer perigo para a saúde pública. Quem entra num restaurante ou bar está convencido de que pode comer á vontade a refeição que está na ementa

 

 

 

 

Luso Fonias

 

 porque tudo foi bem controlado e não há riscos de intoxicação. Mas, para chegarmos a este ponto há um longo caminho a percorrer e muita sensibilização e fiscalização a levar a sério.

O mesmo se pode dizer das questões nutricionais. Sabemos que em tempos de guerra ou em contextos de pobreza ninguém faz escolhas de alimentos em ordem a uma alimentação equilibrada. Come-se, nestes casos, o que aparece e, quando há que comer já se dá graças a Deus. Com a melhoria das condições de  vida, abre-se uma nova página na

 

 vida das pessoas com reflexos positivos nos hábitos alimentares. Equilibrar as refeições, evitar o que aumenta os índices de açúcar ou colesterol, ter cuidado com a ingestão de álcool… são questões bem resolvidas com o recurso à arte dos nutricionistas.

O bem estar das populações deve ser o grande objetivo das políticas de cada país e as questões alimentares são sempre decisivas para a saúde pública. Há que fazer o melhor para que os cidadãos da CPLP se sintam seguros e felizes.

 

 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

Partir para chegar

Margarida Corsino da Silva

 

Este é, tradicionalmente, um tempo de férias. De partidas e de chegadas. De descanso. Mas, ainda que o óbvio deste tempo seja que isto aconteça fora dos espaços habituais em que a nossa vida acontece, também poderá acontecer sem deixarmos o espaço que habitamos. Partir de dentro, daquilo que somos, para chegar ao mais íntimo de nós. Uma viagem interior – elogiando e encontrando a vida com todos os nossos sentidos.

Olhar a imensidão do mar. Deixarmo-nos invadir pelos cheiros e pelos sons na subida de um monte. Escolher o essencial para colocar numa mochila que podemos carregar e que é perfeitamente suficiente para vivermos. Tocar a beleza de uma grande cidade ou de uma pequena aldeia. Sentarmo-nos na relva, ouvindo um grande concerto. Deixarmo-nos surpreender pela novidade (mesmo aquela com que nos deparamos, sem reparar, em cada dia). Saborear uma refeição demorada que se alia a uma conversa com aqueles com quem vivemos cada dia precipitadamente ou com aqueles que não vemos há tanto tempo. Viver cada instante com tempo, sem a pressão do relógio, entregando-nos verdadeiramente ao que vivemos. Estes são alguns dos gestos que povoam este tempo e que nos ajudam a re-fazer e a saborear a nossa própria existência. E a nossa vida parece ficar muito mais bela (como quando o Monstro se transforma em Príncipe na história A Bela e o Monstro). 

 

 

 

Esta transformação da nossa realidade é, na verdade, a nossa transformação. E só quando nós nos deixamos transformar é que é razoável que a nossa realidade se transforme em algo belo. Em algo que acolhemos e desejamos viver como efectivamente nosso.

E se esta refeição mais prolongada que saboreamos acontecer também na Eucaristia durante este tempo de férias? Se dermos realmente lugar a Deus neste tempo e desejarmos alimentarmo-nos do Seu corpo e da Sua palavra? As férias acontecerão. A partida e a chegada terão o seu lugar. A entrada no pórtico que nos entrega às férias com as costas voltadas para o quotidiano – quase como que a

 

desejar fugir-lhe – devolver-nos-á, no final, de costas para o tempo de férias e os olhos postos no quotidiano. O silêncio e o descanso que tivermos encontrado darão lugar à palavra e aos gestos de cada dia, reconhecendo em tudo a presença d'Aquele que é íntimo a cada coisa. A banalidade do quotidiano ficará com rosto de dom e poderá ser oração. E o quotidiano transformar-se-á mais uma vez. Este tempo poderá restituir-nos a nós mesmos e, assim, poderemos dar(-nos), poderemos ser aquilo que realmente somos. E seremos protagonistas da vida que nos é oferecida em cada dia. Tal como ela é. E chegaremos depois de termos partido.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“A justiça social só pode alcançar-se no respeito da dignidade transcendente do homem. A pessoa constitui o fim último da sociedade, que está orientada para ele”.

(Catecismo da Igreja católica, 1928)