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João Aguiar Carmpos D. Pio Alves Octávio Carmo Diocese de Beja
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Foto da capa: D.R. Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,. Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Ainda há sinais |
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João Aguiar Campos, |
Ou em anos anteriores estive mais distraído ou, de facto, é mesmo assim: parece-me haver mais sinais do Natal de Jesus nas decorações das montras e ruas. Parece-me até que as pequenas bancas de artesanato oferecem também mais presépios – ainda que não faltem derivações diversas. Ao mesmo tempo, vejo anunciadas iniciativas, nomeadamente culturais, que remetem para a alegria e a celebração do verdadeiro sentido da festa. Podem os mais pessimistas argumentar que é a força do comércio a manifestar-se e o desejo/necessidade de vendas a esgotar todas as hipóteses de negócio. Mas ainda que assim seja, não serei eu a rasgar vestidos escandalizados – preferindo a abertura de Paulo, capaz de ver uma oportunidade de anúncio num altar que parecia sublinhar a opção da idolatria. Sim, esta exteriorização a que assistimos pode e deve proporcionar buscas de sentido. Acresce, entretanto, que é assinalável o conjunto de propostas eclesiais, que pretendem fazer deste tempo de Advento e Natal um momento de espera activa, acolhimento e conversão. Basta, por exemplo, considerar as oportunidades divulgadas e presentes online, nascidas no seio de dioceses, paróquias, movimentos e associações católicas; ou criadas pelos esforços individuais de quem se assume como missionário digital. Este é o modo positivo de agir, que contrasta com a muito frequente lamúria que se limita a comentar a expropriação – “roubaram-nos
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o Natal” – mas pouco faz para lavar olhares, purificar conceitos e abrir corações. Sim, algo está a mudar. Até no estilo… Neste âmbito (do estilo), foi por um feliz acaso que descobri, no sítio da Arquidiocese de Madrid, uma campanha intitulada “Conspiração”. O apelo é, aliás, muito directo: “Conspira”. A explicação não deixa dúvidas quanto ao sentido do desafio: trata-se de resgatar «pessoas que vivem estas datas [Advento e Natal] absorvidas por inúmeros jantares de grupo, prendas caras, impessoais e inúteis e uma pseudo felicidade imposta pelas lojas, esquecendo o |
que realmente se celebra. É, por isso, uma campanha de consciencialização social para recuperar o sentido profundo do Advento e do Natal e, com isso, descobrir o significado e importância das prendas nesta ocasião». O papel pedagógico é desempenhado por três personagens (Caritón, Salusar e Crisperán) que são nada mais nada menos que três pajens dos Reis Magos e nos convidam a olhar para o Oriente. Reorientado e lavado o olhar, será possível ver, no menino do presépio, Deus que, na fragilidade, se faz um de nós e nos oferece o Seu amor; Deus que se humaniza para nos divinizar. |
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Um verdadeiro gesto ecuménico |
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«É mau demais ter conhecimento que estamos a ser colonizados economicamente por chineses e angolanos!» (Artur Soares; In: Diário do Minho, 28 de novembro de 1914)
«Seria péssimo para o regime que os portugueses continuassem a assistir à senda de escândalos que se desfiam diante dos seus olhos a todo o momento» (Armindo Oliveira; In: Diário do Minho, 29 de novembro de 1914)
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«O Alentejo precisa de esperança, precisa de cristãos que vivam seriamente a fé e a caridade, para poderem dar testemunho credível da esperança cristã» (D. João Marcos; In: Beja, Homilia de 30 de novembro de 2014)
«É a conversão e não a vitória que levam à concórdia» (Jorge Teixeira da Cunha; In: Voz Portucalense, 03 de dezembro 2014)
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UCP aposta na investigação
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A reitora da Universidade Católica Portuguesa (UCP) disse na sede da instituição, em Lisboa, que o desafio da investigação e da internacionalização tira a instituição académica “das suas áreas de conforto” e “obriga a redefinições de rumos”. No discurso de tomada de posse dos novos elementos dos vários centros da UCP, Maria da Glória Garcia realçou que “o desafio da investigação, da internacionalização e de um ensino material e metodologicamente fundado na investigação e voltado para um público mais vasto de estudantes” determina “reflexões sobre a sua natureza identitária à luz deste novo desafio”. Para a reitora da UCP, só pela diferenciação identitária, “apoiada em sólidos padrões de qualidade, nacional e internacionalmente reconhecidos”, poderá a UCP “competir, de modo saudável e confiante, no sistema de ensino superior”. A UCP conhece “bem os membros da equipa” e “sabe que não lhes falta competência, abnegação, sentido |
de equilíbrio, visão de futuro”, adiantou. Na tomada de posse dos elementos com cargos de chefia, Maria da Glória Garcia deixou “uma palavra especial para a Faculdade de Teologia e para a sua direção” visto que a referida faculdade é “nuclear” no âmbito da UCP. Segura “da competência e das capacidades de liderança” do doutor João Lourenço, diretor da Faculdade de Teologia, a reitora da UCP sublinha que “não faltará trabalho e incentivo à criatividade” no novo mandato da nova direção desta faculdade. Já o diretor da Faculdade de Teologia afirmou que “existem grandes desafios a curto prazo” na instituição. O padre João Lourenço frisou que, após a visita ao nosso país do secretário da Congregação para a Educação Católica (organismo da Santa Sé), D. Vicenzo Zani, e as orientações deixadas, “há um conjunto de tarefas árduas que vão exigir de todos um compromisso muito empenhativo em ordem a atingir as metas propostas”. |
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Segundo o diretor da Faculdade de Teologia, a instituição, em “estreita relação” com a Conferência Episcopal Portuguesa, deve delinear “um plano estratégico” que “assuma os grandes objetivos” da UCP e que possa “definir horizontes a curto prazo no que diz respeito à internacionalização da Faculdade”.
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No discurso, que contou com membros da comunidade académica, o diretor que foi reeleito realça que se “impõe um esforço muito grande para a consolidação do corpo docente, mormente em Braga e no Porto, uma imperiosa melhoria da investigação científica”.
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Terra Santa nos passos de Jesus |
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A Agência ECCLESIA e a Faculdade de Teologia, da Universidade Católica Portuguesa, estão a organizar a peregrinação “Nos Passos de Jesus” à Terra Santa, de 8 a 16 de abril de 2015. Durante a viagem à Terra Santa os peregrinos vão ter o acompanhamento e guia do diretor da Faculdade de Teologia, o padre João Lourenço. No dia 9 de abril os peregrinos já em Telavive partem com destino a Acra e visitam diversos locais bíblicos e de referência para a cristandade, como Jope onde vão visitar a igreja de São Pedro, as ruínas do antigo porto de mar e da cidade, explica o itinerário da viagem. No dia 10 de Abril peregrinam de Acra com destino a Tiberíades, o Mar da Galileia, e passam pelos nascentes do rio Jordão, pelo monte Hérmon, |
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Montes Golã, e vão visitar ainda o Memorial das Bem-aventuranças. No terceiro dia visitam o Monte Tabor, onde celebram a Missa na Basílica da Transfiguração, e depois, em Nazaré, vão visitar a Basílica da Anunciação e a gruta da Encarnação e ainda passam por Caná da Galileia. No dia 12 de Abril está previsto os peregrinos rumarem ao Mar da Galileia, passarem por Cafarnaum, Jericó e pelo Mar Morto, e terminam a visita em Jerusalém de onde saem no dia 13 de abril com destino ao Monte das Oliveiras e ao Monte Sião. Nos três últimos dias, entre 14 de 16 de abril data do regresso a Lisboa, os participantes vão visitar Jerusalém e Belém com passagem pela Gruta da Natividade e “demais grutas que guardam a memória sagrada do local”. |
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Fátima: Ano Pastoral de 2014-2015
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O padre Carlos Cabecinhas disse este sábado que o Ano Pastoral de 2014-2015 no Santuário de Fátima tem por tema “Santificados em Cristo”, tomando como ponto de partida a aparição de Nossa Senhora em agosto de 1917. No quinto itinerário temático, que tem guiado a vida do Santuário até ao centenário das aparições em 2017, o sacerdote explicou que o “núcleo teológico” subjacente a este tema é a “santidade de Deus” da qual participam todos os crentes. “Este tema - Santificados em Cristo - recorda-nos que a santidade enquanto vida de comunhão com Deus e em conformidade com a sua vontade é vocação de todo o cristão”, referiu o reitor do Santuário de Fátima. Para D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, os textos sobre as Aparições de Fátima não referem o “pedido direto, explicito à santidade”, mas aparece sobre a forma de “vivência ou de outro apelo”. Na comunicação de encerramento da apresentação do Ano Pastoral, D. António Marto sustentou que “não |
há nenhuma forma para fazer santos” e que “cada um será santo na sua originalidade”. O Santuário de Fátima promove, ao longo do Ano pastoral, uma exposição temporária evocativa da aparição de agosto de 1917, intitulada “Neste vale de lágrimas”, que é uma reflexão sobre o contexto político e ideológico de Portugal da altura, nomeadamente a participação na Primeira Guerra Mundial.
Esta exposição está patente no convivium de Santo Agostinho, na Basílica da Santíssima Trindade até ao dia 31 outubro de 2015. Outra das iniciativas programadas é o concerto “Os três pastorinhos de Fátima”, pelo Coro Infantil do Instituto Gregoriano de Lisboa e o Coro Anonymus no dia 20 de fevereiro de 2015, às 21h00, na Sé de Lisboa, com a presença de João Santos, e no dia 8 de março, às 15h00, na Paróquia de Marrazes, em Fátima. O santuário está também a organizar um Simpósio Teológico-Pastoral, de 19 a 21 de junho, no salão do Bom Pastor, no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Academia de Música de Santa Cecília cumpre 50 anos de existência |
Religião Cristã |
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D. Pio Alves Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais |
Deixem-me ir à História. Não para regressar, saudosamente, ao passado, mas dispostos a aprender. Foi há cerca de 1800 anos. Mais ou menos pelos séculos II-III. Ainda que o assunto (a tendência) vinha de trás e continuou depois. Continuou de tal modo que ainda está viva. Mas foi por então que, com nomes e estruturas, o fenómeno deu mais nas vistas. O Império Romano ia-se deixando corroer por dentro. Vivia-se em letargia social. Faltavam grandes referências. O que faltava em originalidade sobrava em ecleticismo, em amálgama de pensamento. Estas marcas invadiram também o mundo do religioso. A sociedade não renegava de religião. Pelo contrário, a(s) religião(ões) estava(m) em alta. Seria exagero dizer que cada um tinha (fabricava) a sua. Mas havia muito disso. O cristianismo, ainda que oficialmente ilegal e, por isso, passível de perseguição até à morte, no cumprimento da sua vocação universal, foi aparecendo. Devia dar-se a conhecer, sem aceção de pessoas. Devia conciliar-se com a razão e recorrer – como fez de um modo geral – a todas as linguagens disponíveis, incluindo as filosofias vigentes. Correu o inevitável risco da racionalização. Nalguns casos não correu bem. Mas tinha que ser, para não se transformar num gueto com morte anunciada. Mas, por outro lado, expôs-se, inevitavelmente, à voragem do religioso. Era a grande e nova proposta que dava imenso jeito para enriquecer esquemas religiosos pessoais, a gosto do consumidor. |
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ecortava-se aqui, acrescentava-se ali, juntava-se acolá. O resultado não era, assumidamente, uma outra qualquer religião. O resultado era a religião cristã dos sábios (gnósticos). Fontes? A Escritura recortada, ampliada, reinterpretada; e as tradições orais secretas, supostamente (falsamente) remontadas aos Apóstolos. Mantiveram, por esta via, a nomenclatura mais sonante do cristianismo: batismo, eucaristia, hierarquia, etc. Mas, visto de perto, restava apenas a casca. Como se tivesse sofrido um ataque de formiga branca! A referência última eram eles próprios, os sábios (gnósticos). Referência também de suposta moralidade cristã. O sábio (gnóstico) estava de tal modo identificado com Deus que não podia senão fazer o bem. |
O sábio (gnóstico) não era bom por fazer coisas boas, mas as coisas eram boas porque ele as fazia. Não gosto de dar saltos na História. Cada época é uma época como cada pessoa é uma pessoa. Mas que há coincidências há. E, sempre, oportunidade para aprender. É um facto que está em alta o fenómeno religioso. E, no nosso contexto, adjetivado, praticamente sempre, com o vocábulo cristão (religião cristã). Mas não é verdade que em muitos casos (sempre demasiados) o adjetivo é mero adorno, fabricado a gosto pessoal? Se o adjetivo não passar a substantivo corremos o risco de, à sombra de Jesus Cristo, estarmos a caminhar para um catolicismo light, apenas a engordar uma religião a la carte. |
Ir a Roma e ver o Papa |
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Octávio Carmo Agência ECCLESIA |
A semana que passou proporcionou-me a oportunidade de acompanhar o encerramento das comemorações do centenário de criação da Família Paulista, um carisma que está particularmente próximo de todos nós que trabalhamos no campo da Comunicação Social, ao serviço da Igreja. O momento foi assinalado com uma audiência concedida pelo Papa numa sala Paulo VI completamente lotada e com gente num local improvisado, à entrada. Francisco quis passar junto de todos e “incendiou” o ambiente, que já era de festa, levando vários minutos a percorrer o espaço que o separava da sua cadeira, para proferir um discurso sereno, realista e que tocou no essencial. Em poucos momentos passou-se de uma verdadeira histeria, que poderia ter acompanhado a entrada em cena de uma qualquer estrela global, para a perceção profunda e imediata do papel do bispo de Roma. O Papa toca os corações e gera entusiasmo, mas sabe que não é essa a sua missão nem se deixa desviar da rota que traçou.
Como seria de esperar, Francisco deixou muita gente mal disposta com alguns dos seus gestos em Istambul: rezou na Mesquita Azul, pelo fim das guerras, e pediu que o patriarca ortodoxo Bartolomeu I o abençoasse, não só a si mas também à Igreja ‘irmã’ de Roma. Logo se prontificaram os ‘pregadores’ da sã doutrina a ir ensinar ao Papa argentino qual é que deve ser o seu papel face a ‘hereges’ e ‘pagãos’. Verdade seja dita, penso que seria o ideal: em vez de críticas |
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anónimas, campanhas absurdas e lamentos estereotipados, espero que quem tem alguma coisa a apontar a Francisco se lhe dirija, através dos muitos meios que hoje existem. Talvez assim o bispo de Roma lhes possa explicar o que significa presidir na caridade, escolher os últimos e os pecadores, servir em vez de ser servido e mais uma quantidade de aparentes contrassensos do Catolicismo. Fico à espera dos próximos episódios desta novela, que só agora está no início (não tenhamos ilusões).
Outras novelas dominam a atualidade portuguesa, onde um |
ex-primeiro-ministro com nome de filósofo descobriu recentemente uma veia epistolar que lhe permite manter viradas sobre si todas as atenções. Não condeno ninguém à partida e, evidentemente, as pessoas têm o direito de se defenderem de acusações que consideram injustas, pelo que resta esperar pelo julgamento de quem de direito (nem do próprio nem da opinião pública, já agora). Também espero que não se confirmem as alegadas “fugas” de informação, mas quero sublinhar que a violação do segredo de justiça é, acima de tudo, um problema da Justiça e não dos jornalistas. |
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A Diocese de Beja pelos olhos do seu bispo
O bispo de Beja que acompanha a diocese há 16 anos, numa entrevista transversal e profunda analisa esta Igreja, a comunidade e a sociedade local que muitas vezes é sinonimo de desertificação e envelhecimento mas que também é feita de pessoas que se unem e lutam pela sua terra e pela sua fé. A formação, a educação, a catequese, a pobreza e a carência, os apoios sociais, o Cante Alentejano, os investimentos públicos, a evangelização e as situações de periferia, um bispo coadjutor e uma Igreja em sínodo foram temas analisados por D. António Vitalino. (Entrevista de Lígia Silveira)
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Agência ECCLESIA (AE) - Recordamos as suas palavras em 2007, antes da última visita «ad limina» na altura ao Papa Bento XVI, em que dizia que Beja encontra-se “desertificada e com pouco clero, precisando, por isso, de uma evangelização mais profunda e de uma formação para os leigos colaboradores em ordem a apoiar a Igreja e também para que o Evangelho se espalhe”. Sete anos depois esta realidade mantém-se? D. António Vitalino Dantas (AVD) - Sete anos depois a diocese, como o todo interior - embora a diocese também tenha litoral mas é só para o verão: as praias, a costa alentejana e a Costa Vicentina são parque natural e não se pode fazer lá nada, de maneira que muita gente vem para ai mas não são residentes. |
A diocese continuou a desertificar, as grandes empresas que existem na área agrícola, que hoje em dia está muito industrializada, mecanizada, emprega pouca gente e é sobretudo na época sazonal. Vêm sobretudo os estrangeiros da Bulgária, da Roménia, da Ásia, mas temporariamente. |
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como toda a Igreja, tem que estar em contínua evangelização. |
tem sempre muitas, os diáconos permanentes também não são muitos.
AE – Referiu as fronteiras e periferias que o Papa Francisco no impele a ir. Quais são as fronteiras que sente que existem em Beja, a Igreja deve ir até onde na diocese?
AVD – Sabemos que o Alentejo esteve muito mais tempo ocupado pelos muçulmanos e só no século XII é que voltou a ser recristianizado. Os cristãos foram depois perseguidos, também tolerados, mas nunca com a liberdade que depois tivemos a partir da Reconquista. |
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e com a expulsão das ordens religiosas masculinas e femininas ficou, por assim dizer, sem grandes agentes pastorais. Apesar disso, o povo manteve a sua religiosidade mas fora dos espaços de culto. AE – Sente que é uma restauração que tem sempre de ser feita por causa desse passado. Uma restauração da evangelização?
AVD – Sim. Era preciso que as vocações surgissem no próprio Alentejo e não fossem importadas de outros lados e como sabemos, infelizmente, antigamente dizia-se a algum padre que se portasse mal que ia para África, que às vezes correspondia ao Alentejo. |
as situações e só tinha 18.
Foi um trabalho que continuou com as missões, com a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Por aqui passaram também grandes missionários – o padre Mário Branco; o padre Crespo – esses grandes oradores franciscanos que andavam por essas terras, sobretudo quando vinha a imagem peregrina. Depois com o Concílio Vaticano II também se notou uma certa crise sobretudo dentro da hierarquia. A nível dos colaboradores diria que não somos das dioceses que está pior. Eu nunca me queixei mas não posso baixar os braços. Conto com bons colaboradores, alguns já um pouco cansados. É preciso renovar sempre, é preciso evangelizar sempre. |
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AE – Essas novas fronteiras que o Papa Francisco fala são periferias sociais, de evangelização, onde é importante a Igreja ir…
AVD – Durante muito tempo manteve-se a tradição de que a Igreja ou o espaço de culto seria para as mulheres e para as crianças. Os homens embora religiosos ficavam fora. É preciso que também o clero e as senhoras colaboradoras, e outros, saiam dos espaços do culto e vão até às famílias, até aos homens, até aos jovens e ai sejam testemunhas de Jesus Cristo, da fé, porque como diz o profeta “debaixo das cinzas há ainda muitas brasas a arder”.
AE – É necessário evangelizar mas é difícil quando se está numa terra desertificada. O poder político nacional, mas também local, têm contribuído para contrariar a tendência de desertificação do Alentejo? AVD – O poder político sozinho não pode fazer muita coisa mas no |
Alentejo as autarquias e as instituições sociais ainda são os grandes empregadores. A agricultura, quer a intensiva como a extensiva, também emprega mas sabemos que as novas gerações precisam de trabalho e não encontrando aqui emigram. As famílias perdem pessoas, filhos… Há muitos casais que não têm filhos e outros que têm um filho único o que torna mais difícil a evangelização. Na diocese temos cerca de 15 mil habitantes, ainda é muita gente mas está muito dispersa, mais junta no litoral ou nos grandes meios e menos no interior onde a população está muito envelhecida.
AE – Podiam ser feitas mais coisas para contrariar essa tendência até de aglomerados populacionais, contrariando outras zonas mais desertas. Falou-se muito do Alqueva, essa obra que poderia empregar e atrair muitos turistas, também a dinamização que o aeroporto de Beja poderia trazer… AVD – O Alqueva tem uma grande função: vai irrigar 110 mil hectares. Agora os agricultores podem semear com confiança porque contam com o grande reservatório do Alqueva que, dizem, mesmo não chovendo durante cinco ele pode irrigar o Alentejo. |
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É benéfico também para projetos turísticos. |
estar intensamente ocupado e, no Alentejo como tem um bom clima e muito espaço, poderíamos usar muita criatividade para ocupar esta juventude e produzir mais para o país. O Aeroporto de Beja está praticamente parado. Uma estrutura que custou uns milhões… Queremos e fazemos as coisas, investimos em betão e infraestruturas, mas depois não delineamos o seu funcionamento e a sua manutenção. |
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AE – D. António Vitalino propôs um sínodo diocesano. Qual o balanço que faz ou os grandes passos que foram dados?
AVD – Em 2005, no dia diocesano lancei esse repto mas diziam-me que não tínhamos colaboradores para dinamizar e fazer com que, pelo menos aqueles que são cristãos praticantes, se envolvessem, mais numa ótica de colaboração do que de consumo. Nos seis arciprestados da diocese juntamos quase 800 pessoas que foram questionadas sobre diversos temas e como resposta assinalaram a sua alegria por participar em algo semelhante, pois nunca tinham sido auscultadas. Foi o ambiente propício para depois convocar o sínodo. |
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AE – Sentiu que as pessoas queriam de facto estar envolvidas?
AVD – Sim. Precisamos é de bom senso para perceber que não as podemos convocar todos os fins-de-semana porque elas também têm a sua vida profissional e pessoal. Como se diz no Alentejo, as coisas vão mais devagar mas vão com mais profundidade e a Igreja tem de saber inculturar-se, usando os dinamismos próprios de um povo. É isso que estamos a fazer. Evangelizar é uma tarefa que nunca está feita. Por isso que achei que devia chamar um coadjutor que pudesse ser envolvido neste dinamismo |
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e dar continuidade porque o pior que acontece na vida da Igreja é alguém ser protagonista e depois não saber arranjar os colaboradores. Criam-se vazios e uma grande desmotivação.
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AE – D. João Marcos vai entrar numa máquina em andamento… AVD – Ele irá tomar o pulso e, depois, espera-se outros impulsos. Eu como sou do Minho, tenho um percurso de mobilidade. Tenho, por vezes, um ritmo apressado e a pressa é inimiga das coisas bem feitas. Preciso de alguém que caminhe comigo, para depois caminhar da forma que considerar melhor. |
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AE – Há áreas específicas que neste momento deveriam seriam uma aposta para a Diocese de Beja
AVD – Na realidade presente temos de apostar mais nas mulheres. Elas têm muitas capacidades, vivem a fé e podem transmiti-la. Apostar não apenas na formação mas na colaboração em muitas áreas da vida da diocese. |
pois existem muitas áreas em que coincidimos e devíamos fazer parcerias.
AE – Sublinha-se a «almofada» que as instituições sociais ligadas à Igreja têm sido nesta situação de crise. Uma constatação também aqui no Alentejo?
AVD – No Alentejo, como em todo o lado, também há essa necessidade. Preocupa-nos a promoção das pessoas, não o simples assistencialismo. Temos equipas de reinserção sobretudo ligadas à Cáritas diocesana. Procuramos autonomizar através da realização pessoal e social. Há muitos casos de pessoas, às vezes casais, que tinham a sua vida estabelecida e perderam o emprego. As respostas que damos procuramos que sejam através das instituições sociais. Ouvimos muitas queixas de dificuldade em renegociar dívidas e procuramos fazer essa ponte. |
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embora sabendo que também têm de satisfazer os seus compromissos, sejam mais humanos porque a pessoa é que é o centro de todo o nosso compromisso, quer da Igreja, como do Estado e de qualquer outra instituição. Quando se ofende a dignidade da pessoa humana e da família não estamos a cumprir a missão para que fomos escolhidos para que fomos eleitos.
AE – A Igreja deve ajudar a denunciar estas situações? AVD - A Igreja deve ser profeta, que denuncia mas que também ajuda. |
Neste momento, sabemos, e não é só de agora arrasta-se há muitos anos: se lermos os nossos autores, os críticos, desde Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, Guerra Junqueiro, entre outros, vemos que este tipo de sociedade sempre existiu mas por isso é que temos o poder judicial que tem de ser dotado de meios necessários para que se as pessoas atuem por ética, amor, princípios de cidadania. Isto para que a população sinta confiança em todos aqueles que escolhe para os diferentes cargos. (entrevista na íntegra em www.agencia.ecclesia.pt) |
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Searas cristãs do Alentejo,
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D. João Marcos afirmou este domingo na homilia da missa de entrada na Diocese de Beja como bispo coadjutor que “o Alentejo precisa de esperança” num tempo em se vive uma “retração de Deus”. “É tempo de as searas cristãs do Alentejo levarem o verde da esperança sobrenatural ao coração ressequido de tanta gente que, sendo embora religiosa, não experimenta que o céu existe, mesmo, que Deus não é uma ideia abstrata e inconsistente, mas a fonte de toda a realidade”, disse. Para o bispo coadjutor de Beja, “o Alentejo precisa de esperança, precisa de cristãos que vivam seriamente a fé e a caridade para puderem dar testemunho credível da esperança cristã”. Na homilia da Missa no seminário diocesano, presidida pelo bispo de Beja D. António Vitalino, D. João Marcos desafiou os cristãos a não reduzir do cristianismo a “práticas religiosas inconsequentes” ou a uma “moral que os pagãos consideram desumana”. “É tempo de passarmos de um cristianismo reduzido tantas |
vezes a umas práticas religiosas inconsequentes, a uma doutrina que mal se conhece e a uma moral que os pagãos consideram desumana, é tempo de passarmos de um cristianismo reduzido por alguns a uma terapia e a uma almofada psicológica para fugir da realidade para um cristianismo vivo no qual resplandece o mistério da cruz, um cristianismo solidamente enraizado na Páscoa do Senhor”, sublinhou. Para o novo bispo coadjutor de Beja, “Deus desapareceu da vida social”. “Vivemos hoje uma retração de Deus. Deus desapareceu da vida social e da vida de muitas pessoas. Vive-se como se Deus não existisse”, assegurou D. João Marcos. “Sem Deus, o homem fica diminuído, desorientado, fechado num aqui e agora sem horizontes, fabricando idolatrias, caindo de desilusão em desilusão”, sustentou. O bispo coadjutor de Beja comparou a vida humana a um rio: desconhecendo Deus que “é a sua fonte a sua foz”, fica reduzida “a um lago, às vezes a um charco de águas paradas”. Na homilia da Missa de entrada |
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na Diocese de Beja como bispo coadjutor, D. João Marcos saudou todos os presentes e também os ausentes, nomeadamente os que têm uma ligação à Igreja “débil ou inexistente”. “Venho também para eles com a missão do servo do Senhor de proclamar inteiramente a justiça nova do Evangelho sem apagar a
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mecha que ainda fumega”, sustentou. D. João Marcos, com 65 anos de idade e até agora diretor espiritual do Seminário dos Olivais e do Seminário Redemptoris Mater, foi nomeado a 10 de outubro pelo Papa Francisco como bispo coadjutor de Beja, com direito de suceder a D. António Vitaliano, atual responsável diocesano. |
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Cante Alentejano,
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O diretor do Departamento do Património Histórico de Artístico (DPHA) da Diocese de Beja considera a distinção de património imaterial da humanidade, hoje atribuída pela UNESCO ao cante alentejano, “um reconhecimento muito especial para Portugal e o Alentejo”. Em entrevista à Agência ECCLESIA, José António Falcão salienta que este “galardão vem reconhecer um dos traços mais significativos da região alentejana” e representa o culminar de um processo para o qual “trabalharam muitas pessoas e organizações ao longo de diversos anos”. O professor e historiador lembra que o cante alentejano, na sua génese, é um património que “apela aos grandes valores da humanidade, da solidariedade, da partilha, do apego à terra, à família e aos amigos”. Realça ainda a sua estreita ligação ao culto religioso, por exemplo “na celebração de tradições religiosas muito importantes como as do Menino Jesus, de Nossa Senhora, e de muitos outros aspetos da fé cristã”. A Diocese de Beja olha para este reconhecimento internacional dado ao cante alentejano como uma |
oportunidade para continuar a contribuir para a sua divulgação e promoção. “Hoje temos um Alentejo diferente, um Alentejo que se modernizou, que está a conseguir vencer em diversas frentes a sua crise mais importante, que é uma crise demográfica e portanto isto pode ser também uma maneira de mostrar a verdadeira realidade da região”, acredita o presidente do DPHA. Por outro lado, abre também uma janela de oportunidade para o “desenvolvimento de um turismo cultural bem sustentado, porque naturalmente serão muitas mais as pessoas que quererão conhecer de perto esta realidade do cante alentejano”. José António Falcão conclui recordando “alguns padres e leigos que tiveram um papel importantíssimo na recolha, na inventariação, na salvaguarda e até na valorização” desta tradição musical, em especial o padre António Cartageno, músico e pároco em Beja “que, juntamente com o cónego António Aparício, teve um papel fundamental” nesta área. O padre e compositor António |
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Cartageno, por sua vez, considera a distinção de património imaterial da Humanidade atribuída ao cante alentejano mais um passo para garantir o futuro desta arte popular. Em entrevista concedida à Agência ECCLESIA, o sacerdote destaca o facto do cante alentejano estar atualmente a atrair “cada vez mais jovens” e inclusivamente a ser “ensinado às crianças nas escolas”. “Um dado novo dos últimos anos é que têm surgido jovens que cantam o canto alentejano, que o estudam, o ensaiam, e cantam muito bem”, destaca o pároco das comunidades de Santa Maria da Feira, Santiago Maior e São João Baptista. Por outro lado, a aposta também tem passado por esta tradição alentejana ser transmitida aos mais novos, nas escolas, “com a ajuda de alguns |
monitores e dos professores”. “Aliás, essa era uma das razões para sensibilizar a UNESCO na atribuição desta classificação ao cante, para que ele seja preservado, que tenha futuro. E tem, porque os jovens e as crianças estão a agarrá-lo”, complementa o padre António Cartageno.
Um dos aspetos que levou a UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – a considerar o cante alentejano património imaterial da Humanidade foi sublinhar o seu contributo para a solidariedade e fraternidade entre as pessoas. Para o padre António Cartageno, trata-se um ponto importante a relevar, na medida em que “não conhece em Portugal, ao nível do canto popular, outro que aproxime tanto as pessoas”. Os |
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homens e as mulheres “cantam abraçados uns aos outros, reforçam o sentido de grupo, de solidariedade”, salienta o sacerdote. Nas terras onde o cante alentejano está mais implantado, sobretudo no Baixo Alentejo e numa faixa do Alto Alentejo, a maioria das comunidades “têm um ou mesmo dois grupos corais”. “As pessoas reúnem-se para ensaiar, para criarem novas modas, e isto cria de facto laços, molda a relação entre as pessoas, faz com que elas fiquem mais entrosadas umas com as outras”, complementa o |
pároco e compositor. Ainda quanto ao futuro, o padre António Cartageno realça que a atribuição desta distinção vem aumentar a responsabilidade “do povo alentejano, dos grupos corais, das autarquias”, em trabalharem na preservação e divulgação do cante. “Se ele é agora património imaterial da Humanidade é preciso mostrá-lo e mostrá-lo com qualidade às pessoas que cá vêm. E isso naturalmente vai exigir muito mais daqui para a frente”, conclui. |
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Perceção da situação atual
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São muitas e diversas as carências sentidas por algumas (muitas) pessoas da Diocese de Beja. Poder-se-á, contudo, afirmar que, a que mais a afeta é certamente, a económica, com os contraproducentes reflexos em todas as necessidades, tais como: comer, vestir, pagar renda de casa, água, luz, medicamentos, consultas, etc. Para esta situação contribui, mormente, o desemprego. Por exemplo, noticiou-se, por aqui, há duas semanas, que uma empresa local despediu 400 trabalhadores. São 400 pessoas, provavelmente algumas chefes de família e que, no concreto, ficaram, de um dia para o outro, sem emprego, sem dinheiro, sem pão e, provavelmente, sem motivação para prosseguirem procurando aquilo a quem têm direito “o trabalho”. Alguns jovens, apesar de qualificados, são empurrados para fora da região, ou mesmo do país, em procura dum emprego, que nem sempre encontram. Não gostaria, nem queria, ser injusto. Mas admito que, além da falta de apoios estatais, haverá, também, |
falta de iniciativas locais. Diria mesmo, um certo marasmo da atividade económica na região. Existem, porém, outras razões que concorrem para a atual carência e que são mais profundas, do que as causas atrás apontadas. Refirome à falta de valores humanos e de valores cristãos que fazem com que o egoísmo, o materialismo e o individualismo se instalem na sociedade em geral e até em algumas famílias. Defendo e acredito que os cristãos do Alentejo, a igreja através das suas paróquias , grupos de ação social e outras instituições possam ter (devam ter) uma função fundamental e urgente a desempenhar na promoção da pessoa humana, dos seus valores e satisfação das suas necessidades e aspirações. É neste contexto que se insere a missão da Cáritas Diocesana de Beja, através das suas respostas sociais, tais como: A Comunidade Terapêutica que tem como missão a recuperação de alcoólicos e toxicodependentes, nas vertentes psicológica, social, espiritual e médica. |
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A Cantina Social que fornece refeições a pessoas e famílias economicamente carenciadas desempregadas.
O Refeitório Social destinado a dar resposta imediata a passantes, sem abrigo, em situação de emergência. O Apoio Domiciliário que presta cuidados individualizados, no domicílio, a pessoas e famílias, |
com o fornecimento de refeições, tratamento de roupa, higiene pessoal e habitacional.
A Comunidade de Inserção dirigida a pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade e exclusão social, como mães solteiras, pessoas sem abrigo, etc.
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O Rendimento Social de Inserção que atende, acompanha, verifica e confirma necessidades de pessoas e famílias encaminhadas da Segurança Social, no sentido de as autonomizar. O Serviço de Apoio Social, uma resposta que visa apoiar pessoas e famílias situação de carência económica, que não dispõem de recursos suficientes para fazer face às suas necessidades básicas, recorrendo ao Fundo Social Solidário e ao Fundo Diocesano. Como perspetivas, pensa a Cáritas Diocesana de Beja (CDB) continuar a apoiar todos os que lhe batem à porta e são cada vez mais em maior número. Não enjeita, por isso, ter de, no futuro, optar pelos casos mais problemáticos. É, igualmente, tarefa da CDB solidificar a resposta |
Comunidade de Inserção, criada já este ano e com uma procura muito para além do expectável. Apoiará e desenvolverá outras iniciativas e projetos que se considerem necessários, viáveis e adequados às necessidades da região. Porém, a CDB depende, em muito, do Estado. E o Estado pode e apoia cada vez menos as instituições. É cada vez menos sensível à pobreza. Olha cada vez menos para aqueles que deviam merecer a sua maior e permanente atenção. Todavia, a Direção da CDB declara o seu total empenho, a sua permanente disponibilidade para minimizar as graves carências e dificuldades que muitos sentem e, infelizmente, continuarão a sentir.
Diácono Florival Silva, presidente da Cáritas de Beja |
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«O Alentejo é uma terra de missão» |
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José Quirino, membro da Comissão do Sínodo Diocesano de Beja, olha para a caminhada de reflexão que foi proposta às comunidades católicas alentejanas como uma oportunidade para mobilizar a população local na resolução dos seus problemas, inclusivamente no plano político. “O Alentejo é uma terra de missão, de transformação, e nós leigos também temos o papel de exigir do Estado, do governo central, que corrija assimetrias e que ajude ao nosso desenvolvimento”, salienta o antigo autarca em declarações à Agência ECCLESIA. Dando como exemplo o projeto do Alqueva, José Quirino sublinha que para inverter a sangria populacional no território “não basta só a água chegar a todos os terrenos”. “É preciso também que haja algum investimento e algum estudo no sentido de podermos povoar esta terra”, complementa. Uma das surpresas mais agradáveis que aquele responsável registou ao longo do percurso sinodal, foi a adesão das autarquias e juntas de freguesia ao repto da Diocese de Beja, para que Igreja Católica e poder político caminhem lado a lado na
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busca de soluções para o crescimento do Alentejo. Além do problema demográfico, a reflexão tem andado à volta da “pobreza” que atinge atualmente muitas localidades alentejanas. Sobre esta questão, José Quirino confessa ter ficado impressionado com o número de pessoas que têm batido à porta das instituições católicas “a pedir dinheiro para pagar despesas correntes de água, luz e eletricidade ou para ajudar os filhos”. O fundo diocesano criado por D. António Vitalino, em complemento com “a ajuda que vem a nível nacional”, da Igreja Católica, tem ajudado a minimizar as dificuldades das pessoas. O membro da Comissão do Sínodo Diocesano de Beja espera que o Sínodo fomente uma maior “corresponsabilidade” entre as pessoas, porque as estruturas católicas, por muito empenhadas que estejam, não chegam para tudo. “Há padres que têm concelhos sozinhos, estão a fazer todas as paróquias, é um bocado desgastante”, aponta aquele responsável. José Quirino sublinha ainda a importância de “apostar |
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numa pastoral de formação, de iniciação cristã, na medida em que a fé das comunidades resulta atualmente mais de uma “religiosidade natural” do que de uma opção “esclarecida”. “Tenho a certeza que os leigos que forem formados, e há muitos que em cada paróquia podem desempenhar |
essa função, vão poder aliviar o trabalho dos padres e responder às necessidades das pessoas e da Igreja”, acrescenta. O antigo autarca acredita que o recém-entrado bispo coadjutor de Beja, D. João Marcos, “é um homem vocacionado” para ajudar a Igreja Católica em todo este trabalho. |
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Trabalhar a dimensão da
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Faz dois anos que o bispo de Beja, D. António Vitalino, convocou um sínodo diocesano para ajudar a revitalizar uma das comunidades mais desertificadas e envelhecidas do país, também no seu contributo para a Igreja Católica e para a sociedade. Em entrevista à Agência ECCLESIA, Teresa Chaves, membro da Comissão do Sínodo Diocesano de Beja, destaca a forma entusiasta como os alentejanos têm aderido à proposta do seu bispo. “As pessoas estão muito ávidas de se envolverem, de participarem, algumas inclusivamente disseram que seria a primeira vez que lhes estavam a perguntar alguma coisa diretamente”, realça aquela responsável. Para a também presidente da Cáritas Diocesana de Beja, estes dois anos de caminhada sinodal têm sido “bastante gratificantes” e “é muito bom sentir” que as paróquias “correspondem” àquilo que lhes é proposto, no sentido de serem “uma Igreja mais ativa, interveniente e com espirito missionário”. “O Sínodo é a melhor forma de resolver isso porque todas as |
paróquias poderão reunir, estudar os temas propostos e a partir daí dar a conhecer o que pensam e as suas carências”. Este ano, a reflexão sinodal na diocese alentejana, “em todas as paróquias”, vai privilegiar a dimensão da “caridade”. Um tema que vai ao encontro das dificuldades económicas e sociais que têm afligido a região e o país. De acordo com Teresa Chaves, a ideia é “envolver todas as pessoas numa dimensão de caridade organizada”, em ligação com o projeto “Mais Próximo” que a Cáritas de Beja está a implementar. “Embora haja situações de carência social que tenham de ser colmatadas, gerar autonomia é fundamental. As pessoas têm de ser acompanhadas e ajudadas a encontrar um caminho para que sejam autónomas e não necessitem mais dos apoios”, conclui a presidente da Cáritas Diocesana. |
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«Não te conformes transforma-te
Bem-Aventurados protagonistas
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O Festival Nacional Jovem da Canção Mensagem, a ter lugar no Santuário de Fátima (Centro Paulo VI) neste 6 de dezembro de 2014, é mais um desafio proposto aos jovens de todo o país para o Encontro com Cristo. Este Encontro – à maneira do que acontece com os discípulos que iam a Caminho de Emaús (cf. Lc 24, 13-35) – é um encontro que transforma o olhar do coração em vista a uma melhor ação. Na verdade, são muitos os jovens que procuram ver Jesus Cristo, na esperança de um encontro transfigurador, atribulados, no profundo ou, até, na aparência das suas vidas, com muitos dissabores que lhes são impostos ou que são consequência de uma vida vivida no desconhecimento do Evangelho de Jesus. A Pastoral Juvenil, em todas as suas instâncias e dimensões - mundial, nacional, diocesana, paroquial, congregacional, carismática - procura ser uma mediação que represente Jesus a caminhar com os jovens.
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Artes como a música com mensagem que se prepara para um festival são instrumentos como tantos outros para acordar e convidar para a vigilância, para que não pare a persistência do coração em perseguir a proposta que Jesus Cristo nos veio dar de sentido, na perspetiva do seu Reino glorioso. Hoje, também, urge a arte do acompanhamento de pessoas concretas, num tempo massificador que teima em fazer perder o sentido da vida pessoal, numa tentativa de homologação de consciências e funções ao serviço de um senhor sem rosto e afeto. Está à vista, no que a comunicação social denuncia…! A proposta do Evangelho vai no sentido contrário: o bem e a felicidade têm um Rosto, Jesus Cristo.
A felicidade não está na própria terra-de-nascimento, como para Jesus, que nasceu em Belém, a sua missão estava ligada com Jerusalém. Para quê fugir? Para fugir da verdadeira e concreta Missão? Também aos jovens é oferecida esta perspetiva pelo |
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Papa Francisco, ao convidá-los para a Jornada Mundial da Juventude, em cada ano no Domingo de Ramos e, mais expressivamente, no grande encontro de Cracóvia (Polónia) em 2016. O crescimento só pode acontecer, como prova a psicologia evolutiva, com “saltos” e, por vezes, com “transplantes” que permitem que cada um, se desvie, como aqueles |
discípulos sortudos que se deixaram acompanhar por Jesus, do caminho que leva à regressão-perdição e vai, como Igreja jovem “em saída”, ao encontro dos outros, destinatários do mesmo bem e da mesma felicidade eterna.
Departamento Nacional da Pastoral Juvenil
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Turquia: Um Papa em busca do diálogo e em luta contra o extremismo |
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O Papa encerrou em Istambul uma visita de três dias à Turquia, a sexta viagem internacional do pontificado, na qual deixou vários apelos contra o terrorismo e o fundamentalismo, lembrando as vítimas das guerras no Médio Oriente. Francisco foi recebido pelas autoridades políticas do país em Ancara, começando por sublinhar o papel da Turquia como “ponte” entre dois continentes e a sua responsabilidade no combate ao extremismo, particularmente visível na ação do ‘Daesh’, o autoproclamado Estado Islâmico. “Particularmente preocupante é o facto de que, sobretudo por causa de um grupo extremista e fundamentalista, comunidades inteiras – especialmente de cristãos e yazidis, mas não só – tenham sofrido, e ainda sofram, violências desumanas por causa da sua identidade étnica e religiosa”, declarou, no segundo discurso da viagem, no ‘Diyanet’, a Presidência para os Assuntos Religiosos - a mais alta autoridade islâmica sunita na Turquia. Tal como fizera no palácio presidencial de Ancara, onde o terrorismo e as perseguições contra |
minorias religiosas na Síria e Iraque, Francisco recordou as centenas de milhares de pessoas que foram tiradas “à força das suas casas” e “tiveram de abandonar tudo para salvar a sua vida e não renegar a fé”. O segundo dia da viagem, já em Istambul, começou com uma visita à Mesquita Azul, onde à imagem de Bento XVI, o Papa se descalçou e se manteve em "adoração silenciosa", virado para Meca, durante mais de um minuto. Mais tarde, na única celebração pública para a comunidade católica, Francisco desafiou os vários membros da Igreja, nos seus diversos ritos, a construir a “unidade” entre si, rejeitando qualquer postura “defensiva”. A reta final da viagem centrou-se no diálogo com o Patriarcado Ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), em vários encontros ecuménicos com Bartolomeu I, ‘primus inter pares’ no mundo ortodoxo, a quem o Papa pediu que o abençoasse a si e à “Igreja de Roma”. Os dois responsáveis, que sublinharam os avanços rumo à “comunhão plena” entre as duas Igrejas, mostraram |
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a sua preocupação com o Cristianismo no Médio Oriente, numa declaração conjunta. Antes, na igreja patriarcal de São Jorge, onde Francisco se associou à festa de Santo André, patrono do Patriarcado de Constantinopla, o Papa denunciou o “pecado gravíssimo” da guerra, recordando as vítimas dos países vizinhos, numa alusão |
indireta à ação dos jihadistas do Daesh. Simbolicamente, o programa concluiu-se com um encontro privado entre o Papa e um grupo de jovens e adolescentes refugiados, criticando “o triste resultado de conflitos exacerbados e da guerra, que é sempre um mal e nunca constitui a solução dos problemas, antes pelo contrário, cria outros”. |
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Religiões unidas pela erradicação
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O Papa uniu-se a vários líderes religiosos mundiais, no Vaticano, numa declaração comum pela erradicação da escravatura, que classificou como “iniciativa histórica”. “Trabalharemos juntos para erradicar o terrível flagelo da escravidão moderna, em todas as suas formas: a exploração física, económica, sexual e psicológica de homens, mulheres e crianças agrilhoa dezenas de milhões de pessoas à desumanização e à humilhação”, referiu Francisco, na sede da Academia Pontifícia das Ciências. Católicos, anglicanos, muçulmanos, hindus, budistas, judeus e ortodoxos assinalaram deste maneira o Dia Mundial para a Abolição da Escravatura, um problema que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Francisco agradeceu os esforços de todos os presentes em favor dos “sobreviventes” do tráfico de seres humanos, bem como a sua participação num “ato de fraternidade”. "Cada ser humano é imagem de Deus. Deus é amor e liberdade, que se doa em relações |
interpessoais, de modo que cada ser humano é uma pessoa livre, destinada a existir para o bem de outros, em igualdade e fraternidade", defendeu. "Não podemos tolerar que a imagem do Deus vivo seja submetida ao tráfico mais aberrante", prosseguiu. O Papa condenou um "delito aberrante", um "flagelo atroz", que atinge de forma especial os "mais pobres e vulneráveis". Uma situação que "se agava cada vez mais, todos os dias", e que exige a ação de pessoas de fé, governos, empresas, pessoas de boa vontade para erradicar a escravatura. "As nossas comunidades de fé recusam, sem exceção, qualquer privação sistemática da liberdade individual com fins de exploração pessoal ou comercial", disse, em nome de todos os signatários. Segundo Francisco, a escravatura está presente "tanto nas cidades como nas aldeias", em todo o mundo, e "muitas vezes disfarça-se de turismo". Segundo a relatora especial das Nações Unidas, Urmila Bhoola, pelo menos 20,9 milhões de pessoas estão sujeitas a formas modernas de escravidão. |
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Carta do Papa aos consagrados |
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O Papa Francisco escreveu uma carta a todos os religiosos e religiosas da Igreja Católica, pedindo-lhes que sejam um modelo de fraternidade para o mundo atual. “Numa sociedade do confronto, da difícil convivência entre culturas diferentes, da exploração dos mais fracos, das desigualdades, somos chamados a oferecer um modelo concreto de comunidade que, através do reconhecimento da dignidade de cada pessoa e da partilha do dom que cada um transporta, permita viver relações fraternidade”, refere a missiva, que tem data de 21 de novembro, festa litúrgica da Apresentação de Maria. O texto visa explicar os objetivos, expectativas e horizontes do Ano da Vida Consagrada que começou este domingo. “Espero de vós aquilo que peço a todos os membros da Igreja: sair de si para ir ao encontro das periferias existenciais”, escreve Francisco. O Papa elogia o caminho de renovação da Vida Consagrada nos 50 anos que se seguiram ao Concílio Vaticano II, afirmando que, apesar de todas as fragilidades, é preciso apresentar hoje “a santidade e a vitalidade” presentes nos membros dos vários institutos. |
O Ano da Vida Consagrada vai prolongar-se até 2 de fevereiro de 2016, festa litúrgica da Apresentação de Jesus e dia tradicionalmente dedicado aos religiosos e religiosas. Francisco convida todos a “olhar o passado com gratidão”, por tudo o que a Vida Consagrada já deu à Igreja, chegando hoje a “novos contextos geográficos e culturais”. Neste sentido, mais do que uma “arqueologia”, os religiosos são desafiados a “percorrer de novo o caminho das gerações passadas”, dos fundadores das ordens e congregações, para colher a sua inspiração. O primeiro Papa jesuíta da história apresenta como marca dos religiosos a “alegria”, numa sociedade que ostenta o “culto da eficiência”, e a “profecia”, para denunciar “o pecado e as injustiças”.
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Audiência do Papa Francisco (03-12-2014)
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Institutos Religiosos de Portugal Online |
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No início deste ano trazíamos a este espaço precisamente o sítio que hoje apresentamos, no entanto, são duas as razões que nos levam a sugerir de novo este endereço. A primeira prende-se naturalmente por se ter iniciado no passado domingo, o primeiro do Advento, o Ano da Vida Consagrada. O segundo motivo, e não menos importante, é porque foi lançado recentemente uma nova versão deste sítio o que faz com que estejamos a falar de um espaço completamente renovado. Então esta semana propomos uma visita ao sítio da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP). A CIRP “é um Organismo de direito pontifício, com personalidade jurídica canónica e civil, sem fins lucrativos. Foi instituída por decreto da Sé Apostólica a 16 de Abril de 2005. Resulta da fusão da Conferência Nacional dos Superiores Maiores dos Institutos Religiosos (CNIR) e da Federação Nacional das Superioras Maiores dos Institutos Religiosos (FNIRF). Tem como objetivo principal realizar um trabalho de |
coordenação e auxílio mútuo entre os diversos Institutos”. Ao digitarmos o endereço www.cirp.pt encontramos um espaço com uma apresentação gráfica bem atual e interessante e ainda com a disposição dos conteúdos completamente enquadrados com as mais recentes normas. Na opção “ano da vida consagrada” poderemos conhecer as diversas iniciativas que irão percorrer todo o ano de 2015 até ao dia 7 de fevereiro de 2016. Podemos ainda aceder aos diversos materiais produzidos para este ano que foi designado por decisão do Papa Francisco e ainda olharmos para os testemunhos de consagrados. Em “quem somos” vamos de encontro à componente informativa que teria naturalmente de existir. Até porque precisamos certamente de saber quem são os organismos e estruturas nacionais, qual a missão da CIRP e ainda os seus estatutos e comissões. Estas “comissões nacionais” são os diferentes grupos de trabalho que, entre outras coisas, promovem “o estudo, a reflexão, a consulta, a prospeção de problemas |
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e propostas de solução, bem como outras atividades e iniciativas concretas que entrem no âmbito dos respetivos sectores”. Um espaço bastante interessante encontra-se em “institutos religiosos”, aí pode ficar a conhecer todas as instituições que compõem a CIRP. Nomeadamente é possível, clicando em cada instituto, obter um resumo com informações relevantes (fundador(a), carisma, endereços, data da fundação, etc.). Fica então lançado o repto de conhecerem melhor a CIRP porque, |
“no silêncio dos mosteiros, orando, ou na agitação das ruas, ajudando os mais necessitados, os religiosos são, seguramente, o rosto mais visível da Igreja, oferecendo desinteressadamente os outros, os mais fragilizados, os mais pobres dos pobres, sejam eles crianças ou idosos, órfãos, doentes ou até moribundos, traumatizados, pessoas que desistiram da vida ou que ainda buscam um sentido para os seus dias”.
Fernando Cassola Marques |
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Obra Completa do Padre António Vieira promove «primavera cultural» |
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A edição das obras completas do padre António Vieira (1608-1697) foi apresentada na Reitoria da Universidade de Lisboa, concluindo a publicação, em 30 volumes, dos escritos do jesuíta português. “Foi possível colmatar uma grave lacuna da nossa cultura, disponibilizando ao grande público toda a obra do maior orador português de todos os tempos. Fez-se uma espécie de primavera cultural com esta edição que agora também está a ser publicada integralmente no Brasil a partir da matriz portuguesa, inclusive com a nossa matriz gráfica”, afirma à Agência ECCLESIA José Eduardo Franco, um dos coordenadores do projeto. A sessão de apresentação das obras completas terá como oradores Carlos Reis, Eduardo Lourenço e Viriato Soromenho-Marques e a participação do ator Júlio Martín, que fará a leitura de alguns excertos da obra de Vieira, e da Orquestra Académica da Universidade de Lisboa. A edição da Obra Completa Padre António Vieira, uma publicação do Círculo de Leitores sob a égide da Universidade de Lisboa, é dirigida por |
José Eduardo Franco e Pedro Calafate e tem como mecenas principal a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. “Vieira foi um empreendedor que tinha ideias claras e propostas concretas para operar reformas sociais e, acima de tudo, na mentalidade portuguesa, na sua dimensão mais atávica e imobilista que afetava negativamente as lideranças institucionais e políticas do nosso país marcado por práticas e protocolos ‘feudais’. Lamentava-se de que sempre que alguém em Portugal tentava fazer obra grande, vinham logo as vozes da derrota maquinar para abatê-lo”, refere José Eduardo Franco. O diretor do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa fala num trabalho inédito, dada a sua dimensão e complexidade em tão curto espaço de tempo. O trabalho para a publicação iniciou-se há um ano para, depois de mais de 15 tentativas de edição completa, com uma equipa luso-brasileira composta por especialistas e investigadores de diversas disciplinas. A dimensão do legado dos escritos |
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de Vieira e a sua dispersão em diferentes arquivos e bibliotecas de Portugal e do estrangeiro exigiu “uma grande e qualificada equipa de caráter interdisciplinar para realizar o seu levantamento sistemático e exaustivo em ordem ao seu subsequente tratamento pré-editorial e editorial”. “Os textos de Vieira ainda revelam uma grande atualidade, por |
exemplo, no plano da sua reflexão sobre os Direitos Humanos, a paz, o ecumenismo, a crítica à corrupção, o diagnóstico que faz aos problemas estruturais perenes de Portugal, as soluções que apresenta para tornar o nosso país mais empreendedor, assim como a sua crítica às instituições de bloqueio do nosso progresso”, sustenta José Eduardo Franco. |
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II Concílio do Vaticano: O despertar da identidade laical por Yves Congar |
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Depois de quase vinte séculos de história da Igreja, o II Concílio do Vaticano (1962-65) foi o primeiro a reflectir teologicamente sobre a identidade laical. No entanto, a sua doutrina está enquadrada no caminho, iniciado anteriormente, de uma progressiva consciencialização para esta questão. Na obra «A identidade laical à luz do Concílio» a autora, Teresa Martinho Pereira, realça que o empenhamento dos leigos na Igreja e no mundo “levantou sérias questões teológicas” que permaneceram até ao concílio convocado pelo Papa João XXIII. O contributo dos teólogos para o seu esclarecimento foi “decisivo”, tanto mais que uma “grande parte daqueles que começaram a reflectir a questão exerceram uma influência directa nos textos conciliares”. De entre estes, destacam-se Yves Congar, Gerard Philips, Karl Rahner e Edward Schillebeeckx, que valem também como exemplos da reflexão pré-conciliar nesta matéria. A primeira obra realmente significativa para a teologia do laicado é da autoria de Yves Congar (Jalons pour une théologie du laicat) e data de 1952. “Pode dizer-se que a sua obra marca a passagem de uma reflexão espiritual sobre o laicado para uma autêntica teologia”, escreveu Teresa Martinho Pereira na obra editada pela Universidade Católica Portuguesa e que integra a colecção «Nova SPES». Yves Congar insiste na necessidade de valorizar a identidade positiva dos leigos uma vez que, na sua opinião, ao longo dos séculos, estes foram vistos “numa perspectiva demasiado negativa, isto é, apenas |
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como aqueles que não pertencem ao clero nem são religiosos”. Além disso, a visão da sua ligação ao mundo era carregada “de negativismo, pois considerava-se que este era o domínio do maligno” (Cf. Congar; «Jalons pour une théologie du laicat»). O teólogo francês (Sedan, 8 de abril de 1904 — Paris, 22 de junho de 1995) realça o lugar activo de “todos os crentes no conhecimento e na defesa da verdade utilizando como exemplo a teologia do «sobornost», desenvolvida no seio das próprias Igrejas ortodoxas”. De acordo com este conceito, “só é possível alcançar o conhecimento verdadeiro da fé através da comunhão total” (Cf. «A identidade laical à luz do Concílio»). |
Neste sentido, «sobornost» pode traduzir-se por colegialidade, já que “exprime a complementaridade e reciprocidade na comunidade, em ordem ao conhecimento da verdade”. A participação dos leigos na realeza de Cristo sobre o mundo exprime-se no “compromisso evangélico de estabelecer o Reino de Deus pela sujeição de todas as coisas ao Seu Espírito”. A presença cristã no mundo constitui, portanto, um traço essencial da identidade laical. A acção dos leigos é ainda um testemunho explícito de Jesus Cristo, uma vez que também estes têm a missão de evangelizar o mundo, “quer através do anúncio da Boa Nova, quer através da denúncia do pecado”. |
Dezembro2014 |
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Dia 05* Braga – Sé - Celebração do padroeiro da arquidiocese de Braga, São Geraldo.
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* Braga - Exercícios espirituais «Cristo Médico» para os corpos diretivos nacionais e diocesanos da Associação dos Médicos Católicos Portugueses. (05 a 08)
Dia 06 de Dezembro* Vaticano - O Papa Francisco encontra-se com um grupo de artistas itinerantes numa iniciativa promovida pela Santa Sé, a Diocese de Roma e a Entidade Circense Italiana. |
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* Fátima - Festival Nacional Jovem da Canção Mensagem «Não te conformes, transforma-te. Bem–Aventurados protagonistas da mudança».
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* Lisboa - Colégio Pio XII - Conferência sobre «Família – transmissão da fé» pelo padre Andrea Ciucci, do Pontifício Conselho para a Família, e integrada nas celebrações dos 60 anos da Revista «Família Cristã».
* Évora - Vila Viçosa (sede da Régia Confraria) - Conferência «160 anos definição do dogma da Imaculada Conceição e a bula “Ineffabilis Deus”», de Pio IX, por D. Manuel Madureira Dias.
* Porto - Igreja de São Lourenço - Lançamento do livro «Jesuítas de Portugal: 1542-1759 / Arte, Culto e Vida Quotidiana» da autoria do padre Fausto Sanches Martins com apresentação de José Marques (professor jubilado da Faculdade de Letras do Porto)
* Bragança - Paço Episcopal - Lançamento do livro «O Futuro da Igreja» do padre Fernando Calado Rodrigues com apresentação de Octávio Ribeiro
* Évora - Vila Viçosa (Santuário de Nossa Senhora da Conceição) - Concerto de Órgão por João Vaz
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Apoiar a economia social no contexto do próximo quadro comunitário, é o objetivo de um seminário que a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) vai promover esta sexta-feira em Braga. Uma iniciativa que vai contar com a participação do primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho.
O Papa Francisco vai encontrar-se este sábado com um grupo de artistas itinerantes, numa iniciativa promovida pela Santa Sé, a Diocese de Roma e a Entidade Circense Italiana.
A PAULUS editora traz a Portugal o Pe. Andrea Ciucci, do Conselho Pontifício para a Família, para proferir duas conferências sobre o tema «Família e Transmissão da Fé», nos dias 6 e 7, em Lisboa e em Castelo Branco.
As religiosas de clausura do Mosteiro de Santa Clara, em Monte Real, Diocese de Leiria-Fátima, vão celebrar este domingo a profissão perpétua de uma vocação que nasceu há mais de uma década, com a ajuda da internet. “Interrogava-me sobre o caminho a seguir e qual seria a vontade de Deus e foi nesse caminho que fui percebendo que Deus me chamava à vida consagrada”, conta a irmã Marina Sofia, com 28 anos de idade.
O Papa vai assinalar esta segunda-feira a solenidade litúrgica da Imaculada Conceição, com um “ato de veneração” à Virgem Maria, na Praça de Espanha, Roma, pelas 16h00 (menos uma em Lisboa).
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h18
RTP2, 15h30 ![]() Segunda-feira, dia 08 - Entrevista ao presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca. Terça-feira, dia 09 - Informação e entrevista ao padre João Lourenço sobre a peregrinação à Terra Santa "Nos passos de Jesus"; Quarta-feira, dia 10 - Informação e entrevista ao padre Fernando Sampaio e Fernando Oliveira sobre a Pastoral da Saúde; Quinta-feira, dia 11 - Informação e entrevista a Darlei Zanon sobre o Ano da Vida Consagrada; Sexta-feira, dia 12 - Apresentação da liturgia de domingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio.
Antena 1 Domingo, dia 7 de dezembro - 06h00 - Campanhas de Natal do Colégio do Sagrado Coração de Maria e do Convento dos Cardaes. Comentário com Paula Martinho da Silva
Segunda a sexta-feira, 8 a 12 de dezembro - 22h45 - A Nossa Senhora no Advento: Senhora da Conceição, Senhora do Sim, Senhora do Ó, Virgem do Parto. |
Os direitos espirituais do utente |
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Para que sejam reconhecidos e respeitados por todos os intervenientes nos cuidados de saúde, voluntários, e particularmente pelos assistentes espirituais e religiosos, o Decreto-Lei 253/2009, artº 12º, elenca os direitos do utente, independentemente da sua confissão, e, ao fazê-lo, dá ao doente a possibilidade legal de solicitar a satisfação das suas necessidades espirituais e, ao mesmo tempo, de rejeitar e denunciar a pressão indevida ou a sedução para assistência indesejada, bem como a obstrução ou negação de direito. Quais são, então, os direitos espirituais do doente? No artº 12º, são descritos os seguintes: a) Aceder ao serviço de assistência espiritual e religiosa; b) Ser informado por escrito, no momento da admissão na unidade ou posteriormente, dos direitos relativos à assistência durante o internamento, incluindo o conteúdo do regulamento interno sobre a assistência; c) Rejeitar a assistência não solicitada; d) Ser assistido em tempo razoável; e) Ser assistido com prioridade em caso de iminência de morte; f) Praticar actos de culto espiritual e religioso; |
A Assistência espiritual e religiosa é prestada ao utente a solicitação do próprio ou dos seus familiares ou outros cuja proximidade ao utente seja significativa, quando este não a possa solicitar e se presuma ser essa a sua vontade. (Decreto Lei 253/2009, art. 4)
g) Participar em reuniões privadas com o assistente; h) Manter em seu poder publicações de conteúdo espiritual e religioso e objectos pessoais de culto espiritual e religioso, desde que não comprometam a funcionalidade do espaço de internamento, a ordem hospitalar, o bem –estar e o repouso dos demais utentes; i) Ver respeitadas as suas convicções religiosas; j) Optar por uma alimentação que respeite as suas convicções espirituais e religiosas, ainda que tenha que ser providenciada pelo utente. |
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Assistência religiosa e cuidados de saúde:
“Se tiver de ser internado(a), não esqueça, peça a visita do capelão aos enfermeiros logo no início do internamento. Não fique à espera”. (Comissão Nacional da Pastoral da Saúde)
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O dever de solicitação: a cidadania crente - Mas para que os profissionais acolham as necessidades espirituais e ajudem na sua satisfação é necessário que cada doente manifeste o seu desejo de assistência espiritual sem medo ou vergonha. Com efeito, pedir a assistência espiritual na doença é não só uma ordem do Senhor, em ordem à sua presença amorosa (cf. Tg 5, 14), mas constitui também um |
acto consciente e livre de cidadania crente. Mais, a solicitação é um dever legal do doente para que receba cuidados espirituais: «a assistência espiritual e religiosa (…) é prestada ao utente a solicitação do próprio ou dos seus familiares ou outros cuja proximidade ao utente seja significativa, quando este não a possa solicitar e se presuma ser essa a sua vontade» (artº 4º). |
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Ano B – 2º domingo do Advento |
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Dar todo o espaço para Cristo |
Na liturgia deste segundo domingo de Advento há um forte apelo ao reencontro do homem com Deus, à conversão. Deus oferece-nos um mundo novo de liberdade, de justiça e de paz, mas esse mundo só se tornará uma realidade quando aceitarmos reformar o seu coração, abrindo-o aos valores de Deus. É a mensagem do Evangelho, através da pregação de João Batista. João Baptista afirma claramente que preparar a vinda do Messias passa pela conversão, por uma transformação total do homem, por uma nova atitude de base, por uma outra escala de valores, por uma radical mudança de pensamento, por uma postura vital inteiramente nova, por um movimento radical que leve o homem a reequacionar a sua vida e a colocar Deus no centro da sua existência e dos seus interesses. Neste tempo de Advento, vivido como tempo próprio e como preparação para a celebração do Natal do Senhor, esta proposta tem pleno sentido. Então devemos questionar-nos, em concreto, o que é que nos nossos pensamentos, comportamentos e mentalidade, nos valores que dirigem a nossa vida, é egoísmo, orgulho e autossuficiência, impedindo o nascimento de Jesus no nosso coração e na nossa vida. Devemos questionar-nos se estamos suficientemente atentos aos profetas que provocam o nosso estilo de vida e os nossos valores, ou consideramo-los figuras incomodativas, ultrapassadas e dispensáveis, se nós, constituídos profetas desde o nosso batismo, nos sentimos enviados por Deus a interpelar e a questionar o mundo e os nossos irmãos. Devemos questionar-nos, à luz do estilo de vida de João Batista, um estilo sóbrio, simples e centrado no essencial, se a nossa vida também está marcada por |
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valores nos quais apostamos e à volta dos quais construímos toda a nossa existência, por valores importantes, decisivos, eternos, capazes de nos darem vida e felicidade, ou se nos deixamos levar por valores efémeros, particulares, egoístas e geradores de dependência e escravidão, assumindo um estilo de vida que contradiz claramente os valores do Evangelho. Não chega dizer “talvez” ou “sim, mas…”. Deus espera uma resposta total, radical, decidida, inequívoca à oferta de salvação que Ele faz. Isso significa uma renúncia decidida ao nosso egoísmo e uma adesão |
decidida pela aventura do Reino que Jesus, há mais de dois mil anos, nos veio propor. É urgente dar a Cristo todo o espaço nas nossas vidas: limpar o terreno, permitir que Ele nasça no íntimo da nossa vida. O Advento pode ser um tempo de desapropriação, para melhor encontrar Cristo. Ao longo desta segunda semana, procuremos libertar espaço do nosso ser para o Senhor. Só assim permitimos que Ele venha ao nosso coração. Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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Advento na rede |
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Estamos em pleno advento de 2014. Advento é o início de um novo ano. A expectativa é o grande silêncio que antecipa o que está para vir. Advento é tempo de espera, ativa, vigilante.
Na rede podemos encontrar vários subsidies que nos ajudam a viver melhor e de várias formas este tempo.
1. CALENDÁRIO DE ADVENTO INTERATIVO. Inglês. O www.XT3.com foi criado por ocasião das Jornadas Mundiais da Juventude em 2008. Como vem sendo habitual volta este ano a lançar o calendário de advento interativo. O Calendário conta com reflexões diárias e recursos multimedia; reflexões de advento do Papa Francisco; animações em vídeo e a mensagem de advento do arcebispo de Sidney. Além de estar disponível online a partir de 30 de novembro, este ano o calendário está também disponível em Apps para iPhone, iPad e Android.
2. O site Laboratório da Fé: “VOLTA A OLHAR O MUNDO PELA PRIMEIRA VEZ”. «A fé é uma grande escola do olhar». E «a vida é o imenso |
laboratório para a atenção, a sensibilidade e o espanto que nos permite reconhecer em cada instante, por mais precário e escasso que seja, a reverberação de uma fantástica presença: os passos do próprio Deus». A fé vivida é uma questão de abrir os olhos. Em cada semana, propõem-se orientar o nosso olhar ao ritmo de uma palavra: descoberta, pão, alegria, encontro. «Como se opera em nós a transformação do olhar? — é o que deveríamos perguntar» ao longo deste Advento.
3. Portal Cristo Jovem: “SEGUE AQUELA ESTRELA”. O portal Cristo Jovem pensou em um subsídio de preparação para o Advento com o objetivo de ajudar os jovens, seja em grupo ou individualmente, a prepararem-se para este tempo tão importante para toda a Igreja. O subsídio apresenta quatro pessoas cuja importância espiritual para este tempo litúrgico merecem ser conhecidas e refletidas: Isaías, João Batista, José e Maria. O esquema é simples e é composto por cinco passos muito simples: Apresentação da estrela; Meditação Biblifica-te; Oração; Põe-te a caminho. O último passo é também o mais desafiante. |
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No final de cada oração é feito um desafio concreto aos jovens que os ajude a partir para a ação.
4. O site iMissio: “#AdventoiMissio”. Desafiados pelo pensamento do Profeta Isaías “Estou a fazer algo novo, já está a germinar: não estão a notar?” (Is 43, 19), e pela atualíssima exortação apostólica do Papa Francisco, EVANGELII GAUDIUM, todos os dias serão propostos dois momentos: Evangelii e Gaudium. Evangelii é a leitura de excertos do evangelho de cada dia. Gaudium é uma pequena provocação, desafio para cada. Um cartaz por dia. |
5. O site Aleteia: “LECTIO DIVINA PARA ADVIENTO”. Espanhol. O site oferece a todos os seus leitores um guia prático para rezar com a Sagrada Escritura até ao Natal.
Depende de cada um construir o Advento que lhe permita o Natal verdadeiramente cristão.
Bom Advento e um Santo Natal.
Bento Oliveira http://www.imissio.net |
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Os meus super-heróis |
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Com 33 anos, tenho super-heróis. Os meus super-heróis não vivem só em Nova Iorque e as minhas super-heroínas não voam sobre arranha-céus. Os meus super-heróis passam desapercebidos na rua mas costumam ter sempre uma cruz com eles que os distingue silenciosamente dos outros. As minhas super-heroínas sabem sorrir e cuidar como ninguém; acredito que são mães sem que Deus algum dia lhes tenha soprado vida no ventre. Um outro nome que pode ser dado aos meus super-heróis é consagrados. Um consagrado não gosta da ideia de ser um super-herói mas a heroicidade está-lhes no sangue. Desconfio que Deus terá visto que estas pessoas tinham o verdadeiro FACTOR X, e para mim, o verdadeiro FACTOR X chama-se Amor. Deus terá visto neles um canal de amor extraordinário, um canal do seu amor pelos homens. As razões que levavam uma mulher para o convento ou um homem para o seminário há 40 anos atrás eram efetivamente diferentes daquelas que se apresentam hoje. Um jovem que entra agora para uma congregação sabe o que ganha e o que vai deixar |
para trás. Efetivamente, há 30-40 anos, o mundo cá fora era bem menos atraente. Jovem ou mais velho, o super-herói não abre mão da sua fé nem dos seus irmãos. Ele sabe que os mais pobres e os mais frágeis são os escolhidos. Um dia perguntei a mim própria o que devia fazer com os meus super-heróis: ajudá-los no que podia na sua missão e experienciá-los sozinha? Ou mostrá-los como exemplo, dando-os a conhecer? Num mundo onde são tantas as pessoas que não encontraram ainda um verdadeiro sentido para a sua existência, que estão perdidos, não deveria partilhar o meu conhecimento da vida destes super-heróis com quem quisesse vê-los? Por que não mediatizar o BEM, a intencionalidade do BEM? Que tal mostrar em televisão ou em redes sociais o trabalho de consagrados? Se os Doze fizeram tanto pela Revelação de Deus, por que é que nós, com tantos séculos de distância e em muito maior número, continuamos timidamente a fazer tão pouco com os meios e as redes de comunicação que temos ao nosso dispor? Não posso terminar este artigo |
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sem dizer que apesar de super-heróis, cada consagrado tem em si um coração humano, que certamente bate à mesma velocidade que o meu. Imagino que também deva errar ou sentir-se cansado. Acredito que não há mal algum nisso. Deus escolheu
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fazer deles super-heróis mas nunca lhes negaria humanidade: ela faz parte do caminho. Afinal, também o homem-aranha tira a sua capa, no fim do dia, quando chega a casa para jantar. |
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«Barómetro» mensal vai ajudar a adequar projetos às necessidades da sociedade |
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Os Institutos Religiosos de Portugal querem fazer do Ano da Vida Consagrada uma oportunidade para atualizarem carismas e revitalizarem o modo como estão presentes no meio da sociedade. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) explicou que está a ser preparada a realização de um “barómetro” mensal junto das pessoas. Um conjunto de “entrevistas” que, segundo o padre Artur Teixeira, terão como objetivo ajudar a perceber “que perspetiva é que a sociedade tem acerca da Igreja Católica no seu todo, e em particular da vida consagrada”, o que é que espera dela. “Vamos querer aprender e escutar o que têm para nos dizer. Quanto melhor nos conhecermos a nós próprios, as pessoas, o mundo em que vivemos, certamente também estaremos um pouco mais terra a terra para também aí intervir, lado a lado com outras pessoas que nos ensinam muito e com as quais poderemos aprender”, frisa o sacerdote.
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Promovido com o apoio de “uma equipa de topo em estudos de mercado”, este barómetro vai permitir depois que os diversos institutos religiosos adequem os seus projetos aos desafios e às necessidades atuais da sociedade. “Também nós, os responsáveis dos diversos institutos, queremos aprender, aproximar, ver se é necessário provavelmente mudar alguma coisa na nossa gramática ou no nosso relacionamento com este mundo que amamos, onde vivemos e queremos sempre levar para o coração de Deus”, sublinha o padre Artur Teixeira. Esta procura de uma presença mais efetiva ao mundo de hoje vai levar a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal a promover periodicamente algumas iniciativas de “aproximação ao mundo”. O presidente da CIRP revela que, entre outras áreas, os consagrados vão privilegiar a presença junto do “mundo juvenil”, por exemplo “em festivais de verão”, e do “mundo laboral”, em especial onde |
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o trabalho é “mais precário”. “Nesta partilha com o mundo com que estamos a lidar, a quem nos estamos a doar, queremos aprender mas também partilhar o essencial do nosso viver”, sustenta o superior provincial dos Missionários do Coração de Maria (Claretianos). Em causa está perceber que âmbitos de consagração - pobreza, castidade ou obediência por exemplo - é que precisam ser revistos ou reformulados. “Aos âmbitos da nossa consagração, |
importa-nos não dá-los como adquiridos, vivê-los automaticamentecomo se tudo aconteça, mas fazer uma atualização para percebermos o que esses dinamismos precisam da nossa parte de caminho”, conclui o padre Artur Teixeira. O Ano da Vida Consagrada prolonga-se até 2 de fevereiro de 2016, festa litúrgica da Apresentação de Jesus, dia tradicionalmente dedicado aos religiosos e religiosas de todo o mundo. |
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Dar lugar à paz |
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Para que o nascimento do Redentor traga paz e esperança a todos os homens de boa vontade. [Intenção do Papa para o mês de Dezembro]
1. A tradição profética suscitou e alimentou, no povo de Israel, a esperança de um tempo em que Deus se manifestaria de forma decisiva em favor do seu povo, enviando o Messias. Este seria suficientemente poderoso para instaurar a paz definitiva e libertar Israel dos seus inimigos – Israel sofria, por aquele tempo, a opressão de impérios extremamente poderosos ou perdera mesmo a independência e o seu povo encontrava-se no exílio. Era um povo abatido e em crise de fé aquele a quem os profetas anunciavam os tempos messiânicos.
2. Para os discípulos de Jesus, a palavra dos profetas cumpriu-se no nascimento, vida, morte e ressurreição do Senhor. Cumpriu-se, aliás, para lá de tudo quanto era a esperança de Israel. Por esse motivo, a celebração do nascimento de Cristo ficou, desde muito cedo, associada ao anúncio profético da paz desejada por Israel e, afinal, por todos os homens e mulheres de boa vontade.
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E, apesar de esta paz nunca ter acontecido – pelo menos, ao jeito esperado pelos profetas – o Natal continua a alimentar o sonho dos profetas e de quantos anseiam pela paz verdadeira, aquela que é dom de Deus e se realiza na vida das pessoas de boa vontade.
3. A Intenção do Santo Padre para este mês de Dezembro faz apelo a uma paz em que Deus e o homem se dão as mãos. Não nos pede, apesar disso, uma oração ingénua, pois nenhum desejo de Deus se impõe à falta de vontade dos homens: Deus, no seu Filho, cujo nascimento celebramos, oferece-nos a paz; cabe-nos acolher esta graça ou desperdiçá-la. Não se trata, porém, de uma graça abstracta. Ela traz o nome de cada um de nós. E depende de cada um de nós que a paz ganhe corpo à nossa volta. Este é o “espírito” do Natal: Deus faz o máximo que pode fazer – oferece-nos o seu Filho; nós podemos ou não fazer a nossa parte – mudar o modo como vivemos a relação com Deus e com os outros, dando início à nossa conversão e, assim, dando lugar à paz anunciada pelos profetas para o tempo do Messias. Elias Couto |
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O trabalho da Irmã Hanan com os refugiados no Líbano“Não se consegue imaginar” |
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Muitos ficaram em lágrimas ao escutarem a Irmã Hanan Youssef, que acolhe os refugiados sírios e iraquianos num dispensário no Líbano. Houve uma frase que repetiu várias vezes ao recordar tantas tragédias: “Não se consegue imaginar…”
Pertence à congregação das Filhas do Bom Pastor desde há 25 anos. Apresenta-se como cristã árabe, tem 48 anos mas parece precocemente envelhecida. Não se estranha isso depois de se conhecer o seu trabalho, num centro de saúde, no Líbano, onde se acolhem refugiados oriundos da Síria e do Iraque. Esteve em Portugal, a convite da Fundação AIS, para contar a sua história. “Não se consegue imaginar o sofrimento das pessoas que foram obrigadas a fugir e a deixar tudo o que tinham para trás.” As histórias. “Atendi uma menina que tinha sido violada 18 vezes num só dia pelos jihadistas. São vidas estragadas, despedaçadas, feridas que nunca vão sarar. Não conseguimos perceber os porquês desta barbárie, porquê este genocídio no Médio Oriente.” Outra história: “Um dia, chego ao |
dispensário e vejo lá um pai com a sua filha. Ela estava quase inanimada e ele estava com um olhar perdido, distante. A mãe daquela menina tinha morrido durante a fuga para o Líbano. O senhor estava desesperado e a filha, caída numa profunda depressão, não comia nada nem bebia água e encontrava-se completamente desidratada. Não encontrámos lugar para eles nos hospitais. Então, contactámos uma enfermeira para lhe ministrar soro.” Não encontrar cama nos hospitais, ou sala de aulas para as crianças, são apenas dois dos dramas por que passam estas Irmãs. O problema, como enfatiza vezes sem conta a Irmã Hanan, é que o Líbano está, também ele, à beira do colapso com esta enorme onda de refugiados. Sendo um país pequeno, com apenas 4 milhões de habitantes, só nos últimos doze meses recebeu mais de 2 milhões de refugiados. A Irmã Hanan Youssef também tem, ela própria, uma longa história de sofrimento. A sua vocação é o amor que oferece a todos os que lhe batem à porta. Pessoas desesperados, sem futuro, vidas interrompidas. “Já tenho uma certa idade e nunca, nunca, vivi em paz no meu país.”
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Memória de lágrimasA irmã Hanan não desiste. Ela agradece vezes sem conta a ajuda “preciosa” da Fundação AIS para que o “seu” centro de saúde continue a acolher refugiados. E recorda-nos a necessidade de se viver para que mais sofrem. Estes refugiados, vítimas da intolerância dos jihadistas, passam por um sofrimento incompreensível. E, diz a Irmã Hanan, é um sofrimento “tão incompreensível como o silêncio pesado do Ocidente, pois esta é uma barbárie nunca vista”. Esta Irmã do Bom Pastor veio alertar |
consciências com a sua voz baixa, quase sumida, mas que levou tantas pessoas às lágrimas. Como ficar indiferente e não ajudar? “Sou uma mulher cristã árabe e acredito na presença dos Cristãos no mundo árabe. Essa é também a nossa missão. O mundo árabe sem a presença dos cristãos vai tornar-se numa barbárie e numa ameaça para o mundo inteiro. A nossa missão é amar. Com a vossa ajuda e as vossas orações, nós vamos continuar com a nossa missão.” Ouviram? Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |
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Vez e voz para todos |
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Tony Neves |
As pessoas são, antes de mais e acima de tudo, pessoas. E isto é que é importante. O resto depende de adjetivos. Podemos ter mais ou menos capacidade para fazer isto ou aquilo, mas ninguém tem o direito de tocar no essencial: a dignidade que cada pessoa tem.
Há pessoas que, por muitas razões têm algumas capacidades limitadas. Esse facto só lhes dá dignidade e deve atrair sobre elas atenção e respeito. |
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ou uma ação para a diferença no refeitório do Agrupamento de Escolas de Alfândega da Fé. |
do descartável e do consumismo exagerado que estão na origem de muitas descriminações e exclusões sociais. Há que lutar por uma sociedade inclusiva onde todos tenham vez e voz. Que nunca impere a lei do mais forte, mas seja sempre respeitada a dignidade de cada um dos seres humanos. |
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“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”
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