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Paulo Rocha D. Manuel Linda Octávio Carmo Natal
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Manuel de Lemos
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Foto da capa: D.R. Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,. Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Esparguete à bolonhesa pelo Natal |
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Paulo Rocha Agência ECCLESIA |
A história vai ser contada na televisão, num dos programas Ecclesia a emitir na semana do Natal. Insere-se na apresentação de vivências da quadra natalícia, sempre únicas para cada pessoa, família ou comunidade e quase sempre inspiradas no nascimento que inaugura uma nova era na humanidade, o nascimento de Jesus Cristo. A escritora Alice Vieira tem um especial gosto por reunir presépios que representam culturas diversificadas. Predominam as africanas porque são muitos os missionários que lhe oferecem várias formas de apresentar Jesus com Maria e José e ganha um relevo crescente o imaginário dos netos na forma de narrar história do nascimento de Jesus, onde até se incluem meios de socorro para o Menino, caso sejam necessários nos primeiros dias de vida. A referência à escritora não acontece por causa dos presépios, mas pela forma como apresentou o Natal vivido em família: a Noite é passada em casa de um filho, com os sabores tradicionais, e o almoço do Dia na da filha, onde o prato apresentado é sempre esparguete à bolonhesa. Não por qualquer capricho, apenas porque é noutros gostos que não o culinário que explora dons recebidos... Mas essa circunstância não é, de todo, um impedimento para que se viva o Natal, em família (e convenhamos que para os mais novos é mesmo um ajuda para fazer festa!). A este ciclo familiar acresce ainda o dos amigos: o fim do dia de Natal é em casa da escritora, onde reúne também quem não tem amigos. |
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Um apontamento circunstancial que apenas quer ser uma ilustração, entre muitos possíveis, que atesta a certeza afirmada cada vez com mais argumentos: o que se vive, diz ou faz nestes dias tem por referência única uma Pessoa, Jesus de Nazaré. Mesmo quando Ele não emerge como protagonista do que vai acontecendo ou não consta de discursos ditos ou escritos, é sempre o horizonte das emoções desta quadra (e de todas, afinal).
Sons, cores, sabores, luzes, fitas, bolas, imagens e pinheiros, tudo é alusão do Natal, uma “marca” do cristianismo com um potencial |
de exploração enorme. Motivo de orgulho, sem dúvida, e sobretudo um desafio para os “titulares” da “marca Natal”: todos os cristãos. Com uma “marca forte” e um ambiente favorável, o Natal oferece aos que seguem a proposta de vida que nasceu numa gruta de Belém uma oportunidade única de a anunciar. E não serão outras músicas ou palavras a calar a mensagem que marcou a história ao longo de mais de 2000 anos. Basta que seja proclamada nos sons e cores que preenchem o ambiente natalício. Sem reservas! |
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"Assume-se que o turismo nacional que chega a Lisboa, não chegará genericamente por via aérea, chegará via carro e de comboio ou de outras formas de transporte, e por isso todos os residentes em território nacional estarão isentos." Fernando Medina, vice-presidente da CM de Lisboa, sobre a Taxa Municipal Turística a partir de 2015 (Rádio Renascença, 10 dezembro 2014)
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“Asia Bibi apenas cometeu duas faltas, ter bebido água de um poço como camponesa e a outra foi ser cristã.” Deputado do CDS/PP, José Ribeiro e Castro, esta quarta-feira, num encontro da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre e da editora Alêtheia.
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“Veja bem a dificuldade: substituir uma marca que tem 145 anos de história por uma marca branca e com símbolo inicial efémero.” Antigo presidente do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, esta terça-feira, na Comissão de Inquérito na Assembleia da República.
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“Quem governa não pode olhar só para os aspetos materiais do crescimento económico, tem que olhar para as pessoas. Todo o crescimento só faz sentido se estiver ao serviço das pessoas e não é isso que tem acontecido.” Presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, em entrevista à Agência ECCLESIA na RTP2 (8 dezembro 2014)
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JRS-Portugal distinguido
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O Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) em Portugal recebeu esta quarta-feira na Assembleia da República uma medalha de ouro comemorativa do 50º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. No discurso da cerimónia, o diretor do JRS, André Costa Jorge, realçou o papel desta instituição que se lançou “na aventura de estar ao lado dos mais vulneráveis e dos mais pobres”. “Acompanhar, servir e defender os refugiados, migrantes e todas as pessoas deslocadas à força dos seus países de origem, territórios e famílias”, referiu. A vaga de migrantes do leste europeu e da Ásia que Portugal acolheu, no final da década de 90 do século passado motivou o JRS a iniciar “um conjunto de serviços alargado” que teve o contributo de “muitos voluntários”, sublinhou o diretor. Os trabalhos “de apoio jurídico”, “médico e medicamentoso” e formação na língua portuguesa para estrangeiros foram algumas atividades lançadas pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados. O júri do Prémio Direitos Humanos, |
constituído no âmbito da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias decidiu distinguir o JRS, "uma organização especializada em migrações que desenvolve uma forte ação no terreno, na defesa dos direitos e na integração da população imigrante em situação de grande vulnerabilidade", bem como "na promoção do diálogo em torno da imigração, diversidade e interculturalidade". O Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS – Jesuit Refugee Service, designação em inglês), tem como missão “acompanhar, Servir e Defender” pessoas e famílias refugiadas, deslocadas ou emigradas da sua terra natal. André Costa Jorge assinalou que, atualmente, estão a exercer medicina em Portugal “cerca de 200 médicos imigrantes” que tiveram apoio do JRS e da Fundação Calouste Gulbenkian. Nos últimos tempos, o JRS tem sido uma organização parceira do Estado português “no acolhimento de refugiados” e desenvolveu iniciativas “na proteção de requerentes de asilo e dos migrantes irregulares”. |
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No contexto europeu, o Serviço Jesuíta aos Refugiados está presente em 14 países e em zonas “fortemente atingidas pelo fenómeno das migrações em massa”, como Malta, Grécia e Itália.
No ano transato, o diretor da instituição em Portugal referiu que foram acompanhados “meio milhão de migrantes” em todo o mundo, com presença na Europa, Ásia e América. André Costa Jorge apelou aos portugueses e, em especial, aos deputados, “para que se mantenham fiéis aos valores fundamentais subjacentes à democracia e que
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mostrem solidariedade concreta para com os migrantes e refugiados”. Para além do JRS, o júri do Prémio Direitos Humanos, constituído no âmbito da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias distinguiu também o Instituto de Apoio à Criança (IAC) e Maria Regina Tavares da Silva. Fundada em 1980, a organização internacional da Igreja Católica sob a responsabilidade da Companhia de Jesus conta com cerca de 1400 colaboradores e está presente em cerca de 50 países. |
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Arcebispo de Braga critica comportamentos manchados pela corrupção |
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O arcebispo de Braga alertou para a necessidade de “construir comunidades verdadeiras onde a entreajuda e a partilha destruam a pobreza e trabalhem pela integração de todos os cidadãos”. Na celebração da memória de São Geraldo, padroeiro da cidade de Braga, D. Jorge Ortiga abordou diversas realidades que podem ajudar este sonho a sair da sombra, a começar pela realidade política. “Não precisará a política da luz da fé e não deverão os políticos cristãos ser protagonistas de uma ação renovadora da sociedade?”, questionou o prelado na sua homilia, enviada à Agência ECCLESIA. Inspirado na parábola do “administrador fiel e prudente”, retirada das leituras do dia, o arcebispo de Braga lembrou que |
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a política é uma "vocação" e realçou a importância de colocar “o bem comum” acima de “interesses pessoais” e de erradicar “comportamentos manchados pela corrupção”. “Creio não ser inoportuno, e muito menos interpretado como intromissão em casa alheia, reconhecer a necessidade de políticos – homens e mulheres – que, sem rótulos artificiais, se assumam como construtores ativos de uma sociedade mais digna”, disse D. Jorge Ortiga. O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana apontou depois para a urgência de uma sociedade onde “a solidariedade” seja “prática quotidiana”, onde a “vida social” seja “marcada pela liberdade”, onde “a família” seja “protegida e defendida como célula vital” da humanidade. |
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Dimensão evangelizadora da família
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O padre Andrea Ciucci, do Conselho Pontifício para a Família (Santa Sé), esteve em Portugal, a convite da Paulus Editora, na conferência «Família e Transmissão da Fé», e apelou à “pastoral evangelizadora das famílias”. “Estou firmemente convencido de que os primeiros evangelizadores das famílias não-praticantes e indiferentes à proposta cristã são as famílias crentes, as suas palavras, o seu exemplo, e que tudo isso acontece muitas vezes fora dos muros da paróquia”, disse, na sua intervenção em Lisboa. O sacerdote explicou que esta dimensão evangelizadora não é mais um empenho que a “Igreja põe às costas das famílias”, mas a explicitação da estrutura do sacramento do matrimónio. |
O processo de secularização e a falta de transmissão da fé em várias famílias são as razões apontadas para existir um “acesso diferente à experiência cristã”. “Uma pastoral que apoie as famílias evangelizadoras das novas gerações e das famílias afastadas descobre-se mais rica e mais alegre, capaz de apoiar também os momentos mais trabalhosos da existência e as passagens decisivas da experiência eclesial. É na verdade em família que se aprende a acolher a novidade inaudita e fecunda do outro e a companhia recíproca no amor”, explicou o padre Andrea Ciucci. A duas conferências sobre o tema «Família e Transmissão da Fé» estavam inseridas nas comemorações dos 60 anos da revista ‘Família Cristã’. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Diocese do Funchal encerra comemoração dos 500 anos de criação e inaugura monumento evocativo |
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Festival Nacional Jovem da Canção Mensagem 2014 |
Mensagem de Natal“Ele é a nossa paz” (Ef 3, 14) |
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D. Manuel Linda Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança |
No conhecido e belíssimo conto “Os três reis do Oriente”, a grande poetisa católica Sophia de Mello Andresen escreve que, já madrugada, depois de um lauto banquete e de os convivas se terem retirado, o rei Baltasar deu umas voltas a pé, nos jardins do palácio, para rememorar a festa acabada de acontecer e ajudar a difícil digestão. É então que depara com um homem jovem, encostado a um muro. Pergunta-lhe quem é. Mas este apenas consegue balbuciar que tem fome. O rei imediatamente se prontifica a servir-lhe toda a comida que ele deseje. E manda-o entrar para o palácio. Porém o mendigo imaginou que, estando indocumentado em propriedade real, certamente seria preso. Desconfiou do rei e fugiu em louca correria. Baltasar ordenou aos seus guardas que procurassem o jovem esquálido, esfomeado e roto e que o convencessem que o rei apenas pretendia dar-lhe de comer. Ao fim do dia, os guardas regressaram dizendo que não conseguiram identificar tal homem, pois mais de metade da cidade se encontrava em semelhantes condições. E o rei sofreu com a realidade que ele desconhecia. Na manhã seguinte, Baltasar foi à esplanada dos templos pedir o auxílio dos deuses para os pobres e sofredores. Aproximou-se de todos os altares, dos dos desuses da riqueza, do poder, da glória, do comércio, da fertilidade, da sabedoria… Mas em nenhum viu referência aos sofredores. Encontrou os responsáveis pelos templos e pediu-lhes: |
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“Dizei-me onde está o altar do deus que protege os humilhados e ofendidos para que eu o implore e adore”. Ao fim de longo silêncio, responderam: “Desse deus nada sabemos”. Nessa noite, Baltasar subiu ao terraço do palácio, olhou para o céu, na direcção de uma estrela mais brilhante e que se movimentava lentamente e rezou assim: “Senhor, eu vi. Vi a carne do sofrimento, o rosto da humilhação, o olhar da paciência. E como pode aquele que viu estas coisas não te ver? E como poderei suportar o que vi se não te vir?”. |
Caros amigos, não é da minha maneira de ser passar a vida a dizer mal do nosso mundo. Mas há que encarar a realidade de frente. E o que por aí vemos é que muitos se prostram demasiadamente diante dos altares dos falsos deuses, dos ídolos que não libertam, mas oprimem. Por isso, não chegam a contemplar o verdadeiro rosto de Deus porque O não descobrem no irmão carente. Não «vêem» a Deus porque fecham os olhos aos sofrimentos dos irmãos ou não suportam o que vêem porque se privam da força d’Aquele que
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redime o mal pela sua cruz. Cultuam ao deus do êxito. Como tal, do Deus verdadeiro têm de confessar como os pagãos: “Desse deus… nada sabemos”.
A forma como estamos a celebrar o Natal faz-nos compreender isto. Deixamo-nos possuir por um sem-número de preocupações e correrias e… nem sequer pensamos que o Natal é o nascimento do Menino Jesus, o Filho que o Pai envia a visitar o seu povo; fazemos iluminações e a nossa alma continua às escuras; armamos presépios e fechamos o coração ao Deus-Menino; colocamos lá as figuras da família de Nazaré e nada fazemos para que a nossa se torne mais sólida; representamos os pastores pobremente vestidos e em nada nos comprometemos com a grande multidão dos carenciados; suspendemos um anjinho de barro com a faixa onde se lê “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens que Ele ama” e nem damos glória a Deus pela prática dos actos religiosos –nem sequer pela Missa de Natal- nem somos construtores da paz porque o seu fermento não reside dentro de nós. Foi assim no passado e é assim hoje; dá-se isto em nós e |
acontece no mundo que nos rodeia. Porque se cultuam falsos altares, tivemos e temos de conviver com «eras do massacre», com o terror em estado puro, quer esse terror se chame «Grande Guerra», da qual comemoramos o centenário, quer se trate do «califado islâmico do Isis». Seria ocasião de voltar às palavras de Baltasar: “E como poderei suportar o que vi se não te vir?”. Alguns anos depois do verdadeiro Natal, Paulo de Tarso, aquele que antes «não via porque não O via» e depois que O viu passou a testemunhá-l’O apostolicamente, ao rememorar a obra e a acção de Cristo, escrevia assim: “Ele é a nossa paz. Ele destruiu o muro de inimizade entre os povos. […] Ele fez um homem novo, edificou a paz reconciliando-nos com Deus” (Ef 2, 14-16). Sim, a paz, esse qualificativo supremo do homem novo, só se constrói mediante a abolição dos muros que nos separam dos irmãos e da sua sorte e pela reconciliação com Deus, expressa numa fé vivida, cultivada e celebrada nos sacramentos. Caros membros do Ordinariato Castrense, se a vossa profissão é serdes «trabalhadores da paz», |
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não vos esqueçais: começai pelo difícil trabalho de a edificar em vós, na vossa família e com os vossos camaradas. Que este Natal de 2014 seja vivido sob o signo da autenticidade. Não matemos o Natal! Respeitemos a verdade das coisas e dos nomes e não chamemos Natal ao nosso materialismo, ao nosso consumismo, à nossa falta de solidariedade, ao nosso ateísmo prático. Limpemos o pó e as impurezas que se agarraram às nossas celebrações para que brilhe aquilo que as motiva, a única razão que lhes deu origem. E a razão é esta: |
procedermos à abertura de coração a um Deus que nos ama tanto que, «por nós homens e para nossa salvação», veio habitar entre nós para nos reconciliar uns com os outros e nos conduzir à verdadeira intimidade com Deus Pai. No mínimo dos mínimos, neste Natal, seremos capazes de exprimir esta verdade num gesto de carinho aos outros e na prática religiosa da Missa e, porventura, da confissão e da comunhão? A todos, votos de santo e feliz Natal, abençoado pelo Autor da nossa salvação. |
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Acolher a riqueza do Natal |
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José Carlos Patrício Agência ECCLESIA |
O tempo de Natal aproxima-se e com ele chegam também os habituais desejos de um ano melhor, de uma vida mais próspera e plena, de uma sociedade mais justa, a esperança de que, à semelhança do Menino que nasce, o mundo possa renascer também. As ruas enchem-se de luzes, as pessoas passam sorridentes, as famílias juntam-se para partilharem os seus presentes e contarem histórias que ficaram por contar ao longo do ano. De repente, já há tempo… tempo para conversar, para encontrar o outro, para sentar à mesma mesa ou à volta da lareira, pais, avós e netos, tempo para a solidariedade, para darmos a moeda que alguém todos os dias nos pedia e pedia sem sucesso, tempo para ir à missa. Imaginemos como seria o mundo se aquilo que constitui a riqueza do tempo de Natal, esta comunhão de pessoas e de vontades, não fosse uma coisa quase exclusiva desta época? O que é que nos impede de fazermos do tempo de Natal um tempo de todos os dias? A realidade é que o tesouro da quadra natalícia fica, no resto do ano, adormecido no coração das pessoas, de um mundo, de uma vida cada vez mais espartilhada por premissas da mais variada ordem, política, económica, comportamental, social e cultural. Premissas que muitas vezes, em vez de replicarem a Luz que o Menino veio trazer, mostram o lado mais escuro da humanidade, a violência, a intolerância, a ganância, o individualismo. |
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O Natal é cada vez mais um oásis, um enxerto de paz e harmonia que importa cuidar e fazer crescer, um ideal que urge viver em vez de agendar.
Como recordou o Papa Francisco na sua primeira homilia de Natal, Jesus-Menino “é o Amor feito carne”. “Não se trata apenas dum mestre de sabedoria, nem dum ideal para o |
qual tendemos e do qual sabemos estar inexoravelmente distantes, mas é o sentido da vida e da história que pôs a sua tenda no meio de nós”, frisou Jorge Bergoglio. Que neste tempo e ao longo do próximo ano, o calor dessa tenda aqueça e proteja todas as nossas famílias e amigos. Um excelente Natal para todos! |
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A importância da música que canta
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Agência Ecclesia (AE) - O que é que a música diz ao Natal? Rui Vieira Nery (RVN) - O Natal é antes de mais, pelo menos para nós cristãos, um momento de festa especial. Tudo aquilo que associamos à quadra do Natal é uma aura de celebração, de júbilo, de festa e a música não escapa a essa realidade. Historicamente, desde que temos a |
possibilidade de reconstruir a história da música ocidental, vemos que é precisamente na quadra do Natal que encontramos uma concentração de músicas festivas, umas mais formais, umas mais informais, umas de natureza popular, outras de natureza lírica mas basicamente há esta ideia de júbilo, de revelação e esta ideia de festa. |
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AE - Percebe-se também na música o tempo de espera, no Tempo do Advento que antecede o Natal, e depois essa celebração da luz que chega no presépio? RVN - Eu julgo que a música de Advento, apesar de tudo, é menos característica. É mais difícil falar de uma atmosfera de recolhimento, de meditação ou até de penitência, associada à música de Advento. Aí a música deixa espaço para que seja a consciência individual a fazer essa meditação e apostamos sobretudo na boa-nova que vem a seguir. |
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RVN - Por exemplo, no caso da tradição musical portuguesa, temos nos séculos XVI e XVII, uma tradição riquíssima dos chamados vilancicos de Natal que são um reportório absolutamente extraordinário, com uma espécie de diálogos muito grande entre músicas eruditas e populares, onde temos o canto dos pastores, o canto dos militares, dos escravos negros. Ou seja, todas as classes sociais representadas com as suas músicas e as suas danças na adoração do Deus-Menino em Belém através das suas músicas. E isso é um fenómeno muito interessante, um bocadinho o equivalente aos presépios de Machado de Castro, a ideia do retrato num caso plástico noutro caso musical do próprio tecido social que é chamado a Epifania.
AE - Cingindo-nos à música portuguesa, cada uma das regiões foi construindo a sua forma de adorar o Menino pela música, com traços muito característicos através do país? RVN - Os traços são aqueles que são gerais na identificação de cada uma das tradições musicais do país. As festas de Natal são de tal maneira |
importantes, sobretudo num universo rural em que no fundo o ano é medido pelo calendário litúrgico, as pessoas casam lá para o São João, os filhos nascem lá para a Páscoa, na mesma maneira em que o dia era medido pelas horas canónicas, as coisas hoje estão em transformação, mas há uma mentalidade anterior que faz com que, naturalmente, na quadra de Natal haja uma concentração de músicas particularmente intensa. E como existe uma concentração mais intensa também as características específicas estão mais evidentes. Temos desde o Cante Alentejano que é coral, que é um canto essencialmente masculino, às canções e danças do norte que são diferentes, praticamente em todas as tradições de música tradicional rural portuguesa encontramos uma presença muito significativa até porque o Natal também incentiva muito a projeção de valores humanos na esfera do divino. A ideia da maternidade é algo com que nós nos identificamos, a presença de Maria e do menino, é uma coisa que nos acontece na família. Temos pelo menino Jesus o carinho que se tem por um bebé e muitos dos textos |
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dessas cantigas de Natal, onde quer que sejam, falam precisamente disso, de embalar o menino, de não fazer barulho para ele dormir, do amor de Maria pelo Menino Jesus, a ideia da festa à volta do nascimento. Tudo isso são sentimentos que são festivos, são jubilosos, e a música transmite em geral essa ideia por |
um lado de mistério, de fascínio, como é que uma coisa tão pequenina e tão frágil é o filho de Deus e por outro lado uma ideia de carinho e de sensação de renovação ao mesmo tempo. Aquela criança é o símbolo de todas as crianças, de eternidade, por um lado da criação e em geral. |
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AE - Há alguma obra popular que lhe seja particularmente marcante? RVN - É-me difícil escolher. Estou a lembrar-me de uma cantiga das beiras, “José embala o menino”, que é uma coisa muito carinhosa. Quem está a embalar o menino não é a Virgem, é São José, uma espécie de cumplicidade à volta daquela criança especial que tem de ser protegida pela mãe e pelo pai e é uma melodia lindíssima. Há tantas, tantas, depois
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existem todas que vão desde o ciclo do Natal até ao Reis, também à volta da adoração, da festa.
AE - Mesmo na música portuguesa mais erudita, como a de Fernando Lopes-Graça, houve grande investimento neste ciclo do Natal? RVN - Sim, desde logo já na polifonia do século XVI e XVII encontramos muitos, sobretudo responsórios de Natal, que as matinas de Natal eram |
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uma festa muito importante. Na realidade eram até antecipadas para a véspera de Natal, de maneira a poder ter a concorrência de pessoas e fazia-se muita música importante para essa grande cerimónia que depois acabava com a Missa do Galo e continuava. E, portanto, há música de Natal polifónica do século XVI e XVII, nomeadamente Duarte Lobo. Há muita música no século XVIII, Carlos Seixas inclusive, e depois no século XX, em particular o Lopes-Graça, com as cantatas de Natal baseadas em músicas tradicionais portuguesas. Fernando Lopes-Graça, como tinha uma veneração muito especial pela música popular e achava que era uma espécie identitária muito forte, percebeu muito bem o peso que esta temática natalícia tinha na identidade popular e captou-a muito bem.
AE - Para celebrar de facto o Natal hoje precisamos da música? RVN - Precisamos da música em todas as celebrações. O lema da Academia de Santa Cecília onde estudei era “quem canta para Deus reza duas
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vezes” e acho que de facto em todos os momentos, de júbilo e penitenciais, a presença da música ajuda-nos a fazer a ponte com o sagrado. AE - Ajuda também a fazer a ponte entre o espaço sagrada e o espaço das cidades, das ruas? RVN - Claro, a festa religiosa também é a festa e portanto a ideia de que a presença na Igreja tem de ser uma coisa solene, tristonha, enfadonha e que não haja espaço para a alegria, para o próprio fascínio, para o deslumbramento, acho que é alheia à nossa tradição. Aliás, foi uma das coisas que a Contra-Reforma, que normalmente é considerada uma coisa tão solene e tão austera sempre percebeu muito bem, e em particular em Portugal, esta ideia de que tinha de haver um espaço de festa e que ir à Igreja não era uma espécie de penitência, era um momento de felicidade e a música ajuda a criar esse momento de felicidade, essa ponte com o dom de Deus que é a própria música. |
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Da clausura para o MP3 |
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As religiosas do Carmelo de São José, em Fátima, lançaram o CD “Quem vistes, Pastores?” com músicas de Natal para “tocar interiormente cada pessoa que ouvir os cânticos ao Menino Jesus”. “O grande objetivo deste trabalho é tocar as pessoas, que toque interiormente através dos cânticos ao Menino Jesus e se deixem entrar no espirito de Natal, clima de gratidão pelo mistério da encarnação”, afirmou a Irmã Cristina Maria
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em declarações à Agência ECCLESIA. O CD é composto por 24 temas, alguns tradicionais portugueses e outros “cantados no interior do Carmelo”, todos acompanhados por vários instrumentos. “No Carmelo o Natal é especial e cantamos muitas músicas ao Menino Jesus, algumas delas estão neste CD, e todas são coloridas com instrumentos de percussão, pandeiretas, castanholas e tambores tocados pelas irmãs”, conta a religiosa.
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Algumas músicas foram trazidas por irmãs belgas e tornaram-se tradição cantar nos “momentos em que estão com o Menino”.
“Na oitava do Natal, e até à Epifania, num momento depois da oração das vésperas, rezamos e cantamos ao Menino Jesus. Abrimos ao público esse tempo de oração e há pessoas assíduas que rezam connosco e já muitas crianças ficaram fãs”, partilha a irmã Cristina Maria. A religiosa há 25 anos partilhou ainda que a gravação do CD foi difícil pois cada musica é acompanhada de “sete ou oito instrumentos e
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todos têm de ser gravados separadamente”, o que foi possível apenas com a paciência do técnico Miguel Noronha de Andrade, “um técnico santo”. Outra curiosidade é que o CD foi gravado no tempo da Quaresma e as religiosas fizeram um presépio “para se inspirarem e conseguirem um ambiente natalício”. “Porque o tempo de Natal no Carmelo se vive de outra forma, muito profundo, e por toda a casa fazemos presépios para nos lembrar o mistério e encontrar o Menino”, partilhava a irmã Cristina Maria. |
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Música ajuda a reavivar a fé |
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O padre Nuno Queirós, membro do serviço de música-sacra da Diocese de Aveiro, falou à Agência ECCLESIA sobre a importância da música para uma vivência mais “enriquecida” e “radical” dos tempos de Advento e Natal. De acordo com o sacerdote, “a música tem um papel muito importante” pois as melodias, harmonias e ritmos apelam ao mais fundo das pessoas, “à sua experiência enquanto seres humanos”, ao modo como vivem neste caso o “mistério” de Deus. “Só o ato de cantar já implica apelar a uma série de questões na pessoa, não é só a respiração, ela está a exprimir algo que vem de dentro, e por isso é que as músicas de Natal transmitem serenidade, paz, tal como as de Advento a expetativa e a esperança”, frisa o vigário paroquial da Unidade Pastoral de Águeda. Através da música, sobretudo daquela que está “enraizada na própria experiência vital” das pessoas - como acontece com as melodias de Natal, cantadas ano após ano - é possível “reavivar aquilo que a fé tem de fundamental”. “O cântico e a forma como |
foi composto, terá de ter em consideração aquilo que é celebrado, aquilo que é o sentir comum, e isso pode ser feito de modo diverso, através dos sons, dos instrumentos, dos timbres”, complementa o padre Nuno Queirós.
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Um das peças mais emblemáticas da liturgia portuguesa de Natal é o hino “Adeste Fideles”, atribuído ao rei D. João IV (1604-1656) e que está hoje traduzido em diversas línguas e é usado pelas mais variadas culturas.
Para o sacerdote da Diocese de Aveiro, o “Adeste Fideles” ilustra perfeitamente a forma como a música de Natal consegue ser “ecuménica”, uma vez que ele está integrado por exemplo na tradição natalícia da Igreja Anglicana.
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“Acho que toda a gente o conhece. Este hino é cantado várias vezes e com várias roupagens”, realça padre Nuno Queirós.
“Em toda a história da música”, as alusões ao tema do Advento e do Natal também estão bem vincadas. O especialista em música-sacra dá como exemplo a peça “Messias”, escrita pelo compositor George Handel em 1741, “que apesar de ter sido composta para a Páscoa curiosamente não há Natal nenhum |
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no mundo onde não seja apresentada, sobretudo a sua primeira parte”. Outros artistas emblemáticos que dedicaram trabalhos a esta temática foram Johann Sebastian Bach (1685-1750) e Camille Saint-Saëns (1835-1921), cujas “oratórias de Natal” estão ainda hoje muito presentes no reportório litúrgico das comunidades. No tempo de Advento, uma das tradições mais enraizadas é a das “antífonas do Ó”, cantadas entre os dias 17 e 23 de dezembro. “São sete antífonas que a liturgia oferece nas vésperas desses dias e que exaltam também esta vinda do Messias que é sabedoria, o Adonai, o esperado da Casa de Israel, a raiz de Jessé”, explica o padre Nuno Queirós. As “antífonas do Ó”, cantadas a seguir à entoação do “Magnificat” de Nossa Senhora, foram integradas na tradição cristã entre os séculos VII e VIII. “Muito mais tarde” foi adotado um hino, o “Veni Emmanuel”, que “curiosamente também teve uma roupagem musical variadíssima e foi traduzido em muitas línguas”. Além de estar muito presente “na música reformada das Igrejas Anglicana e Luterana”, tem sido |
trabalhado por diversos compositores, como o húngaro Zoltan Kodály (1882-1967). “Um hino que apesar de ser bastante mais tardio do que as antífonas do Ó”, acrescenta o sacerdote aveirense, “pode ser também uma boa marca daquilo que se faz no Advento”. O Pe. Nuno Duarte é sacerdote da Diocese de Aveiro desde 17 |
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de novembro de 2013, onde é colaborador do Serviço Diocesano de Pastoral Litúrgica como membro do Serviço de Música Sacra. De 2002 a 2008 foi monge beneditino da Abadia de S. Bento de Singeverga, sendo organista, cantor e membro da comissão de Liturgia do mosteiro. |
É mestre em Teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, onde apresentou em 2013 a dissertação “Sacramentum Natalis Domini: História, celebração e teologia do Natal numa perspetiva genética”, no âmbito da Teologia Litúrgica.
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Campanhas mostram valor
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“Jesus aproximou-se. Quem é o teu próximo?”, é o lema de uma campanha de Natal do Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Lisboa, que envolve toda a comunidade estudantil, desde o pré-escolar ao secundário. Em entrevista à Agência ECCLESIA, a professora Marília Gouveia sublinha a importância que o projeto tem, por um lado, para apoiar famílias mais carenciadas e por outro para sensibilizar os mais novos para “realidades às vezes tão carenciadas e difíceis que têm à sua volta”. Para a docente de História, a “solidariedade” tem de ser parte integrante da formação das pessoas. “Tentar que os alunos saiam um bocadinho de si próprios e olhem para o outro”, pois se eles “não estiverem despertos para essas realidades” é impossível “aproximarem-se”, complementou. A campanha de natal envolve os alunos na recolha e doação dos mais variados produtos, desde brinquedos novos ou usados, alimentos ou produtos de higiene. Entre o 5.º e o 9.º ano, os estudantes são incentivados a “apadrinharem |
uma família”, acompanhando-a “regularmente” e, com o apoio do diretor de turma, “verem quais é que são as dificuldades que têm e trazerem produtos de acordo com essas necessidades”. Para Teresa Côrte-Real, de 13 anos, este projeto tem ajudado a estar atenta a toda “uma realidade paralela” que existe em relação à vida que tem, uma realidade feita por pessoas que têm de lutar diariamente para sobreviver. Ao mesmo tempo, tem-na alertado para a necessidade de mobilizar a sociedade para uma causa que, muitas vezes, é esquecida mesmo em tempo de Natal. Na memória guarda sempre a vez em que contente, chegou com os seus colegas com um conjunto de sacos para doar a famílias mais carenciadas, pensando que este esforço era suficiente. “Fomos todos pousar os sacos numa sala. Era uma sala muito pequenina, não estava cheia, e chocou-me bastante, haver lá tanta gente e ver que o que nós trazíamos só servia para alimentar uma parte”, recorda a jovem. |
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A campanha do Colégio do Sagrado Coração de Maria é feita a partir do Centro Jean Gailhac, o braço solidário das religiosas que coordenam a instituição.
No próximo dia 15 de dezembro os resultados do projeto, bens alimentares, brinquedos, produtos de higiene e saúde, entre outros artigos recolhidos, vão ser entregues a famílias mais necessitadas do Bairro das Galinheiras e da Quinta do Mocho, em Lisboa.
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Há 25 anos que as irmãs do Convento dos Cardaes, em Lisboa, promovem uma venda de Natal para reunir verbas que permitam continuar a apoiar mulheres com deficiência profunda. Em entrevista à Agência ECCLESIA, Ana Maria Vieira, uma das seis religiosas dominicanas empenhadas nesta causa, destaca a “rede solidária” que está por trás deste projeto e que envolve cerca de 40 voluntários a trabalharem todos os fins-de-semana. “Um processo de muita entrega |
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e muito amor de toda a gente”, que permite deixar depois as estantes da loja do Convento “carregadinhas de doces” para venda. Compotas e marmeladas dos mais variados sabores, desde a framboesa à abóbora com amêndoa e limão, da maça com gengibre à ameixa à búlgara, passando pelo lemon curd, ex libris da ementa, tudo é confecionado em casa e praticamente a partir de ofertas das pessoas. “Quase não compramos frutas para estes produtos, pois ficaria tudo muito caro. O açúcar também é todo oferecido por empresas, é preciso baixar os custos porque então não seria solidário, seria trabalhar sem qualquer resultado”, realça a irmã Ana Maria Vieira. A loja do Convento dos Cardaes está aberta todos os dias, sempre a partir das 14h30. A variedade de produtos, fruto de “um conjunto de saberes e experiências passadas de irmãs para irmãs”, deixa quem chega pela primeira vez “fascinado”. “Os clientes habituais, esses já trazem a lista do que querem”, salienta a religiosa. À disposição das pessoas, entre |
vários produtos, estão também “biscoitos de erva-doce, de canela e de limão, de lemon curd, chás e vinagre balsâmico”. Todos os anos, os contributos chegam de muitos lados, “porque as pessoas dão-se conta que vale a pena, é uma causa que vale a pena”, frisa a irmã Ana Maria Vieira. O Convento dos Cardaes apoia atualmente 35 mulheres com deficiência profunda, a maior parte já sem pais nem outro tipo de ligação afetiva. “Dia a dia, semana a semana, hora a hora”, as religiosas dominicanas procuram ser a “casa e a família” que estas “mulheres-meninas perderam ou nunca tiveram”. Além da venda de natal, a comunidade do Convento promove várias iniciativas ligadas a esta causa, ao longo do ano, e quem quiser pode ajudar integrando a rede “Família do Convento”. O monumento situado no Bairro Alto, historicamente ligado às Irmãs Carmelitas, está aberto a visitas guiadas, de segunda a sábado, através das quais as pessoas podem contactar com um espólio religioso e artístico rico e bem conservado.
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Dar sentido ao Natal |
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O presidente da Cáritas Portuguesa disse que a solidariedade que contagia muitos cidadãos no tempo do Natal deve ter presente a “dignidade e o respeito pela privacidade das pessoas”. “É preciso dar sentido ao Natal”, apela Eugénio Fonseca, numa entrevista à Agência ECCLESIA em que alerta para as iniciativas que não se enquadram no “sentido próprio do Natal” e até “o contrariam”. Para o responsável não se devem |
transformar os “pobres em ricos” apenas no Natal, com o “frigorífico cheio” que durante o ano “se vai esvaziando até não ter nada”, porque as pessoas “não têm necessidades” só nesta quadra. Nesse sentido, e a nível paroquial é aconselhado que quem promove campanhas específicas neste tempo não pense na “lógica daquilo que parece ser bem” mas que “pode não ser o necessário” e procurem |
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informar-se com o grupo que “conhece a realidade social da paróquia”. “O Natal é para todos, tem de tocar o coração e não pode ser um anestesiante para a minha consciência. Devíamos reduzir o muito de consumo que contraria os valores desta época e traduzir em favor daqueles que não podem comprar bens essenciais”, desenvolve Eugénio Fonseca. O presidente da Cáritas Portuguesa explicou a campanha «10 milhões de estrelas», que se repete neste Natal, em todo o país. “Não é o preço que valorizamos, o valor desta vela é o que queremos que as pessoas percebam. Esta vela tem um preço elevado mas tem um valor inestimável”, disse O responsável explicou que com esta ação, promovida há 12 anos, se pretende que as famílias digam aos seus vizinhos na noite de Natal, “a quem passar na rua”, que têm “preocupações com a solidariedade, com a justiça” porque só desta forma “pode haver harmonia”. |
Para participar é necessário adquirir uma vela, por um euro, ou um pack de quatro velas, por quatro euros, que inclui um presépio para colorir.
“65% são as dioceses que administram em projetos sociais embora o enfoque esteja na pobreza infantil que é das famílias onde estão integradas. Os outros 35% vão para ajudar as crianças que estão em campos de refugiados no Médio Oriente, nos diferentes conflitos que existem”, explica o presidente da Cáritas Portuguesa.
Eugénio Fonseca destaca que são formas de “pobreza diferente” e apela à aquisição das velas da campanha «10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz», ou outras, para que se acendam à janela de casa a partir das 20h00 do dia 24 de dezembro. “Depois um gesto de solidariedade porque há muita pobreza encoberta que vive ao nosso lado”, observou. A solidariedade no tempo que antecede o Natal ganha mais expressividade entre os portugueses, “uma intensificação muito forte de gestos e iniciativas”, mas que depois “diminui muito”. |
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Entre o nascimento de Jesus
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Explicar o significado do nascimento de Jesus num tempo em que o Pai Natal é rei na televisão é um desafio para os pais com filhos pequenos. “A parte comercial é muito difícil de bater. Começamos este tempo e a televisão inunda-nos com comerciais de brinquedos e nós só ouvimos «Quero, quero, quero»”, aponta Nuno Lemos, pai de três filhos entre os oito e os três anos. Habituados a crescer com a certeza de que era o menino Jesus que trazia os presentes, Nuno e Vera Lemos, de 39 e 40 anos, chegaram a um entendimento com os três filhos. “O Pai Natal vem à noite, aí pelas 21h/22h para nos entregar alguns presentes, e o menino Jesus, penso que vem à meia-noite, entregar o presente. Mas esse, só recebemos na manhã do dia 25”, recorda a filha mais velha, Marta. “Na nossa infância sempre foi o menino Jesus, hoje comercialmente só se vê o Pai Natal. Nós quisemos manter a tradição de esperarem pelo menino Jesus, porque achamos que é ele que faz a diferença”, sustenta Nuno Lemos. Na sala uma Bíblia aberta e a árvore
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de Natal a piscar faz as delícias da filha mais nova, a Rita. A mãe Vera tratou da estrutura, o pai Nuno colocou as luzes e a Marta colocou os enfeites vermelhos e as bolas. O presépio, montado no exterior da casa, contém peças adquiridas no tempo de namoro do casal. Hoje são os filhos que correm a identificar as figuras e que alegremente assumem ter ajudado a colocar no jardim. “Natal é quando se celebra o nascimento do menino Jesus”, sabe a Marta; “um bebé que está deitado porque ainda não sabe andar, tem zero anos”, acrescenta o Vasco, com cinco anos. A mãe Vera não esconde que gostaria que este tempo fosse mais vivido, “inclusivamente o Advento”, mas, assume, “é o possível”. A participação eucarística é um hábito na família Lemos. “Vamos habitualmente à missa e eles, aos poucos, vão ganhando esse hábito. O Vasco ainda não tem catequese mas já fala na bondade de Jesus, o que significa que alguma coisa vai ficando. A Rita dispersa muito mas vem para casa a cantar o Santo ou o Aleluia”, afirma o pai que lembra |
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o esforço de a cada noite se juntar aos filhos para agradecer o dia e “rezar ao menino Jesus”. A Marta costuma fazer presentes para oferecer: no ano passado fez para o pai um Iphone de cartão e para a mãe uma “caixa de tesouros” com frases dentro «Gosto muito de ti», «Amo-te muito». “Estes presentes são especiais. Pode ser mais fácil ir a uma loja e arranjar qualquer coisa para oferecer. Mas o facto de serem eles a fazer, é importante e tentamos incentivar para oferecer aos avós”, assume a mãe. A noite de Natal na família Lemos reparte-se entre duas casas, explica a filha mais velha: “vamos para casa da minha avó materna, onde jantamos e onde o Pai natal vai |
entregar os presentes. Depois vamos para casa da minha avó paterna, que faz uns docinhos muito bons. O Pai natal já passou por lá e deixa-nos outros presentes. E a nossa avó guarda-os para quando nós lá chegarmos”. O pai Nuno Lemos aponta que o mais importante é a família e que as crianças “adquiriram já essa necessidade”. “Fazemos o esforço de nos dividir. Já aconteceu passarmos a meia-noite no carro, mas para nós é fundamental. Também o dia de Natal que é repartido nas duas casas – o almoço em casa de uma mãe e o jantar em casa de outra. Infelizmente não conseguimos juntar as duas famílias só num local, mas fazemos o esforço porque é o que dá sentido”. |
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Os cheiros, as cores, os sabores
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Quatro religiosos, uma irmã Carmelita Descalça do convento de São José em Fátima e três da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, partilharam com a Agência ECCLESIA, as recordações que guardam do Natal da sua infância. O ponto central é o nascimento do Menino Jesus que na Igreja ou em casa reunia comunidades e famílias seja em Angola, Brasil ou Portugal. “Não era um Natal fora do normal, havia sempre o encanto das prendas que se iam receber mas acima de tudo fui sempre muito educada pelos meus pais para ver o Natal como o nascimento do Menino Jesus”, começa por explicar a irmã Cristina Maria. Para a religiosa Carmelita Descalça, do convento de São José em Fátima, o fundamental no Natal da sua infância era o “presépio”, “mais do que a árvore de Natal”. “Era sempre rodeado de uma grande magia, o tirar as peças de cima do armário, desembrulhar os papelinhos, tudo cheirava a Natal. Parecia que nascia para mim, depois fazer a |
cabaninha, pôr o musgo, as pedrinhas, eram encantos únicos que pelo menos a mim marcou-me profundamente”, recorda a Irmã Cristina Maria. Descendo no mapa o responsável pela Província angolana da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, assinala que o Natal da sua meninice, “das aldeias, é “muito diferente do de hoje”. “O Natal da minha aldeia era beber uma gasosa, estar com o grupo de meninos e ir à igreja fazer teatros”, comenta o frei Afonso Nteka. Natural da aldeia de Quimazebo, Município da Damba e Província do Uíge, deste tempo revela “momentos bonitos que vale a pena recordar” como a celebração do dia de Natal que normalmente era orientada pelo catequista mas antes teatralizavam “o nascimento do Menino Jesus”. No domingo seguinte, o padre passava pela aldeia para “celebrar o Natal do Senhor” com esta comunidade numa celebração eu incluía “cânticos, danças, um folclore”, revela o frei Afonso Nteka. Rumo ao outro lado do Oceano |
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Atlântico aterramos em Vera Cruz, nas memórias e vivências de um frade menor capuchinho do nordeste brasileiro. “Como criança era mais a festa, foguetes, na cidade os enfeites, música na noite de Natal”, conta frei Francisco Barreto, cujo Natal, vivido com a família, era acompanhado dos cheiros de quem vive numa zona rural. “Com o cheiro da vaca, do boi, do jumento, trabalhando na produção de alimento para sustento familiar com |
o meu pai”, acrescenta o frei menor capuchinho que destaca o “deslumbramento das estrelas, dos animais e a maravilhosa noite de Natal de Jesus”. Frade há mais de 40 anos comenta que só descobriu o “verdadeiro Natal” quando fez os votos religiosos: “O verdadeiro Natal é a alegria de viver a paz no coração, a fraternidade com todas as pessoas que estão ao nosso lado, frades e também com as famílias.” A vida na “roça” não permitia |
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a abundância ou mesmo chocolates, bolos e doces mas a refeição no Natal, como explica frei Francisco Barreto, era “normal de pessoas pobres” que alimentavam-se do que “melhor” que produziam. “No tempo todo do natal acrescentava-se um pouco mais de leite, de milho, farinha, pão”, explicou. Por terras lusas, o frei Lopes Morgado, também franciscano capuchinho, recorda memórias do seu Natal com os oito irmãos e os pais em Vilar de Frades, atualmente Areias de Vilar, no concelho de Barcelos. “Sem o presépio na minha casa não havia Natal estava como centro da festa toda”, destaca. As memórias do sacerdote dividem-se em duas e começam em casa, no ambiente familiar à lareira: “A história mais viva é de facto a ceia à lareira com os potes de ferro, e nós a cantarmos. O pai era músico e tocávamos flautas de cana era uma noite muito feliz. Éramos pobres mas a ceia era de facto uma ceia farta”. No Museu do Presépio, em Fátima, rodeado da família de Belém, o frade menor há 60 anos conta a outra |
memória que guarda do Natal da sua infância, a celebração religiosa na Igreja que era a casa-mãe dos frades Loios (Congregação dos Cónegos Seculares de São João Evangelista - C.S.J.E.) em Portugal. “Quando tinha oito anos com o meu irmão de 10, o meu pai dirigia a tuna que tocava na novena do menino, fomos cantar como pastores. Um em cada púlpito, escondidos atrás das ramagens, dialogávamos com a assembleia, cantávamos uma estrofe e eles o refrão”, desenvolve. Nesse tempo, da infância de quem nasceu em 1938, “todos iam à missa” mas nem todos entendiam o “tempo do latim”, do padre de costas “lá em cima”: “Entendíamos os cânticos e quando o padre fazia a homilia e explicava”. Em Vilar de Frades, havia ainda a encenação de Natal e depois da Missa do Galo “um leilão”, faziam também “um auto de Reis Magos” onde as crianças “levavam grandes sustos” porque havia quem levasse o papel de soldados “quase a sério, atrás das crianças com espadas reluzentes”. Nas memórias da irmã Cristina Maria também existem encenações |
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de peças de Natal, com os três primos e a sua irmã, mas mais caseiras apenas para a família. As cores, os cheiros e os sabores, especialmente das filhoses especiais da avó beirã, ainda estão guardadas: “Eram os bolos-reis, os vermelhos, aquelas luzinhas todas, as crianças ficam maravilhadas.” “Depois há aquele ambiente de família que se cria muito próximo, da paz, da alegria”, conta ainda a religiosa carmelita descalça, onde os pais conversavam enquanto as cinco crianças brincavam no quarto antes de irem à Missa e, a partir de |
uma certa idade, “desembrulhar as prendas à meia-noite” oferecidas pelo Menino Jesus. Noutro tempo e lugar, o Natal do frei Lopes Morgado, quanto às prendas, era mais parecido com o dos seus confrades de Angola e Brasil. “As prendas eramos uns para os outros, era termos saúde, comermos o necessário para cada dia: O resto não tínhamos comparação, não víamos se as outras crianças eram ricas ou pobres, não tínhamos televisões, se os outros estavam bem ou mal vestidos mas não tínhamos complexos”, conclui o frade menor capuchinho.
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Encontra-te no Presépio
Encontra-te no Presépio E sê silêncio, que espera a cada momento a hora divina.
Encontra-te no Presépio E sê abrigo, onde o Amor deseja habitar.
Encontra-te no Presépio E sê luz, que retira da noite o que é vida.
Encontra-te no Presépio E sê família, que acolhe o dom da vida.
Encontra-te no Presépio E sê parto de Deus, que te visita.
Encontra-te no Presépio E sê voz, que de tudo faz canto de paz.
Encontra-te no Presépio. E sê olhar, que sabe que é a ovelha quem contempla o Pastor.
Encontra-te no Presépio E sê forma de vida ajoelhada, perante Aquele que é a Vida.
Encontra-te no Presépio E nasce Presépio!
(Eugénia Magalhães) |
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Papa condena escravatura
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O Papa Francisco denuncia na sua mensagem para o 48.º Dia Mundial da Paz o “fenómeno abominável” da escravatura e do tráfico de pessoas, apelando ao compromisso de governos, empresas, religiões e sociedade civil. “Ainda hoje milhões de pessoas – crianças, homens e mulheres de todas as idades – são privadas da liberdade e constrangidas a viver em condições semelhantes às da escravatura”, escreve, no texto apresentado pelo Vaticano. Na segunda mensagem para esta celebração anual, assinalada a 1 de janeiro, o Papa escolheu como tema ‘Já não escravos, mas irmãos’, condenando a “rejeição do outro, maus-tratos às pessoas, violação da dignidade e dos direitos fundamentais, institucionalização de desigualdades”. Francisco fala sobre as “múltiplas faces da escravatura”, recordando trabalhadores e trabalhadoras, incluindo menores, “escravizados nos mais diversos setores”; os imigrantes remetidos para a clandestinidade ou para “condições indignas” de vida e trabalho. |
“Sim! Penso no «trabalho escravo»”, alerta o Papa, desafiando as empresas a “garantir aos seus empregados condições de trabalho dignas e salários adequados” e a “vigiar para que não tenham lugar, nas cadeias de distribuição, formas de servidão ou tráfico de pessoas humanas”.
A mensagem alude ainda às redes de prostituição, aos casamentos forçados, ao tráfico e comercialização de órgãos, às crianças-soldados, aos pedintes, ao recrutamento para produção ou venda de drogas e a formas disfarçadas de adoção internacional. O Papa chama a atenção para “aqueles que são raptados e mantidos em cativeiro por grupos terroristas”, servindo como “combatentes” ou como “escravas sexuais”. “O flagelo generalizado da exploração do homem pelo homem fere gravemente a vida de comunhão e a vocação a tecer relações interpessoais marcadas pelo respeito, a justiça e a caridade”, assinala a mensagem. Face à dimensão atual do problema, Francisco propõe um compromisso global de “prevenção, proteção das vítimas e ação judicial contra |
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os responsáveis” pelas formas de escravatura e tráfico humanos. “Tal como as organizações criminosas usam redes globais para alcançar os seus objetivos, assim também a ação para vencer este fenómeno requer um esforço comum e igualmente global por parte dos diferentes atores que compõem a sociedade”, explica. O Papa espera uma “mobilização de dimensões comparáveis às do próprio fenómeno” para combater o “flagelo da escravidão contemporânea”, pedindo às instituições e a cada um que “não se tornem cúmplices deste mal, não afastem o olhar à vista dos |
sofrimentos de seus irmãos e irmãs em humanidade, privados de liberdade e dignidade”. No início deste mês, o Papa uniu-se a vários líderes religiosos mundiais, no Vaticano, numa declaração comum pela erradicação da escravatura até 2020. A mensagem para o Dia Mundial da Paz 2015 deixa uma oração “a fim de que cessem as guerras, os conflitos e os inúmeros sofrimentos provocados quer pela mão do homem quer por velhas e novas epidemias e pelos efeitos devastadores das calamidades naturais”. |
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O verdadeiro Sínodo |
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O Papa apresentou no Vaticano a sua visão sobre o último Sínodo extraordinário dos Bispos, lamentando que os media e a opinião pública tenham vistos os trabalhos como os de um “parlamento” ou uma competição desportiva. “Nenhuma intervenção colocou em discussão as verdades fundamentais do sacramento do Matrimónio, nenhuma intervenção, isto é: a indissolubilidade, a unidade, a fidelidade e a abertura à vida. Isto não foi tocado”, declarou, durante a audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro, perante milhares de pessoas. Francisco iniciou um ciclo de catequeses sobre a família, o tema que foi abordado na assembleia sinodal extraordinária em outubro deste ano e que vai estar também no centro do próximo Sínodo dos Bispos, em 2015. “Temos de saber que o Sínodo não é um parlamento: vem o representante desta Igreja, desta Igreja, daquela Igreja… Não, não é isso”, precisou. Segundo o Papa, em vez de um estrutura parlamentar, o Sínodo é “um espaço protegido para que o Espírito Santo possa trabalhar” e, neste caso, houve “transparência” |
para que se soubesse “aquilo que estava a acontecer”. Francisco assinalou que “durante o Sínodo, os media fizeram o seu trabalho”, agradecendo essa atenção, mas lamentou que a visão apresentada seguisse “o estilo das crónicas desportivas ou políticas”. “Falava-se muitas vezes de duas equipas, prós e contras, conversadores e progressistas, etc. Hoje gostaria de contar aquilo que foi o Sínodo”, disse.
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46 perguntas para o Sínodo 2015 |
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O Vaticano apresentou esta terça-feira o documento preparatório (‘lineamenta’) para o Sínodo 2015, no qual se apresentam 46 perguntas sobre temas como a pastoral dos divorciados ou acolhimento dos homossexuais, para além das propostas sobre o “Evangelho da Família”. “A pastoral sacramental em relação aos divorciados recasados precisa de um novo aprofundamento”, assinala o texto, que acrescenta as questões e algumas reflexões ao relatório final da assembleia geral extraordinária do Sínodo que decorreu em outubro deste ano. O documento pede sugestões para “precaver formas de impedimentos indevidos ou desnecessários”, no caso destas pessoas, que estão atualmente afastadas do acesso à Comunhão. “Como tornar mais acessíveis e ágeis, de preferência gratuitos, os |
procedimentos para o reconhecimento dos casos de nulidade?”, é outra das perguntas. O texto foi enviado às Conferências Episcopais, aos responsáveis dos Institutos Religiosos e aos organismos da Cúria Romana, para recolha de contributos. “O cuidado pastoral das pessoas com tendência homossexual coloca hoje novos desafios, devido também à maneira como são socialmente propostos os seus direitos”, pode ler-se, na versão original, em italiano, divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé, no qual se fala na necessidade de uma pastoral com a “arte do acompanhamento”. Os ‘lineamenta’ apelam ainda a um compromisso mais efetivo na “transmissão da vida” e para enfrentar o “desafio da quebra da natalidade”. “Como é que a Igreja combate a chaga do aborto, promovendo uma cultura eficaz da vida?”, questiona-se. Os vários organismos que recebem o documento são chamados a envolver, na sua discussão, as comunidades católicas e “instituições académicas, organizações, movimentos laicais e outras instâncias eclesiais”, a fim de “promover uma ampla consulta sobre a família segundo a orientação e o espírito do processo sinodal”.
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Um Sínodo em amadurecimento |
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Passado quase um mês após a conclusão do Sínodo dos Bispos e depois de se ter lido os textos divulgados, é convicção deste grupo de leigos que, desde Fevereiro de 2012 se tem empenhado em acolher todos os casais recasados cujo primeiro casamento foi católico, o Sínodo não acabou. Pelo contrário, começou agora verdadeiramente com a aprovação do «Relatio Sínodo» em 18 de Outubro, documento este que será colocado à discussão nas dioceses e paróquias. Citando o Papa Francisco no discurso de encerramento do Sínodo: «agora temos ainda um ano para amadurecer, com verdadeiro discernimento espiritual, as ideias propostas e encontrar soluções concretas às muitas dificuldades e inumeráveis desafios que as famílias devem enfrentar; dar respostas aos tantos desencorajamentos que circundam e sufocam as famílias.» Por outro lado, no próprio «Relatio Sínodo», no seu ponto 52, é aberta a possibilidade de um acolhimento não generalizado à comunhão para os recasados, nalgumas situações particulares e com condições bem definidas, precedido de um |
caminho penitencial, sob a responsabilidade do bispo diocesano. Este ponto foi votado pela maioria dos presentes, embora não tenha obtido os dois terços que eram exigidos inicialmente. Sendo certo que a realidade social obriga a Igreja a repensar a sua ação pastoral para a família não é possível afastar-se, como referiu o Santo Padre, “das verdades fundamentais do sacramento do matrimónio: a indissolubilidade, a unidade, a fidelidade e a procriatividade, ou abertura à vida”. No entanto, a Igreja, verdadeira esposa de Cristo, tem de estar preparada para assumir a sua missão de acolher a todos, justos e pecadores. Realçamos a sensibilidade de todos os que participaram no sínodo para as feridas que resultam de uma separação ou de um divórcio quer para os cônjuges quer para os filhos, reconhecendo a urgência de caminhos pastorais novos. Partindo da efetiva realidade das fragilidades familiares e dos diversos fatores despoletadores, é necessário “um olhar diferenciado”, como sugeriu S. João Paulo II na sua encíclica Familiaris Consortio. |
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Ainda que os resultados do sínodo não tenham correspondido às expectativas iniciais que alguns meios de comunicação social divulgaram, fica a certeza de que não há perdedores, a Igreja não está dividida antes está viva. Debateram-se ideias, expressaram-se opiniões e, |
citando o padre Anselmo Borges “criou-se um clima e abriram-se portas que já não são possíveis fechar”. É isto que nos anima e alenta para continuar o caminho a que nos propusemos.
O grupo de leigos (www.facebook.com/recasados) |
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Um Presépio na Cidade |
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http://www.presepionacidade.org/
Porque já estamos a caminhar a passos largos para o Natal de Jesus, esta semana propomos uma visita ao sítio de um “projeto de leigos católicos que nasceu em Lisboa no ano 2000 - ano do Jubileu - com a intenção de celebrar em grande festa o Nascimento de Jesus, convidando a cidade a aproximar-se e a participar deste grande Acontecimento”. Ao entrarmos neste espaço encontramos um ambiente eminentemente informativo com uma apresentação gráfica bem enquadrada e uma distribuição de conteúdos perfeitamente ajustada. Dar a conhecer o Menino Jesus à Cidade, repor o verdadeiro sentido do Natal, juntar o maior número de pessoas na Via da Alegria, procurar que muitas grávidas recebam a bênção pela sua maternidade e ainda levantar os valores da Família e da Vida, são os objetivos que presidem a este projeto e que podem ser consultados na opção “presépio na cidade”. Um dos momentos mais altos deste projeto é a “bênção das grávidas”. |
Esta é uma “bênção especial às grávidas e seus bebés, bem como às suas famílias, para que se sintam amadas e protegidas por Jesus Cristo e Sua Mãe Maria Santíssima, que também se encontra grávida de Seu Filho, por esta ocasião”. É nesta opção que nos podemos inscrever para participar nesta bênção. No dia 20 de dezembro acontece a Via da Alegria que “é uma procissão pelas ruas de Lisboa, e que simboliza o caminho que a Sagrada Família fez até Belém, onde Maria deu à Luz, Jesus, o Salvador do Mundo”. Naturalmente que é também neste item que nos podemos inscrever para participar nesta procissão. Caso pretenda conhecer ao detalhe toda a programação que foi delicadamente preparada para estar presente, pelo décimo quinto ano consecutivo, de 5 a 22 de Dezembro entre as 14 e as 19h, na Rua Garrett em Lisboa, basta que aceda a “agenda”. Na opção “construção de presépios” fica a conhecer um pouco mais sobre a construção de figuras do Presépio, que tem “como objetivo fazer com que a sociedade participe para um |
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Bem comum, e que é dar um pouco do nosso tempo, da nossa alegria, da nossa capacidade de “fazer”, aqueles que sofrem, que estão sós e que como todas as pessoas precisam e gostam de se sentir amados”. Caso viva perto de Lisboa ou se for |
visitar a nossa capital neste Advento, porque não passar pela Rua Garret e assim participar num projeto que mostra o verdadeiro sentido do Natal num espaço público.
Fernando Cassola Marques |
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Os católicos no 25 de Abril |
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O Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP), da Universidade Católica Portuguesa, lançou um número especial da revista ‘Povos e Culturas’, dedicada ao papel dos católicos no 25 de Abril. “A sociedade portuguesa sabe que os católicos no antigo regime tiveram um papel importante, através das associações e dos grupos de jovens, numa ação dirigente, sem alaridos, feita com muita persistência”, refere à Agência ECCLESIA Artur Teodoro de Matos, da direção do CEPCEP. O responsável sublinha que este trabalho foi fundamental na “instauração do novo regime democrático”, porque além do golpe militar houve “aspetos que já vinham de antes”. “Pouco se falou sobre a ação dos católicos e foi por isso que entendemos chamá-los, através de estudos e de depoimentos”, acrescenta. A obra, com contributos de mais de 30 autores, foi lançada esta terça-feira em Lisboa. Roberto Carneiro, presidente da direção do CEPCEP, fala na necessidade de sublinhar o papel dos católicos, 40 anos depois do 25 |
de Abril, através de “um bom contributo para a historiografia contemporânea”. ‘Católicos portugueses e democracia’ é a reflexão apresentada por Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Centro Nacional de Cultura, que sublinha à Agência ECCLESIA a “importância muito significativa” dos membros da Igreja neste processo. O especialista sublinha que a partir de 1945, após o fim da II Guerra Mundial, houve uma grande expetativa de abertura e “um grupo significativo de católicos, ainda assim, se afirmou, inclusive no Movimento de Unidade Democrática”. Guilherme d’Oliveira Martins recorda ainda a candidatura de Humberto Delgado, em 1958, e a ação de Francisco Lino Neto “ao reivindicar a abertura do regime” com um “forte empenhamento social”, bem como a revista ‘O tempo e o modo’, que se publicou pela primeira vez em 1963, ligada ao Centro Nacional de Cultura, sob a direção de António Alçada Batista. Manuel Braga da Cruz, antigo reitor da UCP, apresenta reflexões sobre ‘A Igreja e a ordem democrática’ e outro texto sobre Adérito Sedas |
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Nunes, realçando que muitos católicos “contribuíram para que a ordem democrática se fosse instalando em Portugal”. “Há aqui alguma componente doutrinária, não apenas histórica |
e testemunhal, com elementos para o futuro que colocam aos católicos responsabilidades de construção de uma ordem democrática mais livre, mais justa”, refere, a respeito do mais recente número da ‘Povos e Culturas’. |
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II Concílio do Vaticano: O leigo
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O teólogo Karl Rahner teve um papel central nos trabalhos conciliares (1962-1965) e foi um dos principais divulgadores do II Concílio do Vaticano. Este sacerdote jesuíta (Friburgo 5 de março de 1904 - Innsbruck, 30 de março de 1984) foi um dos mais influentes teólogos do século XX. Para muitos especialistas, sua teologia marca a entrada da Igreja Católica na modernidade. Entre outros temas, Karl Rahner aborda o pluralismo religioso, a espiritualidade, o pós-modernismo, o ecumenismo, a ética e seus desdobramentos na política e na teologia feminista. Em 1965, foi um dos fundadores da revista «Concilium», juntamente com Antonie van den Boogaard, Paul Brand, Yves Congar, O.P., Hans Küng, Johann Baptist Metz e Edward Schillebeeckx, O.P. Karl Rahner constata que a situação dos leigos na Igreja é fruto da situação global desta porque desde o fim da época patrística, a Igreja transformou-se numa “sociedade institucional em que os leigos eram objetos de direção, mas não eram sujeitos ativos” (IN: «A identidade laical à luz do Concílio»; Teresa Martinho Pereira; Lisboa, UCP). Foi nesta linha que a palavra «leigo» foi compreendida durante muito tempo. Ele era aquele que estava excluído da hierarquia e esta era vista como a representação da Igreja junto do laicado. “É necessário retomar a dimensão positiva da identidade laical”, sublinha Teresa Martinho Pereira. Pelo batismo, os leigos são ungidos para serem templo de Deus, destinados “à comunidade dos que sabem e professam que Deus se apiedou do |
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mundo e que chamou à sua própria vida” (IN: «Fundamentación sacramental del estado laical en la Iglesia»; Karl Rahner, Madrid). A identidade positiva dos leigos reside, portanto, na qualidade de membros da Igreja. Eles distinguem-se da hierarquia porque “não gozam dos poderes de natureza sacramental conferidos pela Ordem, nem têm jurisdição” (IN: «A identidade laical à luz do Concílio»; Teresa Martinho Pereira; Lisboa, UCP). A diferença entre leigos e os religiosos, por seu turno, está no estado de vida. “Os religiosos vivem os conselhos evangélicos como estado de vida, representando no mundo a transcendência da origem da Igreja. Os leigos vivem o seu estado de casados e envolvidos no mundo
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secular como opção de vida” (Cf obra de Teresa Martinho). Karl Rahner escreveu na obra «Fundamentación sacramental del estado laical en la Iglesia» que a missão do leigo batizado no contexto da missão da Igreja não é, “nem em primeiro nem em último lugar, entreter-se piedosamente aos domingos, nem é tomar parte na procissão do Corpus justo dos membros mais destacados da paróquia, do partido ou do catolicismo local, não é votar a candidatura católica, não é pagar pacientemente o imposto eclesiástico, mas é a consciência radical, e que revoluciona tudo, de que um batizado tem uma infinita missão como cristão precisamente ao encontrar-se e ao viver na sua profissão normal, na sua família” que a Igreja está ali. |
Dezembro2014 |
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Dia 12
* Aveiro - Encontro de Natal da Cáritas da Diocese de Aveiro com a presença de D. António Moiteiro
* Porto - Igreja dos Clérigos - Reabertura da Igreja dos Clérigos
* Lamego - O bispo de Lamego, D. António Couto, participa na festa de Natal dos reclusos.
* Vaticano - Basílica de São Pedro - Celebração presidida pelo Papa Francisco pela América Latina para assinalar a festa de Nossa Senhora de Guadalupe.
* Braga - Auditório Vita - Conversa sobre a obra «Na noite mora a promessa» com o padre Tolentino Mendonça e Isabel Varandas
* Braga - Famalicão (Universidade Lusíada) - Conferência sobre «Ciência e Religião: O avanço da ciência e o recuo de Deus?» com Carlos Fiolhais e o padre Álvaro Balsas promovida pela Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão.
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* Porto - Espinho (Centro Multimeios) - Mesa redonda sobre «Histórias de Perseguição» integrada na caminhada de Advento «Poderá uma luz nascer aqui?»
* Coimbra - Sé Nova - Concerto solidário de Natal com a participação de Choral Poliphónico de Coimbra, Coro Misto da Universidade de Coimbra e Orpheon Académico de Coimbra.
* Braga – Sé - Concerto de Natal na Sé de Natal com atuação do Coro e Orquestra Sinfónica do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga.
* Santarém - Torres Novas (Irmãs de São José de Cluny) - Retiro de Advento para jovens com o tema «Bem-Aventura-te!» (12 e 13)
Dia 13 de dezembro
* Santarém - Igreja da Piedade - Missa Cantada pela Schola Cantorum Catedral Santarém |
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* Algarve – Ferragudo - Retiro de Advento para membros da ACEGE orientado pelo padre jesuíta, Luis Ferreira do Amaral.
* Coimbra - Paróquia de São José - A Paróquia de São José (Coimbra) promove (até 21 de dezembro) o «Natal na Rua»
* Fátima - Peregrinação nacional de autocaravanistas
* Setúbal - Festa de Natal da Cáritas Diocesana
* Aveiro – Sé - Concerto de Natal na Sé de Aveiro com recital de órgão de tubos
* Lisboa - Fórum Picoas - Colóquio sobre «A dimensão social da evangelização» promovido pela Comissão Nacional Justiça e Paz que conta com a presença do presidente da Cáritas Internacional, cardeal Oscar Maradiaga.
* Aveiro - Seminário de Aveiro - Retiro para agentes de pastoral de Aveiro orientado pelo padre José António Carneiro
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* Lisboa - Igreja do Sagrado Coração de Jesus - Simpósio para analisar o primeiro guião do Sínodo Diocesano
* Porto - Casa de Vilar - O Movimento de Educadores Católicos da Diocese do Porto promove uma conferência sobre «A comunicação não verbal do Papa Francisco» proferida por Maria João Ribeiro.
* Lamego - Encontro dos consagrados (Irmãs Franciscanas) com D. António Couto.
* Coimbra - Mosteiro de Santa a Clara-a-Nova - Inauguração da exposição «Tesouros espirituais da Rainha Santa Isabel».
* Guimarães – FNAC - Lançamento do livro «A Mística do Instante» da autoria do padre Tolentino Mendonça com apresentação do padre Marcelino Paulo.
* Évora - Convento do Calvário - Escola Diocesana de Responsáveis com reflexão de Teresa Costa Pereira sobre «Igreja, que dizes de ti mesma?».
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Este sábado decorre o colóquio «A dimensão social da evangelização» promovido pela Comissão Nacional Justiça e Paz que conta com a presença do presidente da Cáritas Internacional, cardeal Oscar Maradiaga. O evento, no Fórum Picoas em Lisboa, a partir das 09h00, vai contar também com a presença do patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.
O músico e compositor português Rão Kyao vai lançar o cd «Sopro de Vida – Maria», este sábado, pelas 21h30, na Capela do Seminário de S. Paulo de Almada, sendo a entrada livre.
O Papa Francisco vai visitar este domingo, 14 de dezembro, a paróquia da Igreja São José, na periferia leste de Roma. A iniciativa vai decorrer entre as 16h00 e as 20h00 e surgiu na sequência de “um convite feito ao Papa argentino a 22 de abril de 2013”, pouco tempo depois do início do seu pontificado. Na sua deslocação àquela localidade, o Papa vai encontrar-se com uma comunidade de etnia “Rom” que estão a ser acompanhados pela paróquia, com famílias que batizaram as suas crianças durante este ano, com jovens, doentes e agentes pastorais dos diversos setores. |
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h18
RTP2, 15h30 ![]() Segunda-feira, dia 15 - Entrevista a Alfredo Bruto da Costa, até agora presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz. Terça-feira, dia 16 - Informação e apresentação de projetos de preparação do Natal nas aulas de MERC; Quarta-feira, dia 17 - Informação e entrevista ao padre Fernando Sampaio e Fernando Oliveira sobre a Pastoral da Saúde; Quinta-feira, dia 18 - Informação e entrevista ao padre Tony Neves sobre o Ano da Vida Consagrada; Sexta-feira, dia 19 - Apresentação da liturgia de domingo pelos padres Robson Cruz e Vitor Gonçalves.
Antena 1 Domingo, dia 14 de dezembro - 06h00 - A Espera no Advento e na vida: a expetativa do nascimento de uma criança na familia Amado e a espera de um emprego por Gonçalo Pio. Comentário com José Miguel Sardica.
Segunda a sexta-feira, 15 a 19 de dezembro - 22h45 - A Música no Natal: CD das Irmãs Carmelitas, Musica de Advento e Natal, Musicólogo Rui Vieira Nery, Antífonas Ó e CD do grupo Figo Maduro |
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O X Festival Nacional Jovem
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Os jovens que representaram a Diocese de Vila Real com a música “És a minha bússola”, conseguiram o primeiro lugar no X Festival Nacional Jovem Canção Mensagem que realizou-se no dia 6 de dezembro em Fátima. Com a música “Missionário da esperança”. A Diocese do Funchal conseguiu o segundo lugar e venceu também a distinção de melhor vídeo clip e os representantes do Patriarcado de Lisboa conseguiram o terceiro lugar com a música “Fé e Caridade”.
> Letras das músicas do festival
Diocese de Vila Real“Foi com muito orgulho que nós, Grupo Christianorum, representamos a Diocese de Vila Real. Foi sem dúvida um grande dia em que partilhámos experiências e a mesma fé num só Deus que é amor! Saímos de Fátima com o coração cheio de sorrisos e alegria pois fomos |
capazes de louvar a Deus em uníssono e ao ritmo de um mesmo lema! Queremos que o Senhor seja a nossa bússola, e que nos ilumine na generosa missão de evangelizar cada vez mais através do dom da música! Grupo Christianorum
Diocese do Funchal
“É maravilhoso louvar o Senhor rodeado de jovens que acreditam no mesmo que nós e que não têm medo de partilhar a alegria que é ser cristão. Em cada canção há uma mensagem que nos chega e que podemos transmitir e é através dela que Deus também nos fala.
Regressamos com o 2º Lugar e Melhor Video-clip mas mais que isso foi voltarmos transformados e motivados para continuarmos a ser “Missionários da Esperança”.
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Patriarcado de Lisboa
O nosso objetivo era criar algo diferente, uma música com que os jovens se identificassem.
O júri foi composto por quatro elementos: em representação do |
Secretário de Estado da Juventude e Desporto, Ivo Santos; Sebastião Antunes, músico e compositor, sobejamente conhecido pela banda Quadrilha; a jornalista e escritora Laurinda Alves e o padre António Jorge, da pastoral juvenil da Diocese de Viseu, que representou o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil.
No palco do Centro Paulo VI o alinhamento foi: Bragança-Miranda; Guarda; Viana do Castelo; Lisboa; Algarve; Setúbal; Vila Real; Coimbra; Funchal; Lamego; Leiria-Fátima; Aveiro; Beja; Porto. |
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Ano B – 3º domingo do Advento |
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Viver alegres
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Os textos bíblicos deste 3º Domingo do Advento garantem-nos que Deus tem um projeto de salvação e de vida plena para propor aos homens e para os fazer passar das trevas à luz. Na primeira leitura, um profeta ungido pelo Espírito anuncia um tempo novo, de vida plena e de felicidade sem fim, um tempo de salvação que Deus vai oferecer aos pobres. Na segunda leitura, Paulo diz-nos qual a atitude que é preciso assumir enquanto se espera o Senhor que vem. O convite é bem concreto para todos nós: vivei sempre alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias, não apagueis o Espírito, não desprezeis os dons proféticos, conservai tudo o que for bom, afastai-vos de toda a espécie de mal, acolhei o Deus da paz que vos santifica totalmente. O Evangelho apresenta-nos João Batista, a voz que prepara os homens para acolher Jesus, a luz do mundo. Que significa isso para nós? Implica abandonar a mentira, os comportamentos egoístas, as atitudes injustas, os gestos de violência, os preconceitos, a instalação, o comodismo, a autossuficiência, tudo o que desfeia a nossa vida, nos torna escravos e nos impede de chegar à verdadeira felicidade. Implica olhar para Jesus, pois só Ele é a luz e só Ele tem uma proposta de vida verdadeira para apresentar aos homens. À nossa volta abundam propostas de felicidade que nos seduzem, manipulam e nos deixam infelizes. Só Jesus é a luz que liberta os homens da escravidão e das trevas e lhes oferece a vida verdadeira e definitiva. Implica pensarmos sobre a forma de Deus atuar na história humana e sobre as responsabilidades que |
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Deus nos atribui na recriação do mundo. Deus não utiliza métodos espetaculares e assombrosos para intervir na nossa história e para recriar o mundo; mas Ele vem ao encontro dos homens e do mundo para os envolver no seu amor através de pessoas concretas, com um nome e uma história, pessoas normais a quem Deus chama e a quem confia determinada missão. A todos nós, seus filhos, Deus confia uma missão no mundo, dar testemunho da luz e de tornar presente, para os nossos irmãos, a proposta libertadora de Jesus. Levemos a Palavra para o coração do |
nosso quotidiano, em esperança e alegria. O nosso olhar sobre os outros e sobre o mundo deve continuar a ser transformado nesta terceira semana de Advento: passar da contestação à bondade, procurar ter uma expressão de sorriso em cada encontro, saudar o outro como um irmão que Deus ama e desejar-lhe todo o bem que Deus quer para ele. A alegria cristã não está ao nível de um otimismo simplista, mas coloca a esperança, possível e credível pela Palavra feita carne, no coração da vida quotidiana.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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Também no Hospital eu posso
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O SAER: o serviço da espiritualidadeO internamento hospitalar não impede a vivência e a prática de fé e culto. Pelo contrário, os hospitais não só reconhecem o direito a uma vida espiritual e prática religiosa livre, como também promovem esse direito e reconhecem os seus benefícios na luta contra o sofrimento. Existe, por isso, nos hospitais públicos (e porque é que só existe em alguns privados?) um SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL E RELIGIOSA (SAER), antes designado de Capelania. Este serviço é regulado pelo Decreto – lei 253/2009. São aí descritos os direitos do doente ao nível da prática religiosa, os direitos e deveres dos assistentes espirituais e o modo de funcionamento do SAER para que, de uma forma organizada e regular, responda às necessidades espirituais e religiosas dos doentes internados.
Como aceder ao SAER?A assistência espiritual e religiosa é um direito do doente, afirmamos. |
A Assistência espiritual e religiosa é prestada ao utente a solicitação do próprio ou dos seus familiares ou outros cuja proximidade ao utente seja significativa, quando este não a possa solicitar e se presuma ser essa a sua vontade. (Decreto Lei 253/2009, art. 4)
Sendo assim e porque é do seu interesse, é o doente quem tem o dever e o direito de solicitar a visita do assistente espiritual e religioso ou capelão aos enfermeiros de serviço.
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Assistência religiosa e cuidados de saúde:
“Se tiver de ser internado(a), não esqueça, peça a visita do capelão aos enfermeiros logo no início do internamento. Não fique à espera”. (Comissão Nacional da Pastoral da Saúde)
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Deve fazê-lo por si mesmo de viva voz ou por escrito. Não o podendo fazer por si mesmo, devem fazê-lo os familiares ou alguém para ele significativo. Não deve, por isso, o doente ficar à espera que o assistente espiritual ou capelão passe pelas |
enfermarias ou alguém da capela. O doente deve tomar a iniciativa. Ao fazê-lo, realiza um ato de liberdade; em segundo lugar, afirma os seus direitos; e, em terceiro, garante os direitos de outros doentes crentes desde agora e para o futuro. |
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Vocação de clausura surgiu pela internet |
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As religiosas de clausura do Mosteiro de Santa Clara, em Monte Real, Diocese de Leiria-Fátima, celebraram este domingo a profissão perpétua de uma vocação que nasceu há mais de uma década, com a ajuda da internet. “Interrogava-me sobre o caminho |
a seguir e qual seria a vontade de Deus e foi nesse caminho que fui percebendo que Deus me chamava à vida consagrada”, conta a irmã Marina Sofia, com 28 anos de idade. A religiosa explicou à Agência ECCLESIA que considera a escolha responsabilidade “do Senhor”, a partir do momento em que recebeu o sacramento do Crisma, aos 18 anos. Como “não conhecia muito” sobre vida consagrada, a jovem pesquisou na internet e encontrou o sítio online das Irmãs Clarissas, do Mosteiro de Santa Clara e do Santíssimo Sacramento de Monte Real e decidiu conhecê-las. “Foi o primeiro que encontrei e não procurei mais. Acho que acertei”, acrescentou a freira que segue a regras de Santa Clara de Assis. A irmã Marina Sofia revela que depois da primeira experiência no mosteiro, “passado mais ou menos um mês”, decidiu ingressar na ordem religiosa de clausura.
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“Fiquei encantada pela alegria das irmãs, pela paz que se sente neste lugar, não entrei propriamente na parte do mosteiro, e também pelo facto desta comunidade ter adoração eucarística permanente, foi o que principalmente me atraiu”, desenvolveu.
Segundo a irmã Marina Sofia, foi “um bocadinho difícil” comunicar à sua família a opção de vida pela clausura, porque não estavam à espera.
“Embora para algumas pessoas da família fosse um pouco estranho e, não aceitassem muito bem, não se opuseram, antes pelo contrário”, desenvolve a irmã clarissa que neste contexto destaca o seu pai. “Para ele foi um pouco difícil de compreender, mas não se opôs e fez questão de me vir trazer”, recorda. Para a entrevistada, a consagração perpétua “já é um testemunho” para que surjam mais vocações, para aqueles que “estiverem atentos” procurem “onde o Senhor os chama, espera”. A Igreja vive até 2 de fevereiro de
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2016 o Ano da Vida Consagrada, convocado pelo Papa Francisco, e para a irmã Marina Sofia o ‘sim’ definitivo neste contexto é “um momento bonito” porque passa “a fazer parte da grande família que são os consagrados”. “Através da minha oração, do silêncio na clausura, na adoração, também ajudo esta Igreja a levar Cristo aqueles que não O conhecem, que mais necessitam de ajuda”, destacou. O dia-a-dia no Mosteiro de Santa Clara, em Monte Real, Diocese deLeiria-Fátima, começa às 07h00 com as irmãs clarissas reunidas para o canto de laudes e oração da primeira hora intermédia. Depois, ao longo do dia têm diversos momentos de oração, meditação e trabalhos específicos; ao fim do dia, às 17h20, rezam o rosário; segue-se a Eucaristia, e no fim do jantar a comunidade reúne-se, diverte-se e informa-se sobre “notícias do mundo e da Igreja”, antes da última oração comunitária, às 21h30, quando recolhem “às celas para o descanso da noite”. |
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Religiosas contra o tráfico de Pessoas |
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Francisco, na sua mensagem para o 48.º Dia Mundial da Paz (1 de janeiro de 2015), deixa uma palavra de apreço pelo trabalho que muitas congregações religiosas realizam contra o tráfico de pessoas.
“Apraz-me mencionar o enorme trabalho que muitas congregações religiosas, especialmente femininas, realizam silenciosamente, há tantos anos, a favor das vítimas. Tais institutos atuam em contextos difíceis, por vezes dominados pela violência, procurando quebrar as cadeias invisíveis que mantêm as vítimas presas aos seus traficantes e exploradores; cadeias, cujos elos são feitos não só de subtis mecanismos psicológicos que tornam as vítimas dependentes dos seus algozes, através de chantagem e ameaça a eles e aos seus entes queridos, mas também através de meios materiais, como a apreensão dos documentos de identidade e a violência física. A atividade das congregações religiosas está articulada a três níveis principais: o socorro às vítimas, a sua reabilitação sob o perfil psicológico e formativo e a sua reintegração na sociedade de destino ou de origem. |
Este trabalho imenso, que requer coragem, paciência e perseverança, merece o aplauso da Igreja inteira e da sociedade. Naturalmente o aplauso, por si só, não basta para se pôr termo ao flagelo da exploração da pessoa humana. Faz falta também um triplo empenho a nível institucional: prevenção, proteção das vítimas e ação judicial contra os responsáveis. Além disso, assim como as organizações criminosas usam redes globais para alcançar os seus objetivos, assim também a ação para vencer este fenómeno requer um esforço comum e igualmente global por parte dos diferentes atores que compõem a sociedade”.
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Vida consagrada:
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Desta vez sou mesmo um "leigo" na matéria. Foi o que me pediram: um olhar vindo "de fora" da vida consagrada. Foi em casa, era eu pequeno. Duas simpáticas freiras de hábito negro, responsáveis do instituto nosso vizinho para jovens carenciadas, vieram visitar-nos. Naquela idade tudo é mistério, mas aquelas freirinhas pareceram-me um mistério do outro mundo. Pelo que faziam, pelo sorriso, pela mansidão. Vinham do além, e a minha intuição era certa. Depois soube que aquilo era "vida consagrada". E soube que, estando todos na Igreja chamados a viver totalmente em Deus, também há outra acepção diferente e ampla de 'consagração' que é a baptismal, que transforma em filhos de Deus, nos une a Ele, e a cada um responsabiliza pelo anúncio evangelizador. Porém, em sentido rigoroso, a "vida consagrada", própria deste Ano, é a vida dos que "se puseram ao serviço da humanidade, à qual eram enviados pelo Espírito servindo-a dos mais diversos modos: com a intercessão, |
a pregação do Evangelho, a catequese, a instrução, o serviço aos pobres, aos doentes…" (citei o Papa Francisco). O leigo, que não é chamado a uma santidade menor, tem uma missão diferente. Ao leigo é confiada a construção do mundo. Deve não só encontrar Deus no mundo – mas construir o mundo. Como Jesus até aos 30 anos. Após a morte responderá às previsíveis perguntas "foste caridoso?", "ajudaste o pobre?", "visitaste o preso?", e perguntas "laicais" como "puseste a mesa?", "votaste na junta?", "combateste o nemátodo do pinheiro", "fizeste desporto?", "descobriste novos usos para a cortiça?", "contaste anedotas aos filhos?", "respondeste aos emails?". O mundo dos cidadãos comuns tem, porém, imenso a ver com a vida consagrada. Num encontro do "Passo a Rezar" no Carmelo de Fátima, a Madre superior explicou-nos que ela, e as outras carmelitas, não estavam atrás das grades por não gostarem do mundo – do trabalho, da família, da confusão da vida em sociedade – mas por gostarem "demasiado" |
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do mundo, ao ponto de entregarem a vida para pedir a Deus pelos que andam no mundo. É mesmo assim e é impressionante, qualquer que seja a expressão, mais contemplativa ou activa, da vida consagrada. Pertencemo-nos uns aos outros e estamos ligados por dentro. O leigo quer e agradece: a dedicação dos consagrados que ensinam, a clausura dos que oram, o hábito dos que têm habito, o carinho dos que |
confortam desvalidos, o estudo dos que pensam a imensidão de Deus. O leigo precisa que o consagrado seja alegre na sua vocação, a viva genuína sem adaptações artificiais, fale dela e a proponha, e acredite que o seu carisma faz cada vez mais falta ao mundo de hoje.
Pedro Gil Director do Gabinete de imprensa do Opus Dei |
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LEI DA BLASFÉMIA CONTINUA A ATERRORIZAR CRISTÃOS NO PAQUISTÃOA última esperança |
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A vida de Asia Bibi está nas mãos dos juízes do Supremo depois de o tribunal de recurso ter confirmado a primeira sentença: condenação à morte. Só uma forte campanha internacional poderá salvar esta cristã, mãe de 5 filhos. A sua vida está agora nas nossas mãos. É uma lei cobarde e mentirosa. Ao abrigo de falsas acusações de blasfémia, centenas de pessoas perderam a vida no Paquistão com a cumplicidade criminosa das autoridades. Basta uma mentira para se lançar uma multidão contra alguém, normalmente os mais fracos. Normalmente alguém que pertence a uma minoria religiosa. Como Asia Bibi. No início de Novembro, duas pessoas foram queimadas vivas no Punjab, por uma multidão enfurecida, depois de alguém ter gritado que eles teriam destruído folhas de um livro do Corão. Ele, Shehzab, tinha 26 anos. Ela, Shama, apenas 24. Eram marido e mulher. Pobres, muito pobres, analfabetos, trabalhavam numa fábrica de argila, num forno de tijolos onde acabaram por morrer. |
Dezenas de pessoas assistiram a tudo mas ninguém os defendeu. Regressemos a Junho de 2009. Dia 14. Asia Bibi está no campo, a trabalhar, quando decide ir a um poço beber um copo de água. Está muito calor. Ao regressar, ofereceu água a duas muçulmanas, que trabalhavam ali com ela. Elas acusaram-na de ter conspurcado a fonte, por ser cristã, infiel. Depois, acusaram-na de blasfémia, de ter insultado o profeta Maomé. A conversão resolveria tudo. Mas ela sempre recusou isso, mantendo-se fiel a Cristo, apesar do medo, dos insultos, da violência. Vida na cadeia Desde então, Asia Bibi está confinada a uma cela minúscula. Ela própria descreveu o medo e a angústia de estar ali fechada atrás de grades. “Não vejo mais nada senão as grades, o chão húmido e as paredes sujas de porcaria. Um cheiro a gordura, suor e urina invade tudo. Uma mistura insuportável, mesmo para uma rapariga do campo. Eu pensava que isto iria passar, mas não. É o cheiro da morte, ou do desespero…” |
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Dia 8 de Novembro de 2010. O juiz Naveed Iqbal está prestes a proferir a sentença sobre o caso de Asia Bibi. A sala está cheia de pessoas. “Asia Noreen Bibi, em virtude do artigo 295º C do código paquistanês, o tribunal condena-vos à pena capital por enforcamento e a uma multa de 300 mil rupias.” Mal o martelo soou sobre a secretária, proclamando que a sessão estava terminada, ouviram-se gritos de júbilo na sala.
Dezembro de 2014. Depois de mais |
uma sentença desfavorável, Asia Bibi só tem como único recurso o Supremo Tribunal de Justiça. Cada vez tem menos tempo. Quando se esgotam os argumentos jurídicos, sobra apenas a possibilidade de a comunidade internacional pressionar as autoridades do Paquistão para que Asia Bibi seja libertada e possa voltar para casa. E isto é também para si. O que se fizer, pode ser, para Asia Bibi, a última esperança! Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |
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Pelos Imigrantes,contra a Imigração traficada |
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Tony Neves |
O Papa Francisco foi a Lampedusa, a Ilha italiana no Mediterrâneo onde estão sempre a chegar imigrantes ilegais vindos do Norte de África. Foi a 8 de Julho de 2013, na primeira viagem fora de Roma deste Papa. Quis chamar a atenção da comunidade internacional para este drama, até porque são muitos os que morrem nas águas do mar e quase todos são vítimas do tráfico humano. Há muita gente enganada por redes mafiosas que prometem uma Europa de sucesso e, no fim da linha, aparece-lhes a morte ou o acantonamento provisório num dos campos de retenção temporária. Francisco agradeceu a hospitalidade e sentido de acolhimento por parte do povo da Ilha, mas lançou uma denúncia internacional contra a situação de um mundo em que há gente que tenta tudo e até arrisca a vida para sobreviver ou tentar viver com um pouco mais de dignidade. Momento alto desta visita foi o lançamento uma coroa de flores ao mar com o objetivo de chorar os mortos que ninguém chora. Os tempos passaram e os dramas na costa mediterrânica continuaram a acontecer, perante a passividade da comunidade internacional. A 25 de Novembro passado, Francisco foi ao Parlamento Eurpeu,a Estrasburgo e disse aos Eurodeputados: ‘É necessário enfrentar juntos a questão migratória. Não se pode tolerar que o Mar Mediterrâneo se torne um grande cemitério! Nos barcos que chegam diariamente às costas |
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europeias, há homens e mulheres que precisam de acolhimento e ajuda. A falta de um apoio mútuo no seio da União Europeia arrisca-se a incentivar soluções particularistas para o problema, que não têm em conta a dignidade humana dos migrantes, promovendo o trabalho servil e contínuas tensões sociais. A Europa será capaz de enfrentar as problemáticas relacionadas com a imigração, se souber propor com clareza a sua identidade cultural e implementar legislações adequadas capazes de tutelar os direitos dos cidadãos europeus e, ao mesmo tempo, garantir o acolhimento dos imigrantes; se souber adoptar políticas justas, corajosas e concretas que ajudem os seus países de origem no desenvolvimento sociopolítico e na superação dos conflitos internos – |
a principal causa deste fenómeno – em vez das políticas interesseiras que aumentam e nutrem tais conflitos. É necessário agir sobre as causas e não apenas sobre os efeitos’. Nesse mesmo dia, o Papa Francisco discursou no Conselho da Europa e apontou: ‘são numerosos os desafios do mundo contemporâneo que necessitam de estudo e de um empenhamento comum, a começar pelo acolhimento dos imigrantes, que precisam primariamente do essencial para viver, mas sobretudo que lhes seja reconhecida a sua dignidade de pessoas’. A imigração está no coração da agenda do Papa Francisco e tem que passar, com urgência, para todas as agendas que tem manda neste mundo. E isto deve acontecer antes que seja tarde demais! |
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“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”
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Identidade e valores |
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Manuel de Lemos Presidente da União das Misericórdias Portuguesas |
Chegamos ao fim de mais um ano. Um ano que não foi especialmente fácil para o nosso País. Dificuldades financeiras assolaram as famílias, o desemprego, apesar de ter registado ligeiras descidas, continua a ser uma realidade entre muitos portugueses. Mas a época natalícia enche-nos a todos de esperança. Todos desejamos que o futuro seja melhor, para nós, para as nossas famílias, para os nossos amigos, vizinhos etc. Por isso tudo, importa aproveitar esta quadra para a reflexão. Devemos todos, em conjunto e sempre, refletir sobre a sociedade que temos e queremos. Vivemos numa sociedade cada vez mais individualista e imediatista. A oportunidade do momento parece ter mais importância que a perenidade dos valores comuns, que a todos influencia. O descartável vai ganhando cada vez maior espaço e já não se limita a bens variados. Hoje, aquilo a que o Papa Francisco chamou de cultura do descarte chega mesmo a atingir seres humanos. Vivemos numa sociedade em que os idosos são muitas vezes descartados pelas suas famílias, os trabalhadores descartados pelas empresas que deslocalizam núcleos de produção para países mais vantajosos em termos fiscais e salariais, os jovens veem descartado o seu futuro quando não conseguem o trabalho que dignifica e os sonhos vão sendo protelados no tempo. Há ainda outros tantos grupos frágeis na nossa sociedade. São pessoas para quem o Natal nem sempre traz prendas, nem sempre traz algo ainda mais essencial: família, calor humano, afetos. Por todos eles, importa refletirmos sobre a sociedade que estamos a construir. Uma sociedade que privilegia os fins em detrimentos dos meios. Não importa |
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a que preço social, interessa apresentar bons resultados ao fim de cada ano de trabalho, mesmo que isso represente uma população cada vez mais vulnerável. Por isso, as Misericórdias têm uma responsabilidade acrescida. Além de apoiar as pessoas naquilo que são as suas necessidades mais prementes, as Santas Casas devem também saber transmitir os seus valores tão bem expressos nas 14 obras de misericórdia. Fraternidade e amor ao próximo serão porventura a essência deste ideal programático. Todos os dias e há mais de 500 anos, as obras de misericórdia têm vindo a sofrer alterações naquilo que é a sua concretização no terreno, mas há nelas algo de inerente, perene e distinto: a noção de que o bem-estar “do outro” importa tanto como “o meu próprio” bem-estar. Nisso reside o fundamental da nossa missão. É esta noção de que todos somos iguais, não importando a nossa fragilidade, idade, deficiência, situação financeira ou outra, que devemos saber valorizar e difundir. Esta é a marca que determina a nossa diferença. É a marca que assegura uma existência já com tantos séculos de passado e outros tantos, tenho a certeza, de futuro. Serviços humanizados, em que o meio não é preterido em relação ao fim, |
constituem a nossa identidade. Importa saber ouvir, saber ajudar e acarinhar todos aqueles que todos os dias passam por nós através de hospitais, unidades de cuidados continuados, lares de idosos, centros de dia, serviços de apoio domiciliário, lares de infância e juventude, centros de acolhimento para vítimas de violência, cantinas sociais, entre tantas outras respostas que por todo o País disponibilizamos para melhorar a vida daqueles que estão em situação de maior fragilidade. Interessa sempre cumprir requisitos de qualidade e padrões técnicos, assegurar a sustentabilidade que nos permite perdurar no tempo, mas estes fins não são colocados à frente das necessidades daqueles que nos procuram. Mais do que metas de gestão, importa ter a certeza de que aquele que temos diante de nós sente que tem voz, que tem valor e que poderá ter um futuro melhor. Esta é a nossa identidade. Prestamos serviços com valor social e, ao mesmo tempo, humanizados. Que em 2015 saibamos todos difundir ainda mais esta ideia de dignidade e respeito que todos queremos e merecemos. As dificuldades do País poderão não ter fim à vista mas que saibamos também transformar as adversidades em oportunidades para construção de uma sociedade mais coesa e mais justa. Boas festas. |
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