Editorial

Festas de Natal

Paulo Rocha
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Paulo Rocha, Agência ECCLESIA

Entre as muitas festas de Natal que acontecem em cada ano, há uma que se realiza há quase trinta e que é particularmente significativa. Não sou convidado nem depende de mim seja o que for para que ela seja muito importante, como tem sido. Normalmente vejo imagens do que acontece, ouço relatos, acolho experiências. Por vezes, contribuo para que outros possam ver essas imagens, ouvir os relatos e conhecer muitas das experiências que por lá passam.

Claro que a Festa de Natal por excelência é a que acontece na “Noite Feliz”, onde tudo é sinal do Mistério que se celebra. E mesmo que o ambiente criado para uma época do ano nem sempre tenha na sua origem convicções crentes, esse Acontecimento Maior da História da Humanidade, capaz de determinar uma viragem de era, de antes de Cristo para depois de Cristo, é sempre a referência cultural. Até quando é negada.

Mais do que combater símbolos estranhos ao Natal, sons que não afinam com esta quadra e hábitos que se distanciam de marcas da tradição, é bem mais estimulante ser cúmplice de histórias que recriam, em cada tempo, o ambiente natalício de luz e de paz.

Uma Festa de Natal só acontece quando há luz e paz de Belém para partilhar. Tudo o resto é esquecido. Até os presentes! Basta recordar como foram as festas de Natal das crianças que nos são mais próximas, nomeadamente os filhos. O que saiu do embrulho, o doce daquele dia ou o piscar da iluminação que rapidamente se fundiu talvez esteja perdido na memória. Mas a luz e a paz que se notavam no rosto de todas as crianças, tanto as que representavam o Menino Jesus, um pastor ou outra personagem de um presépio permanecem como marca desse Natal.

Mas esta não é a tal festa particularmente significativas. Trata-se de uma festa com frágeis da sociedade, com pessoas que, por circunstâncias várias, têm a rua por abrigo... Por uns dias, são convidados para uma Festa de Natal: a Festa de Natal da Comunidade Vida e Paz. Realiza-se há quase 30 anos e é uma oportunidade para oferecer afeto e segurança a quem vive na solidão. Mais do que uma refeição e uns brindes natalícios, esta Festa oferece o Natal! Cria o conforto físico e emocional para que mulheres e homens em situação de sem-abrigo possam reencontrar um projeto de vida, porque encontram um ambiente facilitador à resolução de problemas que pareciam sem solução, seja no âmbito da saúde, da higiene e até de apoio jurídico que possibilita recuperar, também por essa via, a cidadania.

Felizmente, há muitas festas como esta, não só a pensar nas pessoas que vivem em situação de sem-abrigo. Basta que ofereçam a luz e a paz de Belém. O Natal! 

Paulo Rocha



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