Bangladesh/Mianmar: «A presença de Deus hoje também se chama rohingya» - Francisco
Papa pediu perdão aos refugiados pelos que os perseguem e pela «indiferença»
Daca, 01 dez 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco manifestou hoje a sua solidariedade aos refugiados rohingya, em fuga do Mianmar para o Bangladesh, pedindo “perdão” pelos que os perseguem e pela “indiferença” do mundo.
“A presença de Deus hoje também se chama rohingya”, disse, na primeira vez em que o pontífice usou a palavra para se referir à minoria muçulmana do território birmanês nesta viagem à Ásia, iniciada na segunda-feira.
No final de um encontro,inter-religioso pela paz em Daca, capital do Bangladesh, o Papa cumprimento pessoalmente um grupo de 18 refugiados, de três famílias, aos quais disse que a sua tragédia “é muito dura e dolorosa”.
“Em nome de todos, os que vos perseguem, dos que vos fizeram mal, sobretudo pela indiferença do mundo, peço-vos perdão. Perdão”, disse, após ter saudado um a um os homens, mulheres e crianças que se deslocaram à sede da arquidiocese de Daca, acompanhados por responsáveis da Cáritas.
Francisco considerou que este gesto é “pouco” para a dimensão da tragédia vivida pela população, mas pediu que todos deem espaço para estas pessoas no seu coração.
“Tantos de vós falaram comigo do grande coração do Bangladesh, que vos acolheu. Agora, eu apelo ao vosso grande coração para que seja capaz de dar-nos o perdão que pedimo”, acrescentou.
O Papa sublinhou que na tradição judaico-cristã todos os seres humanos são “imagem de Deus”.
“Uma tradição das vossas religiões diz que Deus, no início, tomou um bocado de sal e atirou-o à água, que era a alma de todos os homens; cada um de nós tem dentro de si um pouco de sal divino, estes irmãos e irmãs trazem dentro de si o sal de Deus”, disse aos presentes, entre os quais representantes muçulmanos, hindus e budistas.
A intervenção, improvisada, criticou o “egoísmo do mundo”, pedindo maior atenção para a crise dos refugiados.
“Continuemos a fazer o bem, a ajudá-los; continuemos a mexer-nos para que os seus direitos sejam reconhecidos. Não fechemos o nosso coração, não desviemos o olhar para o outro lado”, apelou o Papa.
Francisco chegou esta segunda-feira ao Mianmar, onde permaneceu até quinta-feira de manhã, prosseguindo a sua 21ª viagem internacional no Bangladesh.
OC
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