Crise que afecta os migrantes Paulo Rocha 19 de Janeiro de 2009, às 15:28 ... Em tempos de crise, os imigrantes são muitas vezes “os primeiros a serem descartadosâ€, quando o trabalho e as fontes de subsistência são afectados negativamente pela recessão económica. Para D. António Vitalino, “é em tempo de crise que se demonstra aquilo que somos, amigos e irmãos solidários nas alegrias e tristezas, na dificuldade e penúria, ou inimigos e adversários, pensando que o bem de todos impossibilita o nossoâ€. O Presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana falava na missa do Dia Mundial do Migrante e Refugiado, na igreja da SantÃssima Trindade, em Fátima. Uma celebração que encerrava o IX Encontro de Animadores Sócio-pastorais das Migrações, que, durante 3 dias, debateu as oportunidades de missão que emergem da condição migrante das sociedades. Que tem na sua origem o facto de existir “muita gente a morrer de fome ou a viver em condições subhumanas e por isso anda pelo mundo à procura de um trabalho justamente remuneradoâ€. A esses é preciso dar atenção, como também os que “são obrigados a fugir das suas terras, para evitar a prisão, os maus tratos e a própria morte, vivendo como refugiados noutros paÃsesâ€. Com todos é necessário trabalhar, pela necessária “restituição da sua dignidade de seres humanos, que o anúncio do Evangelho de Jesus Cristo confereâ€. Para D. AntónioVitalino, é sobretudo necessário não ficar “calados e inertes perante a exploração dos estrangeiros na nossa sociedade, a quem muitas vezes é roubada a sua dignidade, separando-os das suas famÃlias, não retribuindo com justiça o seu trabalho ou explorando os seus corpos como mercadoria de prazer dos nossos vÃciosâ€. Por causa da crise Os trabalhos do Encontro, que reuniu mais de meia centena de lÃderes de estruturas eclesiais que trabalham com os migrantes, ficou marcado pelos momentos de crise que atravessa o mundo, nomeadamente a Europa. Crise não apenas económico-financeira, mas também social e demográfica. Pelas estimativas da União Europeia (UE), se a Europa fechar as entradas ou se as saÃdas forem iguais à s entradas, a UE diminui a população já em 2020. Para crescer a população na Europa, a imigração é inevitável. Até esse perÃodo, têm de entrar 2 milhões de pessoas de pessoas por ano. E para o rejuvenescimento da população, é preciso acolher 3 milhões de pessoas por ano. EstatÃsticas apresentadas Jorge Malheiros, investigador do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, que afirmou a inevitabilidade, apesar de tudo, do envelhecimento da população na Europa. “Os imigrantes são muito importantes para o crescimento demográfico, mas insuficientes para inverter o processo de envelhecimento da população, embora possam atenuá-loâ€, referiu Jorge Malheiro, afirmando que “os próximos anos serão com mais imigrantes e também com mais idososâ€, desafiando os presentes a se “adaptarem a sociedades envelhecidasâ€, também em Portugal. É, no entanto, a crise económico-financeira que mais atinge as comunidades migrantes. Mesmo sem dados rigorosos, os Secretariados Diocesanos da Mobilidade Humana e as Caritas Diocesanas têm verifica um crescimento de imigrante que procuram devido à perda do posto de trabalho. Frei Francisco Sales diz mesmo que “há gente a deixar o paÃs†porque o desemprego cresce e os imgrantes “são as primeiras vÃtimasâ€. Eugénio Fonseca, Presidente da Caritas Portuguesa, afirma que esta situação obriga a “reforçar o acolhimentoâ€. Na análise da crise que percorre as sociedades Ocidentais e no que ela atinge o mundo da mobilidade, Guilherme de Oliveira Martins defende a urgência de se desenvolverem “polÃticas de cooperação para o desenvolvimento†para que o fenómeno migratório não aumente o desemprego nos paÃses de acolhimento e se possam encontrar soluções nos paÃses de origem. Para Guilherme de Oliveira Martins, o problema do desemprego das populações imigrantes tem de ser resolvido também nos paÃses de origem, através da cooperação, sobretudo com os paÃses africanos por ser o continente com ausência de Ãndices de desenvolvimento. Por outro lado, afirma a necessidade de estar atento ao “aproveitamento†da crise por parte de empresas para “não assumirem as suas responsabilidades sociaisâ€, gerando o desemprego. “Estes momentos são de maior responsabilização socialâ€, referiu o Presidente do Tribunal de Contas. No seu documento conclusivo, os participantes no IX Encontro de Animadores Sócio-pastorais das Migrações afirmam a necessidade de fazer destes momentos de crise uma oportunidade também para os migrantes. Para além de polÃticas que fomentem a confiança económica, a coesão social e a justa distribuição da riqueza, interessa também “adequar hábitos, comportamentos e investimentos aos recursos disponÃveis, sem comprometer gerações futuras e abandonando a lógica da ilusãoâ€; na pastoral da Igreja, “criar, a partir da experiência dialogante da diversidade e da riqueza da comunicação inter-étnica, novas metodologias de partilha da fé em Jesus Cristoâ€. Na escola de S. Paulo, os agentes sócio-pastorais das migrações afirmam a necessidade de, por um lado, “fazer das diferenças nas comunidades uma ocasião de evangelização, a exemplo de São Paulo, na atenção e valorização recÃprocas†e de “partir ao encontro dos tecidos sociais de cada tempo e aà deixar a proposta do Evangelho, nas estruturas e organizações da sociedadeâ€. Evitar o “culturalismo†“Apoio e formação†são condições para quem deseje acolher sadiamente os imigrantes, nomeadamente numa ocasião em que as migrações são um fenómeno “jamais visto†nas sociedades europeias. Ele é necessário à Europa, embora directivas comunitárias acentuem as limitações à sua entrada na Europa. Uma certeza comunicada aos participantes no IX Encontro de Animadores Sócio-pastorais das migrações por D. Carlos Azevedo, que recordou também os tempos de recessão económica como “ameaça†à s populações migrantes, por causa da diminuição dos postos de trabalho e por estarem desprotegidas socialmente. O Presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social afirmou, na sessão de abertura do encontro que analisa o tema “Mobilidade global: uma oportunidade de missãoâ€, a necessidade de perceber a realidade. “Perceber que a integração é um processo, não uma condição préviaâ€. Diante de agentes sociais e pastorais, que trabalham com populações migrantes nos diferentes distritos do paÃs, ligados à Caritas ou aos Secretariados Diocesanos da Mobilidade Humana e também nas comunidades portuguesas na diáspora, D. Carlos Azevedo afirmou a necessidade de integrar integralmente os migrantes: pessoal, social e culturalmente. “Importa evitar o culturalismo, uma vez que as culturas são construções humanas em evoluçãoâ€, que integram diferentes contributos: de quem chega e de quem acolhe. Para D. Carlos Azevedo, é preciso “perder medo e adoptar o respeito mútuo†NotÃcias relacionadas • S. Paulo, migrante, Apóstolo das Gentes • Conclusões do IX Encontro de Animadores Sócio-pastorais das Migrações • PolÃticas de cooperação para combater o desemprego na Europa • Europa a envelhecer precisa dos imigrantes • Rostos de uma missão global • Perder o medo diante do estrangeiro Migrações Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...