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Frei Caetano Brandão recordado no bicentenário da sua morte

Diário do Minho
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Livros e busto lembram legado do Arcebispo “Pai dos Pobres”

Um busto, vários livros, umas jornadas científicas e uma exposição vão assinalar o bicentenário da morte de D. Frei Caetano Brandão, o Arcebispo que a Misericórdia de Braga apelida de “Pai dos Pobres” devido às preocupações que manifestou com as condições de vida da população. Estas iniciativas visam chamar a atenção para uma figura que teve uma actuação que ultrapassou largamente o âmbito geográfico da Arquidiocese de Braga. A ideia das comemorações partiu de Oliveira Ramos, que há cerca de um ano desafiou a Bracara Augusta – Revista de Cultura da Câmara Municipal de Braga a avançar. Sousa Fernandes explicou, ontem, em conferência de imprensa, que a equipa responsável pela publicação aceitou a sugestão, uma vez que se trata de uma figura que se «situa num ponto charneira da história de Braga» e que foi responsável pela dinamização de algumas instituições que ainda hoje desempenham um papel importante na vida da cidade. A Câmara de Braga, a Universidade Católica, a Santa Casa da Misericórdia de Braga, o Colégio de S. Caetano, o Seminário Conciliar, a Universidade do Minho, a Fundação Bracara Augusta, o Parque de Exposição de Braga associaram-se na elaboração do programa. O objectivo das comemorações é que elas deixem alguma coisa para a posteridade acerca do homem que esteve à frente da Arquidiocese de Braga entre 1789 e 1805. O responsável pela Comissão Promotora das Comemorações adiantou que é com essa intenção que vai ser inaugurado um busto e que vão ser editadas várias obras. Durante o próximo ano, vai ser lançado um volume com as comunicações do simpósio que decorre nos próximos dias 16 e 17 de Dezembro, um livro com uma selecção de textos de Frei Caetano Brandão e uma publicação ilustrada com trabalhos dos alunos do Colégio de S. Caetano. Sousa Fernandes referiu que este programa «praticamente não tem orçamento » no sentido formal, vivendo da boa vontade das instituições que estão envolvidas nas comemorações. Somando as contribuições dos vários intervenientes, os gastos devem ascender às dezenas de milhar de euros, o que para a organização é pouco tendo em conta o que está agendado e o vulto que está a ser homenageado Conferências e exposição dão a conhecer obra do Arcebispo O programa começa no dia 15 de Dezembro, pelas 19h00, no Colégio de S. Caetano, com uma eucaristia presidida pelo Arcebispo de Braga, seguida de um jantar de Natal com os alunos da instituição. O presidente do Conselho de Administração do Colégio, José Carlos Gonçalves Peixoto, refere que Frei Caetano Brandão iria gostar desta iniciativa, uma vez que ele costumava ter pobres a jantar à sua mesa. No dia 16, no salão nobre da Universidade do Minho, o local onde outrora o homenageado viveu, começa o simpósio, com a saudação de Sousa Fernandes. Segue-se a intervenção do vice-reitor da academia minhota Viriato Capela acerca da “Extinção da Relação Bracarense”. O director da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Católica, Oliveira Ramos, apresenta uma comunicação intitulada “A actualidade de D. Frei Caetano Brandão”. “D. Frei Caetano Brandão e o seu tempo” é o tema da mesa redonda que conta com a participação de José Paulo Abreu (Faculdade de Teologia), Maria do Rosário Azevedo Cruz (Universidade de Lisboa) e Zília Osório de Castro (Universidade Nova de Lisboa). A partir das 15h00, Franquelim Neiva Soares (UM) fala das “Pastorais de D. Frei Caetano Brandão”, padre Ronaldo Meneses (chanceler da Arquidiocese de Belém do Pará) de “D. Frei Caetano Brandão em Belém do Pará”, Elisa Lessa (UM) da “Música no tempo de D. Frei Caetano Brandão” e Aurélio de Oliveira (Universidade do Porto) dos “Sombreireiros de D. Frei Caetano Brandão”. A partir das 21h30, na Sé de Braga, há um concerto de música sacra ao tempo de D. Frei Caetano Brandão. No dia 17, a partir das 9h30, no auditório da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Católica, prossegue o simpósio, com a conferência de José Carlos Gonçalves Peixoto sobre “A intervenção sócio-educativa de D. Frei Caetano Brandão, no Pará e em Braga, no contexto do século das luzes”. Por seu turno, a investigadora do Fundo Documental da Santa Casa da Misericórdia de Braga, Maria de Fátima Castro, fala da “Escola Médico Cirúrgica de D. Frei Caetano Brandão” e o padre António de Sousa Araújo de “Leonardo Caetano de Araújo, benfeitor do Colégio de S. Caetano”. No final, é apresentado o livro “D. Frei Caetano Brandão (1740-1805), o testemunho da fé. A família”, de Francisco M. Ponces de Serpa Brandão. Pelas 14h30, na EB 2,3 Frei Caetano Brandão, é inaugurado um busto do homenageado. Uma hora depois, no Colégio de S. Caetano, é inaugurada uma exposição. A cerimónia é acompanhada pelo descerramento de uma placa comemorativa do bicentenário e de um concerto pelo Ensemble dos Biscainhos. A mostra gira em torno de quatro eixos centrais: do nascimento até ao Pará; a acção em Braga; o pensamento; e da vida à vida (memórias e homenagens que foram feitas a este Arcebispo). Esta exposição, que vai estar patente ao público até 8 de Janeiro, inclui material oriundo do arquivo do Colégio de S. Caetano, Arquivo Distrital, Biblioteca Pública, Seminário Conciliar, Santa Casa da Misericórdia, Colégio D. Pedro V e Paço Arquiepiscopal. Um catálogo acompanha esta iniciativa. O programa termina no dia 18, às 11h30, com um Pontifical na Sé de Braga, seguido de uma romagem ao túmulo, situado na capela da Senhora da Piedade. D. Frei Caetano Brandão é também evocado pela Santa Casa da Misericórdia de Braga, no próximo dia 7 de Dezembro. Esta instituição vai evocar quatro nomes que foram decisivos da história da fundação e consolidação da Irmandade da Misericórdia: D. Diogo de Sousa, Arcebispo da Fundação; Frei Bartolomeu dos Mártires, o Arcebispo Santo; D. Frei Caetano Brandão, o Pai dos Pobres; e D. Rodrigo de Moura Teles, o Provedor. A iniciativa é acompanhada pela conferência “Os quatro “Evangelhos” do episcopado bracarense”, proferida pelo cónego José Paulo Abreu.


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