Hungria: «Migrantes e refugiados lutam pela vida e portanto têm de ter abrigo», diz responsável portuguesa pelo setor
Governo magiar vai construir muro para limitar fluxo migratório para o paÃs
Lisboa, 09 jul 2015 (Ecclesia) – O Parlamento húngaro aprovou a construção de um muro com quatro metros de altura e 175 quilómetros de extensão, ao longo da fronteira com a Sérvia, no sentido de limitar a entrada de mais emigrantes no país.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, a diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) lamenta o modo como o Governo magiar “optou por construir o muro, porque de certa forma está a condenar todo um povo à morte”.
Em causa estão milhares de pessoas, sobretudo kosovares, sírios, iraquianos e afegãos que procuram escapar a fenómenos como a guerra e a crise social e económica nos seus países de origem.
Só este ano, já atravessaram a fronteira húngara mais de 72 mil pessoas.
Eugénia Quaresma recorda que “não é o povo que decide entrar em guerra” ou que é responsável por uma crise económica.
“Estas pessoas são vítimas e é preciso responsabilizar e atuar sobre quem está a provocar este movimento migratório, porque estes migrantes e refugiados estão a luta pela sobrevivência e portanto têm de ter abrigo”, aponta a diretor da OCPM.
Para a responsável católica, é preciso que a União Europeia e todos os Estados-membros comecem a olhar para esta questão com outros olhos e “deem uma resposta”, apoiando os países mais próximos das zonas de conflito e que, por isso, “estão mais pressionados”.
“Aquilo que está a faltar é esta cooperação, é este diálogo, ver como resolver estes conflitos, se podem ser resolvidos ao nível dos Estados”, complementa.
Sobre o perigo desta “onda” de fechamento e de falta de “solidariedade” poder “contagiar” mais países da UE, Eugénia Quaresma recorda a recente encíclica do Papa Francisco, que classifica o planeta como “uma casa de todos”.
Numa casa que é de todos, quem somos nós para excluir estas pessoas ou impedir que elas procurem a sua sobrevivência?”, questiona.
Entre outras medidas, que vão entrar em vigor em agosto, o Governo liderado pelo presidente Viktor Orbán aprovou também a aceleração da avaliação dos pedidos de asilo no país e a limitação da possibilidade de recurso.
JCP
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